Acessibilidade / Reportar erro

O impacto dos traços de perfeccionismo na motivação de atletas de futebol de alto rendimento

Resumo

Este estudo investigou o impacto dos traços de perfeccionismo na motivação autodeterminada de atletas de futebol de alto rendimento. Participaram da pesquisa, atletas profissionalizados e não-profissionalizados de um clube da primeira divisão do campeonato brasileiro de futebol, totalizando 182 sujeitos. Como instrumentos, foram utilizadas a Escala de Motivação para o Esporte e a Escala Multidimensional de Perfeccionismo. Os dados foram coletados por meio do contato direto com os sujeitos da pesquisa, em horários de treinamento, previamente agendados para a aplicação dos instrumentos de medida, que foram respondidos de forma individual com duração media de 35 minutos. Na análise dos dados, utilizou-se o teste de Mann-Whitney, correlação de Spearman e Regressão Simples (p<0,05). Os resultados evidenciaram que os jogadores profissionalizados apresentaram maior nível nas regulações de motivação autodeterminada, em comparação aos atletas não-profissionalizados (p<0,05), bem como os jogadores não profissionalizados se mostraram mais desmotivados (p=0,002). Os jogadores profissionalizados apresentaram escores superiores nos domínios de perfeccionismo adaptativo em comparação aos não-profissionalizados (p<0,05). O perfeccionismo adaptativo apresentou significativo impacto (p<0,05) nas regulações de motivação autodeterminada nos jogadores profissionalizados, enquanto o perfeccionismo mal-adaptativo apresentou efeito (p<0,05) sobre a regulação externa dos jogadores não-profissionalizados. Concluiu-se que, para atletas que atingem o profissionalismo, o perfeccionismo adaptativo é um elemento interveniente para o desenvolvimento da motivação autodeterminada. Por outro lado, para atletas em formação (não-profissionalizados), o perfeccionismo mal-adaptativo pode influenciar o aumento do comportamento regulado por fatores externos.

Palavras-chave:
Esportes; Motivação; Traços perfeccionistas

Abstract

This study investigated the impact of performance traits on self-determined motivation in high-performance soccer athletes. Participants were professionalized and non-professionalized athletes from a soccer club of the state of Paraná, totaling 182 subjects. Data were collected using the Sport Motivation Scale and the Multidimensional Perfectionism Scale through previous scheduling and the application of research instruments occurred through direct contact with subjects during practices, which were individually answered with average duration of 35 minutes. For data analysis, Mann-Whitney, Spearman correlation and Simple Regression were conducted (p<0.05). Results showed that professional athletes had higher levels in externally controlled motivation compared to non-professionalized (p<0.05) athletes, while non-professionalized athletes were more amotivated (p=0.002). Professionalized athletes had higher scores in the adaptive perfectionism domains compared to non-professionalized athletes (p<0.05). Adaptive perfectionism had significant impact (p<0.05) on the self-determined motivation regulations in professional athletes, while maladaptive perfectionism had an effect (p<0.05) on the external regulation of non-professionalized athletes. It was concluded that for athletes who reach professional level, adaptive perfectionism is an intervening element in the development of self-determined motivation. In addition, for non-professionalized athletes, maladaptive perfectionism may influence behavior regulated by external factors.

Key words:
Motivation; Perfectionism trait; Sports

INTRODUÇÃO

Como atletas se motivam em relação às demandas do contexto esportivo? Os esportistas mudam sua orientação motivacional conforme alcançam o alto rendimento? Atletas profissionalizados e não-profissionalizados possuem diferentes orientações motivacionais? Essas questões são extremamente relevantes na psicologia do esporte, visto que a motivação tem relação direta com o desempenho e sucesso na carreira esportiva11 Jowett S, Shanmugam V, Caccoulis S. Collective efficacy as a mediator of the association between interpersonal relationships and athlete satisfaction in team sports. Int J Sport Exerc Psychol 2012;10(1):66-78.. Nesse contexto, pesquisas têm apontado os traços de perfeccionismo como um antecedente da motivação no esporte22 Mouratidis A, Michou A. Perfectionism, self-determined motivation, and coping among adolescent athletes. Psychol Sport Exerc 2011;12(4):355-67.. No entanto, não existe consenso na literatura sobre a potencial associação entre o perfeccionismo adaptativo e mal-adaptativo no desempenho esportivo33 Flett GL, Hewitt PL. The perils of perfectionism in sports and exercise. Curr dir psychol Sci 2005;14(1):14-8.,44 Gucciardi DF, Mahoney J, Jalleh G, Donovan RJ, Parkes J. Perfectionistic profiles among elite athletes and differences in their motivational orientations. J Sport Exerc Psychol 2012;34(2):159-83., especialmente em relação à motivação de atletas de futebol.

