RESUMO
A presente exposição objetiva, através da apresentação do percurso de constituição da ontologia marxiana-lukasciana, extrair considerações iniciais críticas às teorias sociais modernas que são fundamentos teórico-epistemológicos para os estudos sobre a corporeidade humana. Aportado em uma pesquisa doutoral qualitativa de cunho teórico-bibliográfica, centra-se aqui na revisão que Lukács realizou sobre as teorias antiontológicas e aquelas que reivindicavam uma ontologia do ente presentificado no cotidiano. Conclui-se provisoriamente que a detecção dos problemas e limites das abordagens investigadas, em especial, uma noção demasiada abstrata do Ser, possam ser pertinentes para a análise da produção dos estudos sobre a corporeidade desenvolvidos na Educação Física.
Palavras-chave:
Ontologia; Epistemologia; Ser social; Corporeidade
ABSTRACT
This exposition aims, through the presentation of the path of constitution of the Marxian-Lukascian ontology, to extract initial critical considerations to modern social theories that are theoretical-epistemological foundations for studies on human embodiment. Based on a qualitative doctoral research of a theoretical-bibliographic nature, it focuses here on the review that Lukács carried out on anti-ontological theories and those that claimed an ontology of the being present in everyday life. It is provisionally concluded that the detection of the problems and limits of the investigated approaches, in particular, an overly abstract notion of Being, may be relevant for the analysis of the production of studies on embodiment developed in Physical Education.
Keywords:
Ontology; Epistemology; Social being; Embodiment
RESUMEN
Esta exposición pretende, a través de la presentación del camino de constitución de la ontología marxiano-lukasciana, extraer consideraciones críticas iniciales a las teorías sociales modernas que son fundamentos teórico-epistemológicos para los estudios sobre la corporeidad humana. A partir de una investigación doctoral cualitativa de carácter teórico-bibliográfico, se centra aquí en la revisión que Lukács realizó sobre las teorías antiontológicas y aquellas que reivindicaban una ontología del ser presente en la vida cotidiana. Se concluye provisionalmente que la detección de los problemas y límites de los enfoques investigados, en particular, una noción excesivamente abstracta del Ser, puede ser relevante para el análisis de la producción de estudios sobre la corporeidad desarrollados en Educación Física.
Palabras-clave:
Ontología; Epistemologia; Ser sociales; Corporeidad
INTRODUÇÃO
O corpo se tornou efetivamente um objeto de interesse nos estudos das ciências humanas, sociais e outras áreas na segunda metade do século XX, sendo tratado por diferentes autoras/es. Ainda que em menor grau de produção, mas de substancial contribuição que aqui busca-se também aproximar, houve a partir da teoria marxista, obras acerca deste tema, a exemplo do trabalho de Jean-Marie Brohm. Já na Educação Física (EF) brasileira, o corpo é elemento de grande importância aparecendo de forma transversal ou em uma posição central, resultante do debate epistemológico ocorrido nas últimas décadas e motivado pelas aproximações com diferentes teorias sociais (Vilarinho et al., 2014Vilarinho S No, Baptista TJR, Silva APM, Alves CL, Silva LRT. Balanço da produção do conhecimento sobre corpo e cultura: o centro-oeste em questão. Arq Mov. 2014;10(1):5-20. ).
A presente síntese, oriunda de uma investigação doutoral teórico-bibliográfica de caráter qualitativo (Sousa, 2020Sousa MF. Trabalho e alienação-estranhamento: contribuições da ontologia do ser social para o debate sobre o corpo na Educação Física brasileira [tese]. Brasília: Universidade de Brasília; 2020. ), trouxe como pressupostos que, para a reflexão do tema é necessário, 1) compreender a formação do ser social, da consciência de ser/ter um corpo, na totalidade social; 2) entender que a formação deste ser ocorreu conforme se desenvolveu as formas de produção da vida material e imaterial, com foco na particularidade do modo de produção capitalista. Traçou-se, assim, a análise sobre como a corporeidade humana é tratada na constituição do ser social a partir da teoria marxiana e da obra madura de György Lukács.
O filósofo desenvolveu o método ontológico-genético de investigação de onde foi apontado que a teoria de Marx e Engels delineia uma verdadeira ontologia do ser social. Na processualidade social há a própria corporificação singular-genérica enquanto expressão do metabolismo com o real concreto, que apresenta determinações e mediações para além da determinidade natural.
