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REDUÇÃO DO DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS POR MEIO DE OPERAÇÕES SUSTENTÁVEIS E ENXUTAS: ESTUDO DE CASO DO SETOR AVÍCOLA

RESUMO

A crescente necessidade de resolver o problema do desperdício de alimentos para a sobrevivência do planeta e da humanidade incentiva os pesquisadores a buscarem operações sustentáveis ​​que alterem os métodos convencionais atualmente em uso na indústria de alimentos. Neste estudo, o pensamento enxuto foi utilizado para propor operações sustentáveis ​​incorporando aspectos sociais, econômicos e ambientais e para lidar com a natureza multidisciplinar e complexa da redução do desperdício de alimentos. A metodologia de mapeamento do fluxo de valor foi empregada para explicar os fatores geradores de desperdício de alimentos e para ver o fluxo do sistema de ponta a ponta. Como a maioria dos resíduos pode ser observada em operações a montante em economias emergentes, a metodologia proposta é ilustrada em uma das maiores empresas de carne da Turquia. Como resultado do modelo, operações alimentares enxutas e sustentáveis ​​foram sugeridas considerando aspectos sociais, econômicos e ambientais.

PALAVRAS-CHAVE:
Gestión eficiente; sostenibilidad; desperdicio de alimentos; mapeo de flujo de valor; economía emergente

ABSTRACT

The growing need for solving the problem of food waste for tackling the survival of the planet and humankind is encouraging researchers to seek sustainable operations that alter the conventional methods that are currently in use in the food industry. Lean thinking has been used in this study to propose sustainable operations that incorporate social, economic, and environmental aspects and to handle the multidisciplinary and complex nature of reducing food waste. The value stream mapping methodology has been employed to explain food waste and generate drivers and to observe the end-to-end system flow. Since most of the waste is observed in upstream operations in emerging economies, one of the biggest meat-processing companies in Turkey is studied for illustrating the proposed methodology. As a result of the model, lean and sustainable food operations are suggested considering social, economic and environmental aspects.

KEYWORDS:
Lean management; sustainability; food waste; value stream mapping; emerging economy

RESUMEN

La creciente necesidad de resolver el problema del desperdicio de alimentos para la supervivencia del planeta y la humanidad alienta a los investigadores a buscar operaciones sostenibles que alteren los métodos convencionales que se utilizan actualmente en la industria alimenticia. En este estudio, se ha utilizado la filosofía lean para proponer operaciones sostenibles que incorporen aspectos sociales, económicos y ambientales y para manejar la naturaleza multidisciplinaria y compleja de la reducción del desperdicio de alimentos. La metodología de mapeo de flujo de valor se ha empleado para explicar los generadores del desperdicio de alimentos y para ver el flujo del sistema de extremo a extremo. Dado que el mayor desperdicio se observa en las operaciones iniciales en las economías emergentes, se estudió una de las compañías de carne más grandes de Turquía para ilustrar la metodología propuesta. Como resultado del modelo, se han sugerido operaciones alimentarias magras y sostenibles que consideren aspectos sociales, económicos y ambientales.

PALABRAS CLAVE:
Gestión eficiente; sostenibilidad; desechos alimentarios; mapeo de flujo de valor; economía emergente

INTRODUÇÃO

A população mundial deverá atingir 9,5 bilhões em 2075, o que está motivando os pesquisadores a investigar operações sustentáveis para questões sociais, econômicas, ambientais e políticas (Institution of Mechanical Engineers, 2013). Um ponto de vista básico para resolver problemas inter-relacionados nessas áreas é o desafio de encontrar alimentos suficientes para o contingente adicional de 1,7 bilhão de pessoas até o final do século. A produção total mundial é de aproximadamente quatro bilhões de toneladas por ano, mas 30-50% dos alimentos produzidos são perdidos por várias razões (Institution of Mechanical Engineers, 2013; Kumar, Mangla, Kumar, & Karamperidis, 2020Kumar, A., Mangla, S. K., Kumar, P., & Karamperidis, S. (2020). Challenges in perishable food supply chains for sustainability management: A developing economy perspective. Business Strategy and the Environment, 29(5), 1809-1831. doi: 10.1002/bse.2470
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). O desperdício de alimentos começa com a produção agrícola inicial para consumo pelos usuários finais, e as perdas são elevadas tanto nas economias industrializadas quanto nas emergentes. No terceiro mundo e nas economias emergentes, as perdas de alimentos ocorrem principalmente nas fases de cultivo, pós-colheita e processamento, enquanto nos países industrializados os desperdícios ocorrem predominantemente no varejo e junto ao consumidor final (Food and Agriculture Organization of United Nations [FAO], 2011aFood and Agriculture Organization of the United Nations. (2011a). Global food losses and food waste: Extent, causes and prevention. International Congress SAVE FOOD! at Interpack 2011, Düsseldorf, Germany. Retrieved from www.fao.org/docrep/014/mb060e/mb060e.pdf
www.fao.org/docrep/014/mb060e/mb060e.pdf...
; Institution of Mechanical Engineers, 2013Institution of Mechanical Engineers. (2013). Global food waste not want not. Retrieved from https://www.imeche.org/policy-and-press/reports/detail/global-food-waste-not-want-not
https://www.imeche.org/policy-and-press/...
). Se a perda de alimentos puder ser reduzida, pode ser possível alimentar mais dois bilhões de pessoas, uma vez que, globalmente, já produzimos alimentos suficientes para 10 bilhões de pessoas (Gimenez, Shattuck, Altieri, Herren, & Gliessman, 2010Gimenez, E. H., Shattuck, A., Altieri, M., Herren, H., & Gliessman, S. (2010). We already grow food for 10 billion people… and still can’t end hunger. Journal of Sustainable Agriculture, 36, 595-598. doi: 10.1080/10440046.2012.695331
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; World Food Program USA [WFPUSA], 2019World Food Program USA. (2019). “8 Facts to Know About Food Waste and Hunger” Retrieved from https://www.wfpusa.org/stories/8-facts-to-know-about-food-waste-and-hunger/
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). Entretanto, continuar com os métodos convencionais existentes, tanto na produção agrícola quanto na pecuária, em breve levará a resultados não sustentáveis. Assim, a humanidade deve buscar soluções para reduzir a perda de alimentos e melhorar os processos de produção alimentícia (Castellini, Bastianoni, Granai, Bosco, & Brunetti, 2006Castellini, C., Bastianoni, S., Granai, C., Bosco, A. D., & Brunetti, M. (2006). Sustainability of poultry production using the emergy approach: Comparison of conventional and organic rearing systems. Agriculture, Ecosystems and Environment, 114, 343-350. DOI: 10.1016/j.agee.2005.11.014
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; Gimenez et al., 2010; Kumm, 2002Kumm, K. I. (2002). Sustainability of organic meat production under Swedish conditions. Agriculture, Ecosystems and Environment , 88(1), 95-101. doi: 10.1016/s0167-8809(01)00156-6
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). Portanto, no plano de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas para 2030, acabar com a fome por meio do fornecimento de alimentos suficientes, seguros, acessíveis e nutritivos e reduzir o desperdício de alimentos desde a fase de produção até o consumo são dois objetivos principais para o bem-estar da humanidade e do planeta. Entende-se que operações sustentáveis ​​na gestão do desperdício de alimentos são um instrumento crucial para a transformação de sociedades sustentáveis ​​e para o bem-estar dos humanos (Ingrao, Faccilongo, Gioia, & Messineo, 2018Ingrao, C., Faccilongo, N., Gioia, L. Di, & Messineo, A. (2018). Food waste recovery into energy in a circular economy perspective: A comprehensive review of aspects related to plant operation and environmental assessment. Journal of Cleaner Production, 184(20), 869-892. doi: 10.1016/j.jclepro.2018.02.267
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).

