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Qualidade pós-colheita de frutos de meloeiro fertirrigado com diferentes doses de potássio e lâminas de irrigação

Postharvest quality of melon fertirrigated with different doses of potassium and irrigation levels

Resumos

Em função de se desejar avaliar a qualidade pós-colheita de frutos de meloeiro fertirrigado com diferentes níveis de irrigação e doses de potássio, conduziu-se um estudo em ambiente protegido na área experimental do Departamento de Engenharia Rural da ESALQ/USP, localizado no município de Piracicaba, SP. Os tratamentos foram compostos da combinação de três fatores: duas posições de instalação das linhas porta-gotejadores (superficial, P1 = 0 e enterrado P2 = 0,2 m da superfície do solo), três lâminas de irrigação (L1 = 33%; L2 = 67% e L3 = 100% da evaporação diária do mini-tanque evaporimétrico) e quatro doses de potássio (K0 = 0; K1 = 6; K2 = 9 e K3 = 12 g de K2O por planta). O delineamento experimental adotado foi o de blocos casu-alizados completos com 3 repetições e os fatores estudados foram arranjados no esquema fatorial de 4 x 3 x 2. Os resultados mostram que a dose de 9 g de K(2)0 por planta e a lâmina de 269,6 mm proporcionaram maiores valores de sólidos solúveis totais. O pH dos frutos de melão cresceu com o aumento das doses de K(2)0 até a lâmina de 269,60 mm L2 e linhas porta-gotejadores enterradas. Houve um incremento na acidez total titulável com o aumento das doses de potássio, até 9 g de K2O por planta e, também, ligeiro decréscimo quando se aumentou o nível de irrigação para as linhas de porta-gotejadores enterradas.

manejo da fertirrigação; porta-gotejadores; Cucumis melo L.


To evaluate the postharvest quality of melon, fertirrigated by sufarce or subsurface drip emitters, with different potassium doses and irrigation water depths, a study was carried out under greenhouse conditions, in the experimental field of Departamento de Engenharia Rural da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"- USP, Piracicaba, SP. Treatments were composed of the combinations of three factors: two installation dripper depths (0 and 0.2 m), three irrigation levels (1, 2/3 and 1/3 of daily evaporation, measured by a modifield pan) and four potassium doses (0; 6; 9 e 12 g K2O per plant). The experiment was conducted in randomized blocks, with three repetitions, arranged in factorial design: 2 x 3 x 4. Results showed that the dose of 9 g K(2)0 and irrigation level of 269,60 mm (2/3 evaporation) provided higher values of total soluble solid content. The pH of the melon fruit increased with potassium dosage for subsurface drip irrigation. There was increment of the total titrable acidity with increasing potassium dose until 9 g of K2O for each plant; with a slight decrease when the irrigation level for subsurface drip irrigation was increased.

fertirrigation management; dripers on line; Cucumis melo L.


MANEJO DE ÁGUA E SOLO

Qualidade pós-colheita de frutos de meloeiro fertirrigado com diferentes doses de potássio e lâminas de irrigação1 1 Parte da tese de doutorado do primeiro autor, financiada pela FAPESP

Postharvest quality of melon fertirrigated with different doses of potassium and irrigation levels

Manuel A. N. VásquezI; Marcos V. FolegattiII; Nildo da S. DiasII; Valdemício F. de SousaIII

IESALQ/USP, LER, CP 09, CEP 13418-900, Piracicaba, SP. Fone: (019) 429 -4217. E-mail: manava98@yahoo.com.br

IIESALQ/USP, LER. E-mail:mvfolega@esalq.usp.br; nisdias@esalq.usp.br

IIIEMBRAPA Meio Norte, CP 01, CEP 64006-220, Teresina, PI. E-mail: vfsousa@cpamn.embrapa.br