O recorte aqui objetiva uma breve exposição sobre a constituição da ontologia marxiana na obra de Lukács; sua particularidade e distinção perante a antropologia filosófica marxiana do filósofo húngaro György Markus; os enfrentamentos a outras abordagens antiontológicas ou ontológicas concorrentes, em especial, a corrente existencialista-fenomenológica. Compreende-se aqui, assim como Lukács, que estas teorias correspondem a socialidade constituída no modo de produção capitalista, o que as tornam expressões ideológicas da classe burguesa e portanto, são teorias conservadoras; e as inferências necessárias para o estudo sobre o corpo sob estes marcos teóricos, bem como para a reflexão sobre os aspectos ontológicos-epistemológicos presentes na produção do conhecimento na EF.
A BELA PALAVRA “ONTOLOGIA”
Tertulian (Lukács, 2010Lukács G. Prolegômenos para uma ontologia do ser social. São Paulo: Boitempo; 2010. 416 p.) observou que a investigação do filósofo húngaro, seu caminho para Marx e Engels, portou o intuito de resgatar esta teoria social da vulgaridade marxista nas correntes reformistas e stalinista que se afastaram das teses dos autores diante ao realismo político apartando-se, sob certa medida, da luta fundamental e revolucionária entre as classes. Somente nos anos de 1960, quando finalizou a redação de sua obra sobre a Estética, surgiu a necessidade de tratar sobre uma ética marxista.
Para tal desenvolvimento, era preciso estabelecer uma ética baseada na particularidade do ser social definindo, antes de tudo, a determinação histórico-concreta do modo de ser e de reproduzir-se do ser social. A investigação que conduzia para a elaboração de uma Ética, Lukács viu-se obrigado a preparar uma ‘introdução’ que apresentaria justamente seus fundamentos ontológicos (Lukács, 2012Lukács G. Para uma ontologia do ser social I. São Paulo: Boitempo; 2012. 436 p.; Netto, 2012Netto JP. Apresentação. In: Lukács G, editor. Para uma ontologia do ser social I. São Paulo: Boitempo; 2012.).
Oldrini (2013)Oldrini G. Em busca das raízes da ontologia (marxista) em Lukács. In: Lukács G, editor. Para uma ontologia do ser social II. São Paulo: Boitempo; 2013. aponta que o processo da gênese da ontologia em Lukács se inicia quando este esteve no Instituto Marx-Engels de Moscou em 1930-31, ocasião na qual o filósofo realizou as leituras dos escritos marxianos da juventude – alguns até então inéditos, a exemplo dos Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844 (Marx, 2010Marx KH. Manuscritos econômico-filosóficos. São Paulo: Boitempo; 2010.) – e dos cadernos filosóficos de Lênin, provocando grande impacto na sua relação com o marxismo. Por mais que os fundamentos estivessem em germinação desde o final da década de 1930, somado aos seus estudos sobre a ontologia nas obras de Nicolai Hartmann, Ernst Bloch e Georg W. F. Hegel, Lukács não assimilou e incorporou o termo imediatamente.
A ontologia tem seus desenhos iniciais na filosofia grega. Ainda que sua etimologia tenha esta origem, o mais antigo registro da palavra em si se encontra na língua latina, datada de 1606 no trabalho Ogdoas Scholastica, de Jacob Loard (Lorhardus) e em 1613 no Lexicon philosophicum, de Rudolf Göckel.
De maneira geral, esta categoria apresentou, desde a elaboração conceitual tecida e popularizada pelo filósofo alemão Christian Wolff, um caráter metafísico e idealista. Ela é anunciada como “[...] o tratado acerca das categorias abstratas, totalmente universais, do filosofar, do ser” [...], que nas próprias palavras de Wolff, a ontologia, “[...] ou filosofia primeira, é a ciência do ente em geral, ou enquanto ele é ente” (Wolff apud Barata-Moura, 2012, pBarata-Moura J. Hegel e a ontologia. Philosophica-Lisboa. 2012;39:7-44.. 9).
Conforme Lessa (2001), aLessa S. Lukács e a ontologia: uma introdução. Revista Outubro. 2001;5(6):1-20. discussão vinculada à essência humana e, consequentemente, a propostas ontológicas, pode ser, talvez para além do admissível, dividida em dois grandes momentos: o primeiro, predominantemente idealista, percorre dos gregos, da filosofia medieval até a filosofia hegeliana; o segundo, com a constituição da ontologia materialista, de Marx até os nossos dias.
O próprio Lukács, em 1966, demarcou então, a sua decisiva incorporação desta categoria: “Usamos a bela palavra ‘ontologia’, à qual eu mesmo me estou habituando [...]” (Lukács, 2014, pLukács G. Conversando com Lukács. São Paulo: Instituto Lukács; 2014. 194 p.. 31). No entanto, ressalva que o enigma ontológico é desvendado no exato momento em que se descobre a forma de ser que produz sua própria existência, gerando um contínuo movimento de complexificação.
