Acessibilidade / Reportar erro

O fenômeno dos MPAs brasileiros: hibridismo, diversidade e tensões

The phenomenon of brazilian mpas: hybridism, diversity and tensions

Resumos

Na década de 1990, os programas de MBA - Master in Business Administration - ganharam sólida reputação e expandiram-se para além das fronteiras norte-americanas. No Brasil, o movimento ganhou força com o crescimento vigoroso do ensino profissionalizante de gestão. Este artigo tem como objetivo apresentar e analisar, sob uma perspectiva crítica, o fenômeno dos Mestrados Profissionais em Administração (MPAs) brasileiros. Para traçar um retrato do fenômeno, realizamos pesquisa bibliográfica e documental, e entrevistas com coordenadores e pessoas-chave dos principais programas locais. Apesar de eventualmente classificados como MBAs, os MPAs apresentam características que os diferenciam do modelo norteamericano. Ao buscar responder ao contexto socioeconômico e às restrições regionais, cada um deles seguiu rotas próprias, o que gerou um quadro marcado pela diversidade. Acreditamos que o fenômeno que este artigo descreve e analisa possa contribuir para o debate em curso sobre o ensino de Administração.

MBA; MPA; ensino de Administração; educação executiva; indústria do management


In the 1990s, MBA - Master in Business Administration - programs won a solid reputation and expanded beyond U.S. frontiers. In Brazil, this movement got momentum with the impressive growth of executive education in management. This paper aims to present and analyze the phenomenon of Professional Masters in Business Administration (MPA, in Portuguese). To describe this phenomenon, we conducted bibliographic and documental research and made interviews with coordinators and key-persons from local programs. Albeit being eventually classified as MBAs, the MPAs' characteristics make them remarkably different from the North American blueprint. By attempting to align with its regional social and economic context, each program followed its own route, generating a landscape characterized by diversity. We believe that the phenomenon this article describes and analyzes can make a contribution to the current debate over business education.

MBA; MPA; business education; executive education; management industry


ENSINO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO

O fenômeno dos MPAs brasileiros: hibridismo, diversidade e tensões

Thomaz Wood Jr.I; Ana Paula Paes de PaulaII

IFGV-EAESP

IIFGV-EAESP/FAPESP

RESUMO

Na década de 1990, os programas de MBA – Master in Business Administration – ganharam sólida reputação e expandiram-se para além das fronteiras norte-americanas. No Brasil, o movimento ganhou força com o crescimento vigoroso do ensino profissionalizante de gestão. Este artigo tem como objetivo apresentar e analisar, sob uma perspectiva crítica, o fenômeno dos Mestrados Profissionais em Administração (MPAs) brasileiros. Para traçar um retrato do fenômeno, realizamos pesquisa bibliográfica e documental, e entrevistas com coordenadores e pessoas-chave dos principais programas locais. Apesar de eventualmente classificados como MBAs, os MPAs apresentam características que os diferenciam do modelo norteamericano. Ao buscar responder ao contexto socioeconômico e às restrições regionais, cada um deles seguiu rotas próprias, o que gerou um quadro marcado pela diversidade. Acreditamos que o fenômeno que este artigo descreve e analisa possa contribuir para o debate em curso sobre o ensino de Administração.

Palavras-chave: MBA, MPA, ensino de Administração, educação executiva, indústria do management.

ABSTRACT

In the 1990s, MBA – Master in Business Administration – programs won a solid reputation and expanded beyond U.S. frontiers. In Brazil, this movement got momentum with the impressive growth of executive education in management. This paper aims to present and analyze the phenomenon of Professional Masters in Business Administration (MPA, in Portuguese). To describe this phenomenon, we conducted bibliographic and documental research and made interviews with coordinators and key-persons from local programs. Albeit being eventually classified as MBAs, the MPAs' characteristics make them remarkably different from the North American blueprint. By attempting to align with its regional social and economic context, each program followed its own route, generating a landscape characterized by diversity. We believe that the phenomenon this article describes and analyzes can make a contribution to the current debate over business education.

Key words: MBA, MPA, business education, executive education, management industry.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Notas

Este artigo passou pelo processo usual de double blind review. Porém, em função da posição dos autores na estrutura da RAE, o processo foi coordenado por um editor externo convidado. Tal procedimento foi adotado para garantir a independência da avaliação e a legitimidade do processo.

Agradecemos ao trabalho voluntário de três avaliadores anônimos, que apresentaram valiosas sugestões e permitiram aos autores testar a consistência de alguns caminhos e escolhas.

Agradecemos aos entrevistados, que partilharam de forma aberta suas experiências e opiniões.

