INTRODUÇÃO: A sobrevida em pacientes com insuficiência cardíaca, assim como após a cirurgia de reconstrução do ventrículo esquerdo (VE), está relacionada ao tamanho da cavidade ventricular esquerda. Também o uso de materiais sintéticos na reconstrução ventricular poderia induzir uma reação inflamatória crônica. Relatamos a modificação da técnica de reconstrução ventricular que elimina a necessidade de retalhos intra-cavitários e de uso de material sintético no fechamento do VE. MÉTODO: Onze pacientes consecutivos com aneurisma de VE, evoluindo em classe funcional (CF) III e IV da New York Heart Association foram submetidos à cirurgia de reconstrução ventricular direta sem utilização de retalhos intra-cavitários ou materiais protéticos no fechamento da incisão ventricular. RESULTADOS: Não houve mortalidade cirúrgica ou necessidade de suporte circulatório mecânico. A permanência hospitalar pós-operatória variou de 4 a 7 dias (média de 5,3 ± 1,1 dias). O ecocardiograma de controle, realizado em média 4,6 ± 1,5 meses após a operação, evidenciou redução do diâmetro diastólico de VE de 69,0 ± 7,5 mm, no pré-operatório, para 62,6 ± 5,1 mm, no pós-operatório. A fração de ejeção do VE mostrou aumento de 47,3% ± 6,6% para 56,3% ±10,5%. Com um ano de seguimento, 8 pacientes encontram-se em CF I e 3 em CF II. CONCLUSÃO: Esta técnica, com eliminação de uso de material sintético, pode contribuir para a melhora dos resultados clínicos de pacientes submetidos à reconstrução ventricular esquerda, proporcionando virtual eliminação das áreas acinéticas do VE e potencialmente atenuando, no pós-operatório tardio, a reação inflamatória crônica do miocárdio.
Aneurisma cardíaco; Ventrículos cardíacos; Disfunção ventricular esquerda; Revascularização miocárdica