Resultados inconsistentes sobre a relação entre o perfeccionismo e a motivação no esporte sugerem que esse processo psicológico necessita de novas investigações. Uma interessante abordagem teórica para investigar tais associações é a Teoria da Autodeterminação\TAD55 Deci EL, Ryan RM. Self-determination theory. In: Van Lange PAM, Kruglanski AW, Higgins ET, Editors. Handbook of theories of social psychology. Thousand Oaks: Sage; 2012 . p. 416-437., que tem revelado evidências de relações complexas dentro da psicologia do esporte66 Ntoumanis N, Standage M. Morality in sport: A self-determination theory perspective. J App Sport Psychol 2009;21(4):365-80.,77 Mizoguchi MV, Balbim GM, Vieira LF. Parenting style, motivation and satisfaction of baseball athletes: a correlation study. Rev Educ Fís-UEM 2013;24(2):215-23.. Especificamente, estudos na área das ciências do esporte tem evidenciado a relação entre o perfeccionismo e a motivação autodeterminada22 Mouratidis A, Michou A. Perfectionism, self-determined motivation, and coping among adolescent athletes. Psychol Sport Exerc 2011;12(4):355-67.,44 Gucciardi DF, Mahoney J, Jalleh G, Donovan RJ, Parkes J. Perfectionistic profiles among elite athletes and differences in their motivational orientations. J Sport Exerc Psychol 2012;34(2):159-83.. No entanto, a nossa revisão de literatura aponta este estudo como pioneiro a abordar as relações de predição entre as orientações perfeccionistas e a motivação de atletas de futebol.

A TAD destaca que o comportamento é regulado por três necessidades básicas, competência, relacionamento e autonomia, que atuam de forma interdependente, determinando o tipo de regulação que o indivíduo terá para suas atividades88 Deci EL, Ryan RM. The" what" and" why" of goal pursuits: Human needs and the self-determination of behavior. Psychol Inq 2000;11(4):227-68.. Assim, ao satisfazer suas necessidades psicológicas de autonomia, competência e relacionamento o indivíduo se torna ou permanece motivado de forma autônoma na atividade55 Deci EL, Ryan RM. Self-determination theory. In: Van Lange PAM, Kruglanski AW, Higgins ET, Editors. Handbook of theories of social psychology. Thousand Oaks: Sage; 2012 . p. 416-437..

A motivação autônoma engloba atividades realizadas voluntariamente pelos atletas, seja por motivos de prazer (Motivação Intrínseca (M.I.) para Conhecer), satisfação por atingir metas (M.I. para Atingir Objetivos), novas vivências no contexto (M.I. para Experiências Estimulantes) ou pela internalização a respeito da importância de tal atividade para o indivíduo (Regulação Identificada)88 Deci EL, Ryan RM. The" what" and" why" of goal pursuits: Human needs and the self-determination of behavior. Psychol Inq 2000;11(4):227-68.. Por outro lado, a motivação controlada envolve comportamentos que impulsionam os sujeitos a realizar determinada tarefa em razão de alguma pressão intra-psicológica (Regulação Introjedada) ou interpessoal (Regulação Externa). Enquanto a motivação autônoma reflete alto nível de motivação autodeterminada, a motivação controlada caracteriza-se com baixo nível de autodeterminação55 Deci EL, Ryan RM. Self-determination theory. In: Van Lange PAM, Kruglanski AW, Higgins ET, Editors. Handbook of theories of social psychology. Thousand Oaks: Sage; 2012 . p. 416-437..

Estudos têm encontrado que ao contrário da motivação controlada, a motivação autônoma possui ligação positiva com diferentes variáveis psicológicas, tais como autoestima99 Kosmidou E. Physical self worth, athletic engagement and goal orientations in greek female athletes. Pamukkale J Sport Sci 2013;4(2):79-93., persistência na prática esportiva1010 Jõesaar H, Hein V, Hagger MS. Peer influence on young athletes' need satisfaction, intrinsic motivation and persistence in sport: A 12-month prospective study. Psychol Sport Exerc 2011;12(5):500-8., burnout1111 Curran T, Appleton PR, Hill AP, Hall HK. Passion and burnout in elite junior soccer players: The mediating role of self-determined motivation. Psychol Sport Exerc 2011;12(6):655-61., satisfação1212 Balbim GM, do Nascimento Junior JRA, Vieira LF. Análise do nível de satisfação e perfeccionismo de atletas profissionais de futsal do estado do Paraná. Conex 2013;11(2):15-30. e perfeccionismo1313 Gaudreau P, Thompson A. Testing a 2× 2 model of dispositional perfectionism. Pers Indivi Differ 2010;48(5):532-7.. Apesar de existirem pesquisas sobre motivação e perfeccionismo, investigações merecem novas análises, visto que o perfeccionismo pode ser considerado como um traço de personalidade com forte influência sobre a orientação motivacional no esporte22 Mouratidis A, Michou A. Perfectionism, self-determined motivation, and coping among adolescent athletes. Psychol Sport Exerc 2011;12(4):355-67.. Dessa forma, resultados desta pesquisa tornam-se relevantes fornecendo parâmetros sobre as relações entre o perfeccionismo adaptativo e mal-adaptativo e a motivação de atletas de futebol profissionalizados e não-profissionalizados.