Este trabalho foi realizado com apoio do NPP, da FGV-EAESP.

Referências Bibliográficas

ADLER, P. Corporate scandals: It's time for reflection in business schools. The Academy of Management Executive, v. 16, n. 3, p. 148-149, 2002.

ALVESSON, M.; DEETZ, S. Critical theory and postmodernism approaches to organizational studies. In: CLEGG, S.; HARDY, C.; NORD, W. R. (eds.) Handbook of Organization Studies. London: Sage, 1996.

ALVESSON, M.; WILLMOTT, H. (eds.) Critical Management Studies. London: Sage, 1992.

ALVESSON, M.; WILLMOTT, H. (eds.) Making sense of management: A critical analysis. London: Sage, 1993.

ANTONACOPOULOU, E. P. Teaching "critical thinking" to MBAs. Proceedings of the 1st International Critical Management Studies Conference. Manchester: UMIST, 1999.

BOJE, D. M. Management education as a panoptic Cage. In: FRENCH, R. GREY, C. (eds.) Rethinking Management Education. London, Sage, p. 172195, 1996.

CASTRO, C. M. O ensino da administração e seus dilemas: Notas para debates. Revista de Administração de Empresas, v. 21, n. 3, p. 58-61, 1981.

CHANLAT, J. F. From cultural imperialism to independence. In: CLEGG, S. R.; PALMER, G. (eds.) The Politics of Management Knowledge. London: Sage, p. 121-140, 1996.

DEHLER, G.; WELSH, M. A.; LEWIS, M. W. Critical pedagogy in the "new paradigm": Raising complicated understanding in management learning. Proceedings of the 1st International Critical Management Studies Conference. Manchester: UMIST, 1999.

ENRENSAL, K. N. Critical management studies and American business school culture: Or, how NOT to get tenure in one easy publication. Proceedings of the 1st International Critical Management Studies Conference: Manchester, UMIST, 1999.

EWING, D. Inside the Harvard Business School. New York: Times Book, 1990.

FOX, S.; GREY, C. Introduction: Connecting learning and critique. Management Learning, v. 31, n. 1, p. 7-10, 2000.

GIOIA, D. A. Business education's role in the crises of corporate confidence. The Academy of Management Executive, v. 16, n. 3, p. 142-144, 2002.

GIOIA, D. A.; CORLEY, K. G. Being good versus looking good: Business school rankings and the circean transformation from substance to image. Academy of Management Learning and Education, v. 1, n. 1, p. 107-120, 2002.

GOLD, J.; HOLMAN, D.; THORPE, R. The manager as a critical reflective practitioner: Uncovering arguments at work. Proceedings of the 1st International Critical Management Studies Conference. Manchester: UMIST, 1999.

GOMES, M. T. MBA ajuda? Exame, 23 de outubro, p. 47-54, 1996.

GREY, C.; FRENCH, R. Rethinking management education: An introduction. In: FRENCH, R.; GREY, C. (eds.) Rethinking management education. London: Sage, p. 1-17, 1996.

GREY, C.; KNIGHTS, D.; WILLMOTT, H. Is a critical pedagogy of management possible? In: FRENCH, R.; GREY, C. (eds.) Rethinking management education. London: Sage, p. 94-110, 1996.

JACOMINO, D. A meta é um MBA. Você S.A., n. 12, p. 100-103, 1999.

JACOMINO, D. Quem são os brasileiros que fazem MBA lá fora. Você S.A., n. 21, p. 17, 2000.

JACOMINO, D. Os melhores MBAs do planeta. Você S.A., n. 32, p. 24, 2001.

LINDER, J.; SMITH, H. J. The complex case of management education. Harvard Business Review, v. 70, n. 5, 1992.

MARTINS, C. B. Surgimento e expansão dos cursos de Administração no Brasil (1952-1983). Ciência e Cultura, v. 41, n.. 7, p. 663-676, 1989.

MINTZBERG, H.; GOSLING, J. Educating managers beyond borders. Academy of Management Learning and Education, v. 1, n. 1, p. 64-76, 2002.

MINTZBERG, H.; LAMPEL, J. MBAs as CEOs. Fortune, February 19, 2001.

NICOLINI, A. Qual será o futuro das fábricas de administradores? Revista de Administração de Empresas, v. 43, n. 2, p. 44-53, 2003.

PARKER, M.; JARY, D. The McUniversity: Organizations, management, and academic subjectivity. Organization, v. 2, n. 2, p. 319-338, 1995.

REYNOLDS, M. Towards a critical management pedagogy. In: BURGOYNE, J.; REYNOLDS, M. (eds.). Management learning: Integrating perspectives in theory and practice. London: Sage, p. 312-338, 1997.

