A guerra do Kosovo foi o primeiro conflito armado envolvendo a OTAN desde a sua criação, e a maior crise humanitária ocorrida na Europa desde o fim da Segunda Guerra Mundial. A operação foi vista por muitos analistas como uma tentativa de ampliação do alcance da hegemonia norte-americana naquele continente. O conflito, porém, pode ser interpretado no contexto da evolução da prática de intervenções humanitárias no pós-Guerra Fria, principalmente diante de casos de graves violações aos direitos humanos em regiões onde o Estado-nação encontra-se em processo de fragmentação. O artigo discute a intervenção no Kosovo tendo como referência a instabilidade sistêmica causada pelo colapso do Estado iugoslavo depois do fim da Guerra Fria e a redefinição da regra da soberania, implícita nos esforços de ordenamento e estabilização empreendidos pela comunidade internacional diante das ameaças à segurança internacional geradas por crises humanitárias.
Kosovo; Intervenção; Soberania; OTAN; Direitos humanos