Acessibilidade / Reportar erro

Antropofagia organizacional

Resumos

A questão da utilização de tecnologia administrativa originária de países desenvolvidos por empresas no Brasil pode ser vista sob duas perspectivas: pela perspectiva das empresas locais, que a adotam pressionadas pelo novo contexto competitivo, e pela perspectiva das empresas que se instalam no País e que trazem essas práticas diretamente de suas matrizes. Em ambos os casos, a importação de modelos estrangeiros mostra-se problemática. O objetivo deste artigo é, primeiro, discutir por que ocorre essa importação, depois, mostrar que peculiaridades locais impedem sua implantação como previsto e, por fim, propor e ilustrar um "método antropofágico" de ação para essa importação em países emergentes.

antropofagia; países emergentes; importação de tecnologia administrativa; modismos; mudança organizacional


The utilization by organizations in Brazil of managerial technology originated from developed countries can be seen by two perspectives: by the angle of local firms, which adopt foreign administrative models due to pressures of a new competitive context, and by the angle of foreign newcomers, which bring such practices directly from their countries of origin. In both cases, the import of foreign models appears to be troublesome. The objective of this article is, firstly, to discuss why such import occurs; secondly, to show how local characteristics prevent its implementation as planned; and, thirdly, to propose and to illustrate an "anthropophagic ethod" which can be used when importing foreign managerial technology into emerging countries.

anthropophagy; emerging countries; import of managerial technology; management fads; organizational change


ORGANIZAÇÃO, RECURSOS HUMANOS E PLANEJAMENTO

Antropofagia organizacional

Thomaz Wood Jr.I; Miguel P. CaldasII

IMestre e Doutorando em Administração de Empresas na EAESP/FGV, Professor do Departamento de Administração da Produção e de Operações Industriais da EAESP/FGV e Consultor de Empresas.E-mail: twood@eaesp.fgvsp.br

IIMestre e Doutorando em Administração de Empresas na EAESP/FGV, Professor do Departamento de IIAdministração Geral e Recursos Humanos da EAESP/FGV e Consultor de Empresas. E-mail: mcaldas@eaesp.fgvsp.br

RESUMO

A questão da utilização de tecnologia administrativa originária de países desenvolvidos por empresas no Brasil pode ser vista sob duas perspectivas: pela perspectiva das empresas locais, que a adotam pressionadas pelo novo contexto competitivo, e pela perspectiva das empresas que se instalam no País e que trazem essas práticas diretamente de suas matrizes. Em ambos os casos, a importação de modelos estrangeiros mostra-se problemática. O objetivo deste artigo é, primeiro, discutir por que ocorre essa importação, depois, mostrar que peculiaridades locais impedem sua implantação como previsto e, por fim, propor e ilustrar um "método antropofágico" de ação para essa importação em países emergentes.

Palavras-chave: antropofagia, países emergentes, importação de tecnologia administrativa, modismos, mudança organizacional.

ABSTRACT

The utilization by organizations in Brazil of managerial technology originated from developed countries can be seen by two perspectives: by the angle of local firms, which adopt foreign administrative models due to pressures of a new competitive context, and by the angle of foreign newcomers, which bring such practices directly from their countries of origin. In both cases, the import of foreign models appears to be troublesome. The objective of this article is, firstly, to discuss why such import occurs; secondly, to show how local characteristics prevent its implementation as planned; and, thirdly, to propose and to illustrate an "anthropophagic ethod" which can be used when importing foreign managerial technology into emerging countries.

Key words: anthropophagy, emerging countries, import of managerial technology, management fads, organizational change.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

1. ANDRADE, O. Manifesto Antropófago, Revista de Antropofagia, v.1, n.1, 1928, p.3-7.

2. Management brief: Laptops from Lapland. The Economist, Sep. 6th, 1997, p.67-8.

3. Management brief: Matsushita's Chinese burn. The Economist, Sep. 20th,1997, p.75-6.

4. Management brief: Johannesburgers and fries. The Economist, Sep. 27th, 1997, p.75-6.

5. Management brief: a car is born. The Economist, Sep. 13th, 1997, p.68-9.

6. KHANNA, T., PALEPU, K. Why focused strategies may be wrong for emerging markets. Harvard Business Review, v.75, n.4, 1997, p.41-51.

