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DRIVERS DA INOVAÇÃO EM SERVIÇOS: PROPOSIÇÃO DE UM MODELO TEÓRICO

RESUMO

Objetivo:

Propor um modelo teórico suportado em nove drivers da inovação em serviços (cultura organizacional, estratégias, pesquisa e desenvolvimento, capital humano, competidores, clientes, fornecedores, trajetória tecnológica, trajetória institucional) para compreender o fenômeno.

Originalidade/valor:

Dado o seu recente protagonismo e pelo enfoque manufatureiro inicialmente recebido, a inovação em serviços ainda carece de modelos que busquem compreender o fenômeno dentro de um framework abrangente e particular. A originalidade do trabalho surge dessa problemática.

Design /metodologia/abordagem:

O método consiste em um estudo de casos múltiplos. Para sua execução, utilizaram-se entrevistas semiestruturadas com gestores estratégicos de hospitais, além de pesquisa documental com a análise de balanços contábeis, organogramas, entre outros. Para a análise dos resultados, utilizou-se a compreensão dos casos em uma perspectiva sistêmica, por meio da síntese de casos cruzados, permitindo a comparação de casos em uma mesma estrutura.

Resultados:

O modelo permitiu identificar que os hospitais em análise apresentam dificuldades para inovar, dadas algumas características levantadas a partir dos drivers propostos por este trabalho. Mais especificamente, os hospitais possuem conceito unidimensional e defasado da inovação, isto é, consideram a inovação em serviços como a adoção das tecnologias oriundas da indústria, tal qual se considerava com Barras (1986), além de inexistirem programas estratégicos de inovação.

PALAVRAS-CHAVE:
Inovação; Serviços; Drivers; Modelo teórico; Hospitais

ABSTRACT

Objective:

To propose a theoretical model based on nine drivers of service innovation (organizational culture, strategies, research and development, employees, technological trajectory, institutional trajectory, competitors, consumers, and suppliers) in order to comprehend the phenomenon.

Originality/value:

Given its recent empowerment and the manufacturing focus it has initially received, service innovation still lacks models that seek to comprehend the phenomenon within an encompassing and particular framework. The originality of this study arises from this issue.

Design/methodology/approach:

The method consists of a multiple case study. We used semi-structured interviews with strategic hospital managers and documental research with an analysis of accounting balances, organograms, and other documents. We addressed the cases from a systemic perspective in order to permit comparison within the same structure.

Results:

The model permitted us to recognize that the analyzed hospitals were having difficulty innovating, as shown by some characteristics found through the drivers that were proposed by this study. More specifically, the hospitals follow a unidimensional and outdated concept of innovation; that is, they consider innovation in services to be the adoption of technologies from the industry, as shown by Barras (1986). There are also no strategic innovation programs.

KEYWORDS:
Innovation; Services; Drivers; Theoretical model; Hospitals

1. INTRODUÇÃO

Inicialmente apontada por Schumpeter (1911/1997) como a fonte de desenvolvimento econômico para economias industriais, a inovação começou a englobar serviços a partir do momento em que a própria indústria intensificou sua mecanização e necessitou de profissionais técnicos para suportar esse fenômeno (Bell, 1973Bell, D. (1973). The corning of post-industrial society. London: Heinemann.; Kindström, Kowalkowski, & Sandberg, 2013Kindström, D., Kowalkowski, C., & Sandberg, E. (2013). Enabling service innovation: A dynamic capabilities approach. Journal of Business Research, 66(8), 1063-1073. doi:10.1016/j.jbusres.2012.03.003
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). Essa ascensão dos serviços desenvolveu um cenário complexo e multidimensional da atividade econômica, habilitando a existência de diversos exemplos de inovações em serviços, tais como serviços de natureza mais simples como restaurantes (Starbucks), serviços de streaming (Netflix) e até na própria indústria (IBM) (Martin, Gustafsson, & Choi, 2016Martin, D., Gustafsson, A., & Choi, S. (2016). Service innovation, renewal, and adoption/rejection in dynamic global contexts. Journal of Business Research , 69(7), 2387-2400. doi:10.1016/j.jbusres.2016.01.008
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).

Muitos modelos de inovação em serviços já foram desenvolvidos para tentar compreender essa realidade. Alguns, porém, arraigados em uma ótica in- dustrial (Barras, 1986Barras, R. (1986). Towards a theory of innovation in services. Research Policy, 15(4), 161-173. doi: 10.1016/0048-7333(86)90012-0
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). Outros tentando desenvolver a explicação por meio de capacidades (Taghizadeh, Rahman, & Hossain, 2018Taghizadeh, S. K., Rahman, S. A., & Hossain, M. M. (2018). Knowledge from customer, for customer or about customer: Which triggers innovation capability the most? Journal of Knowledge Management, 22(1), 162-182. doi:10.1108/JKM-12-2016-0548
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; Salunke, Weerawardena, & McColl-Kennedy, 2019Salunke, S., Weerawardena, J., & McColl-Kennedy, J. R. (2019). The central role of knowledge integration capability in service innovation-based competitive strategy. Industrial Marketing Management , 76, 144-156. doi:10. 1016/j.indmarman.2018.07.004
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) ou, até mesmo, do conceito lean (Ojasalo & Ojasalo, 2018Ojasalo, J., & Ojasalo, K. (2018). Lean service innovation. Service Science, 10(1), 25-39. doi:10.1287/serv.2017.0194
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). Esse cenário reflete que, por seu recente protagonismo e seu caráter fuzzy (pouco articulado e formalizado), os serviços ainda não possuem modelos consolidados que busquem compreender a inovação dentro de um framework abrangente (Gallouj & Weinstein, 1997Gallouj, F., & Weinstein, O. (1997). Innovation in services. Research Policy , 26(4-5), 537-556. doi:10.1016/S0048-7333(97)00030-9
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; Thanasopon, Papadopoulos, & Vidgen, 2016Thanasopon, B., Papadopoulos, T., & Vidgen, R. (2016). The role of openness in the fuzzy front-end of service innovation. Technovation , 47, 32-46. doi:10.1016/j.technovation.2015.11.007
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).

