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Loss control: a safety guidebook for trades and services

RESENHA BIBLIOGRÁFICA

Loss control: a safety guidebook for trades and services

Kurt E. Weil

Loss control: a safety guidebook for trades and services

Por George J. & Helen Matwes, New York, Cincinnati, Toronto, London e Melbourne, Van Nostrand-Reinhold, 1973. 341 p. 40 ilustrações. Sem índice alfabético. Em New York: 450 West, 33rd Street, New York, N. Y. 10001, EUA.

Finalmente existe um livro sobre "controle de prejuízos, guia para o comércio e a indústria de serviços". A falta que faz um livro desse tipo em todo o mundo talvez possa ser medida, em microescala, pela reação de alegria da classe do curso de pós-graduação em administração de empresas da Fundação Getúlio Vargas, da qual é professor o resenhista. Os alunos, na sua grande maioria engenheiros, interessaram-se profundamente pelo livro, tendo um deles encontrado dados sobre restaurantes industriais que ele sempre havia procurado; a outro atraiu o tópico "segurança e responsabilidade contra terceiros dentro de grandes lojas", e assim por diante.

Que ninguém em posição de responsabilidade no Brasil se engane, estamos no caminho de indenizações cada vez maiores pagas a terceiros em julgamentos de responsabilidade civil. O crescente valor do seguro de automóveis contra terceiros deve estar acompanhado de outros relativos a indústrias, onde o resultado de uma explosão pode ser a destruição de casas contíguas; e finalmente, a queda dentro de um ônibus de linha municipal ou intermunicipal pode dar origem a uma indenização - embora, na opinião do resenhista, não haja esperança de isto ocorrer, ao menos nesta geração.

E para que também ninguém se engane - o loss control refere-se a perdas devido a acidentes e não a perdas no sentido genérico da palavra.

O livro divide-se em duas partes com uma introdução de quatro páginas. A primeira parte, com aproximadamente 180 páginas, equivaleria a um curso rápido em assuntos fundamentais ligados à segurança contra perdas e prejuízos. São, por exemplo, tratados os seguintes tópicos:

seguros

aspectos legais do seguro

cursos resumidos em: indenizações, investigações de acidentes, incêndios, ciências ligadas a acidentes, etc.

o novo empregado

manuais

comitês de segurança

treinamento

controle de multidões

elevadores e escadas rolantes

caldeiras e vasos de pressão

escadas

departamento médico

responsabilidade do produtor para com terceiro etc.

A segunda parte, com aproximadamente 155 páginas, trata do problema da segurança mais pormenorizadamente e com especialização nos diversos setores físicos de um estabelecimento:

parques de diversões

edifícios de apartamentos

camping

lojas

restaurantes e lanchonetes

garagens

campos de golfe

escritórios

hotéis

estações rodoviárias

estacionamentos

ginásios de clubes esportivos

teatros e cinemas

lavanderias, supermercados, etc.

Eis um notável e interessante campo de estudo onde há uma longa relação de assuntos sobre os quais pode-se escrever e do que deve ser feito, observado e controlado. E isso fizeram os autores. Apesar de a parte legal ser norte-americana, nada perde o leitor "brasileiro, seja ele engenheiro, médico de segurança, advogado ou proprietário. E para quem não quiser ver as semelhanças dos procedimentos do Instituto de Resseguros do Brasil e das associações equivalentes nos Estados Unidos, basta uma leitura dinâmica das poucas (mais ou menos 20) páginas dedicadas a assuntos legais. O mesmo se pode dizer dos cursos condensados de química, física (mecânica e eletricidade) e engenharia de segurança (cerca de 10 páginas). Por outro lado, este é o único livro que, suscinta e objetivamente, define o volume de casos de psiquiatria em indústrias. Não poderia deixar de citar aqui os tópicos abordados: a) verdadeiros psicopatas: os autores acham que estes são eliminados prontamente;

b) débeis mentais: para os quais se acha trabalho adequado (não definem qual);

c) personalidade com psicoses ou no limiar: os autores escrevem com acerto: "uma vez em posição de autoridade, não podem os seus ocupantes ser removidos - destroem-se a moral e a eficiência";

d) condições neuropsiquiátricas: epilépticos, alcoólatras, etc;

e) psiconeuróticos: indivíduos em constante estado de ansiedade: podem ser tratados;

f) desajustamento industrial: ocorre com o grupo maior, incluindo os seguintes: hipocondríacos, indivíduos em idade crítica da menopausa, da senilidade, brigadores e atrasados.

Os autores são um casal com larga experiência no ramo, atualmente ambos trabalhando em treinamento de segurança. Ele tem mais de 30 anos de prática diversificada, desde serviços na área de engenharia até trabalhos na loja Bamberger da Macy's e na American Standard e Revlon. É um profissional da segurança com registro. Neste ponto, esperamos que tal registro não exista no Brasil - mesmo que se levem em consideração os cursos de engenharia e medicina de segurança e sanitária - pois mais um conselho, o Conselho Federal de Segurança, seria demais.

Segundo a comunicação da editora, o livro é uma introdução ao estudo da segurança e, ao mesmo tempo, uma fonte de novas idéias para quem já tenha experiência nesse campo.

