RESUMO
Objetivo:
avaliar as práticas nutricionais em unidade de cuidados intensivos neonatais (UCIN) associadas a déficit de crescimento em recém-nascidos pré-termo (RNPT).
Métodos:
estudo retrospectivo de RNPT com peso entre 500 e 1.499 g internados em UCIN. Analisaram-se: evolução do crescimento e práticas de nutrição parenteral (NP) e enteral (NE).
Resultados:
dentre 184 RNPT divididos em G1 (500 a 990 g; n=63) e G2 (1.000 a 1.499 g; n=121), 169 receberam NP (G1=63; G2=106). Comparando-se com as recomendações, a NP foi iniciada tardiamente, sua progressão foi lenta e as ofertas máximas de glicose, aminoácidos, lipídios e energia foram baixas nos dois grupos. A oferta inicial de aminoácido e lipídio e a inicial e máxima de glicose e energia foram menores no G1. O início da NE foi precoce (1 a 2 dias), o tempo para atingir NE exclusiva foi adequado (11 a 15 dias), e o uso de leite humano foi possível por tempo razoável (7 a 13 dias). A análise multivariada mostrou que a síndrome do desconforto respiratório e o alcance tardio da oferta de 120 kcal/kg/dia aumentaram a chance de perda de peso superior a 10%. Sepse, oferta energética máxima por NP < 60 kcal/kg/dia e alcance tardio da oferta de 120 kcal/kg/dia aumentaram a chance de recuperar o peso de nascimento após 14 dias, enquanto a condição de pequeno para idade gestacional (PIG) ao nascimento reduziu essa chance. PIG ao nascimento, sepse e alcance de NE exclusiva após 14 dias aumentaram a chance de ser PIG na idade pós-conceptual de termo.
Conclusão:
aprimorar as práticas nutricionais em UCIN pode reduzir o déficit de crescimento em prematuros de muito baixo peso ao nascer.
Palavras-chave:
prematuro; nutrição enteral; nutrição parenteral; recém-nascido de muito baixo peso