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REFLEXÕES SOBRE A PRODUÇÃO E A PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS CIENTÍFICOS

Na complexidade desse momento somos engolfados pelas notícias que nos alcançam todos os dias nos jornais e fica quase impossível pensar na continuidade das questões que envolvem a produção e a publicação de artigos científicos. No caso de publicações acadêmicas, vários periódicos, nacionais e internacionais, já apontaram que os prazos precisam ser revistos e estão dispostos a considerar o desarranjo que a pandemia trouxe à produtividade de professores e pesquisadores. No caso das mulheres pesquisadoras, essa questão foi ainda potencializada, pois muitas precisam, além de realizar a dupla jornada, acompanhar filhos e filhas no ensino em casa que muitas escolas promovem neste período. Não só os prazos para a entrega de revisões, mas também a produção de artigos, têm sofrido atrasos. Mas o momento é também profícuo para ter novos olhares para a produção científica em Administração, e a RAE acabou de lançar uma chamada especial sobre o impacto da Covid-19 na produção de conhecimento em diversas áreas da gestão; para informações, clique aqui.

Entretanto, vamos tentar nos concentrar aqui em questões que cercam o debate local sobre a produção e a publicação de artigos científicos. O primeiro ponto que vale destacar: publicar o artigo em congresso e depois submetê-lo a revistas científicas é considerado plágio? Conforme observamos na RAE, a resposta é não! Não consideramos plágio apresentar um artigo a um congresso e submetê-lo para a revista. O software utilizado pela RAE, o iThenticate®, permite a identificação de similaridades, mas esse caso específico não se configura como um problema, conforme indicado em nossa Linha Editorial. Uma segunda questão que tem preocupado editores e pesquisadores: os avaliadores devem ser revelados e o processo de blind review, suspenso? Embora seja um padrão adotado em revistas internacionais, nessa questão não temos unanimidade. O SciELO propõe esse modelo, mas temos visto reações da comunidade a favor e contra essa medida. O terceiro aspecto, que já tratamos no editorial “Propriedade dos dados e ciência aberta” (Tonelli & Zambaldi, 2019Tonelli, M. J., & Zambaldi, F. (2019). Propriedade dos dados e ciência aberta. RAE-Revista de Administração de Empresas. 59(6), 372-373. doi: 10.1590/S0034-759020190601.
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), refere-se a dados abertos, já adotados em periódico da área, mas que continuam sendo debatidos em meio a controvérsias. Finalmente, também polêmica é a proposta de extinção do Qualis, para o quadriênio 2021-2024, sendo a avaliação da produção científica dos Programas de Pós-Graduação avaliada a partir de padrões internacionais (Coordenação de Avaliação de Pessoal de Nível Superior - Capes, 2020Coordenação de Avaliação de Pessoal de Nível Superior. (2020). Relatório 2019, Proposta de Aprimoramento da Avaliação da Pós-Graduação Brasileira para o Quadriênio 2021-2024 - Modelo Multidimensional. Recuperado de https://www.capes.gov.br/images/novo_portal/documentos/PNPG/25052020_Relat%C3%B3rio_Final__2019_Comiss%C3%A3o_PNPG.pdf https://www.capes.gov.br/images/novo_portal/documentos/PNPG/25052020_Relat%C3%B3rio_Final__2019_Comiss%C3%A3o_PNPG.pdf https://www.capes.gov.br/images/novo_portal/documentos/PNPG/25052020_Relat%C3%B3rio_Final__2019_Comiss%C3%A3o_PNPG.pdf
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). Não temos respostas definitivas para esses três últimos aspectos que envolvem a publicação científica em nosso país, mas consideramos oportuno registrar que todos esses processos estão, em paralelo com a pandemia, chamando a atenção dos professores da academia nacional em Administração.

Convidamos nossos leitores para apreciar os artigos desta edição: “O papel do empoderamento e da identificação dos trabalhadores com suas equipes de trabalho para um clima de inovação”, de Manuel Fernando Montoya Ramírez, Jhony Ostos e Arturo Rodolfo Saenz Arteaga; “Analizando la innovación comercial en las empresas peruanas de manufactura de menor intensidade tecnológica”, de Javier Fernando Del Carpio Gallegos e Francesc Miralles; “Mulheres de vida fácil? Tempo, prazer e sofrimento no trabalho de prostitutas”, de Kely César Martins de Paiva, Jefferson Rodrigues Pereira, Letícia Rocha Guimarães, Jane Kelly Dantas Barbosa e Caissa Veloso e Sousa; e “Información integrada según el IIRC de 2011 a 2015”, de Esther Ortiz-Martínez, Salvador Marín-Hernández e Luis Alfonso Sánchez-Aznar. Completam esta edição a Pensata de Nelson Lerner Barth e Carlos Eduardo Lourenço, “O P ainda tem valor?”, a resenha “Multinacionais de mercados emergentes (EMNCS): Desafios e oportunidades”, de Fernanda Lemos, e também as Indicações Bibliográficas, “Tecnologias sociais para a transformação de sistemas de gestão e gerenciamento de resíduos sólidos”, por Adalberto Mantovani Martiniano de Azevedo.

Boa leitura!

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REFERÊNCIAS

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Jul 2020
  • Data do Fascículo
    May-Jun 2020
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