Resumo
Embora evidências crescentes apoiem a monitoração da perfusão periférica em pacientes sépticos, nenhuma revisão sistemática foi feita para explorar a força da associação entre a má perfusão avaliada na microcirculação dos tecidos periféricos e a mortalidade. Uma busca nas bases de dados mais importantes foi feita para encontrar artigos publicados até fevereiro de 2018 que correspondessem aos critérios deste estudo, com diferentes palavras-chave: sepse, mortalidade, prognóstico, microcirculação e perfusão periférica. Os critérios de inclusão foram estudos que avaliaram a associação entre perfusão/microcirculação periférica e mortalidade em sepse. Os critérios de exclusão adotados foram os seguintes: artigos de revisão, estudos com animais/pré-clínicos, metanálises, resumos, anais de congressos, editoriais, cartas, relatos de casos, artigos duplicados e artigos que não continham resumos e/ou texto. Foram selecionados 26 artigos nos quais 2465 pacientes com sepse foram avaliados com pelo menos um método reconhecido para monitorar a perfusão periférica. A revisão demonstrou um grupo heterogêneo de pacientes gravemente enfermos com uma taxa de mortalidade entre 3% e 71% (mediana = 37% [28%-43%]). Os métodos de avaliação mais comumente usados foram a espectroscopia na região do infravermelho próximo (Near-Infrared Spectroscopy - NIRS) (7 artigos) e a análise de imagens em campo escuro (Sidestream Dark-Field - SDF) (5 artigos). O leito vascular mais avaliado foi a microcirculação sublingual/bucal (8 artigos), seguida pela ponta do dedo (4 artigos). A maioria dos estudos (23 artigos) demonstrou uma clara relação entre má perfusão periférica e mortalidade. Em conclusão, o diagnóstico de hipoperfusão/anormalidades microcirculatórias em órgãos não vitais periféricos foi associado ao aumento da mortalidade. No entanto, estudos adicionais devem ser feitos para verificar se essa associação pode ser considerada um marcador da gravidade ou um fator desencadeante da falência de órgãos na sepse.
PALAVRAS-CHAVE
Perfusão; Microcirculação; Mortalidade; Sepse; Revisão
Abstract
Although increasing evidence supports the monitoring of peripheral perfusion in septic patients, no systematic review has been undertaken to explore the strength of association between poor perfusion assessed in microcirculation of peripheral tissues and mortality. A search of the most important databases was carried out to find articles published until February 2018 that met the criteria of this study using different keywords: sepsis, mortality, prognosis, microcirculation and peripheral perfusion. The inclusion criteria were studies that assessed association between peripheral perfusion/microcirculation and mortality in sepsis. The exclusion criteria adopted were: review articles, animal/pre-clinical studies, meta-analyzes, abstracts, annals of congress, editorials, letters, case-reports, duplicate and articles that did not present abstracts and/or had no text. In the 26 articles were chosen in which 2465 patients with sepsis were evaluated using at least one recognized method for monitoring peripheral perfusion. The review demonstrated a heterogeneous critically ill group with a mortality-rate between 3% and 71% (median = 37% [28%-43%]). The most commonly used methods for measurement were Near-Infrared Spectroscopy (NIRS) (7 articles) and Sidestream Dark-Field (SDF) imaging (5 articles). The vascular bed most studied was the sublingual/buccal microcirculation (8 articles), followed by fingertip (4 articles). The majority of the studies (23 articles) demonstrated a clear relationship between poor peripheral perfusion and mortality. In conclusion, the diagnosis of hypoperfusion/microcirculatory abnormalities in peripheral non-vital organs was associated with increased mortality. However, additional studies must be undertaken to verify if this association can be considered a marker of the gravity or a trigger factor for organ failure in sepsis.
KEYWORDS
Perfusion; Microcirculation; Mortality; Sepsis; Review
Introdução
A sepse é definida como uma disfunção orgânica de risco para a vida, causada por uma resposta desregulada do hospedeiro à infecção, e motivo de grande preocupação em saúde pública.11 Rhodes A, Evans LE, Alhazzani W, et al. Surviving sepsis campaign: international guidelines for management of sepsis and septic shock: 2016. Intensive Care Med. 2017;43:304-77. Prever e identificar possíveis alterações em não sobreviventes de sepse precoce e tratar esses pacientes de maneira diferente persiste como uma ideia atraente para melhorar o tratamento e os resultados.
Na microcirculação de pacientes sépticos, o padrão heterogêneo do fluxo sanguíneo gera hipoperfusão tecidual e incapacidade celular de extrair e usar adequadamente o oxigênio, o que compromete o metabolismo celular aeróbico e a função orgânica.22 Sakr Y, Dubois MJ, De Backer D, et al. Persistent microcirculatory alterations are associated with organ failure and death in patients with septic shock. Crit Care Med. 2004;32:1825-31.