Surge em 1976, Para uma ontologia do ser social, integralmente publicada somente em 1984 na língua alemã. Lukács afirma nesta obra que Marx e Engels teceram uma teoria que desvelou a sociedade burguesa capitalista, mas que, em muito, ultrapassou tais intenções, pois também oferece uma teoria “antropológica”, é apresentada uma concepção de formação histórico-social do ser humano, uma ontologia histórico-dialética, não metafísica e não teleológica (Lessa, 2012Lessa S. O mundo dos homens. São Paulo: Instituto Lukács; 2012. 255 p.).
Eis uma importante observação: a antropologia acima sob aspas, não significa que esta seja similar à ontologia. Dentro das tentativas de renovação do marxismo, também se encontra o trabalho de outro filósofo húngaro, György Markus, que pertenceu aos círculos da denominada Escola de Budapeste, círculo de intelectuais marxistas húngaros que continha pesquisadoras/es de diferentes áreas de conhecimento e orientandas/os de Lukács. Pertenceram nomes como Agnes, Heller, Ferenc Fehér, Mihaly Vajda.
Markus afirma que a concepção de essência humana presente nos Manuscritos Econômico-Filosóficos (Marx, 2010Marx KH. Manuscritos econômico-filosóficos. São Paulo: Boitempo; 2010.) e desenvolvida nas obras posteriores, apresenta a elaboração de uma dimensão “antropológica” do ser humano e que assume uma prioridade na constituição do ser social. Assim, nomeia como filosófico-antropológica, a sua concepção sobre o ser humano (Markus, 2015Markus G. Marxismo e antropologia. São Paulo: Expressão Popular; 2015. 200 p.).
A distinção entre a ontologia e a antropologia é necessária pois “[...] certas constelações ontológicas existem totalmente independentes [...]” (Lukács, 2014, pLukács G. Conversando com Lukács. São Paulo: Instituto Lukács; 2014. 194 p.. 91) do ser humano. Maceno (2014)Maceno TE. Nota editorial. In: Lúkács G, editor. Conversando com Lukács. São Paulo: Instituto Lukács; 2014. 194 p. explica que as diferenças não são reduzidas à carga semântica da origem burguesa da palavra antropologia. Esta distinção não é mera questão conceitual, mas trata-se, antes de tudo, de compreensões diferentes sobre a natureza do ser social, inclusive, sobre a posição das esferas inorgânica-orgânica na constituição humana.
A tentativa de tratá-las pelo campo antropológico tende a reduzir “[...] todo o passado da natureza, exclui o fato de que certos fenômenos, mesmo nos homens, provêm unicamente das leis necessárias do mundo inorgânico” (Lukács, 2014, pLukács G. Conversando com Lukács. São Paulo: Instituto Lukács; 2014. 194 p.. 92). A ontologia marxiana-lukasciana, portanto, não é uma mera teoria do conhecimento ou uma antropologia sobre o ser humano-social.
A ontologia é o estudo do ser, da apreensão das suas determinações gerais e essenciais podendo ter um caráter geral, como também um caráter particular (Tonet, 2013Tonet I. Método científico: uma abordagem ontológica. São Paulo: Instituto Lukács; 2013.). É a apreensão das determinações ontológicas que efetivamente constituem o Ser, tendo o reconhecimento de que a natureza do ser social é estabelecida na íntima e irrevogável relação entre as esferas inorgânicas, orgânicas e social.
Em suma: a esfera inorgânica comporta a base material, cuja em suas bases se encontra a transformação da matéria (este processo não é uma reprodução) em outros elementos condicionadas as legalidades naturais; a esfera orgânica, dos seres vivos, encontra-se a possibilidade da reprodução biológica também respondentes as legalidades naturais; a esfera social é onde se encontra o ser humano, orgânico, dotado de consciência que se objetiva e exterioriza, resultante do ato laborativo responsável pelo metabolismo com a natureza (Lukács, 2013Lukács G. Para uma ontologia do ser social II. São Paulo: Boitempo; 2013. 846 p.).
A afirmação da existência de uma ontologia na teoria marxiana segue também na esteira da confrontação com a homogeneização do trato do conhecimento ocasionada pelo viés da metodologia científica tradicional moderna. A gnosiologia-epistemologia na modernidade tem o conhecimento humano como objeto de estudo e, portanto, possui como objetivo, o estudo de sua problemática. O conhecimento é abordado pelo sujeito que o constrói, ou seja, o objeto gira ao redor do sujeito.
Assim, abordar o Ser por este ponto de vista, escamoteia o fato de que todo tratamento de qualquer fenômeno social e, por conseguinte, também da problemática do conhecimento, tem como pressuposto uma determinada ontologia, uma concepção prévia da realidade ancorada no concreto, que revela objetos históricos-sociais permeados de múltiplas determinações (Marx, 2011Marx KH. Grundrisse. São Paulo: Boitempo; Rio de Janeiro: Ed. UFRJ; 2011. ).
