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Acurácia diagnóstica da tomografia computadorizada localizada do apêndice nos casos clinicamente duvidosos de apendicite aguda

Resumo de Artigo

Acurácia diagnóstica da tomografia computadorizada localizada do apêndice nos casos clinicamente duvidosos de apendicite aguda.

Wijetunga R, Tan BS, Rouse JC, Bigg-Wither GW, Doust BD. Diagnostic accuracy of focused appendiceal CT in clinically equivocal cases of acute appendicitis. Radiology 2001;221:747–53.

O diagnóstico clínico de apendicite aguda apresenta taxas de falso-positivos e falso-negativos de cerca de 20%, sendo necessária, portanto, a utilização de métodos diagnósticos complementares. Além disso, muitos pacientes apresentam achados clínico-laboratoriais duvidosos, tornando o diagnóstico de apendicite ainda mais complicado.

O objetivo deste estudo foi determinar a acurácia diagnóstica de um protocolo de tomografia computadorizada (TC) localizada no apêndice, com uso apenas de contraste oral, para excluir ou confirmar a presença de apendicite aguda, em pacientes que se apresentaram com sinais e sintomas atípicos de apendicite.

Foram estudados 100 pacientes (55 mulheres e 45 homens, com idades entre 14 e 81 anos, média de 30,6 anos) com suspeita clínica de apendicite, mas que não apresentavam quadro clínico-laboratorial típico. O preparo oral foi feito com solução de 60 ml de sorbitol e 30 ml de diatrizoato de meglumina e diatrizoato de sódio, diluídos em 1 litro de água, e administrados ao paciente durante uma hora. A TC helicoidal foi realizada em posição supina, 1,5 hora após o início do preparo, com colimação de 5 mm, "pitch" de 1, através de uma extensão de 12 a 15 cm do quadrante inferior direito do abdome, incluindo o cólon ascendente proximal, ceco, apêndice e pelve.

Os resultados foram interpretados como sendo positivos para apendicite se apresentaram três ou mais dos seguintes critérios: apêndice maior que 6 mm de diâmetro máximo; ausência de contraste no lúmen do apêndice; alterações inflamatórias na gordura periapendiceana, como borramento da gordura ou fleimão, bolhas de gás extraluminais, coleções de líquido ou aumento de linfonodos; presença de apendicólito (um ou mais) ou espessamento da parede do ceco.

Os resultados foram negativos para apendicite se o lúmen do apêndice se encheu completamente de contraste ou ar; o lúmen continha ar e contraste e diâmetro máximo menor ou igual a 6 mm; a parede do apêndice era menor que 2 mm ou não havia inflamação periapendiceana. Se o apêndice não foi visualizado, a ausência de apendicite foi diagnosticada com base na ausência de inflamação periapendiceana.

Dos 100 pacientes estudados, 30 tinham achados positivos para apendicite, sendo o apêndice visualizado em 28. Nos outros dois pacientes o apêndice não foi visualizado devido à sua ruptura, havendo abscesso na fossa ilíaca direita, o que sugeriu o diagnóstico. Destes 30 pacientes, 28 foram verdadeiro-positivos. Os dois falso-positivos foram devidos a uma diverticulite cecal e uma periapendicite.

Dos 70 pacientes com achados negativos, o apêndice foi visto em 65. Dos cinco restantes, um tinha ruptura do apêndice, um tinha apêndice normal e três tinham outras doenças inflamatórias. Destes 70 pacientes, 68 foram verdadeiro-negativos, e os dois falso-negativos foram devidos a uma apendicite perfurada e um apêndice com inflamação inicial (mucosa e submucosa apenas). Em 23, um diagnóstico alternativo foi feito.

A sensibilidade foi de 93,3% (28 de 30), especificidade de 97,1% (68 de 70) e acurácia de 96% (96 de 100) para o diagnóstico tomográfico de apendicite aguda.

O uso do contraste oral tem o inconveniente do tempo de espera (1,5 hora), mas a dispensa do uso do contraste retal simplifica o procedimento para o radiologista e para o paciente. Além disso, o uso apenas do contraste retal pode não opacificar o apêndice normal em alguns pacientes, e propiciar a sua ruptura pela pressão hidrostática aplicada.

As desvantagens da TC localizada, em relação à abdomino-pélvica, são a dificuldade de identificar o ceco em alguns pacientes e a falha na demonstração de outras doenças intra-abdominais. Porém, a TC localizada tem a vantagem de ser rápida, acarretar menos radiação para o paciente e ter boa acurácia diagnóstica.

Em conclusão, este estudo alcança altos níveis de sensibilidade, especificidade e acurácia no diagnóstico da apendicite aguda em casos duvidosos, com uso apenas do contraste oral, podendo se tornar o modo de investigação definitivo para este subgrupo de pacientes.

Carolina Pereira Mendes

Médica Residente (R3) do Serviço

de Radiodiagnóstico do HUCFF-UFRJ

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Jul 2002
  • Data do Fascículo
    Jun 2002
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