O perfeccionismo é um traço de personalidade multidimensional relacionado ao desejo do indivíduo em atingir um desempenho ótimo, buscando elevados padrões de realização para si próprio ou para seus companheiros1414 Frost RO, Marten P, Lahart C, Rosenblate R. The dimensions of perfectionism. Cognitive Ther Res 1990;14(5):449-68.,1515 Flett GL, Hewitt PL. Perfectionism and maladjustment: An overview of theoretical, definitional, and treatment issues. APA. 2002;14: 5-31.. Nessa perspectiva, o perfeccionismo tem importância na psicologia do esporte como um traço psicológico associado a resultados desportivos adaptativos e mal-adaptativos33 Flett GL, Hewitt PL. The perils of perfectionism in sports and exercise. Curr dir psychol Sci 2005;14(1):14-8.,1616 Gotwals JK, Stoeber J, Dunn JGH, Stoll O. Are perfectionistic strivings in sport adaptive? A systematic review of confirmatory, contradictory, and mixed evidence. Can Psychol 2012;53(4):263., dependendo da adaptação entre os elevados padrões de desempenho e a excessiva avaliação autocrítica1717 Hill AP, Hall HK, Appleton PR. Perfectionism and athlete burnout in junior elite athletes: The mediating role of coping tendencies. Anxiety Stress Coping 2010;23(4):415-30.. A orientação perfeccionista adaptativa envolve altos padrões de realização pessoal1414 Frost RO, Marten P, Lahart C, Rosenblate R. The dimensions of perfectionism. Cognitive Ther Res 1990;14(5):449-68., enquanto o perfeccionismo mal-adaptativo se caracteriza com demasiadas preocupações com erros, dúvidas sobre as ações, critérios socialmente prescritos e excessiva discrepância entre o desempenho real e elevados padrões estabelecidos1818 Stoeber J, Otto K. Positive conceptions of perfectionism: Approaches, evidence, challenges. Pers Soc Psychol Rev 2006;10(4):295-319.. Dessa forma, como um elemento de motivação para a realização, as orientações perfeccionistas podem influenciar a percepção individual, afetiva e os processos comportamentais do sujeito na realização da tarefa1313 Gaudreau P, Thompson A. Testing a 2× 2 model of dispositional perfectionism. Pers Indivi Differ 2010;48(5):532-7..

Diante disso, o presente estudo teve como objetivo investigar os traços de perfeccionismo e a motivação de atletas de futebol, buscando especificamente verificar as relações de predição entre as orientações perfeccionistas e a motivação de profissionalizados e não-profissionalizados.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Sujeitos

Foram sujeitos do estudo todos os 182 atletas vinculados ao Centro de Treinamento (CT) de um clube participante da 1ª Divisão do Campeonato Brasileiro de Futebol. Os atletas foram categorizados em dois grupos: um grupo denominado “profissionalizado”, formado pelos atletas remunerados, residentes em tempo integral, no Centro de treinamento (CT), e que representam o clube em competições nacionais e internacionais, totalizando 63 (sessenta e três) jogadores com idade média de 17,59±0,77 anos; e o grupo de jogadores denominado “não-profissionalizado” foi composto por 119 (cento de dezenove) participantes das escolas de futebol credenciadas pelo clube profissional nas diversas cidade do estado do Paraná, com idade média de 14,01±1,53. Todos os atletas consentiram em participar voluntariamente do estudo.

Instrumentos

A motivação autodeterminada foi avaliada usando a Escala de Motivação para o Esporte (SMS)1919 Brière NM, Vallerand RJ, Blais MR, Pelletier LG. Développement et validation d'une mesure de motivation intrinsèque, extrinsèque et d'amotivation en contexte sportif: l'échelle de motivation dans les sports (ÉMS). Int J Sport Psychol 1995; 26(4):465-89., validada para a língua portuguesa por Bara Filho et al.2020 Bara Filho M, Andrade D, Miranda R, Núñez JL, Martín-Albó J, Ribas PR. Preliminary validation of a Brazilian version of the sport motivation scale; validación preliminar de una versión brasilera de la escala de motivación deportiva. Univ Psychol 2011;10(2):557-66.. A escala é composta por 28 itens distribuídos em 7 dimensões: M. I. para conhecer; M. I. para atingir; M. I. para experiências estimulantes; Motivação Extrínseca (M. E.) de regulação externa; M. E. de introjeção; M. E. de identificação; e Desmotivação. A SMS é respondida em uma escala do tipo Likert de 7 pontos, num continuum de 1 (“não corresponde nada”) a 7 (“corresponde exatamente”). Para verificar a estrutura fatorial do instrumento para a amostra do estudo foi conduzida uma Análise Fatorial Confirmatória (AFC), revelando que os itens 01, 04, 22 e 26 não saturaram satisfatoriamente (carga fatorial<0,50), sendo excluídos. A escala com 24 itens apresentou ajuste aceitável [X2(154)=260.391;p=0.001; X2/df=1.69; CFI=0.91; GFI=0.90; TLI=0.89; RMSEA=0.06; P(rmsea<0.05)=0.070].

Para mensurar os traços de Perfeccionismo foi utilizada a Multidimensional Perfectionism Scale (MPS)1414 Frost RO, Marten P, Lahart C, Rosenblate R. The dimensions of perfectionism. Cognitive Ther Res 1990;14(5):449-68. versão portuguesa adaptada por Serpa, Alves e Barreiros2121 Serpa S, Alves P, Barreiros A. Versão portuguesa da Multidimensional Perfectionism Scale (MPSp): processos de tradução, adaptação e fiabilidade. Lisboa: Universidade Técnica de Lisboa.; 2004.. O instrumento é composto por 35 itens com escala Likert de 5 pontos, num continuum de (1) “discordo plenamente” a (5) “concordo plenamente”. Os resultados são classificados em seis subescalas: preocupações com os erros, padrões de realização pessoal, expectativas parentais, criticismo parental, dúvidas na ação e organização. Pode-se calcular dois tipos de perfeccionismo: 1) Perfeccionismo adaptativo (padrões de realização pessoal e organização) e 2) Perfeccionismo mal-adaptativo (preocupações com os erros, dúvidas na ação e criticismo parental)2222 Dunn JGH, Dunn JC, Gotwals JK, Vallance JKH, Craft JM, Syrotuik DG. Establishing construct validity evidence for the Sport Multidimensional Perfectionism Scale. Psychol Sport Exerc 2006;7(1):57-79..A AFC deste instrumento revelou que os itens 4, 17, 27, 29 e 34 não saturaram satisfatoriamente (carga fatorial<0,50), sendo excluídos. A escala com 30 itens apresentou estrutura fatorial aceitável [X2(385)=545.11;p=0.001; X2/df=1.42; CFI=0.90; GFI=0.87; TLI=0.89; RMSEA=0.05; P(rmsea<0.05)=0.637].