Diz Lukács (2013)Lukács G. Para uma ontologia do ser social II. São Paulo: Boitempo; 2013. 846 p. que a gnosiologia, como a kantiana
[...] costuma canonizar acriticamente as formas metodológicas momentaneamente dominantes das ciências de sua época e, por conseguinte, simula modalidades do ser – como fundamento de sua crítica do conhecimento – que poderiam ser apropriadas para conferir uma base ontológica ao modo canonizado do conhecimento. (Lukács, 2013, pLukács G. Para uma ontologia do ser social II. São Paulo: Boitempo; 2013. 846 p.. 455).
E, pelo ponto de partida ontológico, a resolução das questões relacionadas ao conhecimento não cabe apenas ao exame da razão, pois as respostas e a verificação das possibilidades e os limites só podem ser feitas após a captura das determinações gerais e essenciais histórico-sociais do ser (Tonet, 2013Tonet I. Método científico: uma abordagem ontológica. São Paulo: Instituto Lukács; 2013.).
A seguir, acresce-se mais uma observação à tessitura da constituição da ontologia marxiana-lukasciana, em especial, na sua impostação frente aos irracionalismos presentes no pensamento social burguês de sua época e que atravessa até os dias atuais.
OS ENFRENTAMENTOS ÀS TEORIAS VIGENTES
A recuperação da impostação ontológica marxiana também é uma resposta aos irracionalismos presentes nas gnosiologias-epistemologias (neo)positivistas e existencialistas. Lukács confrontou as mais significativas correntes teóricas, bem como as concepções burguesas que justificavam o capitalismo. Também se opôs à vulgaridade e ao mecanicismo de algumas tradições marxistas, como o estruturalismo e o stalinismo (Lessa, 2001Lessa S. Lukács e a ontologia: uma introdução. Revista Outubro. 2001;5(6):1-20.).
Por um lado, no positivismo do início do século XX, tem-se a tentativa de supressão da ontologia ou outros traços metafísicos na ciência e das explicações sobre o ser humano. Na produção científica por esta orientação, a realidade concreta existente em si era completamente excluída. As grandes revoluções que se iniciaram nas ciências da natureza pareciam oferecer um fundamento para excluir completamente da teoria do conhecimento científico-positivista e da metodologia das ciências naturais, as categorias ontológicas decisivas da natureza, como, sobretudo, a categoria da matéria.
Diz Lukács (2012)Lukács G. Para uma ontologia do ser social I. São Paulo: Boitempo; 2012. 436 p.:
Se a ontologia é negada por princípio ou ao menos considerada irrelevante para as ciências exatas, a consequência obrigatória de tal atitude é que a realidade existente em si, [...] são homogeneizadas em uma única e mesmíssima objetividade. (Lukács, 2012, pLukács G. Para uma ontologia do ser social I. São Paulo: Boitempo; 2012. 436 p.. 47).
O combate antiontológico encontra na matematização das ciências em geral, a forma definitiva para absolutizar e homogeneizar a realidade a partir daquilo que é homogêneo no interior desta ciência – a exatidão, o rigor, a precisão estatística e numérica – a considerando a chave última e definitiva de decifração dos fenômenos.
Por outro lado, nas correntes existencialistas-fenomenológicas, observou-se que também questionavam a metafísica, ademais fundamentaram uma ontologia fenomenológica. Um importante aspecto é que o motivo filosófico dessas correntes consistiu em localizar o papel central à subjetividade – mais evidente em Edmund Husserl – sem que se conecte devidamente à realidade existente em si, a negando, inclusive (Lukács, 2012Lukács G. Para uma ontologia do ser social I. São Paulo: Boitempo; 2012. 436 p.).
Tal arbitrariedade levou os discípulos de Husserl (Max Scheler e Martin Heidegger) a transformarem a fenomenologia em fundamento da ontologia por esta ser possível assentar a essência. Heidegger parte sua ontologia do ser, única e exclusivamente, da analítica existencial do ser-aí (Dasein), das quais outras podem se originar (Heidegger, 2005Heidegger M. Ser e Tempo: parte 1. 15. ed. Rio de Janeiro: Vozes; 2005. 325 p.). Porém, Lukács elucida que essência, fenômeno e aparência sempre constituirão um esforço em vão, caso a realidade concreta seja excluída.
A ontologia existencialista considera o ser humano e suas relações sociais a partir de um ser pouco dimensional, assim como tornou irrelevantes “[...] os problemas ontológicos autônomos da natureza [...]” (Lukács, 2012, pLukács G. Para uma ontologia do ser social I. São Paulo: Boitempo; 2012. 436 p.. 83). A natureza, nessa ontologia, converte-se em mero componente do ser social, o que é algo relativamente correto, mas perde relevância. Porém, a natureza sempre será algo existente em si, cujo processo de metabolismo com o ser humano-social, torna-se um momento importante do próprio ser social.
