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Reconstituição da valva pulmonar e via de saída do ventrículo direito, com prótese bivalvular e prótese tubular valvada de tronco pulmonar de porco: estudo experimental e aplicação clínica

Pulmonary valve and right ventricular oulet tract reconstruction with biovalvular prostheses and valved tubular prostheses of the pig pulmonary artery: experimental study and clinical application

A obstrução da via de saída do ventrículo direito (VSVD) tem gerado muita polêmica em torno da técnica da sua correção cirúrgica, sendo a reconstituição ainda motivo de controvérsias. Com essa finalidade, foram desenvolvidas duas próteses a partir do tronco pulmonar (TP) de porco: 1) a prótese bivalvular: poderia ser usada na correção da tétrade de Faliot associada a hipoplasía do anel pulmonar: 2) a prótese tubular valvada, possuindo a própria valva pulmonar: poderia ser empregada na correção de malformações com descontinuidade entre o VD e TP. Estes dois tipos de próteses foram testados em modelo experimental. Seis ovelhas foram submetidas a implante de prótese bivalvular, com o auxílio da circulação extracorpórea (CEC), após ampla ressecção do infundíbulo pulmonar, incluindo duas válvulas da valva pulmonar, procurando-se, com isto, imitar a reconstituição empregada no Fallot. O implante da prótese tubular valvada foi realizado em 12 ovelhas, sem o auxílio da CEC, mediante pinçamento tangencial do infundíbulo e TP, permitindo o desvio do fluxo sangüíneo através do conduto, após ligadura do TP. A prótese bivalvular implantada foi avaliada mediante parâmetros hemodinâmicos e ecocardiográficos na fase intra-operatória, conferindo desempenho satisfatório (insuficiência pulmonar discreta ou ausente e gradientes VD-TP menores de 10 mm Hg). A seguir, os animais foram sacrificados. O desempenho da prótese tubular valvada foi avaliada na fase intra-operatória com medidas hemodinâmicas, mostrando gradientes acima de 10 mmHg em apenas 3 casos. Sete ovelhas tiveram controle ecocardiográfíco com 99 a 135 dias de evolução, registrando gradientes de 9,85 mmHg a 49 mmHg (média 19,7). Quatro casos foram submetidos a estudo hemodinâmico no 6º mês de evolução, registrando discreto aumento do gradiente (média 22,3); a seguir os animais foram sacrificados e encaminhados para estudo anatomopatológico. A aplicação clínica da prótese bivalvular foi realizada em 3 pacientes portadores de t. de Fallot associada a hipoplasía do anel pulmonar (2 casos) e agenesia da valva pulmonar (1 caso), com idades de 16, 2 e 7 anos. Após evolução de 3 a 10 meses, os gradientes variaram entre 10 mmHg e 20 mmHg e discreta insuficiência pulmonar valvar ao estudo ecodopplercardiográfico. A prótese tubular valvar foi implantada em 2 pacientes portadores de atresia pulmonar associada a comunicação interventricular (CIV) e outro a transposição corrigida das grandes artérias (TCGA) associada a GIV e estenose subpulmonar, com idades de 10 e 6 anos, respectivamente. Após evolução de 5 a 12 meses, foram detectados suficiência da valva pulmonar, gradientes entre 15 mmHg e 18 mmHg, sem sinais de calcificação. Apesar de se considerar aceitáveis os resultados desta experiência, a ampliação das indicações deverá ser feita com cautela, até o melhor conhecimento da resistência da prótese a calcificação, infecção, obstrução e rotura.

valva pulmonar; próteses valvulares cardíacas; próteses valvulares cardíacas


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