Resumo
O objetivo deste trabalho foi verificar a insatisfação com a imagem corporal em sujeitos com cegueira, congênita e adquirida. Participaram da pesquisa 45 sujeitos com deficiência visual. Foi usado o questionário BSQ para verificar o grau de insatisfação com a imagem corporal e constatado que 24,4% das pessoas com deficiência visual apresentaram alguma insatisfação com a imagem do corpo. Esses dados não apresentaram diferenças estatísticas significativas. Conclui-se que os indivíduos cegos apresentam menos problemas de insatisfação corporal quando comparados com os resultados de estudos com videntes.
PALAVRAS-CHAVE
Imagem corporal; Deficiência visual; Insatisfação corporal; BSQ
Abstract
The aim of the present study was to investigate dissatisfaction with body image among blind individuals. 45 blind individuals of both sexes, aged between 18 and 69 years, participated in the study. The Body Shape Questionnaire (BSQ) was used to gather data relating to body image dissatisfaction. 24.4% of the subjects presented some dissatisfaction with their body image. These data did not present any statistical significant difference. It was concluded that the blind subjects presented low levels of body dissatisfaction when compared to normal individuals.
KEYWORDS
Body image; Blind/visual impairment; Body dissatisfaction; BSQ
Resumen
El objetivo fue verificar la insatisfacción con la imagen corporal en personas con ceguera. Los participantes fueron 45 sujetos con discapacidad visual. Se utilizó el cuestionario BSQ para comprobar la imagen corporal. Del total de encuestados, el 24,4% de las personas con discapacidad visual mostraron insatisfacción con la imagen corporal. Estos datos no mostraron diferencias estadísticas significativas. Llegamos a la conclusión de que los ciegos demuestran menos tendencia de desarrollar insatisfacción con la imagen corporal.
PALABRAS CLAVE
Imagen corporal; Deficiencia visual; Insatisfacción corporal; BSQ
Introdução
A formação da imagem corporal é um processo complexo e contínuo, em que a família, os amigos e a mídia parecem exercer grande influência (Hoogan e Strasburger, 2008Hoogan MJ, Strasburger VC. Body image, eating disorders, and the media. Adolesc Med State Art Rev 2008;19(3):521-46.). A mídia, por exemplo, tem veiculado a magreza como um ideal de corpo a ser adotado. A esse corpo magro tem sido associada uma série de valores sociais, tais como riqueza, sucesso, caráter e cuidado de si (Featherstone, 2010Featherstone M. Body, image and affect in consumer culture. Body Society 2010;16(1):193-221.; Soh et al., 2006Soh NL, Touyz SW, Surgenor LJ. Eating and body image disturbances across cultures: a review. Eur Eat Disorders Rev 2006;14(1):54-65.; Puhl e Brownell, 2001Puhl R, Brownell KD. Bias, discrimination, and obesity. Obes Res. Silver Spring 2001;9(12):788-805.).
Algumas investigações têm demonstrado que, ao longo dos anos, o padrão do corpo feminino, presente nas revistas de grande circulação, teve suas medidas reduzidas, ao mesmo tempo em que a propaganda de dietas, exercícios físicos e produtos para emagrecer ganhou um espaço significativo na mídia (Thompson-Brenner et al., 2011Thompson-Brenner H, Boisseau CL, St. Paul MS. Representation of ideal figure size in Ebony magazine: a content analysis. Body Image 2011;8(4):373-8.).
Embora o conhecimento da imagem corporal em sujeitos videntes apresente certo desenvolvimento, pouco tem sido investigado sobre como as pessoas com deficiência visual percebem seus próprios corpos, uma vez que esses sujeitos são menos susceptíveis à exposição dos modelos corporais veiculados pela mídia visual.
Cegos congênitos nunca puderam ver sua própria imagem, uma vez que a percepção tátil aponta para outros códigos de representação do próprio corpo, códigos esses não compartilhados pela cultura. As ideias de magreza e beleza, possivelmente, são internalizadas de forma distinta da sociedade vidente. Contudo, isso pode ser diferente para pessoas que enxergaram até uma determinada idade (Baker et al., 1998Baker D, Sivyer R, Towell T. Body image dissatisfaction and eating attitudes in visually impaired women. Int J Eat Disord 1998;24(3):319-22.).
