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Os colonos do vinho: estudo sobre a subordinação do trabalho camponês ao capital

RESENHA BIBLIOGRÁFICA

Maria Rita Garcia Loureiro

Tavares dos Santos, José Vicente, Os Colonos do vinho; estudo sobre a subordinação do trabalho camponês ao capital. São Paulo, Hucitec, 1978.

Trata-se de um excelente estudo sobre os produtores de uva da chamada zona colonial do Rio Grande do Sul, constituída basicamente por imigrantes italianos, Definido-os como camponeses subordinados ao capital, o autor descreve inicialmente os elementos caracterizadores da produção deste grupo de trabalho familiar, propriedade privada da terra, práticas de ajuda mútua, etc. Em seguida, mostra com cores bem fortes sua exploração pela indústria vinícola, que já no começo do século destruiu, com o apoio do Estado, a fabricação doméstica do vinho. O mesmo processo, embora com particularidades, é detectado com relação à cooperativa. Os mecanismos da exploração vão desde a deterioração relativa dos preços da uva frente aos preços dos insumos, a manipulação pela indústria dos prazos de pagamento da uva comprada aos camponeses, sem juros e correção monetária até procedimentos como este de deixar os caminhões carregados de uva parados várias horas ou até dias na entrada das fábricas, sem descarregá-los para que ela perca teor de glicose e conseqüentemente tenha seu preço rebaixado.

Pressionado pelo capital (indústria e cooperativa) e pela escassez da terra, mesmo utilizando o recurso da expulsão dos filhos mais velhos para o trabalho assalariado urbano ou para outras regiões agrícolas e da transmissão da terra apenas para o filho mais novo (minorato), este campesinato é pensado por José Vicente Tavares dos Santos como tendencialmente em desaparecimento, pela proleiarízação crescente de seus membros. Essa é uma formulação que condiz com as concepções clássicas sobre o camponês no capitalismo.

Entretanto, informações sobre a permanência da unidade de produção familiar no Brasil e mesmo vários estudos recentes sobre o campesinato em países como Rança, EUA, etc , tornam cada vez mais discutíveis tais afirmações. Isso, evidentemente, não retira em nada o mérito do presente trabalho.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Jun 2013
  • Data do Fascículo
    Mar 1981
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