Construções e desconstruções epistemetodológicas de/em uma pesquisa participante - um fazer coletivo com o povo Laklãnõ/Xokleng

Bento, Karla Lucia; Oliveira, Lilian Blanck de

doi:10.1590/S1413-24782022270093

Acessibilidade / Reportar erro

Brasil

Revista Brasileira de Educação

Español English

Brasil

Español English

sumário « anterior atual seguinte »

Sumário

ARTIGO • Rev. Bras. Educ. 27 • 2022 • https://doi.org/10.1590/S1413-24782022270093 copiar

Construções e desconstruções epistemetodológicas de/em uma pesquisa participante - um fazer coletivo com o povo Laklãnõ/Xokleng

CONSTRUCCIONES EPISTEMETOLÓGICAS Y DECONSTRUCCIONES DE/EN INVESTIGACIÓN PARTICIPANTE - UNA ACCIÓN COLECTIVA CON EL PUEBLO LAKLÃNÕ/XOKLENG

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

RESUMO

Este artigo apresenta registros de (des)construção, em diferentes tempos/espaços/lugares, vivenciados em uma pesquisa participante desenvolvida com o povo Laklãnõ/Xokleng, residente na Terra Indígena Ibirama, Santa Catarina, Brasil. O objetivo é socializar alguns traços dos percursos, percalços e resultados teórico-práticos identificados no estudo, destacando o protagonismo dos sujeitos indígenas. Durante o percurso, procuramos manter a pesquisa na perspectiva da interculturalidade crítica, reconhecendo a potencialidade de promover processos de decolonização na medida em que os sujeitos partícipes do processo adquirem novas compreensões acerca do próprio contexto e ressignificam saberes e práticas de forma interativa. A experiência com a pesquisa participante mostrou que o compromisso de trabalhar com populações historicamente vulnerabilizadas por processos coloniais não se deve limitar ao período de um trabalho acadêmico para não se converter em instrumento de exploração.

PALAVRAS-CHAVE
pesquisa participante; interculturalidade crítica; decolonização; povo Laklãnõ/Xokleng

Tipo de documento	Contexto de produção	Autoria	Autenticidade, confiabilidade e natureza	Suporte e síntese do documento	Conceitos-chave ou evidências	Observações, links teóricos e analíticos
Identifica características físicas do documento. Exemplo: plano de aula ou projeto pedagógico etc.	Identifica quando e onde foi elaborado e quem foi o responsável pela elaboração.	Identifica nome do(s)/da(s) autor(es) ou autora(s).	Identifica a fonte (primária ou secundária), natureza, depositário (documentos arquivados) e a forma como foi acessado.	Identifica o suporte do texto quando acessado (impresso, online) e a sua organização (partes, conteúdo...).	Traz recortes de partes do texto, com informações pertinentes aos objetivos da pesquisa.	Traz informações extras, obtidas no momento de acesso, e percepções preliminares.

Universos temáticos de análise	Temas geradores de análise	Expressões e/ou dimensões da realidade
1. Situações limite e as produções das colonialidades	1.1 Chegada dos imigrantes europeus ao Vale do Itajaí	A conquista como ação antidialógica. Construção da uma imagem negativa do indígena como justificativa para estereótipos e ações de racismo e genocídio.
	1.2 Aldeamento e Etnocídio	Restrição territorial e imposição de colonialidades. A invasão cultural na ação antidialógica. Processo de des-re-territorialização.
	1.3 Construção da Barragem Norte	Divisão e manipulação complementam as ações antidialógicas. Processo de des-re-territorialização.
	1.4 Organização social e política hoje	Estratégias para sobreviver na Aldeia Bugio.
2. Modos de ensinar, aprender e conviver na Aldeia Bugio	2.1 O “andar do índio”	Aprender fazendo. Relações de reciprocidade. Ligação com a terra.
2. Modos de ensinar, aprender e conviver na Aldeia Bugio	2.2 Parcerias externas	Apropriação de conhecimentos e tecnologias adaptados à realidade local.
3. Presença da escola	3.1 Lugar de referência	Lugar de encontro intergeracional e de saberes.
	3.2 Educação diferenciada	Possibilidade de promover e realizar educação escolar indígena intercultural, específica e bilíngue. Revitalização e visibilização da história e cultura indígenas na e fora da Aldeia/TII.
	3.3 Revitalização do idioma e da cultura	Reafirmação da identidade étnica.
	3.4 Participação e engajamento de estudantes, anciões e anciãs, pais, mães, avós	Incentivo à participação e autonomia. Fortalecimento das relações com/entre a comunidade.
4. Força, persistência e resistência	4.1 Identidade	Reafirmação da identidade étnica.
	4.2 Orgulho	Reconhecimento do seu papel na história.
	4.3 Ligação com a família	Pertencimento a e continuidade do povo.
	4.4 Formação profissional	Possibilidade de/para ocupar espaços sociais e políticos na e fora da Aldeia.

ANPEd - Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação Rua Visconde de Santa Isabel, 20 - Conjunto 206-208 Vila Isabel - 20560-120, Rio de Janeiro RJ - Brasil, Tel.: (21) 2576 1447, (21) 2265 5521, Fax: (21) 3879 5511 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rbe@anped.org.br

Acompanhe os números deste periódico no seu leitor de RSS

[1] Karla Lucia Bento é doutora em Desenvolvimento Regional pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB). Professora da mesma instituição. E-mail: bento.karlalucia@gmail.com