A pesquisa objetivou verificar como determinados aspectos da cultura organizacional do Departamento de Criminalística são transmitidos aos neófitos, por meio do curso de formação de peritos; quem são esses ingressantes; qual a significação que o curso e as futuras atividades a serem desenvolvidas possuem para eles. Os dados foram obtidos mediante o fazer etnográfico, tendo por técnicas a observação participante, realizada com a presença da pesquisadora no módulo Local de Crime contra a Vida, realizado de maio a junho de 2009, além de consulta a materiais documentais e aplicação de um questionário de perguntas abertas a 29 alunos. A análise dos dados seguiu os preceitos da etnografia, que preconiza o diálogo entre o êmico, o ético e os teóricos referenciados. Os resultados apontam ênfase em determinados aspectos presentes na atuação dos peritos, a saber: responsabilidade, dedicação, impossibilidade de cometer erros, que, se por um lado, traz uma contribuição positiva, ao reforçar a importância do papel a ser desempenhado, por outro, gera angústia e medo nos ingressantes, em razão da inexperiência deles, levando a uma tensão que pode ser prejudicial ao exercício profissional. Contudo, o estigma inerente à atuação dos peritos ficou entre os não ditos e só será verificado pelos ingressantes quando de suas atuações no dia a dia.
Perícia; Cultura organizacional; Socialização; Etnografia; Concurso