RESUMO

Em função de se desejar avaliar a qualidade pós-colheita de frutos de meloeiro fertirrigado com diferentes níveis de irrigação e doses de potássio, conduziu-se um estudo em ambiente protegido na área experimental do Departamento de Engenharia Rural da ESALQ/USP, localizado no município de Piracicaba, SP. Os tratamentos foram compostos da combinação de três fatores: duas posições de instalação das linhas porta-gotejadores (superficial, P1 = 0 e enterrado P2 = 0,2 m da superfície do solo), três lâminas de irrigação (L1 = 33%; L2 = 67% e L3 = 100% da evaporação diária do mini-tanque evaporimétrico) e quatro doses de potássio (K0 = 0; K1 = 6; K2 = 9 e K3 = 12 g de K2O por planta). O delineamento experimental adotado foi o de blocos casu-alizados completos com 3 repetições e os fatores estudados foram arranjados no esquema fatorial de 4 x 3 x 2. Os resultados mostram que a dose de 9 g de K20 por planta e a lâmina de 269,6 mm proporcionaram maiores valores de sólidos solúveis totais. O pH dos frutos de melão cresceu com o aumento das doses de K20 até a lâmina de 269,60 mm L2 e linhas porta-gotejadores enterradas. Houve um incremento na acidez total titulável com o aumento das doses de potássio, até 9 g de K2O por planta e, também, ligeiro decréscimo quando se aumentou o nível de irrigação para as linhas de porta-gotejadores enterradas.

Palavras-chave: manejo da fertirrigação, porta-gotejadores, Cucumis melo L.

ABSTRACT

To evaluate the postharvest quality of melon, fertirrigated by sufarce or subsurface drip emitters, with different potassium doses and irrigation water depths, a study was carried out under greenhouse conditions, in the experimental field of Departamento de Engenharia Rural da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"- USP, Piracicaba, SP. Treatments were composed of the combinations of three factors: two installation dripper depths (0 and 0.2 m), three irrigation levels (1, 2/3 and 1/3 of daily evaporation, measured by a modifield pan) and four potassium doses (0; 6; 9 e 12 g K2O per plant). The experiment was conducted in randomized blocks, with three repetitions, arranged in factorial design: 2 x 3 x 4. Results showed that the dose of 9 g K20 and irrigation level of 269,60 mm (2/3 evaporation) provided higher values of total soluble solid content. The pH of the melon fruit increased with potassium dosage for subsurface drip irrigation. There was increment of the total titrable acidity with increasing potassium dose until 9 g of K2O for each plant; with a slight decrease when the irrigation level for subsurface drip irrigation was increased.

Key words: fertirrigation management, dripers on line, Cucumis melo L.

INTRODUÇÃO

A produtividade e a qualidade dos frutos do meloeiro podem ser influenciadas por diversos fatores, como nutrição mineral, umidade do solo (Wells & Nugent, 1980), fatores genéticos (Lippert & Legg, 1972), condições climáticas (Browkamp et al., 1978), reguladores de crescimento (Bosland et al., 1979) e época de colheita (Bleinroth, 1994). A qualidade do melão está associada ao teor de sólidos solúveis totais, pH e acidez total titulável, constituindo-se em características decisivas na comercialização dos frutos.

A resposta do meloeiro à irrigação está bem documentada (Loy & Wells, 1975; Bhella, 1988; Phene & Beale, 1976; Clough et al., 1990), visto que a freqüência e a oportunidade de aplicação da água influenciam sobremaneira a qualidade do fruto (Bhella & Wilcox, 1986; Bar-Yosef & Sagiv, 1986a e 1986b). O potássio tem papel relevante no rendimento do melão, mas o excesso pode causar desenvolvimento vegetativo de pouco vigor, frutos de menor peso médio e maturação prematura, diminuindo a assimilação de fósforo (Hariprakasa & Srinivas, 1990; Pinto et al., 1995).

Nas regiões onde o clima não favorece o cultivo do meloeiro, é possível se desenvolver técnicas de exploração em ambientes protegidos sob fertirrigação, permitindo a obtenção de produtividades elevadas e de frutos de boa qualidade, mas se torna necessário desenvolver tecnologias na área de manejo de água, solo, nutriente e cultura, capazes de maximizar ainda mais a utilização de água e de fertilizantes, obtendo-se assim melhor retorno econômico.

A aplicação de água e nutrientes por gotejamento melhora a qualidade das culturas e promove a economia de recursos hídricos e preservação do meio ambiente. Entretanto, são poucas as informações referentes ao seu manejo, sobretudo quando associado à fertirrigação por gotejamento sub-superficial, com lâminas de irrigação e dosagens adequadas de nutrientes, requerendo mais pesquisas.