Ainda que poucos estudos sobre imagem corporal em deficientes visuais tenham sido publicados, Interdonato e Gregoul (2009)Interdonato GC, Gregoul M. Autoanálise da imagem corporal de adolescentes com deficiência visual sedentários e fisicamente ativos. Conexões: Revista da Faculdade de Educação Física da Unicamp 2009;7(3):1-13. observaram que adolescentes cegos tinham uma percepção adequada da imagem corporal.França e Azevedo (2003, p. 176)França DNO, Azevedo EES. Imagem corporal e sexualidade de adolescentes com cegueira, alunos de uma escola pública especial em Feira de Santana, Bahia. R Ci Méd Biol 2003;2(2):176-84. concordaram com os autores e constataram que os adolescentes cegos têm uma fiel percepção da imagem corporal e que essa é construída "a partir do que lhe dizem e pelo toque do próprio corpo". Já Sharp (1993)Sharp CW. Anorexia nervosa and depression in a woman blind since the age of nine months. Can J Psychiatry 1993;38(7):469-71. verificou que não houve associação entre o desenvolvimento de distúrbios alimentares e de imagem corporal e a falta de visão.
Nesse sentido, o objetivo do presente estudo foi verificar a insatisfação com a própria imagem corporal em sujeitos com cegueira congênita e adquirida.
Método
Considerando que não há dados sobre a população de pessoas com deficiência visual na cidade do Rio de Janeiro e que há somente um local de referência para a localização de sujeitos com essa deficiência, houve, portanto, dificuldade de se usar um processo de amostragem do tipo probabilístico. Assim, adotou-se a amostragem por conveniência.
Participaram da pesquisa 45 sujeitos com deficiência visual frequentadores do Instituto Benjamin Constant, de ambos os sexos e entre 18 e 69 anos, 40 adquiridos e cinco congênitos. Cabe ressaltar ainda que foi obtido um número de sujeitos abaixo do desejado, pois o questionário só poderia ser aplicado durante os intervalos das aulas dos informantes, o que dificultou a sua aplicação.
Coleta de dados
Na coleta de dados referentes à insatisfação relacionada à imagem corporal, foi usado o Body Shape Questionnaire (BSQ) (Cooper et al., 1987Cooper PJ, Taylor MJ, Cooper Z, Fairburn CG. The development and validation of the Body Shape Questionnaire. Int J Eat Disord 1987;6(4):485-94.). As respostas aos 34 itens foram somadas, após se atribuírem pontos de 1 a 6 a cada item. Quando a soma dos pontos foi inferior a 80, considerou-se que houve ausência de insatisfação relativa à imagem corporal. Acima de 80 pontos considerou-se que o sujeito apresentava insatisfação da imagem corporal. Por outro lado, procurou-se também usar a média dos valores atribuídos aos 34 itens. Para o preenchimento do questionário a pesquisadora leu em voz alta todas as perguntas.
Os procedimentos para a coleta dos dados foram: a) contato com o Instituto Benjamin Constant, referência na educação de cegos; b) contato com professores do Instituto para a explicação dos procedimentos; c) contato com os sujeitos para a apresentação da pesquisa, a obtenção de seu consentimento e o agendamento de um dia para aplicação do instrumento; e d) aplicação dos questionários.
Comitê de ética
O presente estudo foi encaminhado e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Gama Filho, sob o protocolo 14120.10.
Análise estatística
A análise estatística usada estava de acordo com a natureza das variáveis e foi feita a frequência relativa de cada caso. Para examinar as diferenças nas proporções das variáveis categóricas, foi usado o qui-quadrado. Na análise de amostras independentes, usou-se o teste não paramétrico U, de Mann-Whitney. Adotou-se o nível de significância de p < 0,05.
Resultados
A figura 1 apresenta a taxa percentual da prevalência de insatisfação corporal em indivíduos com deficiência visual. A grande maioria não demonstrou insatisfação com o próprio corpo.
