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Os 45 anos da Revista Brasileira de Ensino de Física (RBEF): retrospectiva, análise e novos horizontes

The 45 years of the Brazilian Journal of Physics Teaching (RBEF): retrospective, analysis and new trends

Resumos

A Revista Brasileira de Ensino de Física (RBEF) é um periódico de acesso livre, editado pela Sociedade Brasileira de Física (SBF) desde 1979, de área temática na interface entre as humanidades (ensino) e a Física. Sua vocação é contribuir, por meio da divulgação de artigos de elevada qualidade, com a melhoria do ensino da disciplina em todos os níveis, promover e divulgar temas relacionados ao ensino e à aprendizagem em Física e ciências contíguas. Seu escopo é a educação científica e tecnológica, com discussões teóricas, experimentais e computacionais da Física; e, no ensino, abordagens curriculares; didáticas; de projetos e programas; de métodos e materiais; de políticas educacionais; de pesquisa educacional; e epistemológica, filosófica e histórica. Em seus 45 anos, consolidou-se como um dos principais periódicos da área, ocasião que motiva este esforço de sistematização, análise e inferências acerca do perfil das publicações, por meio de análise textual e léxica dos 2.873 artigos veiculados, a partir do qual se pôde traçar uma retrospectiva quanti-qualitativa do conteúdo e das relações expressas, que confirma suas ênfases em temas clássicos e de fronteira da Física e a dimensão curricular e formativa, subsidiando o apontamento de horizontes e tendências para a continuidade do seu desenvolvimento.

Palavras-chave:
Análise de conteúdo; Periódico científico; Revista Brasileira de Ensino de Física; Sociedade Brasileira de Física


The Brazilian Journal of Physics Teaching (RBEF) is a free access journal, edited by the Brazilian Physics Society (SBF) since 1979, with a thematic area at the interface between the humanities (education) and physics. Its vocation is to contribute, through the dissemination of high-quality articles, to the improvement of the teaching of the subject at all levels, promoting and disseminating topics related to teaching and learning in physics and adjacent sciences. Its scope is scientific and technological education, with theoretical, experimental and computational discussions of physics; and, in education, curricular approaches; didactics; of projects and programs; of methods and materials; educational policies; educational research; and epistemological, philosophical and historical. In its 45 years, it has consolidated itself as one of the main journals in the area, an occasion that motivates this effort of systematization, analysis and inferences about the profile of publications, through textual and lexical analysis of the 2,873 published articles, from which was able to draw a quantitative-qualitative retrospective of the content and relationships expressed, which confirms its emphasis on classical and frontier themes of physics and the curricular and training dimension, supporting the identification of horizons and trends for the continuity of its development.

Keywords
Content analysis; Scientific journal; Brazilian Journal of Physics Teaching; Brazilian Physics Society


1. Introdução

A Revista Brasileira de Ensino de Física (RBEF) é um periódico de acesso livre editado pela Sociedade Brasileira de Física (SBF)1 1 Além da RBEF, a SBF edita o Brazilian Journal of Physics (BJF) e a Revista A Física na Escola (FnE). Apoia, ainda, a edição da Revista do Professor de Fisica (RPF), sob a responsabilidade da Universidade de Brasília (UnB), afiliada ao Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física (MNPEF)/PROFIS. , desde o ano de 1979, que conta com o apoio editorial da ScIELO, de área temática na interface entre as humanidades (ensino) e a Física, registrado sob o ISSN (International Standard Serial Number) 1806–1117 (versão impressa) e 1806–9126 (versão on-line). Além dessa classificação, que é relevante porque expressa a identidade editorial e a aproximação a públicos de interesse, é indexada na Scopus, nas áreas de Física, Astronomia e Ciências Sociais; já na Web of Science (WoS), em education, scientific disciplines and physics e multidiscplinary [1[1] P.A.B. Schulz, Rev. Bras. Ens. Fís. 41, e20180225 (2019).]2 2 Apesar de integrar a coleção da WoS, a RBEF não é indexada à sua core collection, que é o principal banco global de dados de citações, integrando, desde o ano de 1900, registros de artigos científicos provenientes de periódicos (de acesso aberto ou não) de maior impacto do mundo. A cobertura da WoS core collection possui dez classificações e se relaciona ao nível de assinatura de parte da instituição de vínculo da revista . As bases internacionais, dessa maneira, reiteram a adequada aderência da RBEF aos campos temáticos da Física e do seu ensino.