Procedimentos

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da Universidade Estadual de Maringá (Parecer Nº 085/08). Inicialmente, foi realizado contato a diretoria e comissão técnica do clube de futebol selecionado, a fim de obter autorização para a coleta de dados. Na sequência, foi enviado o termo de consentimento livre e esclarecido aos atletas ou responsáveis (jogadores menor de idade). Os dados foram coletados através do contato direto com os sujeitos da pesquisa em horários de treinamento previamente agendados para a aplicação dos instrumentos de medida, que foram respondidos de forma individual com duração media de 35 minutos.

Análise dos dados

Foi realizada a análise da distribuição dos dados usando o teste de Kolmogorov-Smirnov. Como os dados não apresentaram distribuição normal foram utilizados Mediana (Md) e Quartis (Q1; Q3). Para a comparação entre os grupos foi utilizado o Teste “U” de Mann-Whitney. Tais análises foram conduzidas com o auxílio do software SPSS versão 19.0. Para analisar a relação entre motivação autodeterminada e perfeccionismo utilizou-se a matriz de correlação de Spearman, representadas pelo método de análise de rede. As análises foram conduzidas com o programa Linguagem R, usando o pacote qgraph.

Para verificar o impacto dos traços de perfeccionismo sobre a motivação dos jogadores, foi conduzido um modelo de regressão com as variáveis que obtiveram correlação acima de 0,40 (moderada). A existência de outliers foi avaliada pela distância quadrada de Mahalanobis(D2) e a normalidade univariada das variáveis foi avaliada pelos coeficientes de assimetria (ISkI<3) e curtose (IKuI<10) uni e multivariada. Como os dados não apresentaram distribuição normal, utilizou-se a técnica de Bootstrap de Bollen-Stine para corrigir o valor dos coeficientes estimados pelo método da Máxima Verossimilhança implementado no software AMOS versão 18.0. Não foram observados valores de DM2 indicadores da existência de outliers, nem correlações suficientemente fortes entre as variáveis que indicassem problemas com a multicolinearidade (Variance Inflation Factors<5,0).Partindo das recomendações de Kline2323 Kline RB. Principles and practice of structural equation modeling. Guilford press; New York. 2011., a interpretação dos coeficientes de regressão teve como referência: pouco efeito para coeficientes < 0,20, médio efeito para coeficientes até 0,49 e forte efeito para coeficientes > 0,50 (p<0,05).

RESULTADOS

Verificou-se que os jogadores profissionalizados se encontraram mais próximos da motivação autodeterminada (Tabela 1), visto que apresentaram maiores níveis nos estilos regulatórios de M.I. para Experiências Estimulantes (p=0,008) e M.I. para Atingir Objetivos (p=0,003) em comparação aos atletas não-profissionalizados. Além disso, observou-se que os atletas não-profissionalizados se mostraram mais desmotivados (p=0,002).

Tabela 1
Comparação dos estilos regulatórios de motivação dos atletas profissionalizados e não-profissionalizados de futebol.

Em relação às orientações perfeccionistas (Tabela 2), nota-se que os jogadores profissionalizados apresentaram maior nível de perfeccionismo adaptativo em comparação aos atletas não-profissionalizados (p=0,010). Especificamente, verificou-se que os atletas profissionalizados se mostraram mais organizados (p=0,008) e com níveis mais altos de padrões de realização pessoal (p=0,029), que são domínios específicos do perfeccionismo adaptativo. Em contrapartida, os atletas não-profissionalizados apresentaram maiores escores em relação ao criticismo parental (p=0,001), que é um domínio específico do perfeccionismo mal-adaptativo.

Tabela 2
Traços de perfeccionismo dos atletas profissionalizados e não profissionalizados de futebol.

Ao analisar a correlação entre a motivação e os traços de perfeccionismo dos atletas profissionalizados (Figura 1), observou-se que o Perfeccionismo Adaptativo apresentou correlação positiva e moderada (r>0,40) com a M.I. para Conhecer (r=0,42), M.I. para Atingir Objetivos (r=0,53), M.I. para Experiência Estimulantes (r=0,56) e Regulação Externa (r=0,42). O domínio específico da orientação adaptativa de Padrões de Realização Pessoais apresentou correlação moderada com a M.I. para Conhecer (r=0,46), M.I. para Atingir Objetivos (r=0,48), M.I. para Experiência Estimulantes (r=0,53) e Regulação Externa (r=0,41), e o domínio da Organização apresentou correlação com a M.I. para Experiência Estimulantes (r=0,42).