3 Doerschug KC, Delsing AS, Schmidt GA, et al. Impairments in microvascular reactivity are related to organ failure in human sepsis. Am J Physiol Heart Circ Physiol. 2007;293:H1065-71.-44 Assunção MS, Corrêa TD, Bravim BA, et al. How to choose the therapeutic goals to improve tissue perfusion in septic shock. Einstein (São Paulo). 2015;13:441-7. Portanto, a manutenção adequada da perfusão de órgãos vitais e a recuperação da homeostase continuam a ser objetivos essenciais do tratamento.11 Rhodes A, Evans LE, Alhazzani W, et al. Surviving sepsis campaign: international guidelines for management of sepsis and septic shock: 2016. Intensive Care Med. 2017;43:304-77.,44 Assunção MS, Corrêa TD, Bravim BA, et al. How to choose the therapeutic goals to improve tissue perfusion in septic shock. Einstein (São Paulo). 2015;13:441-7. Embora a monitoração da macrocirculação seja tradicionalmente usada para gerenciar a perfusão sistêmica,11 Rhodes A, Evans LE, Alhazzani W, et al. Surviving sepsis campaign: international guidelines for management of sepsis and septic shock: 2016. Intensive Care Med. 2017;43:304-77.,44 Assunção MS, Corrêa TD, Bravim BA, et al. How to choose the therapeutic goals to improve tissue perfusion in septic shock. Einstein (São Paulo). 2015;13:441-7. vários estudos demonstraram que a monitoração da microcirculação periférica, especialmente em órgãos não vitais, é capaz de prever a sobrevivência22 Sakr Y, Dubois MJ, De Backer D, et al. Persistent microcirculatory alterations are associated with organ failure and death in patients with septic shock. Crit Care Med. 2004;32:1825-31.,33 Doerschug KC, Delsing AS, Schmidt GA, et al. Impairments in microvascular reactivity are related to organ failure in human sepsis. Am J Physiol Heart Circ Physiol. 2007;293:H1065-71.,55 He HW, Liu DW, Long Y, et al. The peripheral perfusion index and transcutaneous oxygen challenge test are predictive of mortality in septic patients after resuscitation. Crit Care. 2013;17:116-25. e forneceu novos insights sobre o entendimento da dinâmica da perfusão tecidual e da falência de órgãos.66 Moore JPR, Dyson A, Singer M, et al. Microcirculatory dysfunction and resuscitation: why, when and how. Br J Anaesth. 2015;115:366-75.
7 Lima A, Bakker J. Clinical monitoring of peripheral perfusion: there is more to learn. Crit Care. 2014;18:113-5.
8 Hernandez G, Luengo C, Bruhn A, et al. When to stop septic shock resuscitation: clues from a dynamic perfusion monitoring. Ann Intensive Care. 2014;4:30-8.-99 Lima A, Bakker J. Noninvasive monitoring of peripheral perfusion. Intensive Care Med. 2005;31:1316-26.
A avaliação da circulação periférica tornou-se mais fácil após a introdução de novos dispositivos não invasivos, bem como de sistemas padronizados de escores clínicos. A microcirculação pode ser avaliada à beira do leito, direta ou indiretamente, na mucosa sublingual ou bucal com imagem espectral de polarização ortogonal (Orthogonal Polarization Spectral - OPS), análise de imagens em campo escuro (Sidestream Dark-Field - SDF) ou fluxometria com laser Doppler (Laser Doppler Flowmetry - LDF); no músculo, com espectroscopia na região do infravermelho próximo (Near-Infrared Spectroscopy - NIRS); nos vasos retinianos com a angiografia fluoresceínica (Fluorescein Angiography - FA); e na pele com o índice de perfusão (IP), o mottling score (que avalia a alteração da coloração da pele), o tempo de enchimento capilar (TEC), os gradientes de temperatura ou o teste de desafio do oxigênio (Oxygen Challenge Test - OCT).99 Lima A, Bakker J. Noninvasive monitoring of peripheral perfusion. Intensive Care Med. 2005;31:1316-26.,1010 Hasanin A, Mukhtar A, Nassar H. Perfusion indices revisited. J Intensive Care. 2017;5:24-31. Embora evidências crescentes oriundas da literatura apoiem a monitoração da perfusão periférica em pacientes sépticos, normalmente com alguns desses métodos, nenhuma revisão sistemática foi feita para explorar a força da associação entre a má perfusão avaliada nos tecidos periféricos e a mortalidade na sepse. Portanto, esta revisão sistemática foi motivada precisamente com este objetivo: verificar se há evidências claras dessa associação antes do desenvolvimento de uma futura terapia guiada com base no achado à beira do leito da perfusão periférica.
Métodos
Estratégia de busca
Os itens contidos no Prisma que orientam a descrição de revisões sistemáticas e metanálises foram usados.
