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Preparo do colo uterino e indução do parto

Panorama Internacional

Obstetrícia

PREPARO DO COLO UTERINO E INDUÇÃO DO PARTO

A indução do parto, realizada em aproximadamente 20% das gestantes no Reino Unido, pode ser benéfica em várias circunstâncias clínicas: restrição ao crescimento intra-uterino, condições intra-uterinas potencialmente de risco à saúde fetal, rotura prematura das membranas, pré-eclampsia, gestação pós-termo. Em algumas condições sociais, excluídos os possíveis prejuízos ao concepto e os riscos maternos, a indução do parto também pode ser indicada.

Estabelecidas a necessidade e a conveniência de se induzir o parto, a técnica mais eficaz deve ser eleita. Várias características clínicas constituem fatores que podem influir na escolha do método: condições cervicais (favorável/desfavorável), estado das membranas ovulares (íntegras/rotas), cicatriz uterina prévia (presente/ausente), paridade (nulípara/multípara).

As condições cervicais desfavoráveis, diagnosticadas pela aplicação do Índice de Bishop, inegavelmente é o mais importante obstáculo ao sucesso da indução do parto, quanto ao nascimento por via vaginal, merecendo um enfoque especial. Vários ensaios clínicos realizados nas décadas de 80 e 90 permitiram a escolha da PGE2 (dino-prostone) quanto à eficácia para o preparo do colo na pré-indução. Entretanto, devido às dificuldades na sua conservação e ao seu alto custo, sua utilização restringiu a sua aplicação a número limitado de serviços. Com o surgimento do análogo sintético, a PGE1 (misoprostol), de fácil conservação e de baixíssimo custo (100 vezes menos oneroso), a década de 90 (segunda metade) foi inundada de trabalhos sobre sua utilização tanto no preparo de colo quanto na indução do parto.

Pandis et al.2, em trabalho prospectivo e randomizado, realizam um estudo comparativo em 435 pacientes com indicação para a indução do parto. Em um grupo de 210 gestantes foi utilizado 50 mg de Misoprostol (cada 6 horas, via vaginal) e em outro grupo de 225 gestantes foi aplicado Dinoprostone gel, 2 mg por via vaginal. Seus resultados apontam para a vantagem da utilização do Misoprostol em vários tópicos: menor duração do parto, maior número de partos por via vaginal em 12 e 24 horas, necessidade de menores quantidades de ocitocina. Por outro lado, os índices de cesárea, a hiperestimulação uterina, a incidência de sofrimento fetal intraparto, as complicações maternas e neonatais foram semelhantes.

Comentário

Em contexto nacional, é muito pertinente o enfoque dos métodos de preparo de colo e indução do parto, consentâneo com os esforços dos órgãos oficiais para a obtenção do parto por vias naturais. É indubitável a premência da necessidade de se estabelecer, em definitivo, as nuanças técnicas da utilização desse análogo sintético da prostaglandina, o Misoprostol, uma vez que este produto está disponível no mercado brasileiro desde o final do ano 2001, em apresentações de 25 mg em cada comprimido de uso vaginal, o que facilita sua manipulação.

SEIZO MIYADAHIRA

Referências

1. Hofmeyer GJ, Alfirevic Z, Kelly T, Kavanagh J, Thomas J, Brocklehurst P, et al. Methods for cervical ripening and labor induction in late pregnancy: generic protocol (Protocol for Cochrane Review). In: The Cochrane Library, Issue 1; 2002. Oxford: Update Software.

2. Pandis GK, Papageorghiou AT, Otigbah CM, Howard RJ, Nicolaides KH. Randomized study of vaginal misoprostol (PGE1) and dinoprostone gel (PGE2) for induction of labor at term. Ultrasound Obstet Gynecol 2001; 18:629-35.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Ago 2002
  • Data do Fascículo
    Mar 2002
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