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FARIA. Organização e métodos

RESENHA BIBLIOGRÁFICA

Kurt Ernst Weil

Professor no Departamento de Administração da Produção e de Operações Industriais, da EAESP/FGV

Faria, A. Nogueira de. Organização e métodos. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos, 1982. 216 p. Brochura, sumário, índice remissivo, glossário, bibliografia, ilustrado.

Permito-me começar a resenha com a definição do objetivo do livro, extraída do prefácio: "destinado a universitários - aumento de produtividade - lógica (cartesiana) - tempos e movimentos - carga horária de 60 horas - administração, engenharia e economia".

Assim, em palavras-chave é possível ver para onde quer ir e como o autor deseja chegar aos fatos por meio dessa obra. Ele quer permitir que o jovem universitário raciocine dentro da lógica chegando a soluções de métodos de trabalho. O livro chega a atingir plenamente essa meta do autor. Tive uma vez a oportunidade de definir a administração por objetivos: "compra de um tailleur por uma mulher gorda que procura caber dentro por meio de dieta." Da mesma maneira, o autor, conseguiu colocar dentro de poucas páginas uma figura da mulher gorda, a saber, a ciência de organização e métodos, atingindo bem o objetivo. Parabéns, portanto. O que foi cortado, o que está extensamente tratado é escolha do autor quem quiser mais procure o livro do mesmo autor Organização de empresas.

O livro começa com o seguinte sumário: 1. Função de organização e métodos; 2., Técnicas de levantamento; 3. Análise do trabalho; 4. Racionalização e simplificação do trabalho; 5. Os métodos de trabalho; 6. Os postos de trabalho e a ambiência; 7. Os centros de produção.

Ao resenhar o primeiro capítulo, devo considerá-lo claro e bem explícito, ressalvando o direito de criticar certos aspectos, a saber: o autor coloca "posição correta de O & M no organograma" na figura 1.1, dando a impressão ao. incauto aluno de que esta é a única posição. Pelo organograma parece que a diretoria colegiada é responsável e manda na presidência, que manda na superintendência - sistema GM, de difícil aplicação em certas empresas brasileiras. A figura 1.2 parece-me ser de empresa muito grande, portanto, "modelo completo". As definições de eficácia, eficiência e produtividade no glossário estão certas, só que de mais difícil memorização que incisivas generalizações, tendo em vista o fim didático do livro. A bibliografia do capítulo em português é muito boa.

O capítulo 2 é um primor, mostrando o profundo conhecimento do autor no assunto. Posso não estar de acordo com certas perguntas do questionário apresentado, mas este é completo - quem não gostar de algo, pode cortá-lo. Também se nota no autor a vontade de evitar os métodos Dasp de administração pública como procedimentos exclusivos que levam ao resultado. Fiz uma. expertêncía, aplicando integralmente o referido método, e o resultado foi muito bom. A aplicação é demorada, mas talvez seja isso exatamente o que o técnico deseja, em 1982, ano de dificuldades generalizadas. Agora, quem observar que o resultado da "tabulação" (ver glossário) pode dar em algo diferente do esperado - o mesmo questionário pode dar origem a duas interpretações na tabulação; donde, me permito acrescentar que são necessárias indicações na pesquisa de opinião, como o autor quer fazer para a correlação de certas perguntas, para identificar o significado da resposta. Mas, antes de tudo, o capítulo permite trabalhar dentro de regras que levam a resultados úteis, portanto, é excelente.

No terceiro capítulo - Análise do trabalho - temos um bom resumo, faltando uma "divisão do trabalho" em processos, operações, elementos etc, antes de entrar em therbligs, e uma definição bivalente de operação e processo no glossário. Quem precisar, que recorra à bibliografia do capítulo, que dá indicações suficientes. Como engenheiro defino operação como "parte.de processo, existente em muitos processos, tanto burocráticos quanto industriais, por exemplo, 'contabilização' ou 'usinagem'".

O capítulo de racionalização e simplificação do trabalho permanece no mesmo bom nível do terceiro capítulo - é definitivamente representativo de um desenvolvimento lógico, e pode ser aplicado. Chamaria, no entanto, a atenção dos futuros usuários para o fato de que o transporte e as danosas movimentações (transporte interno) devidas ao leiaute falho podem dar resultados surpreendentes na. diminuição de custos e na racionalização.

Assim, recomendo duas inclusões na bibliografia deste ou dos demais capítulos até o de número 7: o livro de Moura (Reynaldo) sobre movimentação e o livro de Muther sobre leiaute; o primeiro genuinamente nacional, o segundo em tradução da Editora Edgard Blücher, sob o título Planejamento do layout.

No quinto capítulo nada tenho a adicionar ou tirar, já que as traduções para insight ou brainstorming, usadas pelo autor, não são generalizadas e, conseqüentemente, nem sempre reconhecidas. Gostaria, no entanto, de acrescentar na bibliografia ao menos um livro em inglês, o de De Bono, autor inglês e inventor do lateral thinking, criatividade por intuição, dedução e raciocínio seqüencial.

O sexto capítulo é uma boa introdução à ergonomia. Como o campo desta é imenso, o autor teve de restringir a cobertura, o que conseguiu •com pleno sucesso. Realmente, para fins de ensino de três grupos tão diversos, como engenharia, administração e economia, o termo médio encontrado foi perfeito. Só não gostei do título - O posto de trabalho e a ambiência - pois é muito restritivo: a ambiência não inclui ritmo, fadiga etc, tudo tratado no capítulo.

O sétimo capítulo não consegue uma síntese tão boa quanto o sexto, pois a matéria é extensa demais. Os livros necessários para leiaute e movimentação já foram mencionados anteriormente e devem, neste capítulo, servir de base para estudos mais aprofundados, ao menos para engenheiros e administradores. Finalmente, uma observação sobre a palavra "localgrama" em lugar de leiaute (empresa) para distinguí-la de leiaute (publicidade). Nunca encontrei a confusão que o autor diz que existe entre os dois conceitos de leiaute.

Resumidamente: gostei do livro, vou usá-lo como leitura principal em cursos de produção (de 45 horas) e espero que os meus alunos gostem tanto quanto eu.

Boa apresentação gráfica, como é comum na LTC.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Jun 2013
  • Data do Fascículo
    Set 1982
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