O potássio é extraído pelo meloeiro em maiores quantidades que o dos outros nutrientes (385 kg de potássio ha-1) mantendo-se sua necessidade depois que os frutos alcançam tamanho normal, até completar a maturação, para só então conseguir boa qualidade (Bar-Yosef, 1999).

Com relação à necessidade hídrica da cultura do melão, Mancina (1977) verificou que a maior produção foi obtida com aplicações diárias de lâminas correspondentes a 80% da evaporação do tanque classe A. Coelho et al. (1978) aplicando lâminas de água por gotejamento na cultura do melão, obtiveram maior produção com lâminas equivalentes a 75 e 100% da evaporação do tanque classe A, com intervalos de irrigação de 2 dias. Dusi (1992) recomenda, para o meloeiro, irrigação por gotejamento, no período de semeadura até a emergência das plantas, com freqüência de aplicação de água diária e de baixa intensidade. No período de frutificação esta freqüência pode ser reduzida, porém com maior intensidade de irrigação. Sob condições protegidas e de campo, em solos arenosos Sousa et al. (1999) obtiveram melhores respostas com aplicação de água na freqüência entre um e dois dias.

Levando-se em consideração esses aspectos objetivou-se, com este trabalho, estudar os efeitos de duas posições de instalação das linhas porta-gotejadores, três lâminas de irrigação e quatro dosagens de potássio aplicadas via fertirrigação no teor de sólidos solúveis totais (ºBrix), pH e acidez total titulável (ATT) de frutos de meloeiro em ambiente protegido.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido na área experimental do Departamento de Engenharia Rural da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - USP, Piracicaba, SP, em um ambiente protegido de 420 m2 (15 x 28 m), localizado a 22º42'30'' de latitude Sul, 47º38'00'' de longitude a Oeste de Greenwich e 576 m de altitude, no período de 16 de setembro de 2001 a 17 de janeiro de 2002. O ambiente protegido utilizado possuía dois vãos, com estrutura metálica galvanizada, altura na parte central de 4,6 m e pé direito de 3,0 m, constituído de 4 janelas frontais, cobertas com um filme de polietileno transparente de alta densidade (PEAD), com aditivo ultravioleta e espessura de 150 mm. Suas laterais foram fechadas com tela plástica de proteção tipo clarite 50%, com tratamento ultravioleta, transparente e revestida de cortinas para regular as temperaturas e fluxo de ar.

O solo foi classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo, fase arenosa, denominada "Série Sertãozinho"; do qual se retiraram amostras da camada de 0-20 cm para as análises químicas (Tabela 1) e físicas (Tabela 2).

Com base no resultado da análise química do solo, foram aplicados e incorporados ao solo 7,12 t ha-1 de calcário dolomítico 60 dias antes do transplantio das mudas de melão, para elevar a saturação por bases a 80% (Raij et al., 1996). A adubação de fundação foi feita por cova com 12 kg de esterco de bovino curtido (Kiehl, 1985) e 0,052 kg de P2O5, na forma de termofosfatado.

Os tratamentos se compunham da combinação de três fatores: duas posições de instalação das linhas de porta-gotejadores (superficial, P1 e enterrado, P2 = 0,2 m da superfície do solo), três lâminas de irrigação (L1 = 33%; L2 = 67% e L3 = 100% a evaporação diária do mini-tanque evaporimétrico) e quatro doses de potássio (K1 = 0; K2 = 6; K3 = 9 e K4 = 12 g de K2O por planta). O uso de mini-tanque evaporimétrico (tanque classe A reduzido) em ambientes protegidos para estimativa da evaporação é recomendado com base em estudos realizados por Medeiros et al. (1997). As dosagens de potássio foram definidas a partir de recomendações médias para fertirrigação (Pinto et al, 1995; Bar-Yosef, 1999). O delineamento estatístico adotado foi o de blocos casualizados completos com 3 repetições e os fatores estudados foram arranjados no esquema fatorial de 4 x 3 x 2.

