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Apresentação

Apresentação

Caro leitor,

Neste número 11.4 da RAM de 2010, contamos com sete artigos que envolvem temas importantes da administração, vinculados às seções temáticas da RAM.

Iniciamos a apresentação do fascículo pela seção Gestão Humana e Social (GHS). Dando continuidade à abordagem temática, a seção GHS apresenta dois artigos dedicados ao tema da socialização organizacional, envolvendo a validação de um procedimento de mensuração desse construto para o setor público brasileiro e a socialização de peritos em criminalística.

O artigo de autoria de Livia de Oliveira Borges, Fábio Henrique Vieira de Cristo e Silva, Simone Lopes de Melo e Alessandra Silva de Oliveira reconstrói o Inventário de Socialização Organizacional (ISO), de autoria de Chao, O'Leary, Wof, Klein e Gardner (1994), adaptado para o Brasil por Borges, Ros e Tamayo (2001). O instrumento foi atualizado com base na evolução da literatura sobre o tema, nos últimos 15 anos, que dá maior ênfase à proatividade dos indivíduos, bem como à importância atribuída ao acesso a informações. O novo instrumento foi desenvolvido para incorporar a linguagem dos servidores públicos e foi validado exploratioriamente pela técnica estatística de análise fatorial, via sua aplicação em 903 servidores de duas instituições públicas. A estrutura fatorial encontrada sugere que o questionário apresenta validade convergente e consistência satisfatórias, além de ser melhor do que o anteriormente disponível.

A socialização dos peritos ingressantes do Departamento de Criminalística (DC) do Instituto-Geral de Perícias (IGP) do Rio Grande do Sul foi contemplada no artigo de Neusa Rolita Cavedon. Os dados foram obtidos mediante o uso da etnografia, tendo por técnicas: a observação participante realizada pela pesquisadora no módulo "Local de Crime contra a Vida" do curso de formação de peritos do IGP; a aplicação de um questionário de perguntas abertas a 29 alunos do curso; e a consulta a materiais documentais. A análise dos dados seguiu o diálogo entre o êmico, o ético e os teóricos referenciados. Os resultados apontam uma ênfase do processo de socialização na impossibilidade de cometer erros, levando ao destaque da importância do papel a ser desempenhado pelos peritos e a uma tensão que gera angústia e medo nos ingressantes e pode ser prejudicial ao exercício profissional. Destaca-se a ausência da abordagem do estigma inerente à atuação dos peritos no processo de socialização.

Na seção Finanças Estratégicas (FE) são apresentados dois artigos. O artigo de Marcos Antonio de Souza, Elisandra Collaziol e Cláudio Damacena investigou a utilização de práticas de contabilidade direcionadas à mensuração e ao registro dos custos da qualidade (CQ). Foram estudadas 92 empresas cadastradas no Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade da Grande Porto Alegre. A análise dos dados foi realizada utilizando estatística descritiva e análise fatorial exploratória. Verificou-se a baixa adoção das práticas contábeis e que, embora a percepção dos gestores quanto ao tema CQ não reflita o prescrito pela literatura, os gestores se valem de indicadores físicos e/ou não financeiros para suprirem suas necessidades, de acordo com as quatro dimensões extraídas na análise fatorial: análise financeira dos CQ, indicadores do processo produtivo, reflexo financeiro da qualidade e satisfação do cliente.

O artigo de Karine Lima de Carvalho, Abraão Freires Saraiva Júnior, Fábio Frezatti e Reinaldo Pacheco da Costa analisa que tipo de contribuição as teorias ou os modelos de ciclo de vida das organizações trazem para a construção da pesquisa acadêmica em contabilidade gerencial, no âmbito internacional. Para tanto, os autores desenvolveram uma análise bibliométrica, por meio da base de dados ProQuest®; envolvendo 12 periódicos. A amostragem utilizada foi a intencional e não probabilística. Concluiu-se que o sistema de contabilidade gerencial sofre variações à medida que fatores de configuração internos e externos da empresa se modificam ao longo das diferentes fases do ciclo de vida organizacional. Essa revelação oferece ao pesquisador de contabilidade gerencial novas possibilidades de estudos, vinculando ambas as correntes de pensamento.

Por fim, na seção Recursos e Desenvolvimento Empresarial (RDE) são apresentados três artigos. Hilka Vier Machado e Pedro Guena Espinha exploram, em seu artigo, o franchising como uma alternativa para a melhoria das chances de sobrevivência de pequenas e microempresas, por meio da oferta de um negócio formatado e pré-testado. Os autores pesquisaram os fatores de fracasso de unidades franqueadas. A pesquisa foi realizada por meio de um estudo de campo, ex-post facto e transversal. A técnica de amostragem utilizada foi não probabilística do tipo bola de neve. Foram obtidos dados primários de 39 ex-franqueados que encerraram suas franquias entre 2000 e 2004. Os dados foram analisados com base nos testes não paramétricos de Spearman e Kendall Tau. Concluiu-se, ao contrário do esperado, que a falta de experiência gerencial ou setorial também são fatores críticos para o encerramento de uma franquia, assim como ocorre com empreendimentos independentes.

O artigo de Monica Cavalcanti Sá Abreu, Claire Y. Barlow, José Carlos Lázaro Silva Filho e Francisco Assis Soares teve como objetivo identificar se as estratégias ambientais das empresas brasileiras foram influenciadas pelo grau de internacionalização, pelo tamanho e pelas pressões de stakeholders provenientes da ampla reforma estrutural associada à liberalização do comércio, à desregulamentação e ao decréscimo do estado de intervenção que elas têm enfrentado desde a metade dos anos 1990. Foi utilizada a estratégia de estudo de casos múltiplos. A coleta de dados primários foi realizada em empresas petroquímicas, siderúrgicas, têxteis e de calçados, estabelecidas em diferentes Estados brasileiros, escolhidas por amostragem teórica. Conclui-se que as reformas estruturais causaram efeito positivo nas estratégias ambientais das empresas brasileiras, em virtude de as conexões globais aumentarem as pressões autorregulatórias e propiciarem o engajamento de um novo conjunto de stakeholders.

Eduardo de Rezende Francisco, Eduardo Bortotti Fagundes, Mateus Canniatti Ponchio e Felipe Zambaldi exploram em seu artigo a gestão de perdas comerciais de energia elétrica em empresas de distribuição. Os autores reconstroem o indicador potencial de perdas comerciais desenvolvido pela AES Eletropaulo, integrando indicadores operacionais, de satisfação dos consumidores e de vulnerabilidade social. Dados operacionais foram obtidos dos sistemas de informação geográfica da AES Eletropaulo e combinados com dados secundários do IBGE e da Seade para gerar modelos de regressão preditivos sobre a propensão de perdas. Para análise dos dados foram utilizadas as técnicas geoestatísticas de autorregressão espacial (SAR) e regressão ponderada geograficamente (GWR). Os resultados indicam uma associação entre consumo de eletricidade, vulnerabilidade social, satisfação do consumidor e perdas de energia, sugerindo que o consumo de eletricidade e os níveis de fraude são fenômenos economicamente e socialmente determinados. Destaca-se a importância de políticas públicas e privadas regionais para a satisfação do consumidor e redução de fraudes.

Aproveitem a leitura!

WALTER BATAGLIA

Editor acadêmico

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    16 Set 2010
  • Data do Fascículo
    Ago 2010
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