De acordo com Thyberg e Tonjes (2016)Thyberg, K. L., & Tonjes, D. J. (January, 2016). Drivers of food waste and their implications for sustainable policy development. Resources, Conservation and Recycling, 106, 110-123. doi: 10.1016/j.resconrec.2015.11.016
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, o desperdício de alimentos é um problema complexo e interdisciplinar, que pode ser resolvido através do desenvolvimento de políticas sustentáveis ​​para uma ampla gama de fatores geradores de desperdício. Por outro lado, o Pensamento Enxuto (Lean Thinking), aplicado em vários campos, de sistemas produção a sistemas de serviços, é uma disciplina que compreende um conjunto de princípios e filosofias utilizados ​​para eliminar desperdícios e atividades que não agregam valor. Portanto, as soluções oferecidas podem abranger várias áreas, incluindo a social, a econômica e a ambiental, mesmo dentro de um mesmo contexto. A aplicação sistemática das disciplinas enxutas na indústria de alimentos é uma metodologia comum para a eliminação do desperdício (Vlachos, 2015Vlachos, I. (2015). Applying lean thinking in the food supply chains: A case study. Production Planning & Control, 26(16), 1351-1367, doi: 10.1080/09537287.2015.1049238
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). Embora às vezes se suponha, incorretamente, que principais causas do desperdício são as ‘milhas alimentares’ e as embalagens plásticas, na realidade, foi descoberto que as principais fontes de desperdício são a superprodução, o excesso de estoque, o transporte excessivo, os tempos de espera, as movimentações desnecessárias ao longo da cadeia de suprimento, bem como problemas de produção (materiais e equipamentos de baixa qualidade, procedimentos incorretos etc.), todos os quais podem ser resolvidos por meio do pensamento enxuto (Gooch et al., 2010Gooch, M., Felfel, A., & Marenick, N. (2010). Food waste in Canada. Value Chain Management Centre, George Morris Centre, November.Henrique, D. B., Rentes, A. F., Godinho Filho, M., & Esposto, K. F. (2016). A new value stream mapping approach for healthcare environments. Production Planning & Control, 27(1), 24-48. doi: 10.1080/09537287.2015.1051159
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). O Mapeamento do Fluxo de Valor (MFV), compreendido como metodologia útil para investigar atividades que agregam ou não agregam valor, e para oferecer soluções para eventualmente eliminar atividades geradoras de desperdício, tem sido empregado de forma relativamente comum na literatura. A proposição de soluções de redução de desperdício com implicações sociais, econômicas e ambientais também pode resultar na sustentabilidade do sistema de interesse.

Nosso propósito neste estudo é entender os seguintes objetivos de pesquisa:

  • Propor uma abordagem holística de esclarecimento quanto aos fatores geradores de desperdício, e, ao mesmo tempo, revisar os processos do sistema;

  • Sugerir soluções que alterem os métodos convencionais por meio de operações sustentáveis baseadas na filosofia enxuta;

  • Explicar como o MFV pode ser uma metodologia conveniente para recomendar soluções multidisciplinares para o desperdício de alimentos, soluções estas que podem abranger os três aspectos da sustentabilidade, a saber, aspectos econômicos, sociais e ambientais.

O modelo MFV foi utilizado neste estudo para sugerir operações enxutas e sustentáveis ​​que abranjam aspectos sociais, econômicos e ambientais. Com a ajuda das soluções propostas, comprova-se que o pensamento enxuto é uma filosofia adequada para reduzir o desperdício de alimentos. Como o desperdício de alimentos ocorre em operações nos estágios iniciais da cadeia de suprimento em economias emergentes, o estudo se concentra em uma das maiores empresas de carne da Turquia. Sugere-se a implementação do MFV como forma de melhorar as operações sustentáveis na cadeia de suprimento alimentar. Apresenta-se o mapa do estado futuro, seguido de implicações para formuladores de políticas e gestores.

A segunda seção apresenta o desperdício de alimentos em uma economia emergente e revisa a literatura que trata do gerenciamento enxuto na indústria de alimentos. A terceira seção descreve a lacuna de pesquisa em relação a operações enxutas e sustentáveis no setor de alimentos. A quarta seção descreve o MFV, enquanto um estudo de caso do setor avícola é explicado na quinta seção. A sexta seção apresenta as contribuições do estudo para operações sustentáveis. A sétima e oitava seção apresentam as implicações gerenciais e a conclusão, respectivamente.

DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS EM UMA ECONOMIA EMERGENTE

O desperdício de alimentos é um problema crescente em todo o mundo e, de acordo com o relatório From Farm to Fork (FAO, 2011b), um terço da produção mundial de alimentos é perdida ou desperdiçada (Zhao et al., 2020Zhao, G., Liu, S., Lopez, C., Chen, H., Lu, H., Mangla, S. K., & Elgueta, S. (2020). Risk analysis of the agri-food supply chain: A multi-method approach. International Journal of Production Research, 58(16), 2020, 4851-4876. doi: 10.1080/00207543.2020.1725684
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). O uso excessivo e desnecessário de água e energia, as emissões de gases do efeito estufa causadas pelos processos de produção e distribuição, e o crescimento populacional e de demanda resultam no aumento do desperdício de alimentos (Mangla et al., 2018Mangla, S. K., Luthra, S., Rich, N., Kumar, D., Rana, N. P., & Dwivedi, Y. K. (September, 2018). Enablers to implement sustainable initiatives in agri-food supply chains. International Journal of Production Economics, 203, 379-393. doi: 10.1016/j.ijpe.2018.07.012
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). A perda e o desperdício de alimentos referem-se às reduções quantitativas na cadeia de suprimento dos alimentos produzidos, especialmente alimentos para consumo humano (FAO, 2011a). Essas perdas e desperdícios ocorrem em toda a cadeia de suprimento, do campo à mesa, e envolvem produção, processamento, embalagem, transporte e distribuição (Ju, Osako, & Harashina, 2017Ju, M., Osako, M., & Harashina, S. (2017). Food loss rate in food supply chain using material flow analysis. Waste Manag, 61, 443e454. doi: 10.1016/j.wasman.2017.01.021
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; Parfitt, Barthel, & Macnaughton, 2010Parfitt, J., Barthel, M., & Macnaughton, S. (2010). Food waste within food supply chains: Quantification and potential for change to 2050. Philosophical Transactions of the Royal Society of London, Series B. Biological Sciences, 365(1554), 3065-3081. doi:10.1098/rstb.2010.0126v
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). A perda e o desperdício de alimentos ocorrem tanto nos países desenvolvidos quanto nos emergentes. Embora nos países desenvolvidos eles ocorram principalmente nas áreas de varejo e consumo, em países emergentes eles ocorrem nos estágios iniciais e intermediários da cadeia de suprimento alimentar (Verma et al., 2019Verma, M., Plaisier, C., van Wagenberg, C. P., & Achterbosch, T. (2019). A systems approach to food loss and solutions: Understanding practices, causes, and indicators. Towards Sustainable Global Food Systems, 11(3), 102-120. doi: 10.3390/su11030579
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). Os países desenvolvidos consomem mais de 200 milhões de toneladas de alimentos todos os anos, principalmente nas áreas de varejo e consumo. Na África e Sul da Ásia, há um desperdício anual de 6 a 11kg de alimentos por pessoa, enquanto o desperdício anual de alimentos por pessoa situa-se entre 95 e 115kg na Europa e na América do Norte (Ishangulyyev, Kim, & Lee, 2019Ishangulyyev, R., Kim, S., & Lee, S. H. (2019). Understanding food loss and waste-why are we losing and wasting food? Foods, 8(8), 297. doi:10.3390/foods8080297
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). Incentivar os consumidores a comprar mais alimentos do que necessitam em mercados com elevados padrões de qualidade leva ao desperdício de alimentos nos países desenvolvidos (Wunderlich & Martinez, 2018Wunderlich, S. M., & Martinez, N. M. (2018). Conserving natural resources through food loss reduction: Production and consumption stages of the food supply chain. International Soil and Water Conservation Research, 6(4), 331-339. doi: 10.1016/j.iswcr.2018.06.002
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).