A pesquisa eletrônica foi feita nas bases de dados Cochrane Central Register of Controlled Trials (Central), Medline, Embase, Scopus e Web of Science até fevereiro de 2018 para identificar estudos relevantes. Na estratégia de busca, não foram usados filtros que limitassem a data de publicação, o idioma e o tipo do artigo. Não foi usado um limite de tempo para a data inicial da pesquisa. Embora isso pareça dificultar a pesquisa por aumentar o tempo, o objetivo era justamente tornar a pesquisa a mais ampla possível. Os desenhos dos estudos não foram restritos porque, embora as “avaliações do risco de mortalidade” sejam classicamente estudadas em “estudos observacionais” (prospectivos ou retrospectivos), essa seleção foi feita na triagem manual por cada um dos autores. A estratégia de busca estruturada foi projetada para identificar qualquer documento publicado que avaliasse a perfusão periférica (com qualquer método) e a mortalidade em pacientes com sepse, ou qualquer informação sobre essas palavras, com o objetivo de tornar a revisão a mais abrangente possível.
A estratégia de busca incluiu palavras-chave e títulos de assuntos médicos para sepse, microcirculação, mortalidade e perfusão periférica.
Desfechos
O desfecho primário foi avaliar a associação entre má perfusão tecidual periférica e mortalidade na sepse.
Inicialmente, os títulos relacionados ao assunto foram selecionados. Essa seleção foi baseada nos títulos que abordaram como ideia principal o índice de perfusão periférica e a taxa de mortalidade em pacientes com sepse. No fim dessa etapa, todos os títulos duplicados foram excluídos.
Os artigos identificados pela estratégia de busca inicial foram avaliados em conjunto por dois autores. Nos casos em que não houve consenso, uma revisão independente foi feita. Os artigos foram selecionados de acordo com os seguintes critérios de inclusão: estudos que avaliaram a correlação entre o índice de perfusão periférica e a mortalidade em pacientes com sepse. Os critérios de exclusão foram artigos de revisão, estudos com animais, estudos pré-clínicos, metanálises, resumos, anais de congressos, editoriais, cartas, relatos de casos, estudos duplicados e artigos que não apresentavam resumos e/ou não tinham texto.
Subsequentemente, dois autores revisaram em conjunto os resumos dos artigos selecionados para confirmar a relevância para o estudo. Quando o título e o resumo não forneciam informações suficientes, o artigo era lido na íntegra, impediu-se assim que estudos importantes fossem deixados fora desta revisão sistemática.
Extração de dados
Os dados foram extraídos por um revisor e verificados por outro. As informações a seguir foram extraídas de todos os estudos: primeiro autor, ano de publicação e país, metodologia, resultados, fonte de sepse e escores dos índices relacionados à gravidade, tais como o que avalia a gravidade da doença crônica e aguda com base na fisiologia (Physiology and Chronic Health Evaluation - Apache), o que faz uma avaliação sequencial da falência de órgãos (Sequential Organ Failure Assessment - SOFA), além de pressão arterial média (PAM), frequência cardíaca (FC), perfusão periférica, saturação de oxigênio e mortalidade por sepse. A estratégia de busca é apresentada na figura 1.
Fluxograma dos artigos incluídos. Os artigos que não estavam relacionados aos estudos primários de prognóstico foram excluídos de acordo com os seguintes critérios: estudos duplicados, artigos que não apresentavam resumos e/ou nenhum texto, artigos não exibidos na íntegra (resumos, relatos de conferências, apresentação em pôsteres, editoriais, cartas, relatos de caso), revisões ou metanálises, estudos com animais ou pré-clínicos e aqueles cujos temas não atenderam aos critérios deste estudo.
Avaliação da qualidade
Para avaliar a qualidade dos estudos incluídos, a versão original (para estudos de caso-controle e de coorte) e uma versão modificada (para estudos transversais) da escala de Newcastle-Ottawa (Newcastle-Ottawa Scale - NOS) foram usadas. As análises foram feitas por dois pesquisadores de forma independente. Os critérios da NOS receberam escores com base em três aspectos: (i) seleção, (ii) comparabilidade e (iii) exposição ou resultado. Os escores totais da NOS variam de 0 (mais baixo) a 9 (mais alto) para estudos de caso-controle e de coorte e de 0 a 10 para estudos transversais. Aqueles que obtiveram escores acima da mediana foram classificados como estudos de alta qualidade: cinco para estudos de caso-controle e de coorte e seis para estudos transversais. Qualquer discrepância entre os dois pesquisadores nos escores NOS dos estudos inscritos foi resolvida por discussão ou consulta a um terceiro pesquisador.
