Nesse artigo realizaremos a análise dos documentários sobre a anencefalia produzidos no período em que a ação que julgava a permissão da antecipação do parto de fetos anencéfalos tramitou no Supremo Tribunal Federal (STF), entre 2004 e 2012. Duas questões serão observadas: a forma pela qual algumas figuras são construídas enquanto “vítimas” e a maneira pela qual a emoção e os sentimentos são acionados. Essas duas questões estão profundamente intrincadas na controvérsia em torno da anencefalia. Além dos documentários, também nos utilizaremos de passagens da audiência pública convocada pelo STF para esclarecimento sobre o tema. Ambos, documentários e audiência pública, são duas das cenas que compõem a controvérsia em torno da anencefalia. A partir da observação da exposição das experiências de pessoas concretas realizadas nessas duas cenas, observaremos como as emoções foram acionadas nessa disputa e de que maneira, a partir delas, procurou-se produzir sujeitos de direitos e figuras de vítimas.
Palavras-chave:
Controvérsias públicas; Aborto de anencéfalos; Igreja Católica; Religião e esfera pública