OBJETIVO: Determinar a imunofenotipagem eritrocitária em doadores de sangue e em pacientes com anemia falciforme (SS) atendidos no Hemocentro de Alagoas e descrever a frequência e os fatores associados à aloimunização eritrocitária. MÉTODOS: Estudo transversal com 102 pacientes SS e 100 doadores de sangue. Realizou-se a fenotipagem eritrocitária, teste de Coombs Direto e Indireto e detecção de anticorpos irregulares por painel de hemácias fenotipadas. Os dados foram comparados por meio do teste de Mann-Whitney, qui-quadrado ou teste exato de Fisher. Para análise dos fatores associados à aloimunização utilizou-se a regressão logística univariada e múltipla. RESULTADOS: Os antígenos mais frequentes entre os pacientes e os doadores foram c, e, M, s, JK(a). Observaram-se diferenças significativas entre as frequências dos fenótipos dos pacientes e dos doadores em relação aos antígenos s, FY(a) e JK(b). Dos 79 pacientes transfundidos, 10 (12,7%) apresentaram Coombs Indireto positivo. Detectaram-se 13 aloanticorpos, sete do sistema Rh, dois do Kell e quatro não identificados. Os fatores associados à aloimunização foram o intervalo de tempo entre a última transfusão e a data do teste e ter recebido mais de dez transfusões de hemácias. Receber mais de dez transfusões representou uma chance 16,39 (IC 95%: 2,23-120,59) vezes maior de ser aloimunizado, em comparação aos que receberam menos que dez. CONCLUSÃO: A prevalência de aloimunização nos pacientes SS foi 12,7%, sendo 70% dos anticorpos encontrados pertencentes a grupos sanguíneos Rh e Kell. Este estudo mostra a importância da fenotipagem eritrocitária em doadores e receptores para diminuir o risco de aloimunização.
Anemia falciforme; transfusão de eritrócitos; seleção do doador; antígenos de grupos sanguíneos