Figura 1
Rede de correlações entre as dimensões do perfeccionismo e da motivação autodeterminada dos atletas de futebol, a) não-profissionalizados e b) profissionalizados.

Em relação aos atletas não-profissionalizados, verificou-se que somente dois domínios do perfeccionismo (Preocupação com os erros: r=0,40; e Perfeccionismo mal-adaptativo: r= 0,41) apresentaram correlações significativas e moderadas com a variável M.E. Regulação Externa. Para verificar o impacto das orientações perfeccionistas adaptativas e mal-adaptativas na motivação, após a análise da correlação, foi conduzido um modelo de regressão entre as subescalas de perfeccionismo (adaptativo e mal-adaptativo) e motivação que apresentaram correlação moderada. Verificou-se que (Figura 2) o Perfeccionismo Adaptativo apresentou impacto significativo (p<0,05) na variabilidade da Regulação Externa (17%), da M.I. para Atingir Objetivos (26%), da M.I. para Experiências Estimulantes (31%) e da M.I. para Conhecer (18%). Já para os jogadores não-profissionalizados observou-se que o Perfeccionismo Mal-adaptativo explica 16% da variabilidade da Regulação Externa.

Figura 2
Modelo de regressão do impacto das orientações perfeccionistas sobre a motivação dos atletas de futebol.

Em relação às trajetórias individuais do modelo de regressão para os atletas profissionalizados (Tabela 3), verificou-se que o aumento do Perfeccionismo Adaptativo possui um efeito forte ( β >0,50) sobre as regulações intrínsecas para Atingir Objetivos (0,51) e Experiências Estimulantes (0,56), além de um efeito moderado ( β >0,20) sobre a Regulação Intrínseca para Conhecer (0,42) e Regulação Externa (0,42). Para os atletas não-profissionalizados (Tabela 3), verificou-se que o aumento do Perfeccionismo Mal-adaptativo possui um efeito moderado ( β >0,20) sobre a Regulação Externa (0,40).

Tabela 3
Análise de regressão entre as variáveis com correlação moderada para os atletas de futebol profissionalizados e não-profissionalizados.

DISCUSSÃO

Os resultados do presente estudo podem proporcionar novos parâmetros para as pesquisas envolvendo perfeccionismo e motivação no contexto esportivo. Ao analisar o efeito das orientações perfeccionistas na motivação dos jogadores de futebol, verificou-se que o Perfeccionismo Adaptativo (Padrões Pessoais e Organização) relacionou-se com os estilos regulatórios da motivação autônoma nos jogadores profissionalizados. Em contrapartida, o Perfeccionismo Mal-adaptativo se revelou preditor de comportamentos regulados por fatores externos nos atletas não-profissionalizados (Figura 1).

A associação do perfeccionismo adaptativo (padrões de realização pessoal e organização) com os estilos regulatórios da motivação autônoma nos atletas profissionais, parece revelar parâmetros que suportam a compreensão da natureza adaptável do estabelecimento de elevados padrões de desempenho no contexto esportivo de alto rendimento2222 Dunn JGH, Dunn JC, Gotwals JK, Vallance JKH, Craft JM, Syrotuik DG. Establishing construct validity evidence for the Sport Multidimensional Perfectionism Scale. Psychol Sport Exerc 2006;7(1):57-79., principalmente porque o mesmo padrão de associação não foi identificado nos jogadores não-profissionalizados. Esses resultados sugerem que o atleta que realiza determinada tarefa voluntariamente estabelece altos padrões de realização para o seu próprio desempenho33 Flett GL, Hewitt PL. The perils of perfectionism in sports and exercise. Curr dir psychol Sci 2005;14(1):14-8.,1414 Frost RO, Marten P, Lahart C, Rosenblate R. The dimensions of perfectionism. Cognitive Ther Res 1990;14(5):449-68., provavelmente se motive para se sentir satisfeito e valorizado, aumentando o interesse em permanecer praticando tal atividade, consequentemente, se aproximando da autodeterminação2424 Deci EL, Ryan RM. Self-determination research: Reflections and future directions. In: Deci EL, Ryan RM, Editors. Handbook of self-determination research. Rochester: University of Rochester Press; 2002. p. 431-441..

Além disso, jogador com perfeccionismo adaptativo e motivação autônoma possui melhor capacidade de superar as demandas estressantes do ambiente, direcionando mais esforço para as tarefas cotidianas, refletindo os aspectos positivos da orientação adaptativa do perfeccionismo1717 Hill AP, Hall HK, Appleton PR. Perfectionism and athlete burnout in junior elite athletes: The mediating role of coping tendencies. Anxiety Stress Coping 2010;23(4):415-30.. Dessa forma, a associação entre o perfeccionismo adaptativo e a motivação autodeterminada no contexto do alto rendimento pode ser um aspecto chave para a manutenção do nível ótimo de desempenho, sendo considerada a base para o crescimento, integridade psicológica e coesão de grupo33 Flett GL, Hewitt PL. The perils of perfectionism in sports and exercise. Curr dir psychol Sci 2005;14(1):14-8..

Tais evidências suportam as conclusões de investigações anteriores1313 Gaudreau P, Thompson A. Testing a 2× 2 model of dispositional perfectionism. Pers Indivi Differ 2010;48(5):532-7.,2525 Perreault S, Vallerand RJ. A test of self-determination theory with wheelchair basketball players with and without disability. Adapt Phys Activ Q 2007;24(4):305-16., que verificaram a relação positiva entre a orientação adaptativa do perfeccionismo, a motivação autodeterminada e coping, independente do quanto os atletas se sintam competentes em determinada prática esportiva.