Apesar disso, a relação entre inovação em serviços e desempenho econômico sugere que existem variáveis a serem gerenciadas pelas firmas, e, portanto, se há uma necessidade de gestão, há necessidade de se reconhecer o que gerir (Abouzeedan, Klofsten, & Hedner, 2013Abouzeedan, A., Klofsten, M., & Hedner, T. (2013). Internetization management as a facilitator for managing innovation in high-technology smaller firms. Global Business Review, 14(1), 121-136. doi:10.1177/0972150912 466462
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). Tal sugestão desencadeou a exploração de variáveis organizacionais e ambientais, aqui denominadas de drivers, associadas ao desenvolvimento da inovação em serviços (Naranjo-Gil, 2009Naranjo-Gil, D. (2009). The influence of environmental and organizational factors on innovation adoptions: Consequences for performance in public sector organizations. Technovation, 29(12), 810-818. doi:10.1016/j.technovation.2009.07.003
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). Essas pesquisas levam em consideração que a inovação em serviços é impulsionada pelas especificidades do ambiente no qual a firma está inserida, além de suas variáveis organizacionais, criando panoramas que necessitam ser elencados para que se possa ampliar o entendimento (Madrid-Guijarro, Garcia, & Auken, 2009Madrid-Guijarro, A., Garcia, D., & Auken, H. (2009). Barriers to innovation among Spanish manufacturing SMEs. Journal of Small Business Management, 47(4), 465-488. doi:10.1111/j.1540-627X.2009.00279.x
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).

Entretanto, apesar de essas pesquisas estarem avançando, muito ainda precisa ser feito para que se superem as dificuldades ainda recorrentes, pois, além da necessidade de identificar esses drivers (Prajogo & McDermott, 2014Prajogo, D., & McDermott, C. M. (2014). Antecedents of service innovation in SMEs: Comparing the effects of external and internal factors. Journal of Small Business Management , 52(3), 521-540. doi:10.1111/jsbm.12047
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; Durst, Mention, & Poutanen, 2015Durst, S., Mention, A. L., & Poutanen, P. (2015). Service innovation and its impact: What do we know about? Investigaciones Europeas de Dirección y Economía de la Empresa, 21(2), 65-72. doi:10.1016/j.iedee.2014.07.003
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), há a necessidade de superar as lentes manufatureiras que os pesquisadores de inovação em serviços inicialmente usaram para estudar o fenômeno (Gallouj, 2002Gallouj, F. (2002). Innovation in the service economy: The new wealth of nations. Cheltenham: Edward Elgar.). Portanto, entender a inovação em serviços requer identificar e analisar quais drivers compõem o fenômeno para que assim se superem os gaps presentes na literatura, consolidando modelos de inovação em serviços e compreendendo o desenvolvimento econômico em economias nas quais serviços possuem protagonismo (Naranjo-Gil, 2009Naranjo-Gil, D. (2009). The influence of environmental and organizational factors on innovation adoptions: Consequences for performance in public sector organizations. Technovation, 29(12), 810-818. doi:10.1016/j.technovation.2009.07.003
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).

Como a literatura, nessa área de pesquisa, ainda não possui sólidos fundamentos científicos e necessita de trabalhos que avancem em sua consolidação (Daniel, Lima, & Dambros, 2017Daniel, V. M., Lima, M. P., & Ferrari Dambros, Â. M. (2017). Innovation capabilities in services: A multi-cases approach. Academia Revista Latino­americana de Administración, 30(4), 490-507. doi:10.1108/ARLA-06-2016-0161
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; Witell et al., 2017Witell, L., Gebauer, H., Jaakkola, E., Hammedi, W., Patricio, L., & Perks, H. (2017). A bricolage perspective on service innovation. Journal of Business Research , 79, 290-298. doi:10.1016/j.jbusres.2017.03.021
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), o presente artigo tem como objetivo propor um modelo teórico que reúna os drivers da inovação em serviços. Em outras palavras, diante do seu caráter exploratório, tal modelo busca apresentar uma visão abrangente da firma de serviços.

Além desta seção introdutória, o artigo faz uma revisão da literatura para traçar o cenário da inovação em serviços e apresentar os drivers que serviram de base para a proposição do modelo. Indica-se, a seguir, a aplicação do modelo proposto, por meio do estudo de múltiplos casos em quatro hospitais situados no estado do Rio Grande do Sul. Posteriormente, são descritos detalhadamente os resultados obtidos. Por fim, há as considerações finais, em que serão apresentadas as conclusões, limitações e sugestões.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico que sustenta o trabalho baseia-se, primeiramente, em uma subseção denominada “Inovação em serviços” para traçar o cenário em que o tema se encontra. Posteriormente, são abordados os drivers, ou direcionadores, da inovação em serviços que resultarão no modelo teórico proposto. Essa última subseção será aqui denominada de “Drivers da inovação em serviços”.

2.1 Inovação em serviços

Abordar inovação em serviços não é tarefa simples. Inicialmente, serviços foram conceituados como trabalhos não produtivos pela teoria econô­mica (Smith, 1983Smith, A. (1983). A riqueza das nações. São Paulo: Abril Cultural.). Para a época, tratar serviços como trabalhos não produtivos era indiferente, pois as economias eram sustentadas pela indústria e agricultura. Anos mais tarde, a lógica econômica inverteu-se, embora os ecos industriais remanescessem, enviesando o olhar sobre uma economia de serviços (Barras, 1986Barras, R. (1986). Towards a theory of innovation in services. Research Policy, 15(4), 161-173. doi: 10.1016/0048-7333(86)90012-0
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; Gallouj & Weinstein, 1997Gallouj, F., & Weinstein, O. (1997). Innovation in services. Research Policy , 26(4-5), 537-556. doi:10.1016/S0048-7333(97)00030-9
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).

Tais vieses podem ser vistos na primeira abordagem - assimilação -, dentre as quatro existentes, em que a inovação em serviços seria o resultado da adoção de tecnologias advindas da indústria (Barras, 1986Barras, R. (1986). Towards a theory of innovation in services. Research Policy, 15(4), 161-173. doi: 10.1016/0048-7333(86)90012-0
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). Como conse­quência, a inovação não seria a análise de um processo, mas a difusão de inovações tecnológicas da indústria no setor de serviços, desconsiderando outras formas de inovação, tais como as provenientes da relação entre os usuários dos serviços e seus prestadores.