As lâminas de irrigação foram determinadas em função da evaporação diária do mini-tanque evaporimétrico com dimensões de 0,60 m de diâmetro e 0,25 m de altura, instalado no terço médio dentro do ambiente protegido. Aplicaram-se, até o final do ciclo, as seguintes lâminas de irrigação: L1 = 137,72; L2 = 279,60 e L3 = 417,32 mm.

Cada parcela experimental foi constituída de valetas (comprimento = 3,6 m, largura = 0,6 m e profundidade = 0,40 m), espaçadas 0,5 m, as quais foram protegidas nas laterais com polietileno inerte, evitando possível contaminação entre os tratamentos. Em cada parcela foram cultivadas sementes do melão reticulatos (Cucumis melo L.), cultivar Bônus II, com duas fileiras de plantas, espaçadas 0,6 m entre plantas e 0,20 m entre fileiras, em esquema alternado, totalizando 13 plantas por cova, sendo 9 plantas úteis, enquanto 2 de cada extremo funcionaram como bordadura. As plantas foram conduzidas em espaldeiras verticais de 2 m de altura e desbrotando os excessos de brotações laterais, com posterior tratamento fitossanitário, evitando a entrada de patógenos pelos ferimentos. Os frutos foram recebidos em cestas plásticas (enredados), presos à linha de arame, para ajudar a sustentação nas plantas e conferir melhor qualidade de casca.

As adubações foram realizadas com freqüência de dois dias em fertirrigação à base de 150 kg ha-1 de N para cada tratamento e segundo as dosagens de potássio estabelecidas, nas formas de nitrato de amônio e nitrato de potássio, de acordo com a marcha de absorção da cultura, durante seu ciclo (Bar-Yosef, 1999).

O sistema de irrigação adotado foi o de gotejamento, com emissores do tipo autocompensante e vazão nominal de 1,6 L h-1 espaçados 0,30 m e dispostos no centro das duas fileiras de plantas, auxiliados por um microcontrolador Basic Step e um periférico, provido de válvulas tipo solenóide, possibilitando o fluxo à rede hidráulica de 24 trechos de polietileno com 13 mm de diâmetro nominal, comprimento entre 7,2 e 37,6 m e pressão nominal de 150 kPa.

A polinização foi melitófila, mantendo um enxame de abelhas dentro do ambiente protegido entre os 35 e 55 dias após o transplantio (DAT). A colheita dos frutos foi realizada aos 99 DAT, quando atingiram o ponto de maturação fisiológica, ou seja, mudança de coloração da casca para acinzentada e rendilhamento em volta do pedúnculo.

Para avaliar a qualidade pós-colheita dos frutos, selecionou-se um fruto comercial para cada planta dentre 4 plantas por tratamento. Avaliaram-se as seguintes características: teor de sólidos solúveis totais, medidos por meio de um refratômetro digital de bolso (resolução de 0,2), expressos em ºBrix; pH, medido com um pehagâmetro digital de bancada e a acidez total titulável (ATT), determinada com NaOH 0,1N até o pH atingir 8,1 e expressados em % de ácido málico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os conteúdos médios de sólidos solúveis totais (ºBrix), pH e acidez total titulável (ATT) para as 24 combinações entre os níveis de cada fator foram muito dispersos e estão dispostos na Tabela 3. A combinação P1L2K2 alcançou maior ºBrix com média de 13,25 e o menor ºBrix dos frutos ocorreu na combinação P1L1K0, com média de 6,99. Os valores de pH dos frutos de melão variaram entre 6,43 e 6 representados pelas combinações K2L3P2 e K3L3P2, respectivamente, enquanto a ATT variou entre 0,157 e 0,080 mg ácido málico anidro por 100 mL de suco representados pelas combinações P1L1K2 e P2L2K3, respectivamente.

Em razão dos resultados da análise de variância serem estatisticamente significativos pelo teste de F (P<0,01) apenas para os parâmetros de qualidade ºBrix e pH do fruto de meloeiro, desdobrou os graus de liberdade das interações significativas da variável qualitativa (posição das linhas porta-gotejadores) em relação aos níveis do demais fatores estudados (Tabela 4).

