Resumo
Introdução:
A efetividade do tratamento das doenças crônicas depende da participação do paciente, influenciada por diferentes motivos socioculturais, pouco reconhecidos pela rotina assistencial.
Objetivo:
Identificar os fatores de adesão ao tratamento e o uso dos recursos assistenciais de pacientes com doença isquêmica do coração.
Método:
Estudo transversal com entrevistas presenciais de 347 indivíduos submetidos a questionários semiestruturados, com 141 delas gravadas para análise qualitativa com identificação dos descritores distribuídos por oito categorias. Os dados quantitativos tiveram análise descritiva de frequência.
Resultados:
Somente 2% tiveram boa adesão medicamentosa; 23% compraram estatina, os demais obtiveram o medicamento em serviços públicos. Foram classificadas 36 falas com as categorias: conhecimento sobre a doença e o tratamento, dificuldade de aquisição do medicamento, gerenciamento pessoal do tratamento, acesso aos serviços de saúde, efeito colateral das estatinas, apoio do cuidador, transporte até o ambulatório, receios quanto à evolução da doença, efeito colateral das estatinas. Foi observado que 1/3 dos atendimentos fora da instituição podem ser caracterizados como tentativa de racionalização da rede.
Conclusão:
A melhora da adesão ao tratamento da doença isquêmica do coração depende do estabelecimento de fluxos efetivos para referência e contrarreferência entre unidades assistenciais; adequada informação e esclarecimento das dúvidas do paciente; atenção dos profissionais de saúde aos múltiplos fatores sociais e culturais envolvidos com a adesão. São necessários novos estudos sobre o papel da assistência farmacêutica, grupos educativos e integração da equipe multiprofissional no engajamento do paciente para compartilhar as decisões sobre o tratamento, e assim ampliar seu grau de comprometimento com a própria saúde.
Palavras-chave:
adesão ao medicamento; cooperação do paciente; pesquisa qualitativa; isquemia miocárdica e serviços de saúde