Resultados
Seleção dos estudos
Foram encontrados 1.344 artigos na PubMed, 2.248 na Web of Science, 547 na Scopus e 41 na Cochrane, total de 4.180 artigos. Após excluir 2.012 artigos duplicados, passamos à leitura de 2.168 títulos e resumos. Após o descarte de 12 artigos que não apresentavam resumos e/ou textos, também foram excluídos 84 artigos não mostrados na íntegra (resumos, relatos de conferências, pôsteres de conferências, editoriais, cartas, relatos de casos), 209 artigos por não apresentarem análises ou metanálises, 280 por serem estudos com animais ou pré-clínicos e 1.541 artigos cujo assunto não atendeu aos critérios deste estudo. No total, 42 artigos foram selecionados para uma leitura completa. No fim dessa etapa, 26 artigos foram finalmente selecionados (fig. 1). Houve um alto nível de concordância sobre a inclusão e a exclusão dos estudos entre os dois pesquisadores que examinaram os artigos encontrados na pesquisa.
Os principais métodos de monitoração da perfusão periférica encontrados nos estudos revisados estão resumidos na tabela 1.
Principais métodos usados para a monitoração direta ou indireta da perfusão periférica em estudos de sepse com previsão de mortalidade
Os pacientes avaliados eram heterogêneos e estavam gravemente enfermos, o que é típico da sepse (tabela 2). Os estudos incluíram 2.465 pacientes. Os escores Apache variaram de 4 a 28,8 (mediana = 19,5 [15,7-21,5]) para os pacientes com sepse e de 18 a 23 (mediana = 21 [20-23]) para os pacientes com sepse grave, enquanto os escores SOFA variaram de 4 a 13 (mediana = 10 [8-11]) para o grupo de pacientes com sepse e de 4 a 11 (mediana = 8,3 [6-9,5]) para o grupo de pacientes com sepse grave. A PAM variou de 67 a 89 mmHg (média = 76,77 ± 5,94 mmHg) para os pacientes com sepse e de 69 a 75 mmHg (média = 71 ± 2,28 mmHg) para os pacientes com sepse grave. A FC nos pacientes com sepse variou de 88 a 115 bpm (média = 102,9 ± 7,35 bpm) e nos pacientes com sepse grave de 92 a 114 bpm (média = 103,2 ± 7,8 bpm) (tabela 2).
Características e qualidades metodológicas dos estudos incluídos e características dos pacientes sépticos
Em relação à qualidade dos estudos, 77% dos estudos de caso-controle, 66% dos estudos de coorte e 64% dos estudos transversais foram considerados de alta qualidade, de acordo com os critérios usados pelos autores.
Associação entre perfusão periférica, microcirculação e mortalidade na sepse
Os métodos de mensuração da perfusão vascular mais usados foram NIRS (7 artigos) e SDF (5 artigos). O leito microvascular mais estudado foi a microcirculação sublingual/bucal (8 artigos), seguida por circulação nos dedos (4 artigos) (tabela 3).
Os dados sobre perfusão microvascular e mortalidade em 23 dos artigos incluídos no estudo (tabela 3) mostraram claramente uma associação entre má perfusão periférica e alta mortalidade, apenas três artigos não mostraram associação.
Portanto, dos 26 artigos incluídos na revisão, cinco avaliaram pacientes em departamentos de emergência e 21 avaliaram pacientes em unidades de terapia intensiva (UTI) (tabela 3). A mortalidade variou de 3% a 71% (mediana = 37% [28,6-43,7]).
Os estudos relataram os momentos de avaliação da microcirculação ou da perfusão periférica (tabela 4). Como mostra a tabela, os momentos de avaliação variaram desde as primeiras horas durante a ressuscitação hídrica até cinco dias após a admissão e/ou inclusão dos pacientes nos estudos. Além disso, um estudo avaliou a perfusão periférica 3-6 meses após a inclusão. No entanto, essas avaliações não foram incluídas na previsão de mortalidade.
Discussão
Embora o estudo de distúrbios de fluxo/perfusão em pacientes gravemente enfermos pertença a uma área crescente de pesquisa, pelo que sabemos este é o primeiro estudo a revisar e evidenciar sistematicamente a associação entre o diagnóstico à beira do leito de má perfusão em tecidos periféricos e maior mortalidade na sepse humana. A principal força deste estudo é a aplicação de uma revisão sistemática robusta de um grande número de pacientes com graus variados de gravidade da sepse e a inclusão de estudos feitos em países de alta, média e baixa renda. Esse último ponto merece consideração especial porque a etiologia e a evolução clínica da sepse, os fatores demográficos e os recursos para o tratamento são diferentes em países diferentes,3535 Rello J, Leblebicioglu H. Sepsis and septic shock in low-income and middle-income countries: need for a different paradigm. Int J Infect Dis. 2016;48:120-2. o que leva à heterogeneidade nas características clínicas e a resultados variáveis.3535 Rello J, Leblebicioglu H. Sepsis and septic shock in low-income and middle-income countries: need for a different paradigm. Int J Infect Dis. 2016;48:120-2. Outro ponto forte foi a presença de estudos feitos em departamentos de emergência e unidades de terapia intensiva, o que significa que os resultados da revisão provavelmente independem do ambiente de tratamento. Nesta grande amostra, 23 dos 26 artigos mostraram consistentemente uma associação estatísticamente significante entre má perfusão periférica e alta mortalidade na sepse. A evidência de que a associação prognóstica permaneceu consistente nesses 23 artigos, a despeito de uma amostra tão heterogênea, sugere um valor importante desta revisão para generalizar os resultados. Além disso, embora os três artigos restantes não tenham encontrado associação semelhante, o pequeno número de pacientes nesses estudos limita conclusões sobre uma possível relação entre as variáveis.
