Resumo
A síndrome do comer noturno (SCN) caracteriza-se por ingestão calórica ≥ 25% do total diário após o jantar e/ou por dois ou mais despertares noturnos semanais acompanhados de alimentação. As causas da SCN não estão totalmente esclarecidas e parecem envolver uma dessincronização entre os ritmos circadianos de alimentação e sono, resultando em um atraso do padrão alimentar. Estimativas da prevalência de SCN na população geral estão em torno de 1,5% e, embora frequências bem mais elevadas tenham sido descritas em obesos, uma relação de causalidade entre SCN e obesidade não está claramente estabelecida. Desde os primeiros relatos da SCN, várias modalidades de tratamento têm sido propostas, embora, em muitos casos, a evidência ainda seja insuficiente e não exista um consenso sobre a abordagem ideal. Com o objetivo de realizar uma revisão crítica dos tratamentos propostos para a SCN, desde sua descrição original, foi realizada uma busca sistemática de artigos publicados nos periódicos indexados na base de dados MedLine / Pubmed entre 1955 e 2015. Dezessete artigos, abordando terapias não farmacológicas ou farmacológicas, preencheram os critérios de seleção. Com base nos artigos analisados, conclui-se que os agentes serotonérgicos e intervenções psicológicas, particularmente, a terapia cognitivo-comportamental, têm mostrado eficácia no tratamento da SCN. Uma combinação de terapias não farmacológicas e farmacológicas precisa ser considerada em estudos futuros sobre o tratamento desses pacientes.
Palavras-chave: ritmo circadiano; obesidade; transtornos alimentares; transtornos do sono