Percebendo tal desconsideração e já possuindo uma noção de que a inovação em serviços ultrapassava uma mera adoção tecnológica, pesquisadores começam a pautar-se pela suposição de que os serviços possuem especificidades além da mera adoção tecnológica - demarcação - e direcionam-se aos relacionamentos entre usuário-produtor para dar contraponto (Ordanini & Parasuraman, 2011Ordanini, A., & Parasuraman, A. (2011). Service innovation viewed through a service-dominant logic lens: A conceptual framework and empirical analysis. Journal of Service Research , 14(1), 3-23. doi:10.1177/1094670510385332
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). Porém, ao focalizar as características distintivas dos serviços, a abordagem perde em generalidade, pois cai na mesma armadilha da abordagem tecnológica.

Posteriormente, surge a abordagem inversão que percebe serviços como fonte de inovação em toda a economia, sustentando que inovação decorreria de serviços de conhecimento intensivo. Isso aconteceria por meio da utilização dos fornecedores, enfatizando o papel deles como fornecedores de ser­viços de conhecimentos intensivos, tais como empresas de consultoria, engenharia e serviços de pesquisa.

Por fim, surge a abordagem integração, que propõe uma reconciliação entre indústria e serviços em uma ótica. Para desenvolver essa abordagem, Gallouj e Weinstein (1997)Gallouj, F., & Weinstein, O. (1997). Innovation in services. Research Policy , 26(4-5), 537-556. doi:10.1016/S0048-7333(97)00030-9
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aplicam o modelo lancasteriano de bens a serviços, definindo-os como uma gama de vetores. Mudanças nesses vetores seriam as fontes de inovação.

Desse modo, a construção teórica da temática esteve sempre pendendo para uma ótica, enfocando seja as relações humanas, seja a parte tecnológica. Essa tardia busca por uma visão integrada reforça a proposição de estudos amplos e que incluam na unidade de análise toda sua complexidade, pois é um processo pouco articulado e formalizado. Diante disso, buscaram-se na literatura informações para propor um quadro teórico abrangente e integrado que fornecessem mais elementos para melhor entender a inovação em serviços e capturar as particularidades deles.

2.2 Drivers da inovação em serviços

A inovação em serviços consiste em obter desempenho superior por meio da proposição de valor, proveniente de um arranjo de recursos já existentes ou a partir da criação de novos (Damanpour, 1991Damanpour, F. (1991). Organizational innovation: A meta-analysis of effects of determinants and moderators. Academy of Management Journal, 34(3), 555-590. doi:10.5465/256406
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; Skålén, Gummerus, Khoskull, & Magnusson, 2015Skålén, P., Gummerus, J., Khoskull, C., & Magnusson, P. (2015). Exploring value propositions and service innovation: A service-dominant logic study. Journal of the Academy of Marketing Science, 43(2), 137-158. doi:10.1016/j.indmarman.2018.07.004
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). Para atingir esse objetivo, a empresa deve levar em consideração as forças que moldam esse arranjo de recursos, levando a firma de serviços a inovar e, consequentemente, a ter desempenho superior (Hauknes, 1998Hauknes, J. (1998). Services in innovation-innovation in services. STEP Report R13/1998. Oslo: STEP Group.; Chen, Tsou, & Huang, 2009Chen, J. S., Tsou, H. T., & Huang, A. Y. H. (2009). Service delivery innovation antecedents and impact on firm performance. Journal of Service Research, 12(1), 36-55. doi:10.1177/1094670509338619
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).

Por conseguinte, inovar em serviços perpassa pelo domínio da gama de drivers que compõem o fenômeno (Kindström et al., 2013Kindström, D., Kowalkowski, C., & Sandberg, E. (2013). Enabling service innovation: A dynamic capabilities approach. Journal of Business Research, 66(8), 1063-1073. doi:10.1016/j.jbusres.2012.03.003
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), que, segundo os relatórios do SI4S (Services Innovation, Innovation for Services), podem ser internos ou externos. Após uma extensa revisão da literatura, este artigo propõe um modelo para entender a inovação em serviços. Esse modelo está alicerçado em nove drivers, sendo quatro internos e cinco externos, que orientam a firma rumo à inovação em serviços.

Por um lado, os quatro drivers internos são constituídos da cultura organizacional, das estratégias, do capital humano e de pesquisa e desenvolvimento (P&D). A cultura organizacional consiste no sistema de valores, crenças e pressupostos ocultos que os membros de uma organização têm em comum (Miron, Erez, & Naveh, 2004Miron, E., Erez, M., & Naveh, E. (2004). Do personal characteristics and cultural values that promote innovation, quality, and efficiency compete or complement each other? Journal of Organizational Behavior, 25, 175-199. doi:10.1002/job.237
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). Já a estratégia da firma estabelece o quadro no qual as inovações são desenvolvidas (Sundbo, 2006). O capital humano diz respeito ao fato de que os colaboradores da firma e suas habilidades também são importantes no setor de serviços, pois o processo de inovação emprega funcionários em contato com os clientes (Pires, Sarkar, & Carvalho, 2008Pires, C. P., Sarkar, S., & Carvalho, L. (2008). Innovation in services - How different from manufacturing? The Service Industries Journal , 28(10), 1339-1356. doi:10.1080/02642060802317812
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). A literatura suporta ainda que P&D são fontes de inovação para firmas, pois auxiliam na criação de conhecimentos que anteriormente não existiam para a firma (Community Innovation Survey [CIS], 2012).