Apesar dos avanços nos cuidados intensivos, a sepse e o choque séptico ainda são as principais causas de morbimortalidade.11 Rhodes A, Evans LE, Alhazzani W, et al. Surviving sepsis campaign: international guidelines for management of sepsis and septic shock: 2016. Intensive Care Med. 2017;43:304-77. A monitoração da macrocirculação e a recuperação das funções vitais permanecem como os pilares do manejo da sepse.11 Rhodes A, Evans LE, Alhazzani W, et al. Surviving sepsis campaign: international guidelines for management of sepsis and septic shock: 2016. Intensive Care Med. 2017;43:304-77.,44 Assunção MS, Corrêa TD, Bravim BA, et al. How to choose the therapeutic goals to improve tissue perfusion in septic shock. Einstein (São Paulo). 2015;13:441-7. No entanto, a monitoração da perfusão de órgãos ou tecidos periféricos não vitais, como a mucosa sublingual, os músculos e a pele, tem adquirido crescente interesse na investigação do melhor tratamento.99 Lima A, Bakker J. Noninvasive monitoring of peripheral perfusion. Intensive Care Med. 2005;31:1316-26.,1010 Hasanin A, Mukhtar A, Nassar H. Perfusion indices revisited. J Intensive Care. 2017;5:24-31. Além de esses métodos serem seguros e não invasivos,1010 Hasanin A, Mukhtar A, Nassar H. Perfusion indices revisited. J Intensive Care. 2017;5:24-31. evidências robustas mostraram que a perfusão prejudicada desses órgãos ou tecidos está associada a uma pioria da falência de órgãos nas 24 horas subsequentes.1212 Trzeciak S, Mccoy JV, Dellinger PR, et al. Microcirculatory alterations in resuscitation and shock (MARS) investigators. Early increases in microcirculatory perfusion during protocol-directed resuscitation are associated with reduced multi-organ failure at 24 hours in patients with sepsis. Intensive Care Med. 2008;34:2210-7. Ademais, a perfusão em órgãos ou tecidos não vitais se deteriora mais cedo, apresenta taxas de normalização acentuadamente diferentes77 Lima A, Bakker J. Clinical monitoring of peripheral perfusion: there is more to learn. Crit Care. 2014;18:113-5. e persiste mesmo após a correção dos parâmetros de macrocirculação sistêmica.22 Sakr Y, Dubois MJ, De Backer D, et al. Persistent microcirculatory alterations are associated with organ failure and death in patients with septic shock. Crit Care Med. 2004;32:1825-31. Esse fenômeno peculiar é conhecido na literatura como “dissociação entre macro e microcirculação”3636 Hernandez G, Teboul JL. Is the macrocirculation really dissociated from the microcirculation in septic shock? Intensive Care Med. 2016;42:1621-4. ou “perda de coerência hemodinâmica”.1313 Ince C. Hemodynamic coherence and the rationale for monitoring the microcirculation. Crit Care. 2015;19:8-20. Entre os sinais fisiopatológicos desse fenômeno estão as lesões por estresse oxidativo/nitrosativo, a disfunção endotelial e a desregulação vasomotora.1313 Ince C. Hemodynamic coherence and the rationale for monitoring the microcirculation. Crit Care. 2015;19:8-20.,3737 De Backer D, Cortes DB, Donadello K, et al. Pathophysiology of microcirculatory dysfunction and the pathogenesis of septic shock. Virulence. 2014;5:73-9.
Vários relatos experimentais, in vivo e in vitro, mostraram que os distúrbios da microcirculação e a hipoperfusão na sepse afetaram todos os sítios estudados, inclusive órgãos vitais e não vitais, como pele, músculo, olho, língua, intestino, fígado, coração e até o cérebro.3737 De Backer D, Cortes DB, Donadello K, et al. Pathophysiology of microcirculatory dysfunction and the pathogenesis of septic shock. Virulence. 2014;5:73-9. Portanto, esses distúrbios parecem ser generalizados. Dessa forma, pelo menos teoricamente, foi possível incluir na mesma revisão vários métodos para avaliar vários tecidos. De fato, nossa estratégia de busca encontrou artigos que usaram métodos de avaliação de vários tecidos diferentes e de fácil acesso à beira do leito (pele, músculo, mucosa sublingual e retina), com achados claramente consistentes com as evidências pré-clínicas citadas anteriormente.