O valor médio para os resultados do BSQ foi de 2,13. Entre os indivíduos com cegueira adquirida, a média foi de 2,15, enquanto 1,96 foi a média dos cegos congênitos (fig. 2). Esses dados não apresentaram diferenças estatísticas significativas.
Os valores médios da soma total do BSQ (fig. 3) apontaram para resultados que classificam os sujeitos como tendo ausência de insatisfação com a imagem corporal.
Na tabela 1 é possível observar como algumas variáveis se relacionaram à insatisfação com a imagem corporal. Entretanto, nenhuma dessas variáveis apresentou resultado estatístico significativo.
Discussão
O objetivo do presente estudo foi verificar a insatisfação com a imagem corporal em sujeitos com cegueira congênita e adquirida. Os resultados mostraram que 24,4% dos deficientes visuais manifestaram insatisfação com a imagem corporal. A investigação sobre a prevalência de insatisfação com a imagem corporal no Brasil, com o uso do BSQ (Costa e Vasconcelos, 2010Costa LC, Vasconcelos FA. Influence of socioeconomic, behavioral and nutritional factors on dissatisfaction with body image among female university students in Florianopolis, SC. Rev Bras Epidemiol 2010;13(4):665-76.), apontou que 47,3% de estudantes universitárias do sexo feminino se mostraram insatisfeitas. Em pesquisa também feita no Brasil, por meio de escala de silhuetas, verificou-se que 66,6% das mulheres e 46,3% dos homens apresentaram insatisfação com a imagem corporal (Santos Silva et al., 2011Santos Silva DA, Nahas MV, Sousa TF, Del Duca DF, Peres KG. Prevalence and associated factors with body imagedissatisfaction among adults in southern Brazil: a population-based study. Body Image 2011;8(4):427-31.). Entretanto, em virtude da escassez de estudos sobre imagem corporal em deficientes visuais, não foi possível confrontar os achados da presente investigação com os de outras pesquisas. Ainda assim, os poucos estudos encontrados corroboraram a ideia de que os sujeitos cegos apresentam menores níveis de insatisfação corporal (Ashikali e Dittmar, 2010Ashikali E-M, Dittmar H. Body image and restrained eating in blind and sighted women: A preliminary study. Body Image 2010;7(2):172-5.; Baker et al., 1998Baker D, Sivyer R, Towell T. Body image dissatisfaction and eating attitudes in visually impaired women. Int J Eat Disord 1998;24(3):319-22.; Interdonato e Gregoul, 2009Interdonato GC, Gregoul M. Autoanálise da imagem corporal de adolescentes com deficiência visual sedentários e fisicamente ativos. Conexões: Revista da Faculdade de Educação Física da Unicamp 2009;7(3):1-13.; França e Azevedo, 2003França DNO, Azevedo EES. Imagem corporal e sexualidade de adolescentes com cegueira, alunos de uma escola pública especial em Feira de Santana, Bahia. R Ci Méd Biol 2003;2(2):176-84.).Ashikali e Dittmar (2010)Ashikali E-M, Dittmar H. Body image and restrained eating in blind and sighted women: A preliminary study. Body Image 2010;7(2):172-5. sugerem que a inabilidade de enxergar reduz a extensão da comparação do próprio corpo com aqueles socialmente difundidos pela mídia. Pesquisas (Grabe et al., 2008Grabe S, Ward LM, Hyde JS. The role of the media in body image concerns among women: a meta-analysis of experimental and correlational studies. Psychol Bull 2008;134(3):460-576.; Posavac e Posavac, 2002Posavac SS, Posavac HD. Predictors of women's concern with bodyweight: The roles of perceived self-media ideal discrepancies and self-esteem. Eating Disorders 2002;10(2):153-60.) revelam que existe uma grande relação entre o padrão de corpo magro, exaustivamente veiculado pela mídia, e os transtornos de imagem corporal. A exposição repetida de um padrão de corpo na mídia pode induzir a ideia de que esse corpo representa a realidade e, portanto, uma meta a ser alcançada.