Por outro lado, os drivers externos são compostos por trajetórias e atores. A trajetória tecnológica é formada por um conjunto de possíveis direções tecnológicas cujos limites exteriores são definidos pela natureza do próprio paradigma, isto é, trata-se de repetir a resolução de problemas determinados por esse paradigma por meio de trade-offs entre as variáveis tecnológicas relevantes (Dosi, 1982Dosi, G. (1982). Technological paradigms and technological trajectories: A suggested interpretation of the determinants and directions of technical change. Research Policy , 11(3), 147-162. doi:10.1016/0048-7333(82)90016-6
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). Nesse sentido, todo o emprego das tecnologias ao longo do tempo orienta, ou não, a firma em direção a inovações (Nelson & Winter, 1982Nelson, R., & Winter, S. (1982). An evolutionary theory of technical change. Cambridge: Beknap Harvard.; Hauknes, 1998Hauknes, J. (1998). Services in innovation-innovation in services. STEP Report R13/1998. Oslo: STEP Group.; Pilat, 2000Pilat, D. (2000). No longer services as usual. The OECD Observer, 223, 52.; Pires et al., 2008Pires, C. P., Sarkar, S., & Carvalho, L. (2008). Innovation in services - How different from manufacturing? The Service Industries Journal , 28(10), 1339-1356. doi:10.1080/02642060802317812
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). Por sua vez, a trajetória institucional descreve a tendência de evolução das regulações e das instituições políticas e públicas, bem como o desenvolvimento das regras sociais e convenções que regem a sociedade (Berger & Luckmann, 1978Berger, P. L., & Luckmann, T. (1978). Construção social da realidade. Petrópolis: Vozes.; Dosi, 1982).

Os atores são agentes econômicos que influenciam a venda de serviços de determinada firma e, portanto, as atividades inovadoras dela. Nesse sentido, estabelecer e manter boas relações com seus parceiros tende a melhorar o desempenho da inovação (Hsueh, Lin, & Li, 2010Hsueh, J.-T., Lin, N.-P., & Li, H.-C. (2010). The effects of network embeddedness on service innovation performance. The Service Industries Journal, 30(10), 1723-1736. doi:10.1080/02642060903100398
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). Dessa forma, pode-se dizer que há três atores envolvidos nesses drivers do ambiente externo: competidores, clientes e fornecedores. Os competidores apresentam-se como fundamentais, pois a competição estimula a inovação. Já os clientes são o foco final da firma na prestação dos seus serviços, além de atuarem como fonte de conhecimento para melhorias no serviço. Por fim, a firma depende de suprimentos que serão incorporados na prestação de serviços, e, portanto, os fornecedores surgem como colaboradores no processo da prestação do serviço e, consequentemente, na inovação (Hauknes, 1998Hauknes, J. (1998). Services in innovation-innovation in services. STEP Report R13/1998. Oslo: STEP Group.; Leiponen, 2006Leiponen, A. (2006). Organization of knowledge exchange: An empirical study of knowledge-intensive business service relationships. Economics of Innovation and New Technology, 15(4-5), 443-464. doi:10.1080/10438590 500512976
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).

Além disso, como o objetivo desta pesquisa é propor um modelo teórico, há a complementação com três variáveis de controle por causa de suas recorrências na literatura: localização, tempo de existência da firma e tamanho. A localização deve-se ao fato de a firma possuir a dependência de agentes externos (Pilat, 2000Pilat, D. (2000). No longer services as usual. The OECD Observer, 223, 52.). O tempo de existência pode ter efeitos sobre a inovação em serviços, pois possui relações com o aprendizado organizacional e o desempenho (Bessant & Tidd, 2009Bessant, J., & Tidd, J. (2009). Inovação e empreendedorismo: Administração. Porto Alegre: Bookman. ). Semelhantemente, o tamanho pode ter efeitos sobre a inovação, pois se relaciona com a capacidade de uma firma de adaptar-se às mudanças ambientais, além de acesso a recursos (Pires et al., 2008Pires, C. P., Sarkar, S., & Carvalho, L. (2008). Innovation in services - How different from manufacturing? The Service Industries Journal , 28(10), 1339-1356. doi:10.1080/02642060802317812
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; Bessant & Tidd, 2009).

Por fim, falar de inovação é falar de desempenho superior (Schumpeter, 1911/1997). Estudos empíricos apontam que a relação entre inovação e desempenho é positiva (Damanpour, 1991Damanpour, F. (1991). Organizational innovation: A meta-analysis of effects of determinants and moderators. Academy of Management Journal, 34(3), 555-590. doi:10.5465/256406
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), e, portanto, não caberia aqui só avaliar os drivers, mas também os desempenhos financeiro e não financeiro.

Por um lado, a principal característica do desempenho financeiro é verificar como as firmas usam seus ativos para gerar receitas (Chen et al., 2009Chen, J. S., Tsou, H. T., & Huang, A. Y. H. (2009). Service delivery innovation antecedents and impact on firm performance. Journal of Service Research, 12(1), 36-55. doi:10.1177/1094670509338619
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), isto é, reflete o cumprimento dos objetivos econômicos da empresa. Por outro lado, o desempenho não financeiro se caracteriza como um objetivo operacional de longo prazo que tem como alguns de seus objetivos aumentar a lealdade dos clientes (Kaplan & Norton, 1996Kaplan, R. S., & Norton, D. P. (1996). The balanced scorecard: Translating strategy into action. London: Harvard Business Press.). Portanto, analisada a literatura, propõe-se o modelo teórico apresentado na Figura 2.2.1.

Figura 2.2.1
DRIVERS DA INOVAÇÃO EM SERVIÇOS

Cabe ressaltar que os blocos internos e externos se relacionam a partir do momento em que a firma busca aprimorar seus drivers internos (Marcus & Geffen, 1998Marcus, A. A., & Geffen, D. (1998). The dialectics of competency acquisition: Pollution prevention in eclectic generation. Strategic Management Journal, 20, 1133-1156. doi:10.1002/(SICI)1097-0266(1998120)19:12<1145:: AID-SMJ6>3.0.CO;2-B
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). Isso se dá por meio da identificação das práticas de seus concorrentes, do melhor relacionamento com seus clientes e fornecedores, além da aquisição de novas tecnologias para aplicação no processo produtivo. É importante salientar que o tempo de existência incide sobre o aprendizado organizacional, a localização sobre os atores e o tamanho sobre o acesso a recursos, e, por isso, eles consistem em variáveis de controle, pois impactam a relação entre os drivers.

Para sustentar o modelo proposto e descrever os casos subsequentes, buscaram-se na literatura indicadores que suportassem cada um dos drivers propostos. Com isso, foi possível levantar 25 indicadores relacionados aos drivers, além das três variáveis de controle. Na Figura 2.2.2, percebem-se esses indicadores, assim como suas respectivas distribuições entre os drivers levantados.