Por outro lado, observou-se que os padrões pessoais de desempenho e a organização podem refletir uma orientação menos adaptável do perfeccionismo (Figura 2), uma vez que o perfeccionismo adaptativo apresentou impacto significativo sobre a motivação controlada (M.E. Regulação Externa). Tendo em vista que a motivação controlada envolve comportamentos motivados por pressões psicológicas internas, tais como esforços para se manter no alto rendimento ou o alcance de metas2626 Hall HK, Kerr AW, Kozub SA, Finnie SB. Motivational antecedents of obligatory exercise: The influence of achievement goals and multidimensional perfectionism. Psychol Sport Exerc 2007;8(3):297-316.. Tais achados corroboram com conclusões de estudos recentes, que relacionam as dimensões de perfeccionismo adaptativo com a motivação controlada22 Mouratidis A, Michou A. Perfectionism, self-determined motivation, and coping among adolescent athletes. Psychol Sport Exerc 2011;12(4):355-67. e preocupações a respeito da autoestima99 Kosmidou E. Physical self worth, athletic engagement and goal orientations in greek female athletes. Pamukkale J Sport Sci 2013;4(2):79-93..

Percebe-se que elevados padrões de realização e organização podem desenvolver não só comportamentos autônomos em atletas de elite, mas podem motivar a adesão e permanência na prática esportiva por motivos externos, recompensa ou punição55 Deci EL, Ryan RM. Self-determination theory. In: Van Lange PAM, Kruglanski AW, Higgins ET, Editors. Handbook of theories of social psychology. Thousand Oaks: Sage; 2012 . p. 416-437., desencadeando resultados tanto positivos como negativos22 Mouratidis A, Michou A. Perfectionism, self-determined motivation, and coping among adolescent athletes. Psychol Sport Exerc 2011;12(4):355-67..

Em relação aos jogadores não-profissionalizados, observou-se que o Perfeccionismo Mal-adaptativo apresentou impacto sobre os comportamentos regulados por fatores externos (Figura 2), evidenciando a associação entre as dimensões negativas do perfeccionismo (preocupação com os erros, dúvidas na ação e criticismo parental) e a motivação controlada. Assim, os atletas não-profissionalizados demonstraram medo de errar, não se sentem confiantes quanto a sua habilidade ou se preocupam com as expectativas parentais2727 Vissoci JRN, do Nascimento Junior JRA, de Oliveira LP, Vieira JLL, Vieira LF. Suporte parental percebido, motivação autodeterminada e habilidades de enfrentamento: validação de um modelo de equações estruturais. Rev Educ Fis-UEM 2013;24(3):345-58., portanto estes jogadores praticam o futebol motivado por pressões externas e se distanciam da autodeterminação2828 Vallerand RJ, Losier GF. An integrative analysis of intrinsic and extrinsic motivation in sport. J Appl Sport Psychol 1999;11(1):142-69.. Resultados semelhantes foram encontrados em pesquisas com talentos esportivos22 Mouratidis A, Michou A. Perfectionism, self-determined motivation, and coping among adolescent athletes. Psychol Sport Exerc 2011;12(4):355-67.,2929 McArdle S, Duda JL. Exploring Social-Contextual Correlates of Perfectionism in Adolescents: A Multivariate Perspective. Cognitive Ther Res 2004;28(6):765-88.. Ressaltando que jogadores não-profissionalizados tendem a apresentar maior influência da orientação mal-adaptativa do perfeccionismo, uma vez que por estar em processo de formação pessoal e atlética não possuem os mesmos recursos psicológicos que atletas adultos utilizam para superar os obstáculos da carreira esportiva.

Comparando os estilos regulatórios de motivação (Tabela 1) entre os atletas profissionalizados e não-profissionalizados, verificou-se que os jogadores não-profissionalizados se mostraram mais desmotivados para o futebol, indicando que possuem um comportamento regulado por algo além do seu controle, ocorrendo nestes, ausência de intenção na prática esportiva2424 Deci EL, Ryan RM. Self-determination research: Reflections and future directions. In: Deci EL, Ryan RM, Editors. Handbook of self-determination research. Rochester: University of Rochester Press; 2002. p. 431-441.. Este resultado é preocupante para o desenvolvimento de talentos esportivos, visto que são formas não autodeterminadas de motivação e podem provocar consequências negativas no desenvolvimento atlético de jovens, em alguns casos ocasionando o abandono no esporte3030 Martindale RJ, Collins D, Daubney J. Talent development: A guide for practice and research within sport. Quest 2005;57(4):353-75..

Por outro lado, os atletas profissionalizados são orientados por fatores intrínsecos e praticam o futebol sem que as influências externas se tornem fatores que possam interferir no desenvolvimento atlético. Estes jogadores possuem comportamento mais autônomo para a prática do futebol em comparação aos atletas não-profissionalizados, visto que participam de forma voluntária por satisfação e prazer, sob “aparente” ausência pressões externas2828 Vallerand RJ, Losier GF. An integrative analysis of intrinsic and extrinsic motivation in sport. J Appl Sport Psychol 1999;11(1):142-69..