É interessante ressaltar que estudos feitos com adolescentes evidenciaram que esses têm uma aproximação da imagem corporal autorreferida com a verificada pelos pesquisadores e, ainda, a atribuída pelo toque do próprio corpo (Interdonato e Gregoul, 2009Interdonato GC, Gregoul M. Autoanálise da imagem corporal de adolescentes com deficiência visual sedentários e fisicamente ativos. Conexões: Revista da Faculdade de Educação Física da Unicamp 2009;7(3):1-13.; França e Azevedo, 2003França DNO, Azevedo EES. Imagem corporal e sexualidade de adolescentes com cegueira, alunos de uma escola pública especial em Feira de Santana, Bahia. R Ci Méd Biol 2003;2(2):176-84.).
Peres (2012)Peres RJ. Imagem corporal: o corpo belo no imaginário de pessoas com deficiência visual. Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física;2012, Dissertação., ao fazer um estudo sobre a percepção do corpo belo para os deficientes visuais, destacou que a referência da construção da imagem corporal, muitas vezes, extrapola questões relacionadas à estética e envereda por outros campos, tais como caráter, experiência de vida, inteligência, afetividade, autonomia. Quando os sujeitos investigados por Peres (2012)Peres RJ. Imagem corporal: o corpo belo no imaginário de pessoas com deficiência visual. Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física;2012, Dissertação. foram perguntados sobre o que os atraía em outra pessoa, discursos como "saber conversar ", "ser delicado e educado" e "ser sincero e simpático" revelam uma percepção do belo a partir de valores morais e não estéticos. O que está em jogo quando a visão se oculta? Para a autora, talvez a ideia de confiança. O que os cegos buscam é poder confiar em alguém, entregar-se, sem o receio de ser furtados em sua dignidade.
Verificou-se, ainda, no presente estudo, que os escores médios encontrados para o BSQ foram de 2,15 e 1,96, para os indivíduos com cegueira adquirida e congênita, respectivamente. Em estudo semelhante, Ashikali e Dittmar (2010)Ashikali E-M, Dittmar H. Body image and restrained eating in blind and sighted women: A preliminary study. Body Image 2010;7(2):172-5. encontraram uma tendência linear significativa. Isso indica que quanto menor o comprometimento visual, maior a insatisfação corporal. Esses autores investigaram e compararam mulheres com cegueira congênita e adquirida e pessoas sem deficiência visual. Os valores médios para esses grupos foram, respectivamente, de 1,73, 2,02 e 2,92. Essa tendência parece de acordo com aquela obtida na presente pesquisa, embora não tenha sido verificada uma diferença estatística significativa. Possivelmente, esse fato ocorreu em razão do pequeno tamanho amostral do grupo de cegos congênitos. Uma provável explicação para esses resultados reside no fato de que os cegos congênitos nunca, em suas vidas, foram expostos a um modelo de corpo veiculado pela mídia visual. Por outro lado, Karremans et al. (2010)Karremans JC, Frankenhuis WE, ARONS S. Blind men prefer a low waist-to-hip ratio. Evolution and Human Behavior 2010;31(3):182-6., em pesquisa feitas com homens videntes e cegos (congênitos e adquiridos) sobre o estilo de corpo feminino que mais os atraía, observaram que não há diferenças significativas em relação à preferência por um tipo de corpo feminino. De um modo geral, eles se sentem mais atraídos por mulheres magras, o que se define pela razão cintura/quadril. Dentre as hipóteses levantadas pelos autores, para que os cegos não difiram dos videntes, estão: a) as influências culturais; b) a experiência tátil associada à ideia subjetiva de que as mulheres são menores; e, por fim, c) o sistema neurobiológico intrínseco relacionado à evolução da espécie humana.