Figura 2.2.2
DRIVERS DA INOVAÇÃO EM SERVIÇOS

Nesse sentido, o presente modelo, pautado por seus indicadores, visa preencher o gap da utilização de indicadores inadequados para tratar da inovação em serviços, além de buscar sanar a inexistência de um quadro teórico abrangente que proporcione ferramentas que avancem no entendimento dessa realidade.

3. MÉTODO

3.1 Abordagem de pesquisa

Para atingir o objetivo deste trabalho, utilizou-se um estudo de casos múltiplos (Yin, 2005Yin, R. K. (2005). Estudo de caso: Planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman .; Kindström et al., 2013Kindström, D., Kowalkowski, C., & Sandberg, E. (2013). Enabling service innovation: A dynamic capabilities approach. Journal of Business Research, 66(8), 1063-1073. doi:10.1016/j.jbusres.2012.03.003
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) em razão de sua relativa incipiência e da falta de um paradigma consolidado. Desse modo, a abordagem justifica-se pela necessidade de entender fenômenos sociais complexos, contribuindo para o conhecimento da temática e aprofundamento da teoria (Yin, 2005).

3.2 Amostra, coleta de dados e análise

A escolha de hospitais deu-se pelo apelo social que esse tipo de serviço possui e por requerer constante aprimoramento dada sua natureza. Nesse sentido, fez-se um mapeamento dos hospitais do estado do Rio Grande do Sul e, posteriormente, realizaram-se contatos para verificar as disponibilidades. Como ocorreram índices elevados de abstenção, optou-se pela amostragem por conveniência. Nesse tipo de amostragem, os elementos são escolhidos deliberadamente, admitindo-se que, de alguma forma, representam o universo amostral (Malhotra, 2012Malhotra, N. (2012). Pesquisa de marketing: Uma orientação aplicada (6a ed.). Porto Alegre: Bookman .).

Para a coleta de dados, aplicou-se um questionário na forma de entrevistas semiestruturadas. As entrevistas foram realizadas, em fevereiro de 2017, com gestores estratégicos (gerente administrativo, diretor de controladoria, provedor e gerente médico) de quatro hospitais do estado do Rio Grande do Sul, tendo em média uma hora e meia de duração. Após seu término, os áudios foram transcritos e devidamente armazenados para análise. Além disso, utilizou-se pesquisa documental, tendo como apoio balanços contábeis, organogramas, missão, visão, valores, entre outras informações. A Figura 3.2.1 apresenta o protocolo de pesquisa utilizado.

Figura 3.2.1
PROTOCOLO DE PESQUISA

Por fim, para a análise dos estudos de caso, foi utilizada a perspectiva sistêmica por meio da síntese de casos cruzados. Essa técnica permite a comparação de casos em uma mesma estrutura (Yin, 2005Yin, R. K. (2005). Estudo de caso: Planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman .). É importante salientar que as análises dos casos compreenderam o período de maio de 2017 até maio de 2019.

4. RESULTADOS

Para uma melhor organização, abordam-se os resultados em subseções individuais para as variáveis de controle, os drivers internos, os drivers externos e, por fim, o desempenho, respectivamente. No final de cada subseção, apresenta-se um quadro-resumo com os resultados de cada driver para os respectivos casos.

4.1 Variáveis de controle

Diante das variáveis de controle, constatou-se que os hospitais apresentam receitas que variam de 30 milhões a 85 milhões de reais, têm tempo de existência entre três e 155 anos e localizam-se em diferentes regiões do estado do Rio Grande do Sul: região central, região da campanha, região centro-sul e região metropolitana de Porto Alegre. A Figura 4.1.1 sintetiza as variáveis de controle dos casos estudados.

Figura 4.1.1
SÍNTESE DAS VARIÁVEIS DE CONTROLE

Com isso, buscou-se neutralizar tais variáveis, delimitando-as como de controle. Obviamente que, para um estudo de casos múltiplos, tais variáveis assumem outro caráter, mas como o objetivo deste trabalho é propor um modelo para posterior quantificação, tais variáveis assumem tal condição de controle.

4.2 Drivers internos

Na esfera dos drivers internos, o primeiro é a cultura organizacional, baseando-se em sistemas de valores, crenças e pressupostos ocultos que os membros de determinada organização partilham (Miron et al., 2004Miron, E., Erez, M., & Naveh, E. (2004). Do personal characteristics and cultural values that promote innovation, quality, and efficiency compete or complement each other? Journal of Organizational Behavior, 25, 175-199. doi:10.1002/job.237
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) no sentido de promoverem pensamento criativo (Shattow, 1996Shattow, M. (1996). Out of the blue. Electric Perspectives, 21(3), 44-54.), liberdade/autonomia (McLean, 2005McLean, L. D. (2005). Organizational culture’s influence on creativity and innovation: A review of the literature and implications for human resource development. Advances in Developing Human Resources, 7(2), 226-246. doi:10.1177/1523422305274528
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) e aceitação de riscos (Claver et al., 1998Claver, E., Llopis, J., Garcia, D., & Molina, H. (1998). Organizational culture for innovation and new technological behavior. Journal of High Technology Management Research, 9(1), 55-69. doi:10.1016/1047-8310(88)90005-3
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). Diante disso, os hospitais analisados apresentam estruturas voltadas para o pensamento criativo, a liberdade/autonomia e a aceitação de riscos. Essa cultura é suportada por mecanismos, tais como a gestão de competências, planos operativos e a liberdade para sugestões de práticas, que possam gerar valor. Isso pode ser percebido em três dos quatro casos levantados. O caso destoante apresenta uma estrutura engessada que pouco promove a liberdade e criatividade do seu pessoal.

O hospital tem uma estrutura engessada. Historicamente, ele é uma casa, um hotel, onde se busca a saúde. Com o passar dos anos, principalmente nos hospitais públicos, a questão da hotelaria acabou em segundo plano. Atualmente, estamos voltando a buscar na hotelaria diferenciação, mas está muito incipiente (Gerente administrativo - caso 1).

