CORRESPONDÊNCIAS
Editorial
Nadia Maria Gebelein
São Paulo - SP
Prezado Editor,
Gostaria de parabenizá-lo pelo editorial desta revista, claro que os assuntos publicados neste periódico são de extrema qualidade, mas em particular este me chamou a atenção, pois trata-se de algo que realmente nossa classe não tem dado a devida importância, sendo de vital interesse a todos nós, até mesmo pensando como membros de um população à mercê desta situação. Trabalho com atendimento pré-hospitalar há 11 anos no Sistema de Resgate a Acidentados do Estado de São Paulo, e nesta vida presenciei, vivi, cada situação que as lembro nitidamente como se fosse hoje o início foi extremamente difícil, pois imagine como poderíamos saber como se deve fazer para intubar um paciente sentado, preso nas ferragens, à noite, com chuva no meio de uma avenida de São Paulo? Não recebi, nem sequer foi cogitada esta possibilidade em meu curso de formação. Bom, essa é uma das situações, somada à recepção nos diferentes prontos-socorros de uma cidade como São Paulo, que nos mostra diretamente qual é a real situação e preocupação destas salas de emergência. Fico feliz que mais pessoas vejam isso, pois debaixo daquela chuva, intubar o paciente preso nas ferragens, por vezes, com familiares vendo instalar um acesso venoso, tirar a sua dor para simplesmente chegar a um pronto-socorro, cuja inércia e inexperiência pode levá-lo à morte. Dói profundamente em nossa alma médica e humana.
PARABÉNS!!!
Luiz Antônio Nasi
Porto Alegre - RS
Prezado Editor,
Foi com grata satisfação que recebemos a mensagem editorial publicada na edição de julho/setembro de 2003 desta conceituada revista, abordando o tema Medicina de Urgência no Brasil: aonde vamos?
Reportando-se ao personagem Dr. Green da série de televisão americana Emergency Room, o editor oportunamente reabre a discussão sobre o tema e enseja que possamos fazer alguns comentários.
Talvez vários Dr. Green já existam nas emergências dos hospitais brasileiros, só que ainda não se tornaram heróis, possivelmente porque o mercado nacional não valorize suficientemente os ditos médicos de primeira linha. Historicamente no Brasil, o atendimento de emergência é relegado aos mais jovens e menos experientes, refletindo um certo descaso com que este tipo de prestação de serviço médico.
Mas os tempos talvez estejam mudando. Desde 1996, passou a funcionar o programa de Residência Médica em Emergência do Hospital Municipal de Pronto-Socorro de Porto Alegre. Já formamos seis residentes, todos absorvidos no mercado de trabalho. O programa de residência que inclui três anos de formação médica na área de emergência com treinamento em atendimento externo, trauma e emergências clínicas em adulto e pediatria vem crescendo em procura por parte dos médicos mais jovens. Afinal de contas, as oportunidades de trabalho crescem neste campo. Além disso acabamos de fundar a AMERS (Associação de Medicina de Emergência do Estado do Rio Grande do Sul) em 19 de setembro último, com o objetivo de unir forças para a qualificação e o desenvolvimento da medicina de urgência como especialidade médica. Não paramos por aí. A Universidade Federal do Rio Grande do Sul, há quatro anos, criou a disciplina de Urgência de forma curricular e a partir de 2004 iniciará a primeira turma de doutorandos do programa de internato da Faculdade de Medicina com estágio obrigatório no Serviço de Emergência do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Outras três faculdades de Medicina de Porto Alegre (PUC, Ulbra e Ciências Médicas) também mantêm estágio curricular obrigatório no Hospital Municipal de Pronto-Socorro de Porto Alegre, gerando conhecimento na área de Emergência para os alunos da graduação.
Talvez tudo isto nos aponte para onde vamos, mas precisamos de novos parceiros. Parceiros na luta pelo reconhecimento da especialidade junto ao Ministério da Educação, procurando credenciar os hospitais que já desenvolvem programas de Residência Médica em Emergência. Com certeza, esta etapa é crucial para alavancar a formação de novos especialistas tão capazes quanto o Dr. Green. Desejamos que outras unidades da Federação também se mobilizem nesta luta, criando e desenvolvendo as suas associações e sociedades. É chegada a hora de lutarmos por dias melhores tanto para os usuários dos serviços de urgência como para aqueles que desejam desfrutar neste campo de trabalho as suas conquistas e realizações profissionais.
Comentário do Editor
Prezado Prof. Nasi,
Agradecemos o seu comentário, que muito nos envaideceu e com o qual concordamos. É pensamento deste corpo editorial, e em especial dos editores de Medicina de Urgência e Terapia Intensiva, que enquanto os emergencistas do Brasil não se unirem e assumirem sua posição na Medicina brasileira, continuaremos como estamos: fragmentados, enfraquecidos e desvalorizados.
Vamos nos organizar.
AUGUSTO SCALABRINI NETO
EDITOR ASSOCIADO DA ÁREA DE
MEDICINA DE URGÊNCIA E TERAPIA
INTENSIVA DA RAMB
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
07 Maio 2004 -
Data do Fascículo
2004