Outra evidência relevante foi encontrada ao comparar as orientações perfeccionistas entre os dois grupos (Tabela 2). Observou-se que os jogadores profissionalizados apresentaram maior orientação nas dimensões adaptativas do perfeccionismo, resultado que corrobora com os dados da análise de regressão (Figura 1). Tal observação é recorrente em atletas de alto rendimento, pois possuem uma tendência por estabelecer elevados padrões de realização pessoal e serem extremamente organizados1414 Frost RO, Marten P, Lahart C, Rosenblate R. The dimensions of perfectionism. Cognitive Ther Res 1990;14(5):449-68.,1515 Flett GL, Hewitt PL. Perfectionism and maladjustment: An overview of theoretical, definitional, and treatment issues. APA. 2002;14: 5-31.. Em contrapartida, os atletas não-profissionalizados apresentaram maiores escores em relação ao criticismo parental (Tabela 2), que é um domínio específico do perfeccionismo mal-adaptativo, evidenciando que interpretam o comportamento dos pais como excessivamente crítico em relação ao seu desempenho2626 Hall HK, Kerr AW, Kozub SA, Finnie SB. Motivational antecedents of obligatory exercise: The influence of achievement goals and multidimensional perfectionism. Psychol Sport Exerc 2007;8(3):297-316..

Apesar das contribuições dos achados desta pesquisa para a literatura, limitações necessitam ser destacadas. Primeiramente, a restrição à apenas uma equipe de futebol profissional, que não representa a realidade de atletas de futebol do país. No entanto, amostra pode ser considerada especial porque foram analisados os atletas de um importante clube da primeira divisão do campeonato brasileiro de futebol. No que diz respeito à relação entre o perfeccionismo e a motivação, os resultados são baseados em dados de corte transversal, não permitindo inferências de causalidade. Dessa forma, futuras pesquisas devem explorar as relações entre as orientações perfeccionistas e a motivação autodeterminada no contexto esportivo, analisando jogadores de outras regiões do país, o uso de modelos longitudinais visando proporcionar novos parâmetros destas relações ao longo do tempo.

CONCLUSÕES

As evidências encontradas sugerem que em atletas de futebol profissionalizados as orientações de perfeccionismo adaptativo têm um impacto positivo na motivação intrínseca dos atletas, podendo ser considerado um traço de personalidade importante para o desenvolvimento de comportamento autônomo em atletas profissionais. Por outro lado, em atletas não profissionalizados a orientação mal adaptativa do perfeccionismo se mostrou um fator interveniente no desencadeamento de comportamentos de motivação extrínseca, evidenciando que para atletas em início da carreira esportiva as preocupações com os erros, dúvidas na ação e criticismo parental impulsionam o comportamento controlado do jogador.

Tais conclusões proporcionam algumas implicações práticas para os profissionais que trabalham com futebol. Em primeiro lugar, o acompanhamento psicológico de jovens atletas pode contribuir para que estes desenvolvam suas características de personalidade de forma positiva, a fim de que pratiquem a atividade esportiva motivados de forma autônoma, sem uma necessidade aparente de recompensas externas. Além disso, é importante que treinadores e psicólogos estejam atentos aos elevados padrões de realização e organização no esporte profissional, uma vez que apesar de influenciar principalmente a motivação autônoma, o perfeccionismo adaptativo também pode gerar comportamentos controlados.

Finalmente, os resultados apontam mudanças no comportamento psicológico dos jogadores selecionados dos centros de iniciação no futebol e que residem em tempo integral em centros de treinamento (CTs). A profissionalização como concebida nesse estudo parece auxiliar na internalização do papel de “atleta” que, associado a este “confinamento”, favorece adaptações tanto na motivação quanto nos traços de perfeccionismo dos jogadores, se ajustando aos padrões esperados em atletas de rendimento. Portanto, sugere-se o acompanhamento psicológico destes atletas neste ambiente de reclusão e comprometimento com a prática esportiva para evitar processos psicológicos indesejáveis a formação profissional.