Sua vocação é, pois, contribuir com a melhoria do Ensino de Física, em todos os níveis, por meio da publicação de artigos de elevada qualidade, predominantemente em português, tendo alguns exemplares em espanhol e evidente expansão em inglês, sobretudo na última década3 3 Há defesas, sobretudo daqueles que se interessam pelo reforço da RBEF como periódico de alcance e relevância internacional, para que os artigos sejam cada vez mais (quiçá em sua totalidade) publicados em inglês. Esse movimento, ainda que reflita potentes vantagens de indexação e alcance internacional, poderia surtir efeito deletério à vocação original ao interesse nacional aos que não possuem fluência naquele idioma, ainda que os dispositivos de tradução estejam em franca expansão e qualificação. Uma alternativa para essa dicotomia poderia ser a indução à publicação em ambos os idiomas, a partir de políticas de incentivo aos autores ou mesmo de investimentos, por parte da SBF, na contratação de serviços de tal natureza – o que requereria avaliação de impactos nos custos editoriais e nos prazos médios de publicação. , com revisão por pares e sem taxas de publicação ou acesso, que se dedica à promoção, à divulgação e ao ensino e à aprendizagem da Física e de ciências contíguas. Seu escopo admite desenvolvimentos vinculados a dimensões teóricas, experimentais e computacionais da Física; e, no âmbito do seu ensino, abordagens curriculares, didáticas, de projetos e programas, de métodos e materiais, de política educacional, de pesquisa em ensino, epistemológica, filosófica e histórica, entre outras vinculadas à educação científica e tecnológica. Os artigos publicados possuem, por média, 8 (oito) páginas de extensão – contendo entre 5 (cinco) e 7 (sete) mil palavras – e o prazo editorial aproximado, envolvendo submissão, avaliação, revisão, editoração e publicação, é tipicamente inferior a 60 (sessenta) dias, o que é compatível a (e até mesmo supera) padrões internacionais de revistas que cobram taxas de publicação.

Atualmente, está sob a editoria-chefe do professor Sílvio Salinas, vinculado ao Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), com a editoria associada dos professores Nelson Studart (Ilum/CNPEM); Antonio Figueiredo Neto (IF/USP); e Francisco Coutinho (FM/USP)4 4 Já compuseram a editoria-chefe da RBEF nomes como os dos professores João Zanetic, Marco Antonio Moreira, Vanderlei Bagnato, Nelson Studart e Silvio Dahmen. . Com referência ao ciclo avaliativo da Fundação Coordenação Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para o Quadriênio 2017–2020, com dados disponíveis em (https://sucupira.capes.gov.br/sucupira), é uma revista científica avaliada no estrato superior do Qualis, com conceito máximo (denominado A1, em uma escala de 9 classificações: A1-A4; B1-B4; e C), de um total de 154.409 homólogos, dos quais (com percentuais aproximados na segunda decimal): 28.228 – A1 (18,28%); 22.961 – A2 (14,87%); 19.707 – A3 (12,76%); 18.538 – A4 (12,00%); 17.402 – B1 (11,27%); 14.211 – B2 (9,20%); 11.708 – B3 (7,58%); 9.599 – B4 (6,22%); e 12.055 – C (7,81%).

Pela Clarivate, A RBEF registrou, com referência ao ano de 2021, fator de impacto (FI) 0.099. Esse parâmetro é relativo àquelas publicações que integram a base Web of Science e corresponde à razão entre o número de citações obtidas nos dois anos anteriores à aferição e o total de artigos publicados no respectivo período. Em 2022, cerca de 21.500 periódicos de alta qualidade, provenientes de 114 países, que integram 254 categorias (separadas entre ciência e ciências sociais) foram objetos de avaliação. As revistas com os maiores fatores de impacto, foram, respectivamente, a CA-A Cancer Journal for Clinicians (130.54), a Lancet (21.68) e o New England Journal of Medicine (24.51). Dentre as brasileiras, posicionam-se nas três primeiras posições o Journal of Materials Research and Technology-JMR&T (6.40), o Brazilian Journal of Psychiatry (5.50) e o Diabetology & Metabolic Syndrome (4.80).