Quanto ao driver “estratégias”, a percepção dos gerentes quanto à ino­vação, o estabelecimento de estratégias para desenvolvê-la (Toivonen & Tuominen, 2009Toivonen, M., & Tuominen, T. (2009). Emergence of innovations in services. The Service Industries Journal , 29(7), 887-902. doi:10.1080/02642060 902749492
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; Bessant & Tidd, 2009Bessant, J., & Tidd, J. (2009). Inovação e empreendedorismo: Administração. Porto Alegre: Bookman. ), a implementação de mecanismos para a análise de desenvolvimentos tecnológicos e de mercado (Bessant & Tidd, 2009) e a consciência dos funcionários ante as estratégias de inovação da firma (Bessant & Tidd, 2009) são indicadores relevantes. Os dados apontam a inexistência de um programa estratégico sistêmico desenvolvido pelos hospitais para alcançar a inovação.

Na verdade, há programas para aquisição de novas tecnologias buscadas pelo fator preço, ou seja, por causa dos problemas financeiros enfrentados, os hospitais buscam, por meio de licitações e benchmarking, tecnologias que se enquadrem nas suas realidades financeiras. Ademais, quanto a essas estratégias, torna-se evidente que os hospitais buscam deixar seus funcionários cientes dessa situação, seja por reuniões ou ativi­dades rotineiras. Este depoimento fornece um pouco da realidade estratégica dos hospitais aqui retratados: “Esse processo é quase nulo. O hospital não tem essa clareza na estratégia. Honestamente, isso ainda não é algo que consigamos dizer que temos um trabalho” (Gerente administrativo - caso 1).

Já o driver “funcionários” constituiu-se do treinamento dado aos colaboradores para atividades inovadoras ou uso de novas tecnologias (Camisón & Monfort-Mir, 2012Camisón, C., & Monfort-Mir, V. M. (2012). Measuring innovation in tourism from the Schumpeterian and the dynamic-capabilities perspectives. Tourism Management, 33(4), 776-789. doi:10.1016/j.tourman.2011.08.012
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; CIS, 2012), da sugestão de ideias para melhorar serviços ou processos, das recompensas dadas por essa atividade (Bessant & Tidd, 2009Bessant, J., & Tidd, J. (2009). Inovação e empreendedorismo: Administração. Porto Alegre: Bookman. ; Ostrom et al., 2010Ostrom, A., Bitner, M., Brown, S., Burkhard, K., Goul, M., Smith-Daniels, V., … & Rabinovich, E . (2010). Moving forward and making a difference: Research priorities for the science of service. Journal of Service Research , 13(1), 4-36. doi:10.1177/1094670509357611
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), do grau de qualificação dos funcionários e como são feitas suas seleções (CIS, 2012; Camisón & Monfort-Mir, 2012). De maneira geral, todos os hospitais apresentam treinamentos com viés tecnológico, em detrimento de outros com aspectos intangíveis dos serviços, geralmente utilizando seus fornecedores para a prestação desses treinamentos ou ferramentas como o Plan-Do-Check-Act (PDCA). Quanto à sugestão de ideias, houve casos com momentos específicos para o levantamento de ideias e casos em que se primava pela ocorrência orgânica desse processo, tendo apenas um que recompensava pela sugestão de ideias. Por fim, quanto ao grau de qualificação dos funcionários, dois deles apresentavam funcionários com qualificação desde o ensino médio até o ensino superior, enquanto os outros dois casos, por proximidades com universidades, apresentavam em seu quadro de colaboradores todos os níveis, desde o ensino fundamental até o doutorado. O processo de seleção desses funcionários passa por concursos e processos específicos de cada hospital.

Para finalizar os drivers internos, P&D pautou-se por indicadores de existência de centros de P&D e suas relações com instituições de pesquisa e/ou contratação de P&D externo (Yam et al., 2004Yam, R. C. M., Guan, J. C., Pun, K. F., & Tang, E. P. Y. (2004). An audit of technological innovation capabilities in Chinese firms: Some empirical findings in Beijing, China. Research Policy , 33(8), 1123-1140. doi:10.1016/j.respol.2004.05.004
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; CIS, 2012), gastos com essas atividades (Camisón & Monfort-Mir, 2012Camisón, C., & Monfort-Mir, V. M. (2012). Measuring innovation in tourism from the Schumpeterian and the dynamic-capabilities perspectives. Tourism Management, 33(4), 776-789. doi:10.1016/j.tourman.2011.08.012
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) e desenvolvimento de atividades de P&D para criar novos conhecimentos (CIS, 2012). Nesse sentido, dentre os quatro hospitais pesquisados, apenas dois apresentam centros institucionalizados de pesquisa, onde se desenvolvem pesquisas para beneficiar não apenas o hospital, mas também a comunidade científica. Além disso, esses dois centros recebem alunos por meio de convênios com universidades. Com o propósito de sanar problemas internos, todos os hospitais desenvolvem projetos específicos, como redução do consumo energético, implementação de programas de qualidade, auditorias, projetos de sustentabilidade, entre outros. A Figura 4.2.1 apresenta uma síntese dos resultados referentes aos drivers internos.

Figura 4.2.1
SÍNTESE DOS DRIVERS INTERNOS

Portanto, percebe-se que os drivers internos se caracterizam por apresentarem uma cultura organizacional de relativa liberdade e de incentivo à criatividade, além de o pessoal ser consciente dos riscos da atividade. Entretanto, não possuem estratégias específicas para inovação, o que, como consequência, impede que os funcionários tenham ciência dessas estratégias. Por fim, parte dos casos não tem centros institucionalizados de P&D.

4.3 Drivers externos

Na esfera dos drivers externos, a trajetória tecnológica pautou-se pelo emprego de tecnologias ao longo do tempo, as quais são compatíveis com as da concorrência ou superiores a elas (Camisón & Monfort-Mir, 2012Camisón, C., & Monfort-Mir, V. M. (2012). Measuring innovation in tourism from the Schumpeterian and the dynamic-capabilities perspectives. Tourism Management, 33(4), 776-789. doi:10.1016/j.tourman.2011.08.012
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; CIS, 2012), e pelas habilidades técnicas e de gestão dessas tecnologias (Bharadwaj, 2000Bharadwaj, A. S. (2000). A resource-based perspective on information technology capability and firm performance: An empirical investigation. MIS Quarterly, 24(1), 169-196. doi.org/10.2307/3250983
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). Essa trajetória é marcada pela aquisição de novas tecnologias, isto é, todos os hospitais enfatizaram que as suas trajetórias se mantinham com baixo emprego tecnológico e, a partir da década de 2000, adquiriram suas tecnologias específicas. Além disso, percebe-se que a comparação dessas tecnologias com a concorrência e a gestão técnica se dá por benchmarking, participação em redes de hospitais, entre outras atividades. No depoimento a seguir, é possível perceber essa realidade.

