Resumo
Cuidado e humanização são palavras interseccionadas na etnologia ameríndia e, de modo distinto, em abordagens no campo da saúde. Busco estabelecer conexões parciais entre tais campos como modo de fazer visíveis algumas questões relativas à minha experiência etnográfica na Casai (Casa de Apoio à Saúde Indígena) em São Paulo. Para muitos indígenas, esse espaço pleno de diferença intensifica a vulnerabilidade e efeitos transformacionais inerentes ao adoecimento. Estar sob cuidado de não-indígenas constitui um ponto convergente entre pessoas de diferentes povos que vêm a São Paulo para tratamento biomédico. Ser alvo de cuidado implica estar sob o olhar – e, portanto, a consideração ou intervenção – de outrem, mas implica também fazer-se visível a ele, mobilizando-o de modos específicos. Este artigo se volta para algumas relações de cuidado em que pacientes indígenas e profissionais de saúde estão ativamente, e diferentemente, implicados.
Palavras-chave:
cuidado; humanização; saúde indígena; atenção diferenciada; Casai