Embora não constitua a única métrica no âmbito do Journal Citation Reports (JCR), seja porque não considera outras bases (como a Scopus, por exemplo), seja porque não foi modelada para contemplar excepcionalidades e assimetrias (como revistas recém-lançadas, efeitos imediatos de publicações em temáticas emergentes ou de fronteira ou de obsolescência de temas persistentes, bem como impactos de publicações de meia-vida), é um índice com respeitabilidade na comunidade editorial, indutor de políticas consentâneas, visto que proporciona visão quantitativa e parametrizada da indexação, do prestígio e da projeção da publicação. Esse fator, combinado com requisitos e diretrizes editoriais como referenciais de escopo e qualidade, a revisão por pares, a consideração pela comunidade de investigadores da área, o valor simbólico da autoria e a maturação das produções, é um importante referente da qualidade geral do periódico. A posição relativa da RBEF no JCR, de acordo com a sua recenticidade, o nicho editorial e a área de conhecimento que veicula e a predominância de publicações em língua portuguesa, pode ser considerada satisfatória.

Outra bibliometria é o h-5-index (h5) do Google Scholar Metrics, que considera publicações em acesso aberto e disponibiliza classificação mundial de periódicos científicos, segundo, no mínimo, as cinco citações recebidas nos cinco anos anteriores. A mediana h5 (m5), por sua vez, é a média de citações dos artigos que compõem o h5. Na RBEF, os índices h5 e m5 variariam, entre 2013 e 2021, respectivamente, de 9 a 18 e de 13 a 24, o que indica ampliação expressiva (praticamente de 100%) nas citações e, mais que isso, indicativo de homogeneidade no crescimento das citações. Essas e outras métricas estão disponíveis para acesso público em: http://analytics.scielo.org/?journal=1806-1117.

Ao ampliar as métricas que auxiliam na evidenciação do alcance editorial da RBEF, é possível destacar, como dados limitados ao período de 2001 a 2024 (quando a revista passa a integrar a base da ScIELO), o registro de 83 fascículos, 2.279 documentos e 51.838 referências. Nesse recorte, a proporção de artigos da revista sem citações caiu de 9,80% para 1,92%, o que indica evidente crescimento de seu alcance em publicações especializadas, mesmo em face do paralelo crescimento editorial da temática no Brasil, acompanhada pela instituição da área de avaliação (de número 46, denominada Ensino) na Capes e consequente supervalorização do parâmetro “Qualis” nos ciclos avaliativos dos programas de pós-graduação a partir de então. Os acessos anuais saltaram, em valores aproximados, de 146 mil para 236 mil (incremento de 61,64%) – desde o ano de 2001, quando passa a ser disponibilizada principalmente no formato digital (tornando-se exclusivo a partir de 2015), a RBEF tem média anual aproximada de 200 mil acessos mensais, com picos da ordem de 250 mil, o que é um indicativo de seu alcance e capilaridade, como meio qualificado de difusão científica na respectiva área do conhecimento. Com relação à afiliação dos autores, a maior parte é proveniente do Brasil e, mais amplamente, da América Latina, seguida por autores vinculados a instituições de ensino de Portugal e Espanha e de países cujo idioma oficial é o português. Há, entretanto, ocorrências de autoria em numerosos outros países, como Estados Unidos, Canadá, Rússia, Alemanha, Inglaterra, Itália, Dinamarca, França, Índia e China. A internacionalização da RBEF é um indicativo de seu potencial de integração ao circuito das publicações de reconhecimento mundial na área de Física e seu ensino. Outras apreensões acerca dos impactos e das influências da revista, bem como de suas características e ênfases, podem ser encontradas na discussão de Schulz, em 2019 [1[1] P.A.B. Schulz, Rev. Bras. Ens. Fís. 41, e20180225 (2019).], e de Ghuron, Fontes e Rodrigues, de 2023 [2[2] E. Ghuron, D.T.M. Fontes e A.M Rodrigues, Revista de Enseñanza de la Física 35 167 (2023).].

Complementarmente à atenção às métricas, que contemporaneamente têm grande relevância à consolidação acadêmica de periódicos científicos, é de suma importância reconhecer e sublinhar as repercussões qualitativas dos manuscritos publicados na RBEF, que são amplamente reconhecidos (lidos e respeitados) pela comunidade especializada – físicos, pesquisadores em Física e seu ensino e professores universitários. É recorrente encontrar textos provenientes da RBEF em bibliografias de cursos de graduação e de pós-graduação em Física/Ensino de Física e nas ementas das respectivas disciplinas – dando, portanto, parte do tom a tais formações. Bachareis, licenciados e mestres/doutores nessas áreas constituem a ampla maioria de leitores de artigos veiculados na revista, que servem como referência para a formação e para a atualização nos assuntos de que trata e, ao passo que enfatizam dimensões didáticas, como contributo para a constituição da profissionalidade docente. Outro aspecto qualitativo fundamental é a recorrência de textos provenientes da RBEF em revisões bibliográficas sistemáticas (do tipo “levantamento” ou “estado-da-arte”) em artigos, dissertações e teses, do que se depreende, indiretamente, o alcance e a influência dos seus conteúdos ao avanço do conhecimento baseado em seus antecedentes.