Para ºBrix a lâmina L1 não mostrou diferença estatística na posição das linhas de porta-gotejadores e nas doses de potássio estudadas. Para a lâmina L2 combinadas com as doses K0 e K2 o ºBrix diminui quando se utilizou linhas de porta-gotejadores enterradas, mostrando decréscimos do conteúdo de SST da ordem de 25 e 33% respectivamente, enquanto para a lâmina L3 aplicada de forma superficial e combinados com as mesmas dosagens (K0 e K2) mostraram incrementos da ordem de 21 e 24% respectivamente.

O pH para os níveis de irrigação L1 e L2 combinadas com as doses K0, K1 e K3, aumenta cerca de 6% nas linhas de porta-gotejadores enterradas, enquanto diminui para o nível de irrigação L3 combinada com a dose K3 também na ordem de 6% quando as linhas de porta-gotejadores estão na superfície.

Estes resultados sugerem que a irrigação por gotejamento superficial com lâminas de 417,32 mm e a irrigação por gote-jamento enterrado com lâminas maiores de 279,60 mm pode repercutir de forma positiva no teor de SST e no pH dos frutos de melão, resultado proveitoso quando existe pouca demanda de água.

Aumentos no conteúdo de sólidos solúveis também foi observado por Pereira (1997) que encontrou média geral dos açúcares totais em híbrido de melão Gold Mine superior a 12 ºBrix com dose de 90 kg ha-1 de K2O. De acordo com Hubbard et al. (1990) fatores nutricionais, como deficiência de potássio, reduzem drasticamente a fotossíntese e, conseqüentemente, o acúmulo de sacarose no fruto, resultando em melões de baixa qualidade e, assim, os baixos valores de SST encontrados neste trabalho podem ser atribuídos ao baixo conteúdo inicial de potássio no solo (Tabela 1).

Muitos países adotam os valores do conteúdo de sólidos solúveis totais como uma referência de mercado para aceitabilidade, com variação mínima de 8 a 10 ºBrix. Alguns valores médios obtidos neste estudo estão abaixo do mínimo exigido pelo mercado; entretanto, se este caráter for analisado isoladamente como atributo de qualidade, poderá ser falho (Menezes, 1998). Os teores de sólidos solúveis totais encontrados no melão são praticamente iguais aos teores de sólidos solúveis produzidos nos melões do Brasil, aproximando-se dos valores encontrados por Prabhakar et al., (1985).

Pinto (1996) reporta que 100 kg de K2O ha-1 e 90 kg de N ha-1 aplicados via água de irrigação em um Latossolo Vermelho-Amarelo em Petrolina, PE, não proporcionaram diferenças significativas para a característica do teor de SST de frutos de melão.

O desdobramento das variáveis quantitativas para os níveis de irrigação e doses de potássio, pelo teste de regressão polinomial, é indicado na Tabela 5. Verifica-se que o efeito dos níveis de irrigação no conteúdo de SST pode ser representado por meios das estimativas das equações de primeiro grau, válido para os níveis de irrigação pertencentes ao intervalo [276,60, 417,32]. As interações L(P1xK1) e L(P2xK2) evidenciam maior conteúdo de SST na menor lâmina de irrigação estudada (L1 = 137,72 mm), com média de 11 ºBrix (R2 = 0,99 e 80), enquanto a interação L(P2 x K0) mostra maior conteúdo de SST na máxima lâmina de irrigação aplicada (L3), atingindo 10 ºBrix.

Ainda em relação a Tabela 5, os efeitos das doses de potássio sobre o SST do fruto de meloeiro podem ser representados pelas estimativas das equações de primeiro e segundo graus válidos para as doses de potássio no intervalo [9, 12] constatando-se aumento no conteúdo de SST com as maiores doses de potássio estudadas. As interações K(P1xL1) e K(P2xL1) podem alcançar conteúdo de SST até 11 ºBrix com ajuste significativo (p<0,01) e coeficientes de determinação R2 de 0,55, 0,99 e 0,87.