Por outro lado, em países emergentes como a Turquia (Kayıkci, Ozbiltekin, & Kazancoglu, 2019), as principais causas do desperdício de alimentos são a falta de conhecimentos e tecnologia durante o processo de colheita, a falta de infraestrutura adequada, a falta de conhecimentos durante a fase de pós-colheita e nos processos de embalagem (Wunderlich & Martinez, 2018Wunderlich, S. M., & Martinez, N. M. (2018). Conserving natural resources through food loss reduction: Production and consumption stages of the food supply chain. International Soil and Water Conservation Research, 6(4), 331-339. doi: 10.1016/j.iswcr.2018.06.002
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). No processo de cultivo, os agricultores sofrem grandes perdas durante a produção devido a colheitas precoces, condições de armazenamento, ataques de insetos e utilização inábil de recursos (Östergren et al., 2014Östergren, K., Gustavsson, J., Bos-Brouwers, H., Timmermans, T., Hansen, O.-J., Møller, H., ... Redlingshöfer, B. (2014). FUSIONS Definitional Framework for Food Waste. FUSIONS, Göteborg, Sweden). No processo de colheita, condições de armazenamento insuficientes resultam em consequências negativas, como infestação por insetos e formação de mofo, levando à perda de alimentos (Gustavsson, Cederberg, Sonesson, Otterdijk, & Meybeck, 2011Gustavsson, J., Cederberg, C., Sonesson, U., Otterdijk, R. Van, & Meybeck, A. (2011). Causes and prevention of food losses and waste. Global Food Losses and Food Waste, Study conducted for theInternational Congress SAVE FOOD! at Interpack 2011 Düsseldorf, Germany, FAO, 2011, 1-8.; Ju et al., 2017Ju, M., Osako, M., & Harashina, S. (2017). Food loss rate in food supply chain using material flow analysis. Waste Manag, 61, 443e454. doi: 10.1016/j.wasman.2017.01.021
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). Organismos responsáveis por apodrecimento se desenvolvem e aumentam com o surgimento de fungos e doenças, devido às altas temperaturas e à umidade após a colheita, o que pode levar à deterioração de toda a cultura (Verghese, Lewis, Lockrey, & Williams, 2015Verghese, K., Lewis, H., Lockrey, S., & Williams, H. (2015). Packaging’s Role in minimizing food loss and waste across the supply chain. Packag. Technol. Sci. Published online in Wiley Online Library (wileyonlinelibrary.com) doi: 10.1002/pts.2127
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). As perdas ocorrem nas unidades de processamento devido à falta de tecnologias e a instalações insuficientes (Kumar & Kalita, 2017Kumar, D., & Kalita, P. (2017). Reducing postharvest losses during storage of grain crops to strengthen food security in developing countries. Foods , 6(1), 8. Doi: 10.3390/foods6010008
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). De acordo com as estatísticas, quase 50% das perdas de alimentos ocorrem nos níveis de pós-colheita e processamento (Kummu et al., 2012Kummu, M., Moel, H., Porkka, M., Siebert, S., Varis, O., & Ward, P.J. (2012). Lost food, wasted resources: Global food supply chain losses and their impacts on freshwater, cropland, and fertiliser use. Science of the Total Environment, 438(1), 477-489. doi: 10.1016/j.scitotenv.2012.08.092
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).

A Turquia, uma importante economia emergente, possui uma população crescente de mais de 80 milhões de habitantes (United Nations High Commissioner for Refugees [UNHCR], 2019United Nations High Commissioner for Refugees. (2019). Global trends forced displacement in 2018. Retrieved from www.unhcr.org/5c6fb2d04
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). Este crescimento está levando a um aumento da demanda por alimentos pelos consumidores do país. A Turquia está entre os 20 maiores produtores agrícolas do mundo, produzindo leite, trigo e outras culturas (FAO, 2015Food and Agriculture Organization of the United Nations (2015). FAO Statistical Pocketbook, Rome, Italy.). Enquanto a produção anual de alimentos na Turquia é calculada em 122,9 milhões de toneladas/ano, a quantidade de alimentos desperdiçados é calculada em 16 milhões de toneladas/ano (The Standing Committee for Economic and Commercial Cooperation of the Organization of the Islamic Cooperation [COMCEC], 2017).

Assim como em outras economias emergentes, a perda e o desperdício de alimentos na Turquia ocorrem durante todos os processos da cadeia de suprimento, da produção ao consumo (Tatlıdil, Dellal, & Bayramoglu, 2013). O desperdício de alimentos também é um problema crescente no país e tem consequências econômicas, ambientais e sociais (Yıldırım et al., 2016). De acordo com as estatísticas, todos os anos, cerca de 26 milhões de toneladas de alimentos são jogadas fora na Turquia, o que corresponde a quase 215 bilhões de liras turcas (Ministério da Indústria e Comércio da República Turca, 2018).

As abordagens enxutas podem ser uma solução para reduzir o desperdício de alimentos em economias emergentes, pois, além de minimizar o desperdício, também aumentam a eficiência operacional. A seção a seguir contém uma revisão da literatura sobre a gestão enxuta na indústria de alimentos.

Gestão enxuta na indústria de alimentos

A gestão enxuta é a abordagem utilizada para apresentar valor do ponto de vista dos clientes, desenvolver continuamente os processos da organização e evitar desperdícios (Chronéer & Wallström, 2016Chronéer, D., & Wallström, P. (2016). Exploring waste and value in a lean context. International Journal of Business and Management, 11(10), 282. doi: 10.5539/ijbm.v11n10p282
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). É um método de gestão para empresas que buscam se adaptar às condições atuais de mercado por meio de mudanças funcionais e organizacionais (Dekier, 2012Dekier, Ł. (2012). The origins and evolution of lean management system. Journal of International Studies, 5(1), 46-51. doi: 10.14254/2071-8330.2012/5-1/6
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). A gestão enxuta também resulta na redução de custos, aumento das interações com o cliente, qualidade, aumento do moral dos funcionários e melhorias na cultura e no uso de sistemas push e pull (Liu, Yang, & Xin, 2019Liu, Q., Yang H., & Xin, Y. (2019). Applying value stream mapping in an unbalanced production line: A case study of a Chinese food processing enterprise. Quality Engineering, 32(1). doi: 10.1080/08982112.2019.1637526.
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).

Embora a gestão enxuta seja essencial a todas os setores, o conhecimento sobre as práticas enxutas e como implementá-las no setor alimentício é uma área bastante restrita. Ainda existe uma lacuna nas práticas enxutas e no desenvolvimento de uma gestão eficaz na indústria de alimentos dentro do conceito de gestão enxuta (Sreedharan & Raju, 2016Sreedharan, R., & Raju, R. (2016). A systematic literature review of Lean Six Sigma in different industries. International Journal of Lean Six Sigma , 7(4), 430-466. doi:10.1108/ijlss-12-2015-0050
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). Além disso, o aumento da pressão dos consumidores e da concorrência entre as empresas tem recentemente afetado a implementação da gestão enxuta (Dora, Goubergen, Kumar, Molnar, & Gellynck, 2014Dora, M., Goubergen, D. Van, Kumar, M., Molnar, A., & Gellynck, X. (2014). Application of lean practices in small and medium-sized food enterprises. British Food Journal, 116(1), 125-141. doi: 10.1108/BFJ-05-2012-0107
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).

A gestão enxuta na indústria alimentícia é essencial, uma vez que essa indústria é um setor mutável (Singh, Luthra, Mangla, & Uniyal, 2019Singh, R. K., Luthra, S., Mangla, S. K., & Uniyal, S. (2019). Applications of information and communication technology for sustainable growth of SMEs in India food industry. Resources, Conservation and Recycling, 147, 10-18. doi: 10.1016/j.resconrec.2019.04.014
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), no qual as quantidades produzidas e os tempos de processamento nas fases de produção variam devido a fatores de sazonalidade e exiguidade dos prazos de validade (Dora et al., 2014Dora, M., Goubergen, D. Van, Kumar, M., Molnar, A., & Gellynck, X. (2014). Application of lean practices in small and medium-sized food enterprises. British Food Journal, 116(1), 125-141. doi: 10.1108/BFJ-05-2012-0107
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; Liu et al., 2019Liu, Q., Yang H., & Xin, Y. (2019). Applying value stream mapping in an unbalanced production line: A case study of a Chinese food processing enterprise. Quality Engineering, 32(1). doi: 10.1080/08982112.2019.1637526.
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). Diferentemente de outros setores, muitos produtos agrícolas alimentícios são colhidos em épocas específicas do ano e devem ser processados ​​em grandes quantidades, independentemente da frequência da demanda dos consumidores (Liu et al., 2019; Mahalik & Nambiar, 2010Mahalik, N. P., & Nambiar, A. N. (2010). Trends in food packaging and manufacturing systems and technology. Trends in Food Science & Technology, 21(3), 117-128. doi: 10.1016/j.tifs.2009.12.006
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). Assim, é difícil produzir dentro de prazos neste setor. A gestão enxuta visa reduzir custos por meio do aumento da qualidade na indústria. Com a ajuda da gestão enxuta, o valor para o cliente gerado pelas empresas de alimentos aumenta, enquanto os custos do setor diminuem (Lehtinen & Torkko, 2005Lehtinen, U., & Torkko, M. (2005). The lean concept in the food industry: A case study of contract a manufacturer. Journal of Food Distribution Research, 36(3), 57-67. doi: 10.22004/ag.econ.27759
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).

No tocante à revisão da literatura, existem muitos estudos sobre a gestão enxuta na indústria alimentícia. Esses estudos se concentram em diferentes partes dessa indústria, como manufatura, cadeias de suprimento e processamento. O Quadro 1 apresenta uma visão geral da literatura sobre a gestão enxuta na indústria de alimentos.