7. FREYRE, G. Casa grande e senzala.13.ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1966.

8. RIBEIRO, D. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Schwarcz, 1996.

9. CALDAS, M., WOOD, T. 'For the English to see': the importation of managerial technology in late 20th century Brazil. Organization, v.4, n.4, 1997, p.517-34.

10. GUERREIRO RAMOS, A. Administração e contexto brasileiro. Rio de Janeiro: FGV, 1983.

11. CALDAS, M. Toward a more comprehensive model of managerial innovation diffusion: why consultants are not the only ones to blame. In: ANNUAL MEETING OF THE ACADEMY OF MANAGEMENT, Aug. 1996, Cincinnati.

12. BERTERO, C. O., KEINERT, T. A evolução da análise organizacional no Brasil (1961-93), RAE - Revista de Administração de Empresas, v.34, n.3, 1994, p.81-90. SERVA, M. A. Importação de metodologias administrativas no Brasil. Tese (Doutorado). São Paulo: EAESP/FGV, 1990.

13. WOOD, T., CALDAS, M. Importação de tecnologia gerencial no Brasil: o divórcio entre substância e imagem. In: XXI ENANPAD, área de organizações (I), set. 1997, Angra dos Reis.

14. MEYER, J. W., ROWAN, B. Institutional organizations: formal structure as myth and ceremony. American Journal of Sociology, v.83, 1977, p.340-63.

  • 1. ANDRADE, O. Manifesto Antropófago, Revista de Antropofagia, v.1, n.1, 1928, p.3-7.
  • 2
    Management brief: Laptops from Lapland. The Economist, Sep. 6th, 1997, p.67-8.
  • 3. Management brief: Matsushita's Chinese burn. The Economist, Sep. 20th,1997, p.75-6.
  • 4. Management brief: Johannesburgers and fries. The Economist, Sep. 27th, 1997, p.75-6.
  • 5. Management brief: a car is born. The Economist, Sep. 13th, 1997, p.68-9.
  • 6. KHANNA, T., PALEPU, K. Why focused strategies may be wrong for emerging markets. Harvard Business Review, v.75, n.4, 1997, p.41-51.
  • 7. FREYRE, G. Casa grande e senzala.13.ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1966.
  • 8. RIBEIRO, D. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Schwarcz, 1996.
  • 9. CALDAS, M., WOOD, T. 'For the English to see': the importation of managerial technology in late 20th century Brazil. Organization, v.4, n.4, 1997, p.517-34.
  • 10. GUERREIRO RAMOS, A. Administração e contexto brasileiro. Rio de Janeiro: FGV, 1983.
  • 11. CALDAS, M. Toward a more comprehensive model of managerial innovation diffusion: why consultants are not the only ones to blame. In: ANNUAL MEETING OF THE ACADEMY OF MANAGEMENT, Aug. 1996, Cincinnati.
  • 12. BERTERO, C. O., KEINERT, T. A evolução da análise organizacional no Brasil (1961-93), RAE - Revista de Administração de Empresas, v.34, n.3, 1994, p.81-90.
  • SERVA, M. A. Importação de metodologias administrativas no Brasil. Tese (Doutorado). São Paulo: EAESP/FGV, 1990.
  • 13. WOOD, T., CALDAS, M. Importação de tecnologia gerencial no Brasil: o divórcio entre substância e imagem. In: XXI ENANPAD, área de organizações (I), set. 1997, Angra dos Reis.
  • 14. MEYER, J. W., ROWAN, B. Institutional organizations: formal structure as myth and ceremony. American Journal of Sociology, v.83, 1977, p.340-63.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    07 Dez 2011
  • Data do Fascículo
    Dez 1998
Fundação Getulio Vargas, Escola de Administração de Empresas de S.Paulo Av 9 de Julho, 2029, 01313-902 S. Paulo - SP Brasil, Tel.: (55 11) 3799-7999, Fax: (55 11) 3799-7871 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: rae@fgv.br