Com relação ao pH do fruto, o efeito das lâminas de irrigação pode ser representado através das estimativas das equações de primeiro grau, válido nos níveis de irrigação no intervalo [276,60, 417,32], em que se verifica um aumento do pH com o nível máximo de irrigação para todas as combinações mostradas, com valores de pH entre 6 e 7 com ajuste significativo (p<0,01) e coeficiente de determinação R2 = 0,88 e 0,56, enquanto que a interação L (P2 x K1) mostra diminuição do pH com maiores lâminas de irrigação. Também os efeitos das doses de potássio sobre o pH do fruto de meloeiro podem ser representados através das estimativas das equações de primeiro e segundo graus validos para as doses de potássio no intervalo [0, 12] constatando-se aumento de pH com as doses mais altas de potássio, podendo atingir valores de até 6 unidades de pH com ajuste significativo (p<0,01) e coeficiente de determinação R2 de 0,75, resultados diferentes aos encontrados por Cardoso (2002) que não encontrou diferenças significativas para valores de pH no melão rendilhado "Bônus 2", com 50 kg ha-1 de K2O e 150 kg de K2O ha-1 adicionados a 165,0 kg ha-1 de CO2.

Esses resultados corroboram com os encontrados por Pew & Garnwer (1983) os quais manifestam que excessiva irrigação pode prejudicar o crescimento das plantas de melão e, durante a colheita, o amadurecimento é mais propenso a queimaduras com prejuízos para o fruto, reduzindo o rendimento de mercado e o conteúdo de sólidos solúveis. Do mesmo modo, Pérez & Cigales (2001) concluíram que a tendência foi diminuir de 10 para 9,2 o teor de SST ao se aumentar o conteúdo de água no solo, ou seja, o estresse hídrico (umidades com tensão acima de 35 kPa) reduziu o conteúdo de sólidos solúveis dos frutos de melão.

Welles & Buitelaar (1988) verificaram que o conteúdo de sólidos solúveis diminui significativamente com a diminuição da área foliar, isto é, quanto maior a área foliar de plantas, maior também sua capacidade fotossintética. Soares (2001), encontrou valores médios de sólidos solúveis totais de frutos de melão variedade Cantalupensis Naud, híbrido Dom Carlos, que variaram de 12,8 a 9,8 ºBrix para as combinações K3L3 (140 L de água por planta por ciclo e 150 kg de K2O ha-1) e K2L1 (70 L de água por planta por ciclo e 90 kg de K2O ha-1), respectivamente.

O baixo resultado obtido neste trabalho, com relação ao SST, se deve, provavelmente, aos níveis inferiores de água aplicados na superfície, aos valores extremos de K2O (0 e 12 g de K2O por planta), a condição de preparo dos canteiros e ao efeito de padronização de épocas de colheita de frutos sem completo desenvolvimento do tecido de abscisão (Bleinroth, 1994). Os valores de SST dos frutos abaixo de 5 ºBrix podem ser devidos também à alta percentagem de água contida na polpa, causando diminuição por estar associado aos teores de sólidos pelo efeito de diluição (Wells & Nugen, 1980).

CONCLUSÕES

1. Os níveis de potássio, as lâminas de irrigação e as posições dos gotejadores, além de algumas de suas interações, influenciaram significativamente nos parâmetros de qualidade dos frutos, decisivos na comercialização dos frutos de melão.

2. Os valores de sólidos solúveis totais se incrementam com as doses crescentes de potássio (0, 6 e 9 g de K20 por planta), diminuindo com a dose maior (12 g de K20 por planta) até valores próximos da dose mínima aplicada.

3. Os valores de sólidos solúveis totais aumentam até a aplicação de lâmina de 269,60 mm.

4. Os valores de pH experimentaram ligeiro incremento com a dose crescente de potássio aplicado.

5. Com nível intermediário de irrigação (269,60 mm), os frutos apresentaram maior valor de pH; comparando-se com os níveis extremos (137,72 mm e 417,32 mm), as plantas produziram frutos com maior pH nas linhas instaladas na subsuperfície.

6. Houve sensível incremento na acidez total titulável com o aumento das dose de potássio até 9 g de K2O por planta e, também, ligeiro decréscimo quando se aumenta o nível de irrigação para as linhas de gotejadores enterrados.

LITERATURA CITADA

Protocolo 83 - 16/6/2003 - Aprovado em 18/6/2004

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  • 1
    Parte da tese de doutorado do primeiro autor, financiada pela FAPESP
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      21 Out 2005
    • Data do Fascículo
      Jun 2005

    Histórico

    • Recebido
      16 Jun 2003
    • Aceito
      18 Jun 2004
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