REFERENCES

  • 1
    Jowett S, Shanmugam V, Caccoulis S. Collective efficacy as a mediator of the association between interpersonal relationships and athlete satisfaction in team sports. Int J Sport Exerc Psychol 2012;10(1):66-78.
  • 2
    Mouratidis A, Michou A. Perfectionism, self-determined motivation, and coping among adolescent athletes. Psychol Sport Exerc 2011;12(4):355-67.
  • 3
    Flett GL, Hewitt PL. The perils of perfectionism in sports and exercise. Curr dir psychol Sci 2005;14(1):14-8.
  • 4
    Gucciardi DF, Mahoney J, Jalleh G, Donovan RJ, Parkes J. Perfectionistic profiles among elite athletes and differences in their motivational orientations. J Sport Exerc Psychol 2012;34(2):159-83.
  • 5
    Deci EL, Ryan RM. Self-determination theory. In: Van Lange PAM, Kruglanski AW, Higgins ET, Editors. Handbook of theories of social psychology. Thousand Oaks: Sage; 2012 . p. 416-437.
  • 6
    Ntoumanis N, Standage M. Morality in sport: A self-determination theory perspective. J App Sport Psychol 2009;21(4):365-80.
  • 7
    Mizoguchi MV, Balbim GM, Vieira LF. Parenting style, motivation and satisfaction of baseball athletes: a correlation study. Rev Educ Fís-UEM 2013;24(2):215-23.
  • 8
    Deci EL, Ryan RM. The" what" and" why" of goal pursuits: Human needs and the self-determination of behavior. Psychol Inq 2000;11(4):227-68.
  • 9
    Kosmidou E. Physical self worth, athletic engagement and goal orientations in greek female athletes. Pamukkale J Sport Sci 2013;4(2):79-93.
  • 10
    Jõesaar H, Hein V, Hagger MS. Peer influence on young athletes' need satisfaction, intrinsic motivation and persistence in sport: A 12-month prospective study. Psychol Sport Exerc 2011;12(5):500-8.
  • 11
    Curran T, Appleton PR, Hill AP, Hall HK. Passion and burnout in elite junior soccer players: The mediating role of self-determined motivation. Psychol Sport Exerc 2011;12(6):655-61.
  • 12
    Balbim GM, do Nascimento Junior JRA, Vieira LF. Análise do nível de satisfação e perfeccionismo de atletas profissionais de futsal do estado do Paraná. Conex 2013;11(2):15-30.
  • 13
    Gaudreau P, Thompson A. Testing a 2× 2 model of dispositional perfectionism. Pers Indivi Differ 2010;48(5):532-7.
  • 14
    Frost RO, Marten P, Lahart C, Rosenblate R. The dimensions of perfectionism. Cognitive Ther Res 1990;14(5):449-68.
  • 15
    Flett GL, Hewitt PL. Perfectionism and maladjustment: An overview of theoretical, definitional, and treatment issues. APA. 2002;14: 5-31.
  • 16
    Gotwals JK, Stoeber J, Dunn JGH, Stoll O. Are perfectionistic strivings in sport adaptive? A systematic review of confirmatory, contradictory, and mixed evidence. Can Psychol 2012;53(4):263.
  • 17
    Hill AP, Hall HK, Appleton PR. Perfectionism and athlete burnout in junior elite athletes: The mediating role of coping tendencies. Anxiety Stress Coping 2010;23(4):415-30.
  • 18
    Stoeber J, Otto K. Positive conceptions of perfectionism: Approaches, evidence, challenges. Pers Soc Psychol Rev 2006;10(4):295-319.
  • 19
    Brière NM, Vallerand RJ, Blais MR, Pelletier LG. Développement et validation d'une mesure de motivation intrinsèque, extrinsèque et d'amotivation en contexte sportif: l'échelle de motivation dans les sports (ÉMS). Int J Sport Psychol 1995; 26(4):465-89.
  • 20
    Bara Filho M, Andrade D, Miranda R, Núñez JL, Martín-Albó J, Ribas PR. Preliminary validation of a Brazilian version of the sport motivation scale; validación preliminar de una versión brasilera de la escala de motivación deportiva. Univ Psychol 2011;10(2):557-66.
  • 21
    Serpa S, Alves P, Barreiros A. Versão portuguesa da Multidimensional Perfectionism Scale (MPSp): processos de tradução, adaptação e fiabilidade. Lisboa: Universidade Técnica de Lisboa.; 2004.
  • 22
    Dunn JGH, Dunn JC, Gotwals JK, Vallance JKH, Craft JM, Syrotuik DG. Establishing construct validity evidence for the Sport Multidimensional Perfectionism Scale. Psychol Sport Exerc 2006;7(1):57-79.
  • 23
    Kline RB. Principles and practice of structural equation modeling. Guilford press; New York. 2011.
  • 24
    Deci EL, Ryan RM. Self-determination research: Reflections and future directions. In: Deci EL, Ryan RM, Editors. Handbook of self-determination research. Rochester: University of Rochester Press; 2002. p. 431-441.
  • 25
    Perreault S, Vallerand RJ. A test of self-determination theory with wheelchair basketball players with and without disability. Adapt Phys Activ Q 2007;24(4):305-16.
  • 26
    Hall HK, Kerr AW, Kozub SA, Finnie SB. Motivational antecedents of obligatory exercise: The influence of achievement goals and multidimensional perfectionism. Psychol Sport Exerc 2007;8(3):297-316.
  • 27
    Vissoci JRN, do Nascimento Junior JRA, de Oliveira LP, Vieira JLL, Vieira LF. Suporte parental percebido, motivação autodeterminada e habilidades de enfrentamento: validação de um modelo de equações estruturais. Rev Educ Fis-UEM 2013;24(3):345-58.
  • 28
    Vallerand RJ, Losier GF. An integrative analysis of intrinsic and extrinsic motivation in sport. J Appl Sport Psychol 1999;11(1):142-69.
  • 29
    McArdle S, Duda JL. Exploring Social-Contextual Correlates of Perfectionism in Adolescents: A Multivariate Perspective. Cognitive Ther Res 2004;28(6):765-88.
  • 30
    Martindale RJ, Collins D, Daubney J. Talent development: A guide for practice and research within sport. Quest 2005;57(4):353-75.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Sep-Oct 2015

Histórico

  • Recebido
    18 Set 2014
  • Aceito
    21 Abr 2015
Universidade Federal de Santa Catarina Universidade Federal de Santa Catarina, Campus Universitário Trindade, Centro de Desportos - RBCDH, Zip postal: 88040-900 - Florianópolis, SC. Brasil, Fone/fax : (55 48) 3721-8562/(55 48) 3721-6348 - Florianópolis - SC - Brazil
E-mail: rbcdh@contato.ufsc.br