Contudo, embora a associação entre perfusão prejudicada nos tecidos periféricos e maior mortalidade na sepse pareça clara, algumas preocupações devem ser apontadas. A principal questão desta revisão foi verificar se a hipoperfusão periférica, diagnosticada à beira do leito por qualquer método reconhecido, está relacionada à mortalidade. Embora esse achado preditivo tenha sido confirmado por vários métodos e esteja relacionado ao mesmo “significado clínico”, esses resultados ainda não podem ser considerados intercambiáveis. Em primeiro lugar, os métodos usados nos estudos para avaliar a perfusão têm diferenças operacionais claras (tabela 1). Essas diferenças técnicas podem implicar diferentes pacientes com aptidão para o exame e, portanto, não é possível descartar um viés de seleção entre os métodos. Em segundo lugar, a homeostase microvascular de diferentes órgãos ou tecidos, como pele, músculos, retina e mucosa sublingual, é mediada por diferentes mediadores vasoativos,3838 Ardor G, Delachaux A, Dischl B, et al. A comparative study of reactive hyperemia in human forearm skin and muscle. Physiol Res. 2008;57:685-92.
39 Chung HS, Harris A, Halter PJ, et al. Regional differences in retinal vascular reactivity. Invest Ophthalmol Vis Sci. 1999;40:2448-53.-4040 Roustit M, Cracowski J. Assesment of endothelial and neurovascular function in human skin microcirculation. Trends Pharmacol Sci. 2013;34:373-84. que não apresentam o mesmo grau de comprometimento ou o mesmo papel patogênico na sepse.4141 Beer S, Weinghardt H, Emmanuilidis K, et al. Systemic neuropeptide levels as predictive indicators for lethal outcome in patients with postoperative sepsis. Crit Care Med. 2002;30:1794-8.,4242 Boisramé-Helms J, Kremer H, Schini-Kerth V, et al. Endothelial dysfunction in sepsis. Curr Vasc Pharmacol. 2013;11:150-60. Além disso, a sepse causa heterogenicidade perfusional com importantes disparidades no fluxo sanguíneo regional dos tecidos.44 Assunção MS, Corrêa TD, Bravim BA, et al. How to choose the therapeutic goals to improve tissue perfusion in septic shock. Einstein (São Paulo). 2015;13:441-7. Todos esses fatores foram evidenciados em um estudo feito por Boerma et al.4343 Boerma EC, Kuiper MA, Kingma WP, et al. Disparity between skin perfusion and sublingual microcirculatory alterations in severe sepsis and septic shock: a prospective observational study. Intensive Care Med. 2008;34:1294-8., no qual os autores descobriram nos pacientes sépticos uma falta de correlação entre as alterações microcirculatórias sublinguais e cutâneas avaliadas simultaneamente após a ressuscitação inicial. Portanto, é altamente plausível que a microcirculação prejudicada nos diferentes tecidos estudados possa não ter o mesmo significado fisiopatológico ou contribuir para um prognóstico desfavorável, apesar das semelhanças significativas do ponto de vista clínico.
Atenção especial deve ser dedicada ao método NIRS. Embora o NIRS seja um método reconhecido de estimativa da perfusão periférica,99 Lima A, Bakker J. Noninvasive monitoring of peripheral perfusion. Intensive Care Med. 2005;31:1316-26.,1010 Hasanin A, Mukhtar A, Nassar H. Perfusion indices revisited. J Intensive Care. 2017;5:24-31. está apenas parcialmente relacionado ao fluxo sanguíneo, porque também está relacionado a outros fatores envolvidos no suprimento e no consumo de oxigênio que também são determinantes da oxigenação tecidual.44 Assunção MS, Corrêa TD, Bravim BA, et al. How to choose the therapeutic goals to improve tissue perfusion in septic shock. Einstein (São Paulo). 2015;13:441-7.,99 Lima A, Bakker J. Noninvasive monitoring of peripheral perfusion. Intensive Care Med. 2005;31:1316-26.,1010 Hasanin A, Mukhtar A, Nassar H. Perfusion indices revisited. J Intensive Care. 2017;5:24-31. Isso poderia explicar por que alguns estudos que também avaliaram a NIRS e a mortalidade em pacientes sépticos não foram encontrados nas bases de dados na busca inicial com palavras-chave, mas apenas através da verificação das referências dos estudos identificados. Esses estudos são importantes nessa área e frequentemente citados na literatura, notadamente os de Marín-Corral et al.,4444 Marín-Corral J, Claverias L, Bodí M, et al. Prognostic value of brachioradialis muscle oxygen saturation index and vascular occlusion test in septic shock patients. Med Intensiva. 2016;40:208-15. Colin et al.,4545 Colin G, Nardi O, Polito A, et al. Masseter tissue oxygen saturation predicts normal central venous oxygen saturation during earlygoal-directed therapy and predicts mortality in patients with severe sepsis. Crit Care Med. 2012;40:435-40. Vorwerk e Coats4646 Vorwerk C, Coats TJ. The prognostic value of tissue oxygen saturation in emergency department patients with severe sepsis or septic shock. Emerg Med J. 2012;29:699-703. e Payen et al.4747 Payen D, Luengo C, Heyer L, et al. Is thenar tissue hemoglobin oxygen saturation in septic shock related to macrohemodynamicvariables and outcome? Crit Care. 2009;13:6-16. Embora esses estudos não tenham correspondido aos critérios de inclusão da presente revisão, é importante enfatizar que três desses quatro estudos também mostraram uma clara associação entre menor oxigenação/perfusão e maior mortalidade.
