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Pesquisa sobre os ex-alunos do curso de pós-graduação da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas
Cláudio Ferreira Bastos, Jüri Saukas; Pérsio Luiz Pastre; Rodney Davini; Vanderley Souza Silveira
Alunos do Curso de Pós-Graduaçao da Escola de Administração de Empresas de Sâo Paulo, da Fundação Getúlio Vargas
1. Histórico do curso de pós-graduação
O curso de Pós-Graduação em Administração de Empresas - CPG da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas, visa a formar profissionais, pesquisadores e professores do mais alto padrão, através do desenvolvimento e aprofundamento da formação obtida em cursos de graduação.
Desde a sua fundação, em 1958, o CPG da EAESP vem sofrendo sucessivas modificações que visam ao aprimoramento do seu currículo. Em 1966, por exemplo, o Conselho Técnico Administrativo da Escola julgou que o nível do curso já justificava a criação do título de Mestre para os concluintes que fossem aprovados em um exame geral adicional e compreensivo, e apresentassem uma dissertação.
Para a obtenção de título de Mestre em Administração de Emprêsas, o aluno deve escolher uma das seguintes áreas de concentração: administração-geral e relações industriais; ciências sociais; finanças e controle; contabilidade; mercadologia; métodos quantitativos; produção.
O CPG inicia todos os semestres três turmas de 50 alunos, sendo duas noturnas e uma diurna. A duração do curso diurno é de um ano e meio. Para conseguir graduar-se nesse prazo, o aluno deve dedicar-se em tempo integral ao curso, com aulas pela manhã e à tarde e com a maioria das disciplinas optativas à noite. No período noturno o prazo mínimo é de dois anos e meio. Não estão computados nesses prazos o tempo para a pesquisa e preparação da dissertação.
O quadro de professôres do curso constitui-se, em sua maioria, de profissionais com título de Master of Business Administration obtido nos EUA, principalmente na Michigan State University, através de convênio firmado com essa Universidade.
Atualmente, além de continuar o programa de mestrado nos Estados Unidos em diversas universidades americanas, professores estão voltando para aquele país para realizarem seu doutoramento. O treinamento no exterior justifica-se porque o estudo e o ensino da administração de empresas no Brasil é muito recente. Em termos modernos, foi introduzido no Brasil em 1954, com a fundação da EAESP.
2. Objetivos da pesquisa
Esta pesquisa foi realizada durante os meses de outubro e novembro de 1970, como trabalho de campo da cadeira de pesquisa mercadológica do Curso de Pós-Graduação de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas, São Paulo. Sua realização visou a atingir os seguintes objetivos:
a) conhecer a opinião dos ex-alunos sobre o CPG;
b) tentar descobrir o grau de influência do CPG no comportamento profissional dos exalunos;
c) levantamento da distribuição dos ex-alunos, quanto à formação universitária, área de trabalho, tamanho da empresa, faixa salarial etc.
3. Conclusões principais
Conquanto esta pesquisa não tenha sido realizada de amostragem probabilística, e, portanto, não seja possível determinar estimativas essencialmente imparciais e cuja precisão possa ser avaliada, acreditamos que as conclusões fornecidas pela tabulação são bastante interessantes e válidas dentro do objetivo inicialmente estabelecido:
a) Verificamos a alta receptividade do curso, por parte dos pesquisados, pois, a quase totalidade optaria em fazer o CPG-GV, se hoje estivesse diante dessa alternativa.
b) Constatamos que, com exceção da área de produção, as demais foram consideradas de grande utilidade.
c) O curso favoreceu, em média, com 50% de confirmação, os aumentos salariais, promoções hierárquicas e turn over dos alunos.
d) Dos ex-alunos, a maioria possui formação em engenharia (±50%) seguidos de economistas (±20%) e advogados (20%).
4. Metodologia
4.1 Método de obtenção dos dados
Os dados foram obtidos através de pesquisa pelo correio, com o uso de questionários estruturados, não disfarçados (ver modelo anexo).
4.2 Universo e amostra
O universo constituiu-se de todos os ex-alunos do CPG, totalizando 510 pessoas, assim distribuídas:
A princípio, propusemo-nos a pesquisar todo o universo, o que não foi possível pela inexistência de endereços completos dos ex-alunos.
A atualização dos endereços foi muito prejudicada pelo fato de alguns não possuírem telefone e por terem mudado de emprego. Mesmo assim, conseguimos selecionar 450 nomes, que passaram a constituir a nossa amostra não probabilística.
Os questionários foram capeados por uma carta (ver anexo 1) que explicava os objetivos da pesquisa; foram enviados pelo correio durante a segunda semana de outubro, e para facilitar o trabalho dos pesquisadores, também o envelope de retorno, endereçado e selado.
Até o dia 21/11/70, data em que expirou o prazo estipulado, para darmos início à tabulação, recebemos 108 respostas (24% de retorno), distribuídas conforme o quadro 2.
