RESUMO DE ARTIGO
Aperfeiçoamento do diagnóstico das alterações de perfusão hepática: valor da fase arterial hepática durante a tomografia computadorizada helicoidal
Douglas Teixeira Freire; Lílian Soares Couto
Monitores de Radiologia da Faculdade de Medicina de Teresópolis (FMT) Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO)
Quiroga S, Sebastià C, Pallisa E, Castellà E, Pérez-Lafuente M, Alvarez-Castells A. Improved diagnosis of hepatic perfusion disorders: value of hepatic arterial phase imaging during helical CT. RadioGraphics 2001;21:6581.
O duplo suprimento sanguíneo do fígado provém em 25% da artéria hepática e 75% da veia porta. No começo da fase arterial hepática (20 a 30 segundos após a administração do meio de contraste) o parênquima não é realçado porque o contraste não alcançou a veia porta; este é o melhor momento para visualizar tumores hipervascularizados. A fase venosa portal é melhor para tumores hipovascularizados, como metástases, que recebem pouco fluxo arterial hepático.
"Shunt" arterioportal É uma comunicação funcional entre ramos da artéria hepática e o sistema venoso portal, o que resulta em uma redistribuição do fluxo arterial para uma região focal da veia porta. Os achados na tomografia computadorizada (TC) helicoidal incluem: a) realce durante a fase arterial hepática, antes que a veia porta seja opacificada; b) realce tanto no ramo periférico quanto na própria veia porta, sem opacificação das veias esplênica e mesentérica superior.
Obstrução da veia porta A alteração da perfusão hepática na maioria das vezes se deve a uma obstrução do fluxo venoso que, por sua vez, resulta geralmente de trombose venosa portal, invasão tumoral, compressão ou ligação cirúrgica.
Cirrose hepática A cirrose hepática é principalmente causada por necrose do parênquima, que é seguida pela deposição de tecido conjuntivo, regeneração nodular, distorção da arquitetura lobular e vascular hepática, gerando uma hipertensão portal. A cirrose altera o fluxo dinâmico do fígado, resultando em um aumento do fluxo arterial e diminuição do fluxo portal.
Neoplasias hepáticas Os tumores hepáticos podem produzir uma variedade de transição de alta atenuação nas imagens da fase arterial hepática devido à compressão portal.
Trauma hepático Trauma abdominal e intervenções podem gerar comunicações entre artéria e veia porta ou produzir um "shunt" arterioportal funcional por lesão da veia porta, tal como trombose desta.
Obstrução da veia hepática A oclusão da veia hepática leva ao aumento da pressão sinusoidal e inverte o gradiente de pressão entre as veias sinusoidais e portais, resultando em um "shunt" arterioportal funcional. A oclusão pode ser secundária a insuficiência cardíaca direita, doença pericárdica, síndrome de Budd-Chiari ou fibrose mediastinal.
Mudanças inflamatórias Inflamação local pode causar vasodilatação na artéria hepática e parada do fluxo portal regional. A inflamação é vista como alta atenuação na imagem da fase arterial hepática, que retorna à atenuação normal na imagem da fase portal.
Suprimento sanguíneo anormal Estas lesões são, por vezes, vistas na TC como áreas poupadas no fígado ou com áreas de infiltração focal de gordura, provavelmente secundárias a elementos nutricionais ou hormonais.
Compressão do parênquima hepático O fluxo sanguíneo pela veia hepática está reduzido quando há aumento da pressão no parênquima hepático e, com isso, aumento do influxo para o segmento afetado por uma compressão. Esta alteração hemodinâmica pode indicar um sistema de baixa pressão na veia porta, que pode ser afetado por mudanças na pressão hepática.
Comentário sobre o artigo
Marcelo Souto Nacif
Professor de Radiologia da FMT-FESO
O artigo apresenta o espectro das alterações na perfusão hepática que pode ser diagnosticado pela TC helicoidal e que muitas vezes pode ser negligenciado pela TC convencional.
Os radiologistas devem ter em mente que áreas de alta atenuação na fase arterial hepática podem representar alteração na perfusão hepática, e que o conhecimento da hemodinâmica do fígado e da sua fisiopatologia torna-se importante, ainda mais nos tempos atuais, em que a TC helicoidal pode afastar diagnósticos falso-positivos.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
26 Abr 2004 -
Data do Fascículo
Fev 2004