Quadro 1
Revisão da literatura sobre gestão enxuta no setor alimentício

Em seu estudo sobre gestão enxuta na fabricação de alimentos, Lehtinen e Torkko (2005)Lehtinen, U., & Torkko, M. (2005). The lean concept in the food industry: A case study of contract a manufacturer. Journal of Food Distribution Research, 36(3), 57-67. doi: 10.22004/ag.econ.27759
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discutiram as formas apropriadas de aplicação dos conceitos enxutos em uma empresa de fabricação de alimentos. Eles analisaram os aspectos de produção enxuta e fornecimento enxuto, bem como o mapeamento do fluxo de valor, para entender o conceito enxuto. Utilizando um estudo de caso, eles mapearam a colaboração existente entre o conceito enxuto e a gestão da cadeia de suprimento na cadeia de produção alimentícia. Chaplin e O’Rourke (2014)Chaplin, L., & O'Rourke, S. T. J. (2014). Lean Six Sigma and marketing: A missed opportunity. International Journal of Productivity and Performance Management, 63(5), 665-674. doi: 10.1108/IJPPM-09-2013-0155
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propuseram um programa de desenvolvimento de negócios que abrange o conceito Lean Six Sigma na fabricação de alimentos no Reino Unido. Seu estudo se concentra em determinar as lacunas e os benefícios do programa Lean Six Sigma para atividades de marketing.

Em sua análise dos benefícios dos processos enxutos de fabricação no setor de alimentos e bebidas, Kezia, Kumar e Sai (2017)Kumar, D., & Kalita, P. (2017). Reducing postharvest losses during storage of grain crops to strengthen food security in developing countries. Foods , 6(1), 8. Doi: 10.3390/foods6010008
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afirmam que a fabricação enxuta minimiza o desperdício e maximiza a utilização de recursos. Castro e Posada (2019)Castro, M. Del R. Q., & Posada, J. G. A. (2019). Implementation of lean manufacturing techniques in the bakery industry in Medellin. Gestão e Produção, 26(2), 1-9. doi: 10.1590/0104-530X-2505-19
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concentraram-se na fabricação enxuta no setor de panificação para avaliar os resultados das técnicas enxutas, o que fizeram por meio de um questionário. Ali, Tan, Suleiman e Alam (2017)Ali, M. H., Tan, K. H., Suleiman, N., & Alam, S. S. (2017). The traction of lean production on Halal food integrity. MOJ Food process Technol, 5(4), 136. doi: 10.15406/mojfpt.2017.05.00136
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discutiram maneiras de alcançar um equilíbrio entre qualidade e custo com a ajuda de abordagens enxutas na indústria alimentícia. Sua pesquisa analisou estudos de caso em várias empresas em cadeias de suprimento de alimentos.

Há também, na literatura, diferentes estudos sobre a gestão enxuta no processamento de alimentos. Testa (2010)Testa, N. M. (2010). Lean food processing. Cereal Foods World, 55(4), 172-175. doi: 10.1094/CFW-55-4-0172
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analisou o processamento de alimentos com base no conceito de abordagem enxuta. A estrutura do conceito enxuto e o Mapeamento do Fluxo de Valor são discutidos no estudo, com o intuito de divulgar o conceito de abordagem enxuta. Noorwali (2013)Noorwali, A. (2013). Apply lean and Taguchi in different level of variability of food flow processing system. Procedia Engineering, 63, 728-734. doi: 10.1016/j.proeng.2013.08.285
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concentrou-se em atividades enxutas em sistemas de processamento de alimentos. Seu estudo inclui o Taguchi, uma abordagem enxuta que constitui uma simulação para minimizar os níveis de variabilidade no sistema de processamento de alimentos.

Alguns estudos enfocaram a gestão enxuta em cadeias de suprimento de alimentos. Taylor (2006)Taylor, D. H. (2006). Strategic considerations in the development of lean agri-food supply chains: A case study of the UK pork sector. Supply Chain Management, 11(3), 271-280. doi: 10.1108/13598540610662185
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analisou técnicas baseadas na análise da cadeia de valor e oportunidades de mudanças estratégicas na cadeia agroalimentar no Reino Unido, especificamente em relação a duas cadeias de suprimento do setor de carne vermelha, e propôs um modelo inicial para uma cadeia de suprimento integrada com base na aplicação do conceito enxuto. Perez, Castro, Simons e Gimenez (2010)Perez, C., Castro, R. de, Simons, D., & Gimenez, G. (2010). Development of lean supply chains: A case study of the Catalan pork sector. Supply Chain Management: An International Journal, 15(1), 55-68. doi: 10.1108/13598541011018120
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analisaram o desempenho de uma cadeia de suprimento de carne suína na Catalunha. Eles demonstraram a adaptação da cadeia de suprimento de carne suína e abordagens enxutas utilizando estudos de múltiplos casos e entrevistas semiestruturadas.

Zarei, Fakhrzad e Paghaleh (2011)Zarei, M., Fakhrzad, M. B., & Paghaleh, M. J. (2011). Food supply chain leanness using a developed QFD model. Journal of Food Engineering, 102(1), 25-33. doi: 10.1016/j.jfoodeng.2010.07.026
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usaram o QFD em seu estudo sobre a maximização dos níveis enxutos na cadeia de suprimento do setor alimentício. Para tanto, eles analisaram um estudo de caso utilizando lógica difusa para mostrar os resultados práticos da metodologia. Chen, Liu e Oderanti (2020)Chen, H., Liu, S., & Oderanti, F. (2020). A knowledge network and mobilisation framework for lean supply chain decisions in agri-food industry. Supply Chain and Logistics Management: Concepts, Methodologies, Tools, and Applications. doi: 10.4018/978-1-7998-0945-6.ch018
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analisaram a gestão enxuta em uma cadeia de suprimento de alimentos utilizando o Analytical Hierarchy Process (AHP) para entender as opiniões dos especialistas em relação ao pensamento enxuto e ao desempenho objetivo. Scherrer-Rathje, Boyle e Deflorin (2009)Scherrer-Rathje, M., Boyle, T. A., & Deflorin, P. (2009). Lean, take two! Reflections from the second attempt at lean implementation. Business Horizons, 52(1), 79-88. doi: 10.1016/j.bushor.2008.08.004
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também afirmam que a gestão enxuta é crítica tanto para a organização quanto para as cadeias de suprimento da empresa. Eles destacaram regras críticas para o conceito enxuto, as quais proporcionaram conhecimento enxuto às organizações em seu estudo, e analisaram dois projetos enxutos de equipamentos de processamento de alimentos. Jie e Gengatharen (2019)Jie, F., & Gengatharen, D. (2019). Australian food retail supply chain analysis. Business Process Management Journal, 25(2), 271-287. doi: 10.1108/BPMJ-03-2017-0065
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se concentraram no setor de varejo de alimentos australiano em seu estudo sobre como melhorar o desempenho da cadeia de suprimento de pequenas empresas, reduzindo custos por meio da utilização do pensamento enxuto e do compartilhamento de conhecimentos.

Manzouri, Rahman, Saibani e Zain (2013)Manzouri, M., Rahman, M. N. Ab, Saibani, N., & Zain, C. R. Che M. (2013). Lean supply chain practices in the Halal food. International Journal of Lean Six Sigma , 4(4), 389-408. doi: 10.1108/IJLSS-10-2012-0011
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utilizaram um questionário com 300 empresas do setor de alimentos da Malásia para avaliar o nível de disponibilidade das práticas enxutas em suas cadeias de suprimento. Como resultado, descobriram que mais da metade das empresas não estavam aptas para a implementação de abordagens enxutas. Da mesma forma, Vlachos (2015)Vlachos, I. (2015). Applying lean thinking in the food supply chains: A case study. Production Planning & Control, 26(16), 1351-1367, doi: 10.1080/09537287.2015.1049238
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tentou determinar a compatibilidade das abordagens enxutas e do pensamento enxuto nas cadeias de suprimento do setor alimentício, e constatou a ocorrência de problemas durante a implementação das técnicas enxutas. Nessa pesquisa específica, foi utilizado o Mapeamento do Fluxo de Valor para um estudo de caso baseado em uma empresa de chá dos Estados Unidos. Cox e Chicksand (2005)Cox, A., & Chicksand, D. (2005). The limits of lean management thinking: Multiple retailers and Food and farming supply chains. European Management Journal, 23(6), 648-662. doi: 10.1016/j.emj.2005.10.010
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analisaram a implementação da gestão enxuta na indústria de alimentos, utilizando o caso de uma cadeia de suprimento de carne vermelha.