5. Quadros de tabulação com comentários
Tendo em vista os quesitos preestabelecidos pelo grupo de trabalho e com base nas informações obtidas através da tabulação podemos apresentar o que segue:
5.1 Opinião dos ex-alunos sobre o CPG-GV
Utilidades das áreas de estudo:
Êsse quadro apresenta as áreas de finanças, administração-geral e marketing como as consideradas mais úteis pelos ex-alunos; a área de produção foi considerada como a menos útil. Tal fato é compreensível, pois quase a metade dos entrevistados constituiuse de engenheiros, já conhecedores, portanto, da matéria. Uma reestruturação na área é recomendável.
Grau de aceitação do CPG-GV
Neste quesito colocamos os entrevistados diante da hipótese de terem que se decidir entre fazer ou não o CPG; a essa pergunta obtivemos a seguinte distribuição:
Observamos que a quase totalidade dos ex-alunos optou pela alternativa "fazer". Tal fato revela que os pontos positivos do curso superam as eventuais deficiências apresentadas.
5.2 Correlação entre formação universitária e algumas das influências do curso
No quadro 3 é bastante interessante observarmos que, na pior das hipótese (é o caso dos engenheiros), o profissional que faz o CPG-GV tem 41,5% a mais de probabilidade de aumentar o seu salário e 37,8% de probabilidade de obter promoção hierárquica. Sob esses aspectos, os outros profissionais contam com probabilidades bem superiores.
Outro fato, revelado por essa tabela, é o de que, basicamente, 50% dos profissionais mudam de emprêgo.
Com uma variação de opinião entre 90,5% a 100%, o curso se revelou de grande utilidade no desempenho profissional.
Lealdade à área de trabalho
Observamos que a maior lealdade à área de trabalho está entre o pessoal de finanças, marketing e administração-geral; contrariamente, os "menos leais" estão na área de produção.
O maior fluxo de pessoal ocorre na área de produção para a área de administração-geral.
Tal fato ocorre porque o pessoal da área de produção é composto, na quase totalidade, de engenheiros. Tratando-se de área limitada às promoções hierárquicas, a pessoa é transferida de área, ao galgar novos postos administrativos.
5.3 Perfil dos ex-alunos
Formação universitária
O item "outras" é composto de alunos formados em administração de emprêsas, medicina, odontologia, física e de alguns não especificados. A maioria é composta de engenheiros; estes são os que mais necessidade têm dos conhecimentos oferecidos pelo curso; por possuírem uma.formação técnica, o desconhecimento de outras áreas dificulta a sua ascensão a cargos administrativos.
Distribuição por área de trabalho
O item "outras" se refere aos seguintes ramos: magistério, processamento de dados, advocacia, medicina, agricultura e pecuária, auditoria, Bôlsa de Valôres e os não especificados. A classificação acima corrobora tôdas as conclusões feitas.
Distribuição por tamanho da empresa
Nas grandes e médias organizações a necessidade de maior aperfeiçoamento é mais patente, tanto no que se refere a concorrência, promoções e melhoria de rendimentos.
Distribuição por taxa salarial
Observações:
a) 79,6% da amostra é composto de alunos que concluíram o CPG nos anos de 1968/69/ 70 (1970 só primeiro semestre);
b) estes dados foram obtidos antes do aumento salarial dos metalúrgicos, vigente a partir de 17/11/70.
Relação entre taxa salarial e área de trabalho
(Ver quadro 5)
A área de finanças apresenta os dois extremos com destaque. A média salarial é boa.
Relação entre formação universitária e faixa salarial
(Ver quadro 6)
Os advogados se espalham quase que uniformemente pelas quatro faixas; os engenheiros se centralizam em três faixas, não havendo nenhum na primeira ou última classificação.
Mais da metade dos economistas se localiza na terceira alternativa. Os demais profissionais se dividem por todas as faixas, com 84,5% dentro das três primeiras classificações.
Relação entre formação universitária e área de trabalho
Notamos no quadro 7 que a área de produção apresenta maior abandono; as áreas de marketing, finanças e administração-geral têm uma tendência oposta.
Anexo 1
São Paulo, 5 de outubro de 1970
Prezado Senhor,
Somos um grupo de estudantes do Curso de Pós-Graduação da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas, e estamos pesquisando a sua imagem e influência junto aos seus ex-alunos.
A sua colaboração é altamente valiosa para melhorar a confiabilidade dos resultados deste trabalho, razão pela qual solicitamos a sua especial atenção respondendo e devolvendonos no envelope selado anexo, o questionário que enviamos.
Muito grato,
Grupo de trabalho:
Cláudio Ferreira Bastos
Júri Saukas
Pérsio Luiz Pastre
Rodney Davini
Vanderlei Souza Silveira
Orientador:
Prof. Affonso C. A. Arantes
Anexo 2
Pesquisa para avaliação do CPG-Getúlio Vargas (este questionário não deve ser identificado)
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
28 Maio 2015 -
Data do Fascículo
Jun 1971