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Projeção mundial da anestesiologia brasileira

EDITORIAL

Projeção mundial da anestesiologia brasileira

A World Federation of Societies of Anaesthesiologists (WFSA) foi fundada oficialmente em 9 de Setembro de 1955, em histórica Assembléia realizada em Scheveningen, Holanda, durante o 1º Congresso Mundial de Anestesiologistas, na qual tomaram parte 26 Sociedades Nacionais de Anestesiologia, entre elas a Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA).

Hoje, passado quase meio século, a WFSA conta com 108 Sociedades-membro e 96403 médicos anestesiologistas em todo mundo 1, todos envolvidos direta ou indiretamente na tarefa de fazer cumprir o principal objetivo da WFSA, que é tornar disponíveis a todos os povos os mais altos padrões de anestesia 2.

Ao longo destes quase cinqüenta anos, a SBA sempre teve papel destacado na direção e nas atividades da WFSA. Dr. Zairo Vieira, então Presidente da SBA, fez parte do primeiro Comitê Executivo da WFSA, constituído em Scheveningen. Em 1964, a SBA organizou o 3º Congresso Mundial de Anestesiologistas, realizado em São Paulo, e naquela ocasião o Dr Luiz Fernando Rodrigues Alves foi eleito membro do Comitê Executivo da WFSA. Outros anestesiologistas do quadro da SBA foram eleitos para este cargo em diferentes ocasiões: Dr. Carlos Pereira Parsloe em 1972, Dr. José Carlos Ferraro Maia em 1980, Dr. José Roberto Nociti em 1996. Em 1984, por ocasião do 7º Congresso Mundial de Anestesiologistas em Manila, Filipinas, o Dr. Carlos Pereira Parsloe assumiu a Presidência da WFSA, cargo que honrou até 1988.

Atualmente a SBA, com 7319 sócios, é a terceira maior Sociedade-membro da WFSA, tendo à sua frente apenas as Sociedades Nacionais dos EUA e do Japão, com respectivamente 23727 e 8568 sócios 1.Uma das funções da WFSA tem sido buscar o ponto de equilíbrio entre a atuação de Sociedades de grande porte e bem estruturadas como a SBA, e a de Sociedades minúsculas no outro extremo, como as de Zâmbia, Estônia e Cazaquistão com 15 sócios e a de Papua Nova Guiné com 10 sócios.

Muito se discute hoje sobre índices de excelência em Anestesiologia, como a proporção entre o número de médicos anestesiologistas e o número de pessoas de uma população por eles atendidas. Vários fatores são determinantes deste índice, entre os quais o tamanho da população, o seu estágio de desenvolvimento econômico, o número de médicos que se formam anualmente, a ocorrência de paramédicos que praticam a anestesia. A SBA sempre defendeu, através de seus representantes na WFSA, a idéia de que a anestesia é um ato médico e, como tal, deve ser praticada por médicos com as atribuições necessárias à sua realização com qualidade e segurança. Tendo em vista o alto padrão da Anestesiologia norte-americana, o índice de 1 anestesiologista para 11.700 habitantes, é considerado por muitos como padrão ideal de referência 3. Também sob este aspecto a Anestesiologia brasileira se destaca, figurando entre países que exibem índices entre o ideal referido e 1:25.000, ao lado de Japão, Reino Unido, Itália, França, Espanha, Argentina, Uruguai 4. No outro extremo, situam-se países como Nepal (1:287.000), Vietnã (1:197.000), Tailândia (1:124.000) e, Guatemala (1:246.000), Equador (1:156.000) e Haiti (1:151.000) 3,4.

A projeção da Anestesiologia brasileira no mundo tem sido patente. A Revista Brasileira de Anestesiologia é uma das poucas publicações bilíngües, podendo ser lida hoje pelos médicos de países de língua inglesa ou que adotam o inglês como sua segunda língua. Além disso, sua indexação na SciELO (Scientific Electronic Library On Line) e na EMBASE (Excerpta Medica Database) estimula colegas estrangeiros a visitarem a produção científica nacional. A organização, a qualidade e o número de participantes dos Congressos Brasileiros de Anestesiologia foram apreciados recentemente por dois membros do alto escalão administrativo da WFSA que aqui compareceram: TC Kester Brown, Presidente (47º CBA, São Paulo, 2000) e Anneke Meursing, Secretária Geral (50º CBA, Brasília, 2003). O 13º Congresso Mundial de Anestesiologistas, Paris 2004, teve 16 membros da SBA entre os convidados oficiais para participarem de conferências e mesas redondas, número nunca antes atingido em Congressos Mundiais realizados fora do Brasil. E finalmente os autores brasileiros têm visto seus trabalhos científicos aceitos para publicação em diversas revistas da especialidade no exterior, tanto européias como norte-americanas.

Às novas gerações impõe-se o desafio de não só manter como ampliar esta projeção internacional da Anestesiologia brasileira, comparecendo a Congressos, publicando artigos, participando de atividades associativas e ocupando os espaços que são legitimamente nossos pela qualidade e seriedade do nosso trabalho.

José Roberto Nociti, TSA

Membro do Comitê Executivo da WFSA

Membro do Conselho Editorial da RBA

Rua Stélio Machado Loureiro, 21

14025-470 Ribeirão Preto, SP

REFERÊNCIAS

01. WFSA Annual Report, London, UK, July 2002.

02. WFSA Statutes and Bylaws, 2000, Art 1.02.

03. Tritrakam T - Challenges in the Developing World. World Anaesthesia News, 2001;4:2-4.

04. Nociti JR - The Current Situation of Anaesthesiology in Central and South America. World Anaesthesia News, 2002;6:5.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    02 Jul 2004
  • Data do Fascículo
    Jun 2004
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