Besseris (2014)Besseris, G. (2014). Multi-factorial lean six sigma product optimization for quality, leanness and safety: A case study in food product improvement. International Journal of Lean Six Sigma, 5(3), 253-278. doi: 10.1108/IJLSS-06-2013-0033
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discutiu o conceito Lean Six Sigma (LSS) e buscou apresentar projetos baseados no LSS capazes de ajudar aqueles que introduzem o LSS em conjunto com esforços de otimização enxuta para a resolução de problemas enfrentados em operações do setor alimentício. Um modelo proposto foi adotado em um estudo de caso na indústria de alimentos. Lopes, Freitas e Sousa (2015)Lopes, R. B., Freitas, F., & Sousa, I. (2015). Application of lean manufacturing tools in the food and beverage industries. Journal of Technology Management and Innovation, 10(3), 120-130. doi: 10.4067/s0718-27242015000300013
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apresentam um estudo envolvendo a implementação de ferramentas de gestão enxuta em duas empresas portuguesas de alimentos e bebidas. Esse estudo discutiu o efeito das ferramentas de gestão enxuta nessas empresas. Sreedharan e Raju (2016)Sreedharan, R., & Raju, R. (2016). A systematic literature review of Lean Six Sigma in different industries. International Journal of Lean Six Sigma , 7(4), 430-466. doi:10.1108/ijlss-12-2015-0050
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analisaram sistematicamente uma revisão da literatura envolvendo diferentes setores que adotam o conceito de gestão enxuta. Eles afirmaram que há menos estudos sobre gestão enxuta no setor alimentício do que em outros setores.

Gellynck e Molnar (2009)Gellynck, X., & Molnar, A. (2009). Chain governance structures: The European traditional food sector. British Food Journal, 111(8), 762e775. doi: 10.1108/00070700910980900
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estudaram o setor europeu de alimentos para determinar as relações em nível de produto e cadeia com base na estrutura de governança. O estudo abrangeu 54 empresas na Itália, Bélgica e Hungria. Utilizando questionários, Dora et al. (2014)Dora, M., Goubergen, D. Van, Kumar, M., Molnar, A., & Gellynck, X. (2014). Application of lean practices in small and medium-sized food enterprises. British Food Journal, 116(1), 125-141. doi: 10.1108/BFJ-05-2012-0107
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focaram em pequenas e médias empresas de alimentos para analisar os benefícios das práticas enxutas. Com o estudo, eles avaliaram as barreiras à implementação de técnicas enxutas em pequenas e médias empresas europeias de alimentos.

Em seguida à revisão da literatura, a lacuna de pesquisa relacionada às operações enxutas e sustentáveis do setor de alimentos ​​é descrita na próxima seção.

REDUZINDO O DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS UTILIZANDO OPERAÇÕES ENXUTAS E SUSTENTÁVEIS

O desperdício de alimentos ameaça não apenas a sociedade, mas também o meio ambiente e a economia (Baig, Al-Zahrani, Schneider, Straquadine e Mourad, 2019Baig, M. B., Al-Zahrani, K. H., Schneider, F., Straquadine, G. S., & Mourad, M. (2019). Food waste posing a serious threat to sustainability in the Kingdom of Saudi Arabia: A systematic review. Saudi Journal of Biological Sciences, 26(7), 1743-1752. doi: 10.1016/j.sjbs.2018.06.004
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). Ignorar operações sustentáveis ​​diante do desperdício de alimentos não apenas ameaça a saúde do trabalhador, mas também causa problemas ambientais, como emissões de carbono elevadas e poluição ambiental (Ritchie & Roser, 2020Ritchie, H., & Roser, M. (2020). Environmental impacts of food production. Retrieved from https://ourworldindata.org/environmental-impacts-of-food
https://ourworldindata.org/environmental...
), além de diminuir a eficiência na cadeia de suprimento do setor alimentício, levando ao aumento dos custos (FAO, 2011aFood and Agriculture Organization of the United Nations. (2011a). Global food losses and food waste: Extent, causes and prevention. International Congress SAVE FOOD! at Interpack 2011, Düsseldorf, Germany. Retrieved from www.fao.org/docrep/014/mb060e/mb060e.pdf
www.fao.org/docrep/014/mb060e/mb060e.pdf...
). No entanto, diversos artigos na literatura apontam para a necessidade de adoção de operações sustentáveis ​​no tratamento do desperdício de alimentos, a fim de garantir a sobrevivência do planeta e o bem-estar humano. Visto que o desperdício de alimentos é uma questão complexa em operações sustentáveis, deve-se empregar um pensamento multidisciplinar que considere os aspectos econômicos, sociais e ambientais em igual harmonia, embora a literatura existente se mostre predominantemente motivada a considerar apenas um ou dois desses aspectos (Garcia-Garcia et al., 2017Garcia-Garcia, G., Woolley, E., Rahimifard, S., Colwill, J., White, R., & Needham, L. (2017). A methodology for sustainable management of food waste. Waste and Biomass Valorization, 8(6), 2209-2227. doi: 10.1007/s12649-016-9720-0
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).

A gestão enxuta é necessária para alcançar essa integração entre as dimensões da sustentabilidade. O pensamento enxuto também beneficia a minimização do desperdício, aumenta a eficiência e melhora o valor para o cliente. A abordagem enxuta ajuda as empresas a mudarem suas políticas e construir sistemas sustentáveis ​​de longo prazo. Portanto, a abordagem enxuta é extremamente importante para os gestores, da produção ao serviço. Além disso, devido à sua capacidade de identificar desperdícios, o MFV pode ser facilmente aplicado às perdas e desperdícios relacionados com alimentos, podendo ser utilizado na avaliação de desperdícios no setor alimentício (Wesana et al., 2019Wesana, J., Gellynck, X., Dora, M. K., Pearce, D., & De Steur, H. (2019). Measuring food and nutritional losses through value stream mapping along the dairy value chain in Uganda. Resources, Conservation and Recycling, 150, 104416. doi: 10.1016/j.resconrec.2019.104416
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).

Em ambientes de produção complexos, analisar o sistema com todos os seus recursos é um desafio. Nesse caso, a utilidade do MFV é comprovada em abordagens enxutas em termos de uma visualização melhor e mais clara dos processos (Seth et al., 2017Seth, D., Seth, N., & Dhariwal, P. (2017). Application of value stream mapping (VSM) for lean and cycle time reduction in complex production environments: a case study. Production Planning & Control, 28(5), 398-419. doi: 10.1080/09537287.2017.1300352v
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). O MVF é uma ferramenta útil para abordar um sistema que requeira “observar o todo” e repensar as funções para a melhoria dos processos. Também é útil para reconhecer quaisquer desconexões entre processos e melhorar o desempenho, após cuidadosa avaliação (Henrique et al., 2016).

O MFV também oferece uma visão geral de todos os tipos de atividades no sistema e permite que os desperdícios sejam identificados em aspectos como qualidade do produto, tempos de resposta e custos de produção, os quais podem ser revelados por suas características (Lacerda, Xambre, & Alvelos, 2016Lacerda, A. P., Xambre, A. R., & Alvelos, H. M. (2016). Applying value stream mapping to eliminate waste: A case study of an original equipment manufacturer for the automotive industry. International Journal of Production Research, 54(6), 1708-1720. https://doi.org/10.1080/00207543.2015.1055349
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). Além disso, o MFV ganha destaque pela capacidade de avaliar rapidamente o estado dos processos de produção pela sua natureza visual, permite a quantificação dos tempos de produção e revela oportunidades de melhoria (Dinis-Carvalho et al., 2019Dinis-Carvalho, J., Monteiro, M., & Macedo, H. (2019, November). Continuous Improvement System: Team Members’ Perceptions. In European Lean Educator Conference (pp. 201-210). Springer, Cham.).

Norton e Fearne (2009)Norton, A., & Fearne, A. (2009). Sustainable value stream mapping in the food industry. In: Waldron, Keith, ed. Handbook of Waste Management and Co-Product Recovery in Food Processing. Woodhead Publishing, Cambridge revisaram a metodologia MFV padrão como MFV Sustentável, adicionando indicadores de desempenho ambiental, tais como emissões de CO2 e desperdício. O pensamento enxuto, portanto, é uma abordagem utilizada principalmente para a revisão e eliminação do desperdício de todos os tipos de processos. Portanto, a filosofia enxuta pode ser adaptada também para lidar com o desperdício de alimentos de maneira sustentável. Nesse sentido, como um dos principais métodos de pensamento enxuto, o MFV pode ser implementado em cadeias de suprimento do setor alimentício para minimizar o desperdício de alimentos.

O MFV é especialmente útil neste estudo:

  • Para uma visualização global do sistema de interesse;

  • Para compreender e priorizar os principais determinantes dos fatores geradores de desperdício com base na classificação das atividades em agregadoras de valor e não agregadoras de valor.

