OBJETIVO. Identificar correlação entre duração do tratamento dialítico, gravidade da doença renal cística adquirida (DRCA) medida pelo tamanho dos cistos e seu efeito sobre a correção espontânea da anemia. MATERIAL E MÉTODOS. Foram selecionados dez pacientes, seis do sexo masculino e quatro do feminino, com mais de cinco anos em tratamento dialítico. Nenhum paciente selecionado tinha doença renal policística bilateral como doença primária. A avaliação renal foi feita com ultra-sonografia. DRCA foi caracterizada pela presença de quatro ou mais cistos em cada rim. Os maiores cistos foram medidos para efeito de correlação. O diagnóstico da anemia foi estabelecido pelo valor do hematócrito e da hemoglobina séricos. Foram analisados, também, uréia, creatinina, albumina, ferro, capacidade total de combinação do ferro e o percentual de saturação da transferrina séricos. RESULTADOS. Os pacientes estavam adequadamente dialisados (uréia e creatinina séricas = 98,7 ± 35mg/dL e 9,7 ± 2,7mg/dL, respectivamente), com bom estado nutricional (albumina sérica = 4,5 ± 0,5g/dL), e tinham razoável reserva de ferro (ferro sérico = 80 ± 34mg/dL). A prevalência de DRCA foi de 80%. Não detectamos nenhum sinal ultra-sonográfico de malignidade nesses cistos. Houve correlação significante entre tempo de diálise e hematócrito (R = 0,70; p < 0,05). O tamanho dos cistos teve correlação direta e significante com os valores do hematócrito (R = 0,74; p < 0,05). CONCLUSÕES. Os resultados mostram que a melhora espontânea da anemia observada nos pacientes em diálise crônica se correlaciona de forma significante com a gravidade da doença renal cística adquirida. Isso sugere uma atividade funcional dos cistos renais na produção de eritropoetina.
Insuficiência renal crônica; Doença renal cística adquirida; Anemia; Eritropoetina; Hemodiálise