RESUMO
INTRODUÇÃO
Antivirais de ação direta são as novas drogas utilizadas no tratamento da hepatite C crônica. São geralmente seguros, com boa tolerância, mas eventualmente podem causar efeitos adversos graves, e não há consenso sobre como tratá-los ou preveni-los. Descrevemos um caso de síndrome mão-pé secundária à terapia livre de interferon para hepatite C crônica.
Materiais e métodos
Relatamos o caso de um paciente de 49 anos com cirrose hepática compensada secundária à hepatite C crônica, genótipo 1, virgem de tratamento, que iniciou terapia com sofosbuvir, simeprevir e ribavirina por 12 semanas.
Resultados
Na sexta semana de tratamento, apresentou anemia, sendo necessária redução de dose da ribavirina. Na 20a semana, apresentou lesões eritematosas e descamativas, com prurido em mãos e pés, que teve resposta parcial ao uso de anti-histamínico oral e corticoide tópico. Não foi necessário descontinuar os antivirais, mas na primeira semana após o término do tratamento, houve piora das lesões, com sinais de infecção secundária, sendo necessárias hospitalização e terapia com antibiótico e corticoide oral, com melhora progressiva. Biópsias das lesões foram compatíveis com farmacodermia. O paciente teve resposta virológica sustentada, apesar dos efeitos adversos. Tinha história de farmacodermia há um ano, atribuída ao uso de topiramato, responsiva a corticoterapia oral.
Conclusão
Os tratamentos livres de interferon raramente causam eventos adversos graves, como lesões cutâneas. Pacientes em uso de ribavirina e com história de farmacodermia ou doença cutânea prévia podem ser mais susceptíveis. Não existe consenso sobre como prevenir reações cutâneas nesses pacientes.
Hepatite C; Antivirais; Efeitos colaterais e reações adversas relacionados a medicamentos; Síndrome mão-pé