Embora tenham sido produzidos artigos sobre a aplicação do MFV no setor de alimentos, ainda existe uma lacuna na literatura, na medida em que a maioria das pesquisas não consideram o aspecto da sustentabilidade, mas sim melhorias de processos que buscam eliminar estoques desnecessários, encurtar o período de produção etc. Neste estudo, porém, o objetivo principal é eliminar os desperdícios de forma sustentável, seja identificando os fatores de geração de desperdício ou aprimorando o desempenho da produção. Diferentemente da literatura existente, ao incorporar o termo “sustentabilidade”, este estudo visa oferecer aos gestores do setor soluções multidisciplinares promissoras para a combinação de seus objetivos econômicos, sociais e ambientais (Garcia-Garcia et al., 2017Garcia-Garcia, G., Woolley, E., Rahimifard, S., Colwill, J., White, R., & Needham, L. (2017). A methodology for sustainable management of food waste. Waste and Biomass Valorization, 8(6), 2209-2227. doi: 10.1007/s12649-016-9720-0
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).

METODOLOGIA: MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR

Como elemento importante da produção enxuta, o Mapeamento do Fluxo de Valor foi introduzido pela primeira vez por Rother e Shook (1998)Rother, M., & Shook, J. (1998). Learning to see: Value stream mapping to add value and eliminate muda. Cambridge, MA: Lean Enterprise Institute como um método funcional para reorganizar sistemas sob uma perspectiva enxuta (Lasa, Laburu, & Vila, 2008Lasa, I. S., Laburu, C. O., & Vila, R. de C. (2008). An evaluation of the value stream mapping tool. Business Process Management Journal, 14(1), 39-52. doi: 10.1108/14637150810849391
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). O MFV pode ser empregado para identificar problemas em um sistema de produção, redesenhando-o de modo a eliminar desperdícios e melhorar o desempenho (Stadnica & Litwin, 2019). O MFV é uma ferramenta que pode ser definida como o conjunto de todas as ações, incluindo as ações com e sem valor agregado, necessárias ao fluxo de produção, da matéria-prima ao cliente. É utilizado para identificar desperdícios, o que também é útil para estabelecer e monitorar práticas verdes e sustentáveis ​​(Faulkner & Badurdeen, 2014Faulkner, W., & Badurdeen, F. (2014). Sustainable Value Stream Mapping (Sus-VSM): Methodology to visualize and assess manufacturing sustainability performance. Journal of Cleaner Production, 85(15), 8-18. doi: 10.1016/j.jclepro.2014.05.042
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).

O MFV é uma ferramenta útil para visualizar e compreender o fluxo de informações e materiais ao longo da cadeia de valor, e oferece uma visão ampla de todas as atividades realizadas no processo de produção (Lacerda et al., 2016Lacerda, A. P., Xambre, A. R., & Alvelos, H. M. (2016). Applying value stream mapping to eliminate waste: A case study of an original equipment manufacturer for the automotive industry. International Journal of Production Research, 54(6), 1708-1720. https://doi.org/10.1080/00207543.2015.1055349
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). Uma característica muito significativa do MFV, ao contrário de outros métodos de mapeamento de processo, é que ele documenta não apenas os fluxos básicos do produto, mas também o fluxo de informações, incluindo o cronograma da produção e informações de produção (Singh, Garg, & Sharma, 2011Singh, B., Garg, S. K., & Sharma, S. K. (2011). Value stream mapping: literature review and implications for Indian industry. The International Journal of Advanced Manufacturing Technology, 53(5-8), 799-809. doi: 10.1007/s00170-010-2860-7
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). Como principais vantagens do MFV, podemos citar as seguintes: é uma ferramenta eficaz para implementar os princípios enxutos; oferece uma ligação entre os processos de produção e as atividades da cadeia de suprimento, através da visualização de todos os fluxos; e permite que o planejamento da produção, a previsão da demanda e o cronograma de produção sejam integrados (Jasti, Kota, & Sangwan, 2019Jasti, N. V. K., Kota, S., & Sangwan, K. S. (2019). An application of value stream mapping in auto-ancillary industry: A case study. The TQM Journal, 32(1), 162-182. doi: 10.1108/TQM-11-2018-0165
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).

Rother e Shook (1998)Rother, M., & Shook, J. (1998). Learning to see: Value stream mapping to add value and eliminate muda. Cambridge, MA: Lean Enterprise Institute apresentaram os estágios da aplicação do MFV em cinco etapas:

  1. Seleção da família de produtos;

  2. Modelagem do mapa do estado atual;

  3. Análise dos desperdícios e proposição de eventos de melhoria contínua, conhecidos como kaizen;

  4. Modelagem do mapa do estado futuro;

  5. Elaboração de um plano de trabalho e sua composição.

Com relação ao mapa do estado atual, a ideia principal é a coleta de dados relacionados ao sistema atual para a visualização de todos os fluxos. As principais etapas para traçar o mapa do estado atual são: realização de observações e coleta de dados sobre as demandas do cliente; apresentação do fluxo físico de todos os processos com suas caixas de dados e detalhes de estoque; mapeamento do fornecimento de materiais; e determinação do sistema push e pull, bem como o mapeamento do fluxo de informações, utilizando símbolos gráficos específicos para a apresentação dos resultados (Masuti & Dabade, 2019Masuti, P. M., & Dabade, U. A. (2019). Lean manufacturing implementation using value stream mapping at excavator manufacturing company. Materials Today: Proceedings, 19, 606-610).

É também necessária uma diretriz para apresentar o mapa do estado futuro. Lasa et al. (2008)Lasa, I. S., Laburu, C. O., & Vila, R. de C. (2008). An evaluation of the value stream mapping tool. Business Process Management Journal, 14(1), 39-52. doi: 10.1108/14637150810849391
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resumiram essa diretriz da seguinte forma: primeiramente, determina-se o volume de produção conforme a demanda do produto, onde o tempo Takt reflete a taxa; em segundo lugar, deve-se estabelecer um fluxo contínuo, na medida do possível; terceiro, onde o fluxo contínuo não for possível, deve-se utilizar um sistema pull entre as estações de trabalho; quarto, deve-se definir o processo marca-passo para comandar a produção dos vários componentes; quinto, deve-se utilizar o cronograma do processo marca-passo para nivelar o mix e o volume de produtos; finalmente, deve ser melhorada a eficiência geral do processo.

Na seção a seguir, o Mapeamento do Fluxo de Valor é implementado na indústria alimentícia, sendo utilizado em um estudo de caso no setor avícola.

ESTUDO DE CASO NO SETOR AVÍCOLA: DEFINIÇÃO DO PROBLEMA E MAPA DO ESTADO ATUAL

O estudo de caso foi conduzido em uma das maiores empresas de carne da Turquia, que se concentra principalmente em produtos de carne de peru. A empresa do caso trabalha com um fornecedor, que lhe fornece perus vivos. Os processos geralmente começam com os perus sendo coletados no fornecedor, carregados em caminhões, transportados até a empresa e sendo aí descarregados; ocorre então a limpeza das gaiolas, e realizam-se os processos de corte interno, terminando com a embalagem.

Existem, no entanto, muitas limitações relacionadas à capacidade e ao bem-estar animal. Por exemplo, os perus devem chegar à empresa à noite, já que o índice de mortalidade aumenta pela manhã. Mas a empresa não gosta que seus funcionários trabalhem no turno da noite, pois isso reduz a produtividade, e o resultado é um aumento do tempo de espera. Por outro lado, o fornecedor não gosta que seus perus sejam coletados à noite, pois isso os acorda e eleva seus níveis de estresse. No sistema atual, os caminhões aguardam cerca de 9 horas, e cerca de 8 a 10 caminhões chegam à empresa todos os dias. A capacidade do caminhão varia de acordo com o sexo dos perus, já que as fêmeas pesam menos do que os machos. No sistema atual, a capacidade dos caminhões é de 864 para fêmeas e 432 para machos. Outra limitação é que os caminhões precisam esperar a descarga de cada um deles, sendo que as instalações atuais não comportam a descarga de mais de um caminhão por vez. O processo de descarga leva aproximadamente de 35 a 40 minutos para perus machos e 60 minutos para perus fêmeas. O processo de lavagem das gaiolas também deve ser concluído antes de passar para o próximo caminhão, um processo que leva aproximadamente cinco minutos. Outro problema no sistema atual é que a empresa não segue a regra do primeiro a entrar, primeiro a sair (PEPS) para os caminhões que chegam à empresa para descarga. Todas essas limitações aumentam o tempo de espera. Desse ponto de vista, este estudo se concentra principalmente na redução dos tempos de espera dos caminhões carregados com perus vivos para evitar a diminuição da qualidade da carne e reduzir quaisquer perdas de peso devido ao estresse causado por longos tempos de espera.