É possível inferir que as abordagens fenomenológicas-existencialistas se fundamentam no que se pode denominar de falsa ontologia sobre o Ser, já que o caráter concreto da realidade escapa das considerações dessas teorias e, assim, reduzem o sentido do ser social. A ciência e algumas teorias elaboradas “[...] pode obscurecer, pode deformar indicações ou mesmo apenas pressentimentos da vida cotidiana” (Lukács, 2012, pLukács G. Para uma ontologia do ser social I. São Paulo: Boitempo; 2012. 436 p.. 294).
Neste ponto, o enunciado de Marx (2017, pMarx KH. Capital. Livro III. 2. ed. São Paulo: Boitempo; 2017. 984 p.. 880) assume uma importância para a ontologia do ser social: “Toda ciência seria supérflua se a forma de manifestação e a essência das coisas coincidissem imediatamente”. A proposição vale em sentido ontológico geral, ou seja, refere-se tanto à natureza quanto à sociedade. Todavia, mostra-se em análises mais aprofundadas que a relação entre essência e fenômeno do ser social, por causa de sua indissolúvel ligação com a práxis social, revela novas determinações.
Lukács afirma que a impostação ontológica teve tratamento mais correto com Hartmann, que trata da ontologia inserida no cotidiano, ainda que ocorra nesta teoria, uma negligência do posicionamento correto do espelhamento dialético da realidade objetiva. O filósofo também analisou as ontologias (autêntica e falsa) presentes em Hegel. O reconhecimento da peculiaridade ôntica em Hegel, baseado em um método recheado de esquemas lógicos, fez Marx, Engels e Lukács a parcialmente rechaçarem o método hegeliano para alcançar uma verdadeira investigação ôntica concreta.
Tem-se também em Lukács, uma ontologia ancorada no cotidiano. Porém, compreende-se que o trabalho é o momento de efetivação das finalidades humanas que se encontram na experiência singular e genérica da vida cotidiana (Antunes, 2000Antunes RC. Os sentidos do trabalho. São Paulo: Boitempo; 2000.). Ou seja, é necessário reconhecer o trabalho como ato e processo que faz o cotidiano, aspecto este importante para diferenciar as ontologias delineadas por Hartmann e Lukács.
Neste percurso, então, são resgatados os princípios ontológicos fundamentais (a contraditoriedade, a historicidade, a totalidade, a universalidade) na teoria social de Marx. E o caráter desta ontologia não pode ser convertida meramente em gnosiologia-epistemologia, visto que o que se tem são fundamentos gerais para a sociedade e para o próprio ser singular.
NOTAS SOBRE ALGUMAS EXPRESSÕES DAS DIFERENTES “ONTOLOGIAS” NA EDUCAÇÃO FÍSICA
Tratar a corporeidade pela ontologia marxiana-lukacsiana não significa realizar uma ontologia do e sobre o corpo, nem o tratar numa suposta centralidade apartada do ser social. Pelo contrário, neste estudo, considerou-se o corpo na totalidade do ser social. Isto é importante, pois outras propostas ontológicas são reivindicadas com o objetivo de construir uma própria para o corpo, especialmente àquelas fundamentadas na fenomenologia advinda da influente obra de Maurice Merleau-Ponty que se faz bastante presente em autores como Manuel Sérgio, Silvino Santin, Wagner Wey Moreira, entre outras/os.
Não cabe aqui realizar uma digressão aprofundada sobre todo o debate presente na EF, mas como expressão e ilustração desta questão, entre diversos estudos de revisões e dossiês temáticos, destaca-se mais especificamente, a recente produção da principal entidade científica da área (CBCE) que, por razões das comemorações de 40 anos de existência, lançou uma série de volumes que correspondem, respectivamente, aos eixos dos Grupos de Trabalho Temático da entidade.
No terceiro volume, o trabalho de Caminha e Nóbrega (2020)Caminha IO, Nóbrega TP. A experiência do corpo na dança: entrecruzamentos entre ciência, estética, ética e política. In: Galak E, Athayde P, Lara L, editores. Por uma epistemologia da educação dos corpos e da educação física. Natal: EDUFRN; 2020. 156 p. anuncia possíveis novos horizontes para a compreensão das corporeidades através da valorização da percepção, esta ocorrida através e somente pelo corpo. A percepção é um princípio essencial no método fenomenológico de Merleau-Ponty. Segundo as/os autoras/es, na obra deste filósofo se tem a compreensão de que toda percepção é realizada por meio do corpo, o ser humano é um corpo vivido e um ser de percepção situado radicalmente no mundo o que, se aponta, para “[...] ontologia do presente a partir da percepção do corpo da redução fenomenológica e da experiência estesiológica [...]” (Caminha e Nóbrega, 2020, pCaminha IO, Nóbrega TP. A experiência do corpo na dança: entrecruzamentos entre ciência, estética, ética e política. In: Galak E, Athayde P, Lara L, editores. Por uma epistemologia da educação dos corpos e da educação física. Natal: EDUFRN; 2020. 156 p.. 44).
