RESUMO
Gradientes de elevação são modelos úteis para testar como a variação de fatores abióticos e perturbações antrópicas modulam a estrutura populacional de espécies vegetais. Apesar da pequena amplitude de altitude, as serras da região semiárida do Brasil estão sujeitas a diferentes níveis de pressão antrópica. Nós investigamos se os parâmetros estruturais de duas espécies (Croton blanchetianus Baill. e Cenostigma piyramidele (Tul.) Gagnon & G.P. Lewis) com ampla distribuição na Caatinga variam ao longo de um gradiente de elevação. Estabelecemos 45 parcelas em três níveis de elevação. A seguir foram calculados abundância, porcentagem de indivíduos perfilhados, número de perfilhos, diâmetro médio, altura média, área basal e biomassa aérea em cada parcela. Além disso, registramos seis métricas de Distúrbio Antrópico Crônico (DAC) em cada parcela. Testamos se os parâmetros das espécies diferiam entre os níveis de elevação e avaliamos a influência do DAC nos parâmetros estruturais de cada espécie. A abundância, a porcentagem de indivíduos perfilhados e o número de perfilhos foram maiores na base do gradiente para as duas espécies. As métricas do DAC influenciaram significativamente a abundância e o número de perfilhos, mostrando que há aumento destes parâmetros nas áreas mais perturbadas. A elevada capacidade de regeneração de espécies de florestas secas proporciona resiliência; no entanto, pode contribuir para a proliferação de populações de espécies generalistas tolerantes a ambientes com valores altos de CAD. O estudo destaca observações relevantes relacionadas à ecologia e distribuição das populações de plantas da Caatinga, principalmente relacionadas ao gradiente de elevação reconhecido como importantes refúgios de biodiversidade nesta região do Brasil.
Palavras-Chave: Estrutura populacional; Altitude; Espécies generalistas