RESUMO
Introdução:
Bevacizumabe é um dos fármacos mais utilizados no tratamento do câncer. Existem evidências de que drogas antiangiogênicas reduzem a taxa de sobrevivência dos retalhos, porém não está claro se isso se aplica ao bevacizumabe. Investigamos o efeito de bevacizumabe na viabilidade de retalhos livres em ratos.
Método:
Os animais foram randomizados em três grupos. O grupo Enxerto recebeu injeção intravenosa de soro fisiológico 0,9% (SF 0,9%) e foi submetido a uma enxertia de pele total. Os grupos Retalho-SF e Retalho-BVZ foram submetidos a retalhos inguinais livres e receberam injeções intravenosas, respectivamente, de SF 0,9% e Bevacizumabe.
Resultados:
O grupo Enxerto apresentou menor percentual de área de retalho viável (22,81%) em relação ao grupo Retalho-SF (83,98%; p<0,0001) e Retalho-BVZ (60,50%; p=0,0048). Os pedículos do grupo Retalho-BVZ apresentaram menor patência, mas a diferença em relação ao grupo Retalho-SF não foi significante (artérias, p=0,0867; veias, p=0,9999). A ocorrência de necrose foi significativamente maior nos grupos Enxerto (87,50%) e Retalho-BVZ (60,00%) em relação ao grupo Retalho-SF (0%) (p=0,0010). A ocorrência de inflamação foi menor no grupo Retalho-SF (33,33%) em relação aos grupos Enxerto (87,5%) e Retalho-BVZ (70,00%), porém essa análise não atingiu significância (p=0,0588). Não houve diferenças significantes na ocorrência de hemorragia ou trombose intraluminal entre os grupos.
Conclusão:
O aumento da inflamação, redução da patência e das áreas viáveis dos retalhos, apesar de não significantes, corroboram com efeitos deletérios do bevacizumabe evidenciados na análise histológica e demandam futuros estudos dos potenciais efeitos adversos da droga.
Descritores:
Bevacizumabe; Retalhos cirúrgicos; Retalhos de tecido biológico; Sobrevivência de tecidos; Ratos; Microcirurgia