Embora o presente estudo não tenha verificado uma diferença estatística significativa entre os sexos, no que diz respeito à insatisfação com a imagem corporal, observou-se, no relato de mulheres, a presença de maior insatisfação. Investigações com pessoas sem deficiência visual têm demonstrado que as mulheres parecem mais susceptíveis à insatisfação com a imagem corporal e a transtornos alimentares (Costa e Vasconcelos, 2010Costa LC, Vasconcelos FA. Influence of socioeconomic, behavioral and nutritional factors on dissatisfaction with body image among female university students in Florianopolis, SC. Rev Bras Epidemiol 2010;13(4):665-76.; Santos Silva et al., 2011Santos Silva DA, Nahas MV, Sousa TF, Del Duca DF, Peres KG. Prevalence and associated factors with body imagedissatisfaction among adults in southern Brazil: a population-based study. Body Image 2011;8(4):427-31.). De acordo com Posavac e Posavac (2002)Posavac SS, Posavac HD. Predictors of women's concern with bodyweight: The roles of perceived self-media ideal discrepancies and self-esteem. Eating Disorders 2002;10(2):153-60., a percepção e a consequente insatisfação com a imagem corporal são distintas entre os homens e as mulheres, possivelmente em razão do papel da mídia. Parece que as mulheres percebem os modelos divulgados na mídia como um padrão a ser seguido. A constante exposição a imagens de corpos magros faz com que as mulheres reconheçam a magreza como um fator de beleza e atração para os homens. Além disso, tendem a comparar seus corpos com os modelos expostos na mídia e, quando percebem discrepâncias, desenvolvem pensamentos negativos sobre seus próprios corpos (Posavac e Posavac, 2002Posavac SS, Posavac HD. Predictors of women's concern with bodyweight: The roles of perceived self-media ideal discrepancies and self-esteem. Eating Disorders 2002;10(2):153-60.; Bergstrom et al., 2009Bergstrom RL, Neighbors C, Malheim JE. Media comparisons and threats to body image: seeking evidence of self-affirmation. Journal of Social and Clinical Psychology 2009;28(2):264-80.).
Peres (2012)Peres RJ. Imagem corporal: o corpo belo no imaginário de pessoas com deficiência visual. Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física;2012, Dissertação. encontrou entre as mulheres cegas o desejo de transformar o corpo com cirurgias plásticas, maquiagem, vestimenta e adereços, o que pode representar uma vontade de atenuar a deficiência, em outras palavras, a conquista de uma estética mais próxima da socialmente desejada pode dar a esse corpo um olhar que não passe somente pela deficiência.
Ashikali e Dittmar (2010)Ashikali E-M, Dittmar H. Body image and restrained eating in blind and sighted women: A preliminary study. Body Image 2010;7(2):172-5. sugerem que mesmo que as mulheres cegas não sejam diretamente influenciadas pela mídia visual, elas parecem sofrer ainda pressão de parentes e amigos para atingir um padrão de corpo mais magro.
Conclusão
As pessoas com deficiência visual apresentam menores níveis de insatisfação corporal e existe uma possível tendência para que os indivíduos com cegueira adquirida tenham maior insatisfação com a imagem corporal do que os cegos congênitos. A construção da imagem corporal no campo da deficiência visual mostrou neste estudo como está eivada de valores simbólicos, muito mais do que físicos ou estéticos.
Uma limitação do presente estudo decorre do tamanho amostral. Assim, são necessários novos estudos com esse grupo, para que se possa aprofundar o conhecimento nessa área de investigação.
Este estudo não se esgota aqui, muitos outros aspectos de se pensar o corpo e o deficiente visual escaparam ao escopo desta proposta de abordagem. Novas formas de visão são inventadas e reinventadas, a cada dia, uma vez que o potencial criativo do ser humano ultrapassa os limites impostos pelo corpo. O ver não está no olho nem tampouco na retina, e sim na capacidade de sentir e imaginar de cada um.
Referências
- Ashikali E-M, Dittmar H. Body image and restrained eating in blind and sighted women: A preliminary study. Body Image 2010;7(2):172-5.
- Baker D, Sivyer R, Towell T. Body image dissatisfaction and eating attitudes in visually impaired women. Int J Eat Disord 1998;24(3):319-22.
- Bergstrom RL, Neighbors C, Malheim JE. Media comparisons and threats to body image: seeking evidence of self-affirmation. Journal of Social and Clinical Psychology 2009;28(2):264-80.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
Oct-Dec 2015
Histórico
-
Recebido
26 Jan 2013 -
Aceito
11 Jan 2014