Cara Editora,
Lemos com interesse o relato de caso de Fuentes et al.11 Fuentes R, De la Cuadra JC, Lacassie H, et al. Difficult fiberoptic tracheal intubation in 1 month-old infant with Treacher Collins Syndrome. Rev Bras Anestesiol. 2015, http://dx.doi.org/10.1016/j.bjane.2015.02.004 [in press].
http://dx.doi.org/10.1016/j.bjane.2015.0...
sobre um método de intubação com o uso de fibra óptica via máscara laríngea (ML) em uma criança com síndrome de Treacher Collins. Felicito-os pela apresentação do caso e gostaria de acrescentar alguns comentários.
A síndrome de Treacher Collins é um distúrbio do desenvolvimento craniofacial de origem autossômica dominante, caracterizada por graves defeitos que resultam em via aérea difícil. O insucesso na intubação traqueal continua a ser uma das principais causas de morbidade e mortalidade. Diferentes técnicas e dispositivos foram desenvolvidos para contornar esse problema. Porém, todos têm desvantagens e nenhum dispositivo é infalível em todas as circunstâncias.22 Gómez-Ríos MÁ. Can fiberoptic bronchoscopy be replaced by video laryngoscopy in the management of difficult airway?. Rev Esp Anestesiol Reanim. 2016;63:189-91. Logo, as falhas de cada um, em uso isolado, são relatadas com mais frequência como no presente caso, mas o uso combinado pode superar as limitações individuais e aumentar a taxa de sucesso.33 Gómez-Ríos MA, Nieto Serradilla L. Combined use of an Airtraq® optical laryngoscope, Airtraq video camera, Airtraq wireless monitor, and a fibreoptic bronchoscope after failed tracheal intubation. Can J Anaesth. 2011;58:411-2. Atualmente, há uma tendência crescente para o uso de broncoscópio de fibra óptica (BFO) em combinação com outras técnicas, como a abordagem multimodal para o manejo de via aérea difícil.
O uso combinado de BFO e ML, como descrito por Fuentes et al., tem várias vantagens. A ML garante a ventilação e isola as vias aéreas de uma possível presença de secreções ou sangue em uma situação emergente44 Michalek P, Hodgkinson P, Donaldson W. Fiberoptic intubation through an I-gel supraglottic airway in two patients with predicted difficult airway and intellectual disability. Anesth Analg. 2008;106:1501-4. e, por outro lado, quando adequadamente ajustada, a ML fica posicionada em torno da glote e proporciona uma via para o BFO, o que facilita a sua manobrabilidade.
Da mesma forma, o BFO pode ser usado em combinação com videolaringoscópios (VL) para reduzir o tempo de execução e maximizar o sucesso da intubação endotraqueal.55 Karsli C. Managing the challenging pediatric airway: Continuing Professional Development. Can J Anaesth. 2015;62:1000-16. Portanto, com o auxílio dessa terapia multimodal, o VL proporciona uma via desobstruída para o BFO e a posiciona na proximidade da glote e permite a visualização do avanço pelas cordas vocais do tubo endotraqueal (TET) no BFO, enquanto o BFO pode ultrapassar o ângulo agudo existente entre o TET e a glote.33 Gómez-Ríos MA, Nieto Serradilla L. Combined use of an Airtraq® optical laryngoscope, Airtraq video camera, Airtraq wireless monitor, and a fibreoptic bronchoscope after failed tracheal intubation. Can J Anaesth. 2011;58:411-2.
Ambos os métodos são eficazes para reduzir o número de intervenções nas vias aéreas e, portanto, também em situações dramáticas prováveis de "não entubo, não ventilo".
A abordagem multimodal das vias aéreas é cada vez mais aceita. A possibilidade de combinação do BFO com muitos outros dispositivos supraglóticos é incomparável. O uso combinado de técnicas de manejo das vias aéreas deveria ser uma opção de alta prioridade para o resgate de intubação difícil com BFO ou a principal abordagem para o manejo de via aérea pediátrica difícil.
References
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1Fuentes R, De la Cuadra JC, Lacassie H, et al. Difficult fiberoptic tracheal intubation in 1 month-old infant with Treacher Collins Syndrome. Rev Bras Anestesiol. 2015, http://dx.doi.org/10.1016/j.bjane.2015.02.004 [in press].
» http://dx.doi.org/10.1016/j.bjane.2015.02.004 -
2Gómez-Ríos MÁ. Can fiberoptic bronchoscopy be replaced by video laryngoscopy in the management of difficult airway?. Rev Esp Anestesiol Reanim. 2016;63:189-91.
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3Gómez-Ríos MA, Nieto Serradilla L. Combined use of an Airtraq® optical laryngoscope, Airtraq video camera, Airtraq wireless monitor, and a fibreoptic bronchoscope after failed tracheal intubation. Can J Anaesth. 2011;58:411-2.
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4Michalek P, Hodgkinson P, Donaldson W. Fiberoptic intubation through an I-gel supraglottic airway in two patients with predicted difficult airway and intellectual disability. Anesth Analg. 2008;106:1501-4.
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5Karsli C. Managing the challenging pediatric airway: Continuing Professional Development. Can J Anaesth. 2015;62:1000-16.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
May-Jun 2017