O texto de Pich et al. (2020)Pich S, Ghidetti FF, Bassani JJ. As derivas do corpo e sua educação: dos seus saberes e das suas artes. In: Galak E, Athayde P, Lara L, editores. Por uma epistemologia da educação dos corpos e da educação física. Natal: EDUFRN; 2020. 156 p. aponta que o debate acumulado na área, iniciado com o(s) movimento(s) renovador(es) (Castellani, 2019Castellani L Fo. 40 anos de CBCE- de expressão do “Movimento de Renovação Conservadora” à síntese do “Movimento Renovador (Progressista)” da Educação Física/Ciências do Esporte. In: Lara L, Athayde P, editores. Ciências do Esporte, educação física e produção do conhecimento em 40 anos de CBCE. Ijuí: Ed. Unijuí; 2019. 112 p.) e com as contribuições de trabalhos que caracterizariam uma denominada virada culturalista, busca um novo estatuto ontológico do corpo nas proposições de educação corporal que surgiram nestes momentos históricos. Seria, então, a intenção do texto de refletir acerca de um novo estatuto ontológico que vá para além das limitações culturalistas da compreensão pela linguagem e pelo discurso que é característico desta produção, ao mesmo tempo em que se reconhece a necessidade de um aporte ontológico – usando o próprio potencial linguístico do corpo e do movimento humano – para a beleza e a verdade.
Outro exemplo exterior à EF se encontra na proposição de constituição de uma ontologia do corpo sob inspiração da fenomenologia e amparada no conceito de contiguidade que significa “[...] um entrelaçamento do ser que se dispõe no mundo [...]” (Falabretti e Oliveira, 2020, pFalabretti E, Oliveira J. O nó do ser. Para uma ontologia do corpo. Caxias do Sul: EDUCS; 2020. 285 p.. 16). Contíguo, segundo estes autores, ao recuperar e ampliar o sentido aristotélico,
[...] é um contínuo não lacunar, intermitente, mas ininterrupto, o mesmo mas o outro, a posse sem propriedade, o pertencimento sem domínio. É a condição do que se dilui em outro sem perder a sua identidade, em graus de constituição e apropriação, resistências e contingenciamento (Falabretti e Oliveira, 2020, pFalabretti E, Oliveira J. O nó do ser. Para uma ontologia do corpo. Caxias do Sul: EDUCS; 2020. 285 p.. 16).
Pela contiguidade se compreende o corpo como uma quadratura onde se encontra o entrecruzamento do corpo consigo mesmo enquanto eu (corpo fenomênico, vivido, perceptivo); do corpo como corpo de um Deus encarnado desde sua transcendência; do corpo com os outros corpos vivos; e do corpo com os outros corpos dispersos naquilo que, muito vagamente, chamamos de mundo (corpo-mundo) (Falabretti e Oliveira, 2020Falabretti E, Oliveira J. O nó do ser. Para uma ontologia do corpo. Caxias do Sul: EDUCS; 2020. 285 p.).
Observa-se que a ontologia de inspiração existencialista-fenomenológica busca reabilitar o mundo sensível, através da percepção (também da intuição), cuja atividade cognitiva humana supõe um “pré-entendimento” não conceitual e não linguisticamente formulado do contexto que abrigará o novo conhecimento, daquilo a que este novo conhecimento faz referência ou ao que o ser irá associar. Assim, a corporeidade humana é movimento, gesto, presença no cotidiano, não reduzida ao conceito de corpo material, mas enquanto fenômeno corporal, isto é, enquanto expressividade, palavras e linguagem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Destas iniciais aproximações acarretadas pelo exame da crítica imanente lukasciana as teorias (e suas lógicas) fundadas socialmente no percurso da história recente, destacam-se quatro pontos para o debate crítico-reflexivo aqui pretendido.
Primeiro, cabe avaliar a tendência da desconsideração dos avanços encontrados na lógica dialética (seja na filosofia idealista ou materialista) que elucidam as questões pertinentes à corporeidade humana. Tal supressão é observada quando os estudos apontam que a filosofia moderna opera com separações e antinomias entre natureza e história-cultura, consciência e natureza. O pensamento filosófico e social moderno é, por estas tendências, tratado de forma homogênea, desconsiderando outros arcabouços que constituíram através da lógica dialética, a superação destas antinomias.
