Resumo
Introdução:
Tornar-se médico é um processo bastante complexo. Fatores relacionados a personalidade do aluno, processo educacional e experiência diária com dor e morte contribuem para vivências psicoemocionais peculiares, nem sempre devidamente investigadas durante a formação médica.
Objetivo:
Estimar a prevalência de transtornos mentais comuns (TMC) e fatores associados durante os seis anos de graduação entre todos os estudantes de uma turma de medicina de uma universidade pública brasileira.
Método: Estudo transversal por inquéritos repetidos. Todos os 40 alunos admitidos em 2006 na escola médica pesquisada foram incluídos no estudo e avaliados anualmente até 2011 através do SRQ-20 e de um questionário estruturado elaborado pelos autores sobre aspectos sócio-demográficos, pessoais e educacionais. Realizadas regressão logística e análise de correspondência.
Resultados:
Os 40 calouros na primeira avaliação tinham média de idade de 20 anos (DP=2,4), sendo 57,5% do sexo feminino e 41% aprovados no terceiro vestibular. A prevalência TMC aumentou ao longo do curso: de 12,5% no primeiro ano para 43,2% no quinto. As seguintes variáveis foram potencialmente associadas à TMC no quinto ano: sexo feminino (RP=1,38), originários de capitais (RP=1,97), achar o curso menos do que esperava (RP=3,20), ter desconforto com as atividades do curso (RP=2,10), estar insatisfeito com estratégias de ensino (RP=1,38) e sentir que o curso não é fonte de prazer (RP=2,06) sendo R2=28,8% e AIC=60,04.
Conclusão:
Fatores potencialmente associados com alta prevalência de TMC foram relacionados à formação médica, mostrando que é necessário implementar medidas preventivas e revisão do processo educacional no intuito de reduzir os danos causados pelo desenvolvimento de TMC.
Palavras-chave:
transtornos mentais; estudantes de medicina; saúde mental; educação médica; saúde ocupacional