Em outubro de 2012 conseguimos integração através do sistema, o que fez o hospital a começar a investir em tecnologia em todas as áreas. Hoje, toda nossa área médica é informatizada, o prontuário é 100% eletrônico etc. Isso trouxe um ganho de qualidade e resolutividade (Diretor de controladoria - caso 3).

O segundo driver externo, a trajetória institucional, se faz presente como os incentivos e as barreiras impostas pelo setor público ao longo dos anos (Dosi, 1982Dosi, G. (1982). Technological paradigms and technological trajectories: A suggested interpretation of the determinants and directions of technical change. Research Policy , 11(3), 147-162. doi:10.1016/0048-7333(82)90016-6
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; Camisón & Monfort-Mir, 2012Camisón, C., & Monfort-Mir, V. M. (2012). Measuring innovation in tourism from the Schumpeterian and the dynamic-capabilities perspectives. Tourism Management, 33(4), 776-789. doi:10.1016/j.tourman.2011.08.012
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; CIS, 2012), além de tabus, punições, costumes, tradições e códigos de conduta da sociedade (Berger & Luckmann, 1978Berger, P. L., & Luckmann, T. (1978). Construção social da realidade. Petrópolis: Vozes.). Todos os casos afirmaram que tiveram grandes impactos causados por mudanças institucionais advindas do ente público, seja por mudança de constituição, seja por formas de contratos, entre outras. Além disso, os hospitais consideram as sociedades em que estão inseridos por meio da busca de serviços de acordo com a geografia, o clima, os festejos locais e os tabus referentes às classificações de risco.

Além disso, possuir competidores em sua rede de parceiros para compartilhar experiências (Bessant & Tidd, 2009Bessant, J., & Tidd, J. (2009). Inovação e empreendedorismo: Administração. Porto Alegre: Bookman. ; CIS, 2012) e comparar sistematicamente serviços e processos com os dos seus concorrentes (Bessant & Tidd, 2009) são aspectos importantes para a inovação. Diante disso, todos os hospitais realizam o compartilhamento de experiências e a comparação de serviços e processos por meio de redes de parceiros, seja por redes intermediadas pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, pela Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes ou até mesmo entre hospitais de uma mesma organização. Ademais, os quatro casos percebem que não possuem concorrentes.

No que tange ao quarto driver externo, os consumidores também possuem papel. Nesse sentido, a obtenção de uma profunda compreensão das necessidades dos consumidores (Bessant & Tidd, 2009Bessant, J., & Tidd, J. (2009). Inovação e empreendedorismo: Administração. Porto Alegre: Bookman. ) e o desenvolvimento de métodos para incentivá-los a participar do processo (Ostrom et al., 2010Ostrom, A., Bitner, M., Brown, S., Burkhard, K., Goul, M., Smith-Daniels, V., … & Rabinovich, E . (2010). Moving forward and making a difference: Research priorities for the science of service. Journal of Service Research , 13(1), 4-36. doi:10.1177/1094670509357611
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) são elementos que se relacionam com a inovação. Todos os casos aqui retratados possuem atividades que buscam compreender as necessidades dos seus consumidores, como pesquisas socioeconômicas, pesquisas de satisfação, entre outras. Além disso, para o incentivo da participação dos consumidores no processo, buscam-se treinamentos específicos para ampliar a relação entre o funcionário e o paciente.

Por fim, o último driver externo, os fornecedores, é suportado por indicadores como a manutenção de boas relações (ganho mútuo) com fornecedores (Bessant & Tidd, 2009Bessant, J., & Tidd, J. (2009). Inovação e empreendedorismo: Administração. Porto Alegre: Bookman. ) e mecanismos para avaliá-los (Winter & Lasch, 2016Winter, S., & Lasch, R. (2016). Recommendations for supplier innovation evaluation from literature and practice. International Journal of Operations & Production Management, 36(6), 643-664. doi:10.1108/IJOPM-07-2014-0341
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). Em suma, os casos tratam com seus fornecedores por meio da variável “preço”, isto é, como apresentam dificuldades financeiras, as relações com seus fornecedores são guiadas pelo menor preço. Essa relação pode ser por meio de licitação, cartas convites, cotações, entre outras formas de relacionamentos. Além disso, existem plataformas digitais e setores específicos que buscam avaliar os fornecedores que transacionam com os hospitais. A Figura 4.3.1 sintetiza os resultados encontrados sobre os drivers externos.

Figura 4.3.1
SÍNTESE DOS DRIVERS EXTERNOS

4.4 Desempenho

Por fim, torna-se necessário levantar o desempenho financeiro por meio dos indicadores variação das vendas (Chiesa, Coughlan, & Voss, 1996Chiesa, V., Coughlan, P., & Voss, C. A. (1996). Development of a technical innovation audit. Journal of Product Innovation Management, 13(2), 105-136. doi:10.1111/1540-5885.1320105
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; Morgan et al., 2009Morgan, N. A., Vorhies, D. W., & Mason, C. H. (2009). Market orientation, marketing capabilities, and firm performance. Strategic Management Journal , 30(8), 909-920. doi.org/10.1002/smj.764
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) e variação dos lucros (Calantone et al., 2002Calantone, R. J., Cavusgil, S. T., & Zhao, Y. (2002). Learning orientation, firm innovation capability, and firm performance. Industrial Marketing Management, 31(6), 515-524. doi:10.1016/S0019-8501(01)00203-6
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), além do desempenho não financeiro pautado pela variação da aquisição de novos consumidores (Kaplan & Norton, 1996Kaplan, R. S., & Norton, D. P. (1996). The balanced scorecard: Translating strategy into action. London: Harvard Business Press.). No que tange ao desempenho financeiro, os hospitais apresentam diferentes variações de vendas, com aumentos de 30% (caso 1), 9% (caso 2), 100% (caso 3) e -5% (caso 4). Entretanto, mesmo tendo variações de vendas positivas, os hospitais não foram lucrativos, o que pode indicar falta de inovações. Por fim, quanto ao desempenho não financeiro, a variação da aquisição de novos clientes apresenta-se de forma variada, isto é, o caso 1 teve uma variação entre 15 e 18 mil clientes ano, enquanto o caso 2 não possui dados referentes a esse indicador e o caso 3 está operando em sua capacidade máxima, não realizando esse levantamento. A Figura 4.4.1 apresenta a síntese do desempenho.