O estilo do livro, como em todos aqueles que tratam do "bom senso", soa como o do conhecido Dr. Acácio: "Comunique todos os acidentes ao seu superior"; e o do Dr. Mao Tse Tung em seu livro vermelho: "Se o objeto que carrega bloqueia a visão, os obstáculos não podem ser vistos antes de tropeçar". Deve ficar claro, entretanto, que segurança é, antes de tudo, não esquecer o óbvio. Observações como as de dois casos de incêndio em lojas observados pelo autor, nos quais, em lugar de haver pânico, houve interesse e curiosidade, dirigindo-se o pessoal ao local do fogo em vez de fugir e as pessoas que faziam fila nas caixas permanecendo no mesmo lugar (p. 88), são novidades importantes dentro do estudo de segurança para a análise do comportamento de grupos. Quanto à promoção de segurança por meio de publicidade, sobre o que o resenhista escreveu um comentário nesta revista, volta a se fazer ouvir nesta obra o velho Dr. Confúcio: "Segurança é um balde, e quem sabe qual é a última gota que o torne cheio - assim cada gota tem seu valor". A observação é correta, pois estamos realmente tentando encher o balde da segurança.

A melhor parte do livro são as longas listas, guias e enumerações da seção especial, a partir da p. 185: o autor evita repetir os fatos gerais enumerados anteriormente, e dedica-se a cada tipo de perigo é o lugar onde este pode estar localizado. Assim, logo de início tratando de parques de diversões, o problema de segurança é dividido em acidentes de empregados e acidentes de freqüentadores.

Falta evidentemente um tipo de acidente que podemos chamar "de maldade", que ocorre em alguns "tobogãs", com pregos e lâminas de barbear adrede colocados nas pistas de escorregar.

As melhores informações de segurança contidas no livro referem-se às grandes lojas, o que não é de se admirar, uma vez que o autor trabalhou na Bamberger de Nova York que pertence a Macy's. A arte de fixar manequins sobre tapetes, que devem ser fortemente coloridos, da maneira como é tratada pelos autores, vale por uma aula de mercadologia. Como afixar cartazes ou decorações não é ensinado senão neste livro - e além de tudo, como fazê-lo com segurança. Na verdade, o capitulo sobre lojas constitui mais de 10% da obra (36 p.) e justificadamente. O shopping center é analisado como uma junção de lojas, estacionamento, etc.

Evidentemente, há repetições.que os cantos de plataformas de apresentação devem ser arredondados é repetido na p. 222, após ter sido tratado na 220.

O capítulo de segurança em hospitais engloba todas as áreas e tipos de casos, desde, por exemplo, o problema de hérnia que pode sofrer uma enfermeira ao tentar levantar um doente, até perigos e acidentes em laboratórios e farmácias. O Dr. Acácio com muita razão e humor diz: "A enfermeira da sala de parturientes, para a perfeita identificação do produto pelo qual ela e o hospital são responsáveis, deve identificar mãe e filho, produto recém-nascido, sem sombras de dúvida, e o produto e a mie que lhe deu origem devem deixar a sala de parturientes antes da admissão da mãe seguinte". O livro explica também como se pode conseguir que os médicos obedeçam às regras de segurança, o que, por sinal, não é nada fácil. Quanto aos laboratórios e seus técnicos, dão origem a problemas de natureza geral - afirmam os autores.

Para as cozinhas industriais, restaurantes e estabelecimentos tipo lanchonete, o livro fornece um formulário de inspeção que pode ser adotado aqui no Brasil. Informações pormenorizadas, por exemplo, sobre a área necessária para cada empregado em um restaurante (de 1 a 1,2 m2, se o número de empregados que lá fazem suas refeições for superior a 25 ou inferior a 150) ou questões como o da razão porque as portas devem ser feitas com janelas transparentes (para não bater no garçon) são importantes.

A melhor contribuição, na opinião do resenhista, é a da idéia de divisão dos acidentes em três partes, a, b, c, tal qual em compras e almoxarifados. De fato nos Estados Unidos:

a) 2% dos acidentes ocupacionais custam 50% do total dos seguros de acidentes;

b) 31 % dos acidentes custam 44% do custo total;

c) 67% custam 6% do custo total.

Dizem os autores que é muito mais importante reduzir os 33% dos acidentes que equivalem a 94% dos custos do que tentar diminuir todos os acidentes uniformemente. E isso é um fato: hoje em dia é impossível reduzir todos os acidentes. Os cartazes de "nenhum acidente" nada significam, se os poucos que acontecem são graves; mais importante seria eliminar acidentes graves e fazer o possível para diminuir os leves. Os autores, por sinal, dividem os acidentes em a, b e c, mas não usam esta denominação.

O livro é provavelmente o primeiro a estudar a segurança em teatros, examinando até detalhes como o do trabalho do "vagalume" de conduzir os espectadores aos assentos desocupados, no escuro. Cita também a "atividade" de crianças em cinemas e teatros, deixando transparecer até certa mágoa ao abordar os problemas de limpeza durante ou depois da matinê.

Em poucas palavras, o livro é ótimo. Deve servir para os cursos de extensão de engenheiros e médicos de segurança e para cursos de segurança em escolas de administração, tanto em nível de graduação como de pós-graduação. Mais ainda, o livro posteriormente poderá acompanhar o técnico de segurança na vida prática e servirá também para todas as áreas de uso mencionadas nele.

A apresentação gráfica é excelente. O preço do livro é caro (cerca de Cr$ 100,00) quando importado diretamente, mas vale o preço.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Maio 2015
  • Data do Fascículo
    Dez 1973
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