RITZER, G. The McDonaldization of Society. Newbury Park, CA: Pinge Fonge Press, 1993.

ROBERT, J. Management education and the limits of technical rationality: The conditions and consequences of management. In: FRENCH, R.; GREY, C. (eds.) Rethinking management education. London: Sage, p. 54-75, 1996.

RUAS, R. Mestrado modalidade profissional: Em busca da identidade. Revista de Administração de Empresas, v. 43, n. 2, p. 55-63, 2003.

SCHNEIDER, M. Learning to put ethics last. BusinessWeek, March 11, 2002.

SGANZERLA, V. Vale a pena fazer um MBA lá fora? Exame, 6 de dezembro, p. 108-110, 1995.

STURDY, A.; GABRIEL, Y. Missionaries, mercenaries or car salesmen? MBA teaching in Malaysia. Journal of Management Studies, v. 37, n. 7, p. 9791002, 2000.

THE ECONOMIST. December 14 – 20, p. 79-83, 2000a.

THE ECONOMIST. December 21"– January 3, p 124-137, 2000b.

VOCÊ S.A. Os melhores MBAs do Brasil. Edição Especial, 2000.

VOCÊ S.A. Os melhores MBAs do Brasil. Edição Especial, 2001.

WARDE, I. Fascinantes business schools. Le Monde Diplomatique, v. 1, n. 3, maio, 2000. (http://www.diplo.com.br/).

WARNER, A. Where business school fail to meet business needs. Personnel Management, v. 22, n. 7, p. 52-46, 1990.

WILLMOTT, H. Management education: Provocations to a debate. Management Learning, v. 25, n. 1, p. 105-136, 1994.

Artigo recebido em 14.07.2003.

Aprovado em 09.11.2003.

Thomaz Wood Jr.

Professor da FGV-EAESP. Doutor em Administração de Empresas pela FGV-EAESP. Interesses de pesquisa em teoria das organizações, a "espetacularização" da vida corporativa e novas configurações organizacionais. E-mail: twood@fgvsp.br Endereço: Avenida Nove de Julho, 2029 – 10º andar – São Paulo – SP, 01313-902.

Ana Paula Paes de Paula

Pós-doutoranda em Administração na FGV-EAESP e Pesquisadora da FAPESP. Interesses de pesquisa em teoria das organizações, administração pública e ensino e pesquisa em administração. Email: appaula@uol.com.br Endereço: Avenida Nove de Julho, 2029 – 9º andar – São Paulo – SP, 01313-902.