Curiosamente, entre os estudos encontrados que não mostraram associação entre mortalidade e perfusão, dois dos três artigos também usaram o método NIRS.33 Doerschug KC, Delsing AS, Schmidt GA, et al. Impairments in microvascular reactivity are related to organ failure in human sepsis. Am J Physiol Heart Circ Physiol. 2007;293:H1065-71.,1919 Shapiro NI, Arnold R, Sherwin R, et al. The association of near-infrared spectroscopy-derived tissue oxygenation measurements with sepsis syndromes, organ dysfunction and mortality in emergency department patients with sepsis. Crit Care. 2011;15:223-32. O artigo restante que não mostrou associação usou a avaliação do fluxo sanguíneo retiniano.3131 Erikson K, Liisanantti JH, Hautala N, et al. Retinal arterial blood flow and retinal changes in patients with sepsis: preliminary study using fluorescein angiography. Crit Care. 2017;21:86-93. Nesse estudo, os autores reconheceram que o tamanho da amostra foi insuficiente para detectar resultados clinicamente relevantes. Porém, pode ser que o leito microvascular da retina não possa ser associado ao prognóstico.
Outra questão importante na interpretação desses resultados está relacionada à avaliação da perfusão periférica. Em geral, alguns autores argumentam que a melhoria na previsão de sobrevida resultante da monitoração clínica da perfusão periférica pode estar relacionada ao fato de os leitos vasculares não vitais estarem entre os primeiros a se deteriorar e os últimos a serem restaurados após a ressuscitação.77 Lima A, Bakker J. Clinical monitoring of peripheral perfusion: there is more to learn. Crit Care. 2014;18:113-5. Por outro lado, as disfunções microcirculatórias precoces e a hipoperfusão periférica precoce (primeiras horas de ressuscitação hídrica) ainda tendem a estar pelo menos parcialmente correlacionadas à circulação sistêmica (coerência hemodinâmica)77 Lima A, Bakker J. Clinical monitoring of peripheral perfusion: there is more to learn. Crit Care. 2014;18:113-5.,1313 Ince C. Hemodynamic coherence and the rationale for monitoring the microcirculation. Crit Care. 2015;19:8-20. e, portanto, é mais provável que seu significado prognóstico esteja relacionado aos efeitos da ressuscitação macro-hemodinâmica inicial.88 Hernandez G, Luengo C, Bruhn A, et al. When to stop septic shock resuscitation: clues from a dynamic perfusion monitoring. Ann Intensive Care. 2014;4:30-8.,1313 Ince C. Hemodynamic coherence and the rationale for monitoring the microcirculation. Crit Care. 2015;19:8-20.,4747 Payen D, Luengo C, Heyer L, et al. Is thenar tissue hemoglobin oxygen saturation in septic shock related to macrohemodynamicvariables and outcome? Crit Care. 2009;13:6-16.,4848 Ospina-Tascon G, Neves AP, Occhipinti G, et al. Effects of fluids on microvascular perfusion in patients with severe sepsis. Intensive Care Med. 2010;36:949-55. Além disso, a avaliação muito precoce de pacientes de baixa gravidade pode não mostrar anormalidades microcirculatórias significativas. Um estudo feito por Filbin et al.4949 Filbin MR, Hou PC, Massey M, et al. The microcirculation is preserved in emergency department low-acuity sepsis patients without hypotension. Acad Emerg Med. 2014;21:154-62. em um departamento de emergência, com o método SDF em 63 pacientes sépticos com escores SOFA baixos (mediana: 01) e sem hipotensão, não demonstrou anormalidades mensuráveis do fluxo microcirculatório na comparação com pacientes não infectados. Mesmo levando em consideração esses aspectos, os artigos selecionados nesta revisão mostraram que a má perfusão e as alterações microcirculatórias nos tecidos periféricos são preditivas de mortalidade, independentemente de terem sido avaliadas precoce (13 de 23 artigos) ou tardiamente (10 de 23 artigos). No entanto, nenhum dos artigos selecionados fez avaliações precoces de pacientes sépticos de baixa gravidade.
