A Serra de Baturité, CE (BRA), apresenta em seus níveis mais elevados uma vegetação considerada disjunta da Mata Atlântica do Leste do Brasil. Dentre os vários atributos associados à essa vegetação, a abundância de recursos hídricos e uma elevada biodiversidade são destacadamente mais relevantes. Contudo, com o corrente processo de desflorestamento, esses atributos podem, em um futuro próximo, estar comprometidos. Assim, o presente trabalho estudou comparativamente a organização comunitária vegetal (sinúsia arbórea), a similaridade florística e a fitodiversidade de duas áreas em estádios sucessionais diferentes, preservadas e desflorestadas há 24 anos. Pretendeu-se, dessa forma, gerar informações que essencialmente esclarecessem os efeitos do desflorestamento sobre a vegetação arbórea e fornecessem suporte científico a urgentes projetos de reconstrução de habitat. A metodologia utilizada seguiu o padrão utilizado para florestas tropicais úmidas, isto é, consistiu em distribuir parcelas retangulares com dimensões de 10 × 20 m aleatoriamente nas áreas selecionadas e levantar as espécies lenhosas vivas em pé com DAP > ou = 5 cm. Os resultados obtidos indicaram que uma possível nova arquitetura vegetacional esteja surgindo na Serra como decorrência do desflorestamento. As famílias Myrtaceae e Mimosaceae foram as que mais contribuíram para a riqueza específica, sendo as mais importantes para as Área 1 e 2, respectivamente. O desflorestamento ocorrido na Área 2 proporcionou 28 espécies a menos e uma composição florística atual densamente distinta.
floresta tropical; fitossociologia; vegetação