  • ADLER, P. Corporate scandals: It's time for reflection in business schools. The Academy of Management Executive, v. 16, n. 3, p. 148-149, 2002.
  • ALVESSON, M.; DEETZ, S. Critical theory and postmodernism approaches to organizational studies. In: CLEGG, S.; HARDY, C.; NORD, W. R. (eds.) Handbook of Organization Studies London: Sage, 1996.
  • ALVESSON, M.; WILLMOTT, H. (eds.) Critical Management Studies London: Sage, 1992.
  • ALVESSON, M.; WILLMOTT, H. (eds.) Making sense of management: A critical analysis. London: Sage, 1993.
  • ANTONACOPOULOU, E. P. Teaching "critical thinking" to MBAs. Proceedings of the 1st International Critical Management Studies Conference Manchester: UMIST, 1999.
  • BOJE, D. M. Management education as a panoptic Cage. In: FRENCH, R. GREY, C. (eds.) Rethinking Management Education London, Sage, p. 172195, 1996.
  • CASTRO, C. M. O ensino da administração e seus dilemas: Notas para debates. Revista de Administração de Empresas, v. 21, n. 3, p. 58-61, 1981.
  • CHANLAT, J. F. From cultural imperialism to independence. In: CLEGG, S. R.; PALMER, G. (eds.) The Politics of Management Knowledge London: Sage, p. 121-140, 1996.
  • DEHLER, G.; WELSH, M. A.; LEWIS, M. W. Critical pedagogy in the "new paradigm": Raising complicated understanding in management learning. Proceedings of the 1st International Critical Management Studies Conference Manchester: UMIST, 1999.
  • ENRENSAL, K. N. Critical management studies and American business school culture: Or, how NOT to get tenure in one easy publication. Proceedings of the 1st International Critical Management Studies Conference: Manchester, UMIST, 1999.
  • EWING, D. Inside the Harvard Business School New York: Times Book, 1990.
  • FOX, S.; GREY, C. Introduction: Connecting learning and critique. Management Learning, v. 31, n. 1, p. 7-10, 2000.
  • GIOIA, D. A. Business education's role in the crises of corporate confidence. The Academy of Management Executive, v. 16, n. 3, p. 142-144, 2002.
  • GIOIA, D. A.; CORLEY, K. G. Being good versus looking good: Business school rankings and the circean transformation from substance to image. Academy of Management Learning and Education, v. 1, n. 1, p. 107-120, 2002.
  • GOLD, J.; HOLMAN, D.; THORPE, R. The manager as a critical reflective practitioner: Uncovering arguments at work. Proceedings of the 1st International Critical Management Studies Conference. Manchester: UMIST, 1999.
  • GOMES, M. T. MBA ajuda? Exame, 23 de outubro, p. 47-54, 1996.
  • GREY, C.; FRENCH, R. Rethinking management education: An introduction. In: FRENCH, R.; GREY, C. (eds.) Rethinking management education London: Sage, p. 1-17, 1996.
  • JACOMINO, D. A meta é um MBA. Você S.A., n. 12, p. 100-103, 1999.
  • JACOMINO, D. Quem são os brasileiros que fazem MBA lá fora. Você S.A., n. 21, p. 17, 2000.
  • JACOMINO, D. Os melhores MBAs do planeta. Você S.A., n. 32, p. 24, 2001.
  • LINDER, J.; SMITH, H. J. The complex case of management education. Harvard Business Review, v. 70, n. 5, 1992.
  • MARTINS, C. B. Surgimento e expansão dos cursos de Administração no Brasil (1952-1983). Ciência e Cultura, v. 41, n.. 7, p. 663-676, 1989.
  • MINTZBERG, H.; GOSLING, J. Educating managers beyond borders. Academy of Management Learning and Education, v. 1, n. 1, p. 64-76, 2002.
  • MINTZBERG, H.; LAMPEL, J. MBAs as CEOs. Fortune, February 19, 2001.
  • NICOLINI, A. Qual será o futuro das fábricas de administradores? Revista de Administração de Empresas, v. 43, n. 2, p. 44-53, 2003.
  • PARKER, M.; JARY, D. The McUniversity: Organizations, management, and academic subjectivity. Organization, v. 2, n. 2, p. 319-338, 1995.
  • REYNOLDS, M. Towards a critical management pedagogy. In: BURGOYNE, J.; REYNOLDS, M. (eds.). Management learning: Integrating perspectives in theory and practice. London: Sage, p. 312-338, 1997.
  • RITZER, G. The McDonaldization of Society Newbury Park, CA: Pinge Fonge Press, 1993.
  • ROBERT, J. Management education and the limits of technical rationality: The conditions and consequences of management. In: FRENCH, R.; GREY, C. (eds.) Rethinking management education London: Sage, p. 54-75, 1996.
  • RUAS, R. Mestrado modalidade profissional: Em busca da identidade. Revista de Administração de Empresas, v. 43, n. 2, p. 55-63, 2003.
  • SCHNEIDER, M. Learning to put ethics last. BusinessWeek, March 11, 2002.
  • SGANZERLA, V. Vale a pena fazer um MBA lá fora? Exame, 6 de dezembro, p. 108-110, 1995.
  • STURDY, A.; GABRIEL, Y. Missionaries, mercenaries or car salesmen? MBA teaching in Malaysia. Journal of Management Studies, v. 37, n. 7, p. 9791002, 2000.
  • THE ECONOMIST December 14 – 20, p. 79-83, 2000a.
  • THE ECONOMIST December 21"– January 3, p 124-137, 2000b.
  • VOCÊ S.A. Os melhores MBAs do Brasil. Edição Especial, 2000.
  • VOCÊ S.A. Os melhores MBAs do Brasil. Edição Especial, 2001.
  • WARDE, I. Fascinantes business schools. Le Monde Diplomatique, v. 1, n. 3, maio, 2000. (http://www.diplo.com.br/).
  • WARNER, A. Where business school fail to meet business needs. Personnel Management, v. 22, n. 7, p. 52-46, 1990.
  • WILLMOTT, H. Management education: Provocations to a debate. Management Learning, v. 25, n. 1, p. 105-136, 1994.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Jul 2011
  • Data do Fascículo
    Mar 2004

Histórico

  • Recebido
    14 Jul 2003
  • Aceito
    09 Nov 2003
Fundação Getulio Vargas, Escola de Administração de Empresas de S.Paulo Av 9 de Julho, 2029, 01313-902 S. Paulo - SP Brasil, Tel.: (55 11) 3799-7999, Fax: (55 11) 3799-7871 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: rae@fgv.br