Por fim, é importante enfatizar que, apesar da evidente associação entre hipoperfusão tecidual periférica e maior mortalidade em pacientes sépticos, como demonstrado nesta revisão, a literatura ainda não estabeleceu uma relação causal. Alguns autores argumentam que a hipoperfusão periférica e os distúrbios microcirculatórios podem simplesmente ser epifenômenos e, per se, não desencadear a insuficiência circulatória ou, pelo menos, “espelhar” diretamente a insuficiência de múltiplos órgãos na sepse.66 Moore JPR, Dyson A, Singer M, et al. Microcirculatory dysfunction and resuscitation: why, when and how. Br J Anaesth. 2015;115:366-75. Portanto, considerar a perfusão de tecidos periféricos como um “alvo terapêutico” ou como uma “causa” de mortalidade ainda seria questionável. No entanto, um estudo clínico recente e importante começou a preencher essa lacuna do conhecimento.4949 Filbin MR, Hou PC, Massey M, et al. The microcirculation is preserved in emergency department low-acuity sepsis patients without hypotension. Acad Emerg Med. 2014;21:154-62. O estudo Andromeda-Shock teve como objetivo avaliar a ressuscitação hemodinâmica no choque séptico com base na perfusão periférica e compará-la à ressuscitação tendo como alvo os níveis de lactato. Embora a “terapia guiada por perfusão” tenha tido um resultado negativo nesse “estudo de superioridade”, os resultados muito semelhantes entre as estratégias sugerem fortemente que a perfusão periférica, em si, poderia ser considerada um “alvo de ressuscitação” pelo menos efetivo no choque.5050 Hernández G, Ospina-Tascón GA, Damiani LP, et al. Effect of a resuscitation strategy targeting peripheral perfusion status vs. serum lactate levels on 28 day mortality among patients with septic shock: the ANDROMEDA-SHOCK randomized clinical trial. JAMA. 2019;321:654-64.
Esta revisão sistemática tem limitações. Primeiro, não foi possível fazer uma metanálise das evidências dos estudos devido à heterogeneidade metodológica e estatística entre os métodos. Segundo, os estudos selecionados foram feitos ao longo de quase duas décadas e o tratamento da sepse mudou consideravelmente durante esse período.11 Rhodes A, Evans LE, Alhazzani W, et al. Surviving sepsis campaign: international guidelines for management of sepsis and septic shock: 2016. Intensive Care Med. 2017;43:304-77.,44 Assunção MS, Corrêa TD, Bravim BA, et al. How to choose the therapeutic goals to improve tissue perfusion in septic shock. Einstein (São Paulo). 2015;13:441-7. Portanto, um viés de tratamento não pode ser descartado na interpretação dos dados. Terceiro, é importante ressaltar que, embora a heterogeneidade e a hipoperfusão sejam distúrbios microcirculatórios relacionados, esses distúrbios não se referem ao mesmo fenômeno. Embora alguns métodos citados tenham avaliado os dois distúrbios (p.ex.: OPS e SDF), nossa revisão teve como objetivo avaliar apenas o impacto da hipoperfusão periférica (redução do fluxo tecidual periférico) no prognóstico. Uma revisão adicional é necessária para abordar especificamente a heterogeneidade microvascular. Por fim, embora esta revisão tenha sido cuidadosa ao relatar os momentos em que a perfusão foi avaliada, os dados sobre a evolução da perfusão periférica em cada paciente não foram incluídos na estratégia de busca. Por esse motivo, não podemos tirar conclusões sobre a avaliação seriada da perfusão periférica e seu impacto no prognóstico de forma sistemática.
Conclusão
Entre os pacientes sépticos, o diagnóstico de hipoperfusão e anormalidades microcirculatórias em órgãos não vitais foi associado ao aumento da mortalidade em quase todos os estudos selecionados nesta revisão. A associação foi encontrada independente de os pacientes terem sido avaliados precoce ou tardiamente em relação ao tempo de tratamento hemodinâmico da sepse. Porém, esses resultados ainda não estabelecem uma relação causal e estudos adicionais devem ser feitos para verificar se essa associação pode ser considerada um marcador da gravidade ou um fator desencadeante da falência de órgãos e mau prognóstico na sepse.
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FinanciamentoConselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), 308151/2012-7, e Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec/SE), 01844/201-0.
Agradecimentos
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e à Fundação de Apoio à Pesquisa e Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec/SE).
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Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
10 Fev 2020 -
Data do Fascículo
Nov-Dec 2019
Histórico
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Recebido
15 Jun 2019 -
Aceito
7 Set 2019