O Escudo das Guianas, situado no nordeste da América do Sul, consiste de um mosaico altamente complexo de elementos de paisagem. Dentre estes, os "inselbergs" são particularmente conspícuos, pelo seu formato peculiar e a incomum vegetação associada. Geologicamente, estes afloramentos rochosos são parte de um antigo substrato ígneo-metamórfico e ocorrem principalmente nas terras baixas da periferia do escudo. Como hábitats azonais, os "inselbergs" abrigam uma flora altamente especializada. A vegetação característica é composta de comunidades litofíticas, semelhantes a savanas, bem como de florestas secas baixas. Como um todo, a vegetação de um "inselberg" pode ser vista como um mosaico de hábitats marginais. Assim, um grande número de táxons encontra nichos adequados em um espaço extremamente condensado. Gradientes de profundidade de solo e disponibilidade de água são os principais fatores determinando a composição florística. Um inventário florístico preliminar da flora de "inselbergs" venezuelanos inclui 614 espécies de plantas vasculares. Destas, 24% são endêmicas à região das Guianas, e 15% são endêmicas aos "inselbergs" da região das Guianas. O padrão de distribuição destas últimas espécies "eco-endêmicas" permite distinguir um distrito norte e o outro sul para os "inselbergs". Os dois distritos se sobrepõem na área de Átures, nos arredores de Puerto Ayacucho, onde se encontra um verdadeiro centro de endemismos. A distinção entre dois distritos é enfatizada pelas diferentes relações fitogeográficas. O distrito sul apresenta conexões florísticas com a flora do "tepui", enquanto que o distrito norte revela elos fitogeográficos com o Caribe e com o Escudo Brasileiro. São discutidas possíveis explicações para o intercâmbio florístico através do Equador.
endemismo; Escudo das Guianas; fitogeografia; flora; "inselberg"; Venezuela