Resumo
Objetivo:
Avaliar a espessura do complexo médio-intimal da carótida (CMIC) e os biomarcadores do metabolismo lipídico associados ao risco cardiovascular (RC) em pais de pacientes com ataxia-telangiectasia (AT) e verificar associação com gênero.
Método:
Estudo transversal prospectivo e controlado com 29 ATM heterozigotos e 14 controles saudáveis. Foram realizados exames bioquímicos e a espessura do CMIC por ultrassonografia.
Resultados:
A média da medida do CMIC nos ATM heterozigotos foi de 0,72± 0,1 mm (mínimo: 0,5 mm e máximo: 1,0 mm). Observou-se elevado percentual de valores acima do percentil 75 em relação ao referencial populacional (16 [76,2%]), sem diferença estatisticamente significante entre o gênero feminino e o masculino (11/15 [73,3%] vs. 5/6 [83,3%]; p=0.550). A comparação entre os ATM heterozigotos e os controles, estratificados por gênero, mostrou que, nos ATM heterozigotos, as mulheres tinham maiores concentrações de HDL-c em comparação aos homens, e valores mais elevados de PCR-us em relação às mulheres controle. Nos ATM heterozigotos, estratificando segundo gênero, a correlação entre HDL-c e PCR-us foi inversamente proporcional e mais forte entre as mulheres, com tendência à significância estatística.
Conclusão:
Os ATM heterozigotos não diferiram dos controles em relação aos biomarcadores estudados relacionados ao RC. Entretanto, a maioria deles apresentou aumento na espessura do CMIC, preditor independente de morte, risco para infarto do miocárdio e AVC, quando comparado ao referencial para a mesma faixa etária. Esse achado sugere RC nos ATM heterozigotos e aponta para a necessidade de monitoramento da espessura do CMIC e de orientações nutricionais.
Palavras-chave:
Ataxia Telangiectasia; Aterosclerose; Espessura Íntima-Média Carotídea; Resistência à Insulina; Heterozigoto