Christine Delphy indica a existência de um modo produção patriarcal, que opera em paralelo ao capitalismo, transferindo sobretrabalho das mulheres para seus maridos. Ela observa em particular dois fenômenos: (1) a permanência de uma boa quantidade de trabalho realizado no âmbito doméstico, mas voltado ao mercado, sobretudo no meio rural, quando a produção das mulheres é apropriada pelos homens; (2) a incoerência de julgar que a produção gerada para o autoconsumo não gera valor. As mulheres, assim, constituem tanto um grupo efetivamente submetido a uma determinada relação de produção, ou seja, uma classe, quanto uma categoria de seres humanos destinados por nascimento a entrar nessa classe, ou seja, uma casta. O artigo discute ainda as diferenças entre a posição da esposa, cujos serviços são remunerados de acordo não com o volume ou qualificação do trabalho, mas com as posses e a boa vontade do marido, e do trabalhador assalariado.
mulheres; trabalho; classes; relações de produção; capitalismo; patriarcado