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Quando tratar infecções fúngicas à beira de um leito de uma UTI?

À BEIRA DO LEITO

MEDICINA BASEADA EM EVIDÊNCIAS

Quando tratar infecções fúngicas à beira de um leito de uma UTI?

Luiz Fernando Aranha Camargo; Alexandre Marra

A pergunta de quando tratar uma infecção fúngica à beira do leito de uma terapia intensiva, além de ser difícil de se responder, é uma prática clínica difícil de ser realizada. O isolamento de Candida spp em secreção traqueal deve receber fluconazol? E se for na urina? Se não fizer bem, mal não faz. São sempre as mesmas perguntas e as mesmas respostas de quem os prescreve nas situações descritas acima.

Quando há isolamento de Candida spp na corrente sangüínea, por estar associado freqüentemente à evidência clínica de sepse e alta mortalidade, deve ser instituído rapidamente o tratamente antifúngico1. Se formos seguir as recomendações do IDSA (Infectious Diseases Society of América)2, devemos utilizar anfotericina B ou fluconazol endovenoso para terapia empírica de pacientes não neutropênicos com suspeita de candidíase disseminada se houver isolamento de Candida em mais de dois locais (aí sim secreção traqueal), além de outros fatores de risco para candidemia3, como por exemplo, terapia antimicrobiana, presença de cateter central e hemodiálise, em pacientes que apresentam febre e não exista outra explicação.

Ou seja, não é o simples fato do isolamento deste patógeno em outros locais que nos obriga a utilizar uma droga que possa ser nefrotóxica ao paciente (anfotericina B) ou uma outra droga que possa ter menos efeitos colaterais, mas induzir resistência a várias espécies de Candida, principalmente as não-albicans.

Uma minoria de pacientes com candidúria apresentam infecções sistêmicas com envolvimento renal adquirido por via hematogênica. Em estudo randomizado, duplo-cego, placebo, utilizando fluconazol para o tratamento de candidúria assintomática4, verificou-se que o fluconazol é eficaz e seguro para o tratamento por 14 dias para a erradicação da candidúria, porém os pacientes que receberam fluconazol ou placebo tiveram taxas de candidúria semelhantes após as duas semanas de tratamento. Fato interessante é que esta se resolveu espontaneamente em 40% dos pacientes que tiveram a retirada ou a troca do cateter vesical.

Finalizando, esta é uma decisão que ainda é difícil de ser tomar à beira do leito, porém já existem evidências como podemos ver para quando não tratar uma suspeita de infecção fúngica.

Referências

1.Wey SB, Mori M, Pfaller MA, Woolson RF, Wenzel RP. Hospital acquired candidemia: the attributable mortality and excess length of stay. Arch Intern Med 1988;148:2642-5.

2.Rex JH, Walsh TJ, Sobel JD, Filler SG, Pappas PG, Dismukes WE, et al. JE. Practice Guidelines for the treatment of Candidiasis. CID 2000;30:662-78.

3.Wey SB, Mori M, Pfaller MA, Woolson RF, Wenzel RP. Risk factors for hospital-acquired candidemia: a matched case-control study. Arch Intern Med 1989;149:2349-53.

4.Sobel JD, Kauffman CA, McKinsey D, et al. Candiduria: a randomized, double-blind study of treatment with fluconazole and placebo. CID 2000;30:19-24.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Abr 2003
  • Data do Fascículo
    Jan 2003
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