Dois componentes apresentados, ora como dado da realidade, ora como desiderato político, constituem o núcleo das teorias da "democracia cosmopolita": o apelo a uma ética universal dos direitos humanos, a evocação de uma sociedade civil global. Procura-se mostrar que, nos termos formulados pelos democratas cosmopolitas, ambas as idéias apóiam-se em pressupostos evolucionistas. Instituições, valores e formas culturais de vida vigentes nas sociedades situadas na região do hemisfério norte acabam por ser tratadas per se como superiores e como modelos de aplicação geral. Contra tal re-hierarquização do mundo, o artigo nomeia, de maneira indicativa, cuidados necessários para que a cooperação transnacional de atores sociais e a globalização dos direitos humanos contribuam para a superação de particularismos nas diversas regiões, levando em consideração, ao mesmo tempo, as particularidades culturais dos diferentes contextos regionais.
Democracia cosmopolita; Sociedade civil mundial; Direitos humanos