À beira do leito
Clínica Cirúrgica
CÂNCER GÁSTRICO E METÁSTASES. OPERAR?
Doente com adenocarcinoma do fundo gástrico, em regular estado geral, exames laboratoriais satisfatórios, apresentando à ultra-sonografia abdominal duas metástases hepáticas. Ausência de ascite.
Perdura ainda o conceito de que a presença de metástase hepática e/ou mesentérica, mesmo na ausência de carcinomatose peritoneal, significava inoperabilidade. Especialmente se a cirurgia indicada fosse a gastrectomia total. Todavia, a nossa experiência e a internacional não a convalida.
Quando possível, a extirpação das metastases, simultaneamente a do tumor, é conduta desejável. Todavia, se sua retirada significa risco de complicações é melhor deixá-las.
A justificativa para a gastrectomia total, mesmo frente à invasão das estruturas adjacentes e a não retirada das metástases é a qualidade de vida melhor e eventual alongamento da sobrevivência proporcionados.
É evidente que as condições clínicas do doente devem ser avaliadas rigorosamente no pré-operatório e seus desvios corrigidos.
Salientamos, portanto, ser válida a gastrectomia total, paliativa. Em virtude dos grandes avanços da medicina, que felizmente permitem atitudes mais agressivas no tratamento do câncer gástrico, a maioria das escolas cirúrgicas tem realizado, mesmo na presença de metástases sem carcinomatose e em estado geral compatível com o ato cirúrgico, uma operação que melhore o tempo e a qualidade de sobrevivência, inclusive a gastrectomia total.
CARLOS ALBERTO MALHEIROS
FRANCISCO CESAR MARTINS RODRIGUES
FARES RAHAL
Referência
Malheiros, CA; Rodrigues, FCM; Yokota, ME; Ílias, EJ; Matsuzaki, WS; Rahal, F "Palliative total gastrectomy" - Digestive Surgery, ISDS 17th World Congress Abstracts Hamburg sept.6-9th, 2000 - p. 54 - p.66
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
19 Jul 2001 -
Data do Fascículo
Jun 2001