Segundo, através do próprio idealismo presente na corrente fenomenológica, cabe também avaliar o peso e a centralidade dada à percepção e à sensibilidade. O idealismo objetivo de Hegel aponta que o caminho e intenção da filosofia é de realizar a exposição do mundo como autoprodução e autoconhecimento do espírito, por qual a realidade objetiva é apenas uma forma de seus diversos estágios de estranhamento. Tanto a Fenomenologia do Espírito (Hegel, 2018aHegel GWF. Fenomenologia do espírito. 9. ed. Petrópolis-RJ: Vozes; 2018a. 544 p.), que apresenta o caminho que a consciência natural e ordinária faz da certeza sensível à razão, à autoconsciência, quanto a Ciência da Lógica (Hegel, 2018bHegel GWF. Ciência da lógica. Petrópolis: Vozes; 2018b. 400 p. (vol. 3).), cujo surgimento da consciência-de-si permite a passagem do ser-em-si à ser-para-si, demonstram também a constituição da singularidade, do indivíduo vivo cuja objetividade é a sua corporeidade e o reconhecimento no gênero como uma identidade universal.
O ponto de partida da constituição do Ser é indeterminado e a formação da autoconsciência é um constante processo de determinação. A percepção aparece como princípio da certeza sensível (a consciência se encontra no estágio mais imediato, é ingênua e indeterminada) que busca captar o isto e o verdadeiro. Grosso modo, a percepção é um dos passos fundamentais para a determinação, aparece como uma das figuras da consciência no processo complexo da sua constituição e como uma determinação maior da certeza sensível, mas não é a principal determinidade da consciência. É um momento necessário para a constituição do entendimento quando a consciência percorre um caminho que possibilita a consciência-de-si, como também se torna um momento necessário para a superação (Aufheben) do mesmo rumo à Razão. É certo que a percepção, além de ser uma experiência corporal, é um elemento necessário para a constituição da consciência. No entanto, nos parece que é concedido um peso excessivo a um momento demasiado indeterminado, pouco racional. Estas são características que tornam a fenomenologia uma expressão do idealismo subjetivo (Lukács, 2018Lukács G. O jovem Hegel e os problemas da sociedade capitalista. São Paulo: Boitempo; 2018. 736 p., 2020Lukács G. A destruição da Razão. São Paulo: Instituto Lukács; 2020.; Carli, 2013Carli R. Fenomenologia e a questão social. 1. ed. Campinas: Papel Social; 2013. 116 p.).
Ressalta-se ainda que o mundo sensível escapa nas propostas filosóficas que Marx e Engels denominaram de contemplativas: estas não captam a verdadeira essência dos objetos e do ser. O mundo sensível é produto histórico-social resultante da atividade humana na natureza exterior independente e é ancorada imediatamente na própria sensibilidade e capacidade humana de ser suscetível mediado por órgãos presentes no próprio corpo – olfato, paladar, audição, tato e visão (Marx e Engels, 2007Marx KH, Engels F. A ideologia alemã. São Paulo: Boitempo; 2007. 616 p.; Marx, 2010Marx KH. Manuscritos econômico-filosóficos. São Paulo: Boitempo; 2010.).
O terceiro aspecto é o necessário cuidado em tratar das nuances entre autoras/es da filosofia existencialista-fenomenológica e ao mesmo tempo, observar elementos fundamentais que caracterizam os métodos. Por suas raízes na filosofia idealista, em Merleau-Ponty (1999)Merleau-Ponty M. Fenomenologia da percepção. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes; 1999. 657 p., ainda que possuísse reservas à redução eidética husserliana, encontra-se um tipo de ontologia embasada na fenomenologia de Husserl e Heidegger, especialmente na sua concepção de ser-aí e ser-no-mundo, em que coloca o corpo fenomenal (que não é puramente objetivo ou subjetivo), na sua condição carnal, no interior do processo de experiências como agente, conforme as intencionalidades do corpo nas situações mundanas.
Nesse sentido, pode-se inferir que existe um ser pré-objetivo conforme se encontra nos primeiros capítulos da principal obra de Merleau-Ponty. O filósofo enfatiza ainda mais a experiência corporal, a percepção e reconhecimento no outro, para a constituição do ser-aí. Esta característica, ainda que mais próxima de se ancorar na realidade objetiva, parece ainda ser demasiada abstrata.
O quarto ponto para reflexão se soma à observação acima. Segundo Lukács, no existencialismo-fenomenologia, encontra-se uma tendência a uma abstração exagerada que exclui as mediações concretas e a totalidade social, o que gera, como consequência, a transformação da autêntica dialética do idealismo alemão em uma “[...] contradição abstrativa, irrevogável, sem fundamento” (Lukács, 2012, pLukács G. Para uma ontologia do ser social I. São Paulo: Boitempo; 2012. 436 p.. 86).
