Resumo
Objetivo: comparar o perfil de pacientes com fibrose cística em dois centros de referência do Sul do Brasil – Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA) e Hospital São Lucas – para observar tendências no tratamento e desfechos clínicos que produzirão possíveis modificações de conduta.
Métodos: estudo transversal, retrospectivo, com 83 pacientes com fibrose cística, de idade entre 1 mês e 18 anos. As variáveis analisadas, obtidas por meio da revisão de prontuários, foram: características demográficas, clínicas e socioeconômicas, teste de função pulmonar, perfil de infecção, tratamento medicamentoso e fisioterápico.
Resultados: entre os dois centros, houve diferença estatisticamente significativa nas variáveis a seguir: internações no último ano (p<0,001), internações na vida (p<0,001), uso de dornase α (p=0,003) e uso de antibioticoterapia inalatória (p=0,006) foram maiores no HCSA enquanto idade da primeira colonização por Staphylococcus aureus (p=0,008), idade da mãe (p=0,030), escore clínico (p=0,001), escore socioeconômico (p=0,021) e uso de solução salina hipertônica (p<0,001) foram maiores no Hospital São Lucas.
Conclusão: os centros estudados parecem receber uma população distinta de pacientes, tanto do ponto de vista socioeconômico quanto em relação à gravidade da doença, o que interfere na escolha da terapia medicamentosa utilizada. No HCSA, serão estimuladas ações preventivas de infecção, por causa da alta incidência do complexo Burkholderia cepacia, e uma investigação atenta para alterações pulmonares mais precoces.
Palavras-chave: fibrose cística; pediatria; doença crônica