Figura 4.4.1
SÍNTESE DO DESEMPENHO

De maneira geral, percebe-se que o driver “desempenho” se apresenta com os casos possuindo variações de vendas positivas, entretanto nenhum conseguiu ser lucrativo, isto é, suas receitas no ano abordado foram apenas suficientes para cobrir suas despesas. Aliás, no terceiro indicador, “variação de aquisição de novos clientes”, apenas o caso 1 mensura esse dado. Portanto, apesar de apresentarem variações positivas de vendas, os hospitais não conseguem ser lucrativos.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como objetivo propor um modelo teórico para avaliar a inovação em serviços. Esse modelo consistiu em nove drivers, que orientam a firma em direção à inovação. São eles: cultura organizacional, estratégias, funcionários, pesquisa e desenvolvimento, trajetória tecnológica, trajetória institucional, competidores, consumidores e fornecedores. Nesse sentido, ressalta-se que, dependendo da firma, os drivers apresentam variações quanto ao seu conteúdo, as quais resultarão nos padrões de inovação da firma.

Percebe-se que o modelo foi útil para a descrição da inovação em serviços, pois os resultados obtidos possibilitaram identificar se uma firma inova ou não, sustentando que o modelo possui capacidade de replicação. Esse cenário se chama generalização analítica e delega ao modelo a capacidade de explicação (Yin, 2005Yin, R. K. (2005). Estudo de caso: Planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman .) perante firmas de serviços. Nesse sentido, o modelo permitiu concluir que os hospitais em questão apresentam dificuldades para inovar, pois possuem conceito parcial de inovação e inexiste um programa estratégico de maneira geral, fatores que são essenciais segundo os drivers (Bessant & Tidd, 2009Bessant, J., & Tidd, J. (2009). Inovação e empreendedorismo: Administração. Porto Alegre: Bookman. ; Toivonen & Tuominen, 2009Toivonen, M., & Tuominen, T. (2009). Emergence of innovations in services. The Service Industries Journal , 29(7), 887-902. doi:10.1080/02642060 902749492
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).

No que tange à posse de um conceito parcial de inovação em serviços, percebe-se que os hospitais enfatizam tecnologias em detrimento de outras variáveis que poderiam vir a gerar outros tipos de inovações, pois, como se sabe, inovação em serviços é um fenômeno multidimensional (Martin et al., 2016Martin, D., Gustafsson, A., & Choi, S. (2016). Service innovation, renewal, and adoption/rejection in dynamic global contexts. Journal of Business Research , 69(7), 2387-2400. doi:10.1016/j.jbusres.2016.01.008
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). Essa percepção de inovação como sendo adoções tecnológicas desencadeia estratégias voltadas especificamente para tecnologias e não estratégias sistêmicas que busquem atingir inovação nas múltiplas dimensões existentes. Ademais, no driver “trajetória institucional” percebeu-se que existe uma forte dependência de políticas públicas que engessam a gestão dos hospitais.

Nesse sentido, como inovar, em suma, consiste em obter necessariamente desempenho superior por meio da proposição valor (Schumpeter, 1997Schumpeter, J. (1911/1997). A teoria do desenvolvimento econômico. (Coleção Os economistas). São Paulo: Nova Cultura.; Damanpour, 1991Damanpour, F. (1991). Organizational innovation: A meta-analysis of effects of determinants and moderators. Academy of Management Journal, 34(3), 555-590. doi:10.5465/256406
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; Skålén et al., 2015Skålén, P., Gummerus, J., Khoskull, C., & Magnusson, P. (2015). Exploring value propositions and service innovation: A service-dominant logic study. Journal of the Academy of Marketing Science, 43(2), 137-158. doi:10.1016/j.indmarman.2018.07.004
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), quando se utilizou o modelo teórico proposto, foi possível perceber que os hospitais não inovam, pois, apesar de obterem variações positivas de vendas, os hospitais não foram lucrativos. Percebe-se a existência de prestações de serviços, na sua concepção básica, apoiados nas tecnologias da informação, as quais os hospitais, com muito esforço, conseguem adquirir. Portanto, percebe-se que tais hospitais se caracterizam por trabalharem no paradigma tecnológico (Barras, 1986Barras, R. (1986). Towards a theory of innovation in services. Research Policy, 15(4), 161-173. doi: 10.1016/0048-7333(86)90012-0
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), dependentes do Estado e sem estratégias sistêmicas que busquem a inovação.

Haja vista os resultados obtidos por este trabalho, podem-se levantar as vantagens da utilização do modelo para análise da inovação em serviços. Verifica-se que o modelo oferece não apenas uma visão sistêmica de quais drivers orientam uma firma de serviços para inovar, mas também busca incluir variáveis provenientes do ambiente externo, que está em constante mudança. Essa visão abrangente possibilita a implementação de práticas gerenciais que busquem equacionar cada variável de acordo com os indicadores fornecidos e, por conseguinte, obter uma melhor orientação para gestores interessados na inovação em serviços. Ademais, ainda oferece o entendimento de que não basta considerar um determinado driver, mas sim buscar meios que possibilitem uma gestão sistêmica dos drivers, sendo essa condição sine qua non para inovar em serviços.

Para finalizar, o estudo apresentou uma limitação que se baseou no tipo de hospital pesquisado. Os hospitais incluídos caracterizaram-se como sendo de cunho público, o que pode trazer variações nos drivers, dada a dependência de políticas públicas e a menor autonomia quanto aos seus investimentos. Essa limitação é uma das sugestões para pesquisas futuras, isto é, aumentar o escopo, incluindo os hospitais privados. Ademais, sugere-se que esse modelo seja aplicado quantitativamente.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    29 Maio 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    05 Ago 2019
  • Aceito
    21 Nov 2019
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