Acresce-se as observações em A Destruição da Razão (Lukács, 2020Lukács G. A destruição da Razão. São Paulo: Instituto Lukács; 2020.), referentes às abordagens que se inclinaram à depreciação da Razão, à glorificação da intuição e da percepção, à constituição de gnosiologias aristocráticas e conservadoras e à recusa do progresso sócio-histórico.
E para que ocorra tal consequência, a raiz do problema se encontra na forma e trato do ser: em Heidegger, o ser-aí perde mediações e, assim, não se constitui como ponto de partida, mas como seu ápice e plenitude (Lukács, 2012Lukács G. Para uma ontologia do ser social I. São Paulo: Boitempo; 2012. 436 p.). Recorrendo à própria obra heideggeriana, “[...] se deve procurar, na analítica existencial da pre-sença (Dasein), a ontologia fundamental de onde as demais podem originar-se” (Heidegger, 2005, pHeidegger M. Ser e Tempo: parte 1. 15. ed. Rio de Janeiro: Vozes; 2005. 325 p.. 40). Tertulian (2016)Tertulian N. Ontologia heideggeriana e ontologia luckasiana. In: Tertulian N, editor. Lukács e seus contemporâneos. São Paulo: Perspectiva; 2016. p. 31-172. e Carli (2013)Carli R. Fenomenologia e a questão social. 1. ed. Campinas: Papel Social; 2013. 116 p. observam que a principal característica da abordagem de Heidegger é a tentativa de tornar a filosofia do Dasein uma expressão “[...] da inquietude fundamental do homem ancorado no seu hic et nunc [nesse exato instante e local] histórico” (Tertulian, 2016, pTertulian N. Ontologia heideggeriana e ontologia luckasiana. In: Tertulian N, editor. Lukács e seus contemporâneos. São Paulo: Perspectiva; 2016. p. 31-172.. 304).
Tertulian (2009Tertulian N. Sobre o método ontológico-genético em Filosofia. Perspectiva. 2009;27(2):375-408., 2016Tertulian N. Ontologia heideggeriana e ontologia luckasiana. In: Tertulian N, editor. Lukács e seus contemporâneos. São Paulo: Perspectiva; 2016. p. 31-172.) mostra que o conceito de mundo e a relação sujeito-objeto presentes no existencialismo-fenomenologia negam ontologicamente o mundo exterior, reduzindo-o à emergência do ser-aí, do ente, sendo por si mesmo a-mundano. O mundo se mundaniza, conforme o enunciado heideggeriano, por haver a co-presença de um sujeito, o ser-à-mão que permanece petrificado pela sua a-subjetividade diante da inércia à qual o mundo exterior, sem significado, aparece. Por isso, a ontologia heideggeriana se amarra a uma concepção limitada de cotidianidade, por buscar constituí-la em cima de uma existência inautêntica.
Todavia, o mundo exterior (natureza, realidade objetiva) em Marx e Lukács possui estatuto ontológico,
[...] aparece estruturado por uma rede infinita de cadeias causais, cujas múltiplas interações conferem ao seu conceito de objetividade um conteúdo muito rico (Tertulian, 2016, pTertulian N. Ontologia heideggeriana e ontologia luckasiana. In: Tertulian N, editor. Lukács e seus contemporâneos. São Paulo: Perspectiva; 2016. p. 31-172.. 44).
Esta aproximação, fundamentada na obra e teoria de Marx, Engels e Lukács, nos permite tratar das problemáticas presentes em ontologias que se fundam em um Ser inautêntico, cuja consequência se encontra na compreensão sobre a corporeidade humana. Exercitou-se de forma ainda preliminar, uma reflexão nos fundamentos lógicos presentes nas epistemologias que alimentam o debate e produção na EF.
Portanto, caberá, em um outro momento, apresentar de forma mais direta uma sistematização que demonstre as principais características da abordagem marxiana-lukasciana enquanto possibilidade para o trato adequado do ser social e da corporeidade singular-genérica. Por ora, novamente aqui se aponta: a ontologia do ser social permite localizar corretamente o corpo enquanto necessária condição material-corpórea existencial, mas que somente na socialidade histórica é que todos os sentidos e significados que esta materialidade adquire, formam o ser humano-social e sua própria corporeidade.
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FINANCIAMENTO
O presente trabalho não contou com apoio financeiro de nenhuma natureza para sua realização.
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Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
27 Nov 2023 -
Data do Fascículo
2023
Histórico
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Recebido
13 Jul 2023 -
Aceito
23 Out 2023