RESUMO
Objetivo:
Analisar, a partir um enfoque crítico, o impacto do discurso da flexibilidade nas práticas do setor bancário, segundo o ponto de vista dos funcionários.
Originalidade/lacuna/relevância/implicações:
A pesquisa é relevante por abordar, sob o ponto de vista dos empregados, o tema da flexibilidade, que ainda hoje é debatido na academia. A pesquisa responde a uma lacuna sobre o tema, que é a identificação, por parte dos empregados, do uso do discurso da flexibilidade como um instrumento de controle.
Principais aspectos metodológicos:
O estudo utilizou uma abordagem qualitativa, com entrevistas semiestruturadas para a coleta dos dados. Os dados foram analisados com base na análise de conteúdo.
Síntese dos principais resultados:
A transformação do perfil do trabalhador bancário, no sentido de ser mais flexível, o expôs a práticas de gestão mais perversas, pois, imbuídos pelo discurso da empresa, tornam-se escravos do alto desempenho. O bancário passou a ser visto principalmente como um vendedor. Apesar se mostrarem-se insatisfeitos com as condições de trabalho, os sujeitos entrevistados submetem-se às pressões do trabalho para manutenção do seu padrão de vida.
Principais considerações/conclusões:
As práticas flexíveis estão tão inseridas no cotidiano de trabalho dos bancários que não são percebidas como instrumento de controle e dominação sobre eles. Por fim, concluiu-se que a ideologia predominante na sociedade contemporânea potencializa o discurso da gestão de pessoas que, por sua vez, operacionaliza o discurso da flexibilidade, conforme apontado por Sennet (2008)Sennett, R. (2008). A corrosão do caráter: as consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record. e Gaulejac (2007)Gaulejac, V. (2007). Gestão como doença social: ideologia, poder gerencialista e fragmentação social. São Paulo: Ideias & Letras..
PALAVRAS-CHAVE
Flexibilidade; Setor bancário; Gestão de recursos humanos; Trabalho; Controle