As observações do sistema atual na empresa deste caso mostraram que os desperdícios podem ser classificados em duas categorias principais: desperdícios relacionados com o fornecedor; e desperdícios relacionados aos processos internos da empresa.

Os principais desperdícios envolvendo o fornecedor referem-se às cooperativas e aos processos de transporte. O fornecedor possui várias cooperativas que fornecem as aves à empresa. Isso resulta em distâncias diferentes entre as cooperativas e a empresa e revela um processo de transporte não padronizado. A duração do processo de coleta das aves nos fornecedores também varia e é uma barreira à padronização dos processos. A segunda causa raiz de desperdícios relacionada ao fornecedor é o processo pelo qual as aves são transportadas das cooperativas à empresa. Existem problemas relacionados ao horário de chegada dos caminhões à empresa, além da variação da quantidade de caminhões, o que expõe problemas relacionados a cronograma.

Os desperdícios relacionados aos processos internos da empresa podem ser categorizados como desperdícios relacionados a funcionários, tempos de espera, e incompatibilidade entre o horários de funcionamento da empresa e do fornecedor. Para começar, o número de funcionários no abatedouro não é suficiente, o que resulta em longos tempos de espera. Além disso, no sistema atual, os trabalhadores também não são especialistas em tarefas específicas, mas possuem responsabilidades durante todo o fluxo do processo. Isso resulta em condições ineficientes em diferentes processos. Outro desperdício é causado pelo tempo de espera, e isso ocorre durante dois processos principais. São os tempos de espera desnecessários entre a chegada dos caminhões à empresa e o descarregamento dos perus, e entre o descarregamento do caminhão e a espera pela lavagem das gaiolas. O último problema relacionado aos processos internos é que os horários de funcionamento da empresa e dos fornecedores são diferentes, resultando em inconsistência entre os processos.

Com base nessas informações, o mapa do estado atual deste estudo de caso é mostrado na Figura 1. Devido à natureza do problema e à área de foco do estudo, traçamos um MFV de dois estágios, mostrando os processos dos fornecedores e os processos internos. O mapa mostra um total de 25 processos, mas este estudo se concentra principalmente nos processos que precedem o processo de choque (P4). Os tempos com e sem valor agregado também são apresentados no mapa do estado atual.

Figura 1
Mapa do estado atual

Mapa do estado atual

Eliminando desperdícios: Mapa do estado futuro

O foco deste estudo de caso abrange apenas os estágios iniciais do MFV, que são os processos relacionados à coleta dos perus no fornecedor, chegada à empresa e descarregamento das aves. Por isso, as sugestões de melhoria não abrangem os processos do abatedouro e a área de embalagem. Os pontos a seguir são listados para o mapa do estado futuro proposto.

  • Mudança nos horários de trabalho

  • Coleta mais tardia dos perus

  • Melhoria no processo de amarração e carregamento, utilizando equipamentos de manipulação

  • Uso de carretas reboque

Como já mencionado, um dos motivos mais significativos para os longos tempos de espera é a diferença entre os horários de trabalho do fornecedor e da empresa. Considerando as limitações relacionadas ao bem-estar animal, qualidade da carne e políticas das empresas, pode-se sugerir um arranjo em termos de mudança de horário de trabalho, tanto para o fornecedor quanto para a empresa. Após discussões entre a empresa e o fornecedor, se o fornecedor começar a coletar os perus por volta das 2h00 em vez de 20h30, e a empresa introduzir o trabalho por turnos e começar o processo de abate às 5h00 em vez de 7h00, o tempo de espera será reduzido em cerca de 3,5 horas. Portanto, as áreas de melhoria inicial sugeridas seriam a alteração dos horários de coleta e a introdução de turnos na empresa.

Outra melhoria seria com relação ao processo de amarração e carregamento, para o qual poderiam ser adotados equipamentos de manipulação automática. No sistema atual, utiliza-se a manipulação manual, que resulta em esforço adicional por parte dos funcionários e aumenta o nível de estresse dos perus. Equipamentos tecnológicos de manipulação podem ajudar a eliminar o desperdício de movimentação e também reduzir o tempo de processamento. Um exemplo de tal equipamento seria o TA 800 Turkey Loader, que reduziria o tempo de processamento em 40%, melhoraria o bem-estar dos funcionários e dos animais, reduziria os custos com pessoal e aumentaria a velocidade do carregamento. Um investimento neste sistema diminuiria o processo de amarração e carregamento em 1.167 segundos.

Também poderiam ser utilizadas carretas reboque, de modo a eliminar desperdícios de transporte e transportar animais vivos com mais facilidade. As principais vantagens de uma carreta reboque são a redução do custo de veículos adicionais, redução dos custos de manutenção, sua usabilidade para diferentes fins, capacidade adicional de carga e maior conveniência durante o processo de carregamento.

Com base nesses cálculos, a relação entre o tempo sem valor agregado e o tempo total do processo é reduzida de 30,9% para 17,8%, o que demonstra o resultado de melhorias gerais na fase do fornecedor e na área de espera da empresa. Na seção seguinte, esses resultados serão discutidos e as implicações serão apresentadas.

Mapa do estado futuro

CONTRIBUIÇÕES PARA OPERAÇÕES SUSTENTÁVEIS NO SETOR ALIMENTÍCIO

Como foi visto nas seções anteriores, as cadeias de suprimento do setor alimentício geram desperdícios relacionados ao transporte, armazenamento, manipulação etc. Devido ao desperdício que ocorre nas cadeias de suprimento de alimentos, os aspectos sociais, econômicos e ambientais, os quais constituem as dimensões da sustentabilidade, permanecem sob ameaça (Cicatiello, Franco, Pancino, & Blasi, 2016Cicatiello, C., Franco, S., Pancino, B., & Blasi, E. (2016). The value of food waste: An exploratory study on retailing. Journal of Retailing and Consumer Services, 30(C), 96-104. doi: 10.1016/j.jretconser.2016.01.004
https://doi.org/10.1016/j.jretconser.201...
; Sharma, Mangla, Patil, & Liu, 2019Sharma, Y., Mangla, S., Patil, P., & Liu, S. (2019). When challenges impede the process: For circular economy-driven sustainability practices in food supply chain. Management Decision, 57(4), 995-1017. doi: 10.1108/md-09-2018-1056
https://doi.org/10.1108/md-09-2018-1056...
; Thyberg & Tonjes, 2016Thyberg, K. L., & Tonjes, D. J. (January, 2016). Drivers of food waste and their implications for sustainable policy development. Resources, Conservation and Recycling, 106, 110-123. doi: 10.1016/j.resconrec.2015.11.016
https://doi.org/10.1016/j.resconrec.2015...
; Vlachos, 2015Vlachos, I. (2015). Applying lean thinking in the food supply chains: A case study. Production Planning & Control, 26(16), 1351-1367, doi: 10.1080/09537287.2015.1049238
https://doi.org/10.1080/09537287.2015.10...
). Este desperdício impede que as operações do setor sejam sustentáveis. Como resultado, uma filosofia enxuta e suas práticas podem ser uma solução nas cadeias de suprimento de alimentos para minimizar o desperdício (Ishangulyyev et al., 2019Ishangulyyev, R., Kim, S., & Lee, S. H. (2019). Understanding food loss and waste-why are we losing and wasting food? Foods, 8(8), 297. doi:10.3390/foods8080297
https://doi.org/10.3390/foods8080297...
). Este estudo oferece benefícios sociais, ambientais e econômicos em operações sustentáveis ​​do setor alimentício, como mostra a Figura 3.

Figura 2
Mapa do estado futuro

Figura 3
Contribuições para operações sustentáveis no setor alimentício

Contribuições para operações sustentáveis no setor alimentício

Uma das contribuições importantes deste estudo para operações sustentáveis no setor alimentício ​​abrange as condições de trabalho dos fornecedores e da empresa. Com a introdução de turnos nas jornadas dos funcionários, a eficiência do processo melhora devido aos aumentos na produtividade e segurança dos trabalhadores. Além disso, como resultado da análise, verifica-se que, devido à diferença entre as condições de trabalho da empresa e dos fornecedores, o bem-estar animal diminui. Com a sugestão de mudança de horário decorrente da introdução do método enxuto, espera-se que os animais não sejam acordados à noite e que os níveis de estresse relacionados sejam evitados. Espera-se, portanto, que o bem-estar animal aumente. A melhoria das condições de trabalho na empresa e no fornecedor, bem como o aumento do bem-estar animal, são contribuições essenciais para a sustentabilidade social nas operações do setor.

Além dos benefícios sociais, as abordagens enxutas também contribuem em termos econômicos, na medida em que reduzem custos (Nahmens & Ikuma, 2012Nahmens, I., & Ikuma, L. (2012). Effects of lean construction on sustainability of modular homebuilding. Journal of Architectural Engineering, 18, 155-163. doi: 10.1061/(asce)ae.1943-5568.0000054
https://doi.org/10.1061/(asce)ae.1943-55...
). As sugestões do estudo não apenas reduzem os custos com pessoal, mas também com a manutenção dos veículos, devido à melhoria dos custos e ao aumento da eficiência da empresa. Portanto, tais melhorias contribuem para a sustentabilidade econômica nas operações do setor de alimentos (Singh et al., 2019Singh, R. K., Luthra, S., Mangla, S. K., & Uniyal, S. (2019). Applications of information and communication technology for sustainable growth of SMEs in India food industry. Resources, Conservation and Recycling, 147, 10-18. doi: 10.1016/j.resconrec.2019.04.014
https://doi.org/10.1016/j.resconrec.2019...
).

Uma das contribuições mais importantes deste estudo é que ele reduz e minimiza o desperdício nas cadeias de suprimento de alimentos, na medida em considera as questões ambientais. Os desperdícios gerados durante o estágio de coleta dos perus pelos veículos são minimizados. As emissões de carbono também são reduzidas por meio de melhores uso e capacidade dos veículos.

Em suma, o modelo proposto neste estudo não apenas contribui para a economia, como também oferece benefícios ambientais e sociais em operações sustentáveis ​​no setor de alimentos.

IMPLICAÇÕES

Os resultados deste estudo abrangem os processos desde a coleta dos perus nos fornecedores até o seu descarregamento na empresa. Para os gestores, existem várias implicações importantes que podem ser abordadas a fim de minimizar o desperdício nas cadeias de suprimento de alimentos. Essas implicações podem ser agrupadas principalmente nos seguintes pontos: sistemas de armazenamento e retirada; equipamentos de manipulação; seleção de veículos; e questões interdisciplinares.

Os sistemas de armazenamento e retirada são uma área importante na qual os gestores devem se concentrar, e devem ser adequados às operações da cadeia de frio dentro das cadeias de suprimento de alimentos. Assim, os desperdícios relacionados ao gerenciamento inadequado de armazéns, tais como a perda ou o apodrecimento, podem ser evitados ou minimizados. Portanto, a utilização de sistemas tecnológicos e adequados de armazenamento e retirada pode contribuir significativamente para a minimização do desperdício.

Equipamentos de manipulação podem aumentar a eficiência e eficácia das operações da cadeia de suprimento de alimentos. Tais equipamentos podem evitar perdas, melhorando a biossegurança e facilitando o transporte, além de apresentar grande durabilidade e facilidade de manutenção. Mais especificamente, e dentro do escopo deste estudo, o processo de manipulação nas granjas avícolas pode ser aprimorado. Quando os perus são capturados e manipulados, eles podem ser machucados, feridos ou mesmo mortos devido a reações violentas involuntárias dos trabalhadores e à manipulação bruta. Os perus também podem se machucar ou ferir suas asas ao tentar escapar.

Outra implicação gerencial importante está relacionada ao processo de transporte, o que significa que a seleção do veículo é uma preocupação importante. Os seguintes critérios podem ser considerados para a seleção de veículos nas cadeias de suprimento de alimentos, com o objetivo de evitar desperdícios durante o transporte: sua capacidade atual e recursos multifuncionais; conveniência de carga e descarga; flexibilidade quanto ao aumento da capacidade; e adequação a operações da cadeia de frio.

A gestão da cadeia de suprimento de alimentos envolve muitos stakeholders e requer conhecimentos de vários campos. Assim, a cooperação e colaboração interdisciplinar é crucial, devido à natureza da estrutura complexa da cadeia de suprimento de alimentos. O objetivo de minimizar os desperdícios nessas cadeias requer o envolvimento de especialistas de várias disciplinas. Por exemplo, o bem-estar animal deve ser considerado durante as operações de suprimento de alimentos para evitar perdas e desperdícios. Nesse sentido, pode-se utilizar a expertise de veterinários e agrônomos.

O termo “valor agregado” no MFV também pode ser estendido com relação à sustentabilidade. Portanto, pode tratar não apenas do desperdício, mas também da circularidade ou do consumo de energia.

Em suma, os gestores não devem apenas empregar os princípios enxutos nas operações internas de suas instalações, mas em todos os estágios da cadeia de suprimento de alimentos. Devem analisar cada processo ao longo da cadeia e implementar uma filosofia enxuta e suas ferramentas, a fim de minimizar o desperdício de alimentos.

As regras e regulamentos atuais ou futuros devem conter mecanismos de controle claros e holísticos, e uma “filosofia enxuta” deve ser a base desses mecanismos de controle. O desperdício de alimentos deve ser rastreado, quantificado e controlado em toda a cadeia de suprimento de alimentos, abrangendo todos os processos e não negligenciando nenhum deles. Podem ser estabelecidas, em cada estágio da cadeia, metas claras, específicas e adequadas a cada categoria de alimento. Ferramentas enxutas podem ser sugeridas e até ensinadas às empresas por governos ou autoridades locais, sendo as empresas então controladas com relação ao seu uso e desempenho.

O MFV pode ser utilizado como método para medir e avaliar o desempenho da sustentabilidade das cadeias corporativas de suprimento de alimentos. Tal situação pode estar na base dos mecanismos de incentivo, controle e fiscalização das empresas. Isso pode ser oferecido aos formuladores de políticas como uma ferramenta.

CONCLUSÃO

De acordo com as estatísticas, o desperdício de alimentos está aumentando em todo o mundo. Particularmente em economias emergentes como a Turquia, o aumento do desperdício de alimentos está ameaçando os aspectos econômicos, sociais e ambientais dos países. Devido à sua natureza, o desperdício de alimentos é um problema complexo que requer abordagens holísticas e interdisciplinares. Uma filosofia enxuta é a abordagem que oferece valor aos clientes e às instituições, melhorando continuamente os processos e minimizando o desperdício.

Este estudo analisou maneiras de minimizar o desperdício de alimentos em economias emergentes com a ajuda da filosofia enxuta e suas ferramentas, as quais foram implementadas em uma indústria avícola na Turquia. Foi elaborado o mapa do estado atual para os processos que se iniciam com a coleta dos perus nos fornecedores e se concluem com seu abate na empresa, sendo implementado o MFV para tais processos. Sugerem-se várias melhorias em termos de operações sustentáveis para os processos da cadeia de suprimento de alimentos, envolvendo a implementação do MFV. Os resultados foram apresentados, bem como as implicações para formuladores de políticas e gestores.

De acordo com os resultados, os sistemas de armazenamento e retirada são um processo essencial nas operações da cadeia de suprimento de alimentos, devendo ser geridos de forma adequada. Com melhorias nos equipamentos de manipulação, a eficiência e eficácia das operações da cadeia também melhoram, na medida em que tais equipamentos eliminam as lesões que ocorrem durante a captura dos animais. Demonstrou-se que o processo de transporte é fundamental nas cadeias de suprimento de alimentos. Processos de transporte adequados levam a melhorias na capacidade atual, maior conveniência de carga e descarga etc.

Embora este estudo tenha sido desenvolvido considerando economias emergentes, ele pode ser ampliado de modo a incluir economias desenvolvidas. Estudos futuros podem ser realizados integrando a economia circular com operações enxutas e sustentáveis do setor alimentício. A metodologia proposta também pode envolver uma combinação com a indústria 4.0 e a digitalização. O estudo atual pode ser integrado com tecnologias de blockchain para melhorar a rastreabilidade, e também pode ser aplicado a outros tipos de produção de alimentos e a outros setores de alimentos.

Uma das limitações do estudo é que ele foi realizado em apenas um setor. No entanto, a metodologia proposta é genérica e pode ser estendida a outras indústrias do setor alimentício. O contexto do estudo de caso foi limitado a operações no início da cadeia de suprimento, mas pode facilmente ser estendido para incluir operações nas etapas finais. A direção das empresas deve se dedicar à sustentabilidade, pois o setor de alimentos possui uma estrutura complexa, e é difícil reunir dados adequados para a análise de suas operações.

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Avaliado pelo sistema double-blind review. Editores convidados: Luciana Marques Vieira, Marcia Dutra de Barcellos, Gustavo Porpino de Araujo, Mattias Eriksson, Manoj Dora e Daniele Eckert Matzembacher

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Ago 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    17 Mar 2020
  • Aceito
    30 Nov 2020
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