Também é deveras relevante ter em conta o perfil da comunidade científica de autores e revisores envolvida com a RBEF. Em sua maioria, professores de instituições públicas de ensino superior (não raro, tendo por coautores orientandos ou supervisandos) vinculados a cursos de graduação em Física e de pós-graduação em Física/Ensino de Física com conhecimentos científicos e experiência acadêmica avançados. Esse público, recorrentemente, é integrado por quadros de referência no cenário nacional e com publicação pregressa em periódicos do Brasil e de outros países, seja em português, seja em inglês. Em sua maioria, ademais, são habituados a uma modalidade concisa de redação científica, focada em desenvolvimentos conceituais e explicitações matemáticas aplicados (em detrimento a longas digressões teóricas), privilegiando incursões pragmáticas de transposição didática dos tópicos científicas de que tratam. Autores e revisores, por fim, são habituados no domínio de ferramentas de edição de equações matemáticas e em normas técnicas de padrão internacional.

Em suas quatro décadas e meia de existência, a RBEF sofreu numerosas mudanças no contexto das políticas públicas de formação, da pesquisa, da produção e da divulgação científica no Brasil e no mundo. Assistiu ao crescimento exponencial da área de pesquisa em Ensino de Física e se consolidou como uma das principais, prestigiosas e reputáveis referências editoriais no campo em língua portuguesa. É um patrimônio da SBF e da Física e seu ensino no Brasil, que constitui legado imprescindível, cujas retrospectiva e análise são essenciais para a sua compreensão como dispositivo científico e para a afirmação de novos horizontes que a projetem aos tempos e aos desafios que já se lhe anunciam. É à guisa disso que este artigo se propõe a sistematizar, analisar e buscar inferências e compreensões acerca do perfil das publicações da RBEF, desde sua origem até o presente, por meio de análise textual e léxica dos artigos veiculados, a partir da qual se pretende traçar uma retrospectiva e apontar horizontes e tendências para o seu desenvolvimento.

2. Fundamentação Teórico-metodológica

As bases teóricas elegidas para a busca por documentação retrospectiva, análise circunstancial e predição de uma agenda de continuidade estratégica da RBEF, em suas bodas de rubi, sustentam-se nas premissas da análise de conteúdo [3[3] L. Bardin, Análise de Conteúdo (Edições 70, São Paulo, 2011), v. 1.,4[4] M. Ferreira e R.Q. Loguercio, Revista de Educação, Linguagem e Literatura 6, 33 (2014).,5[5] M. Ferreira e R.Q. Loguercio, Rev. Bras. Pesq. Educ. Ciênc. 16, 389 (2016).,6[6] M. Ferreira e R.Q. Loguercio, Ens. Pesq. Educ. Ciênc. 19, e2253 (2017).,7[7] M. Ferreira, R.Q. Loguercio e D.R.S. Mill, Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias 17, 167 (2018).,8[8] D.X.P. Nogueira, M. Ferreira e L.A.R. Lira, Educação e Fronteiras 10, 32 (2020).,9[9] M. Ferreira, H. Sacerdote, N. Studart e O.L. Silva Filho, Rev. Bras. Ens. Fís. 43, e20210322 (2021).,10[10] M. Ferreira, A Física na Escola 21, 230508-1 (2023).,11[11] M. Ferreira, R.V.L. Couto, O.L. Silva Filho, M.C. Batista e F.G. Maciel, Revista de Enseñanza de la Física 35, 117 (2023).,12[12] M.C. Fraga, A.L.S. Silva, D.M.G. Ferreira, J. Mota, D. Costa, R. Silveira Júnior, M. Ferreira, P. Bermejo e R. Porto, Revista Economia & Gestão 23, 142 (2024).], fundamentação que viabiliza o estabelecimento de relações entre determinada semântica e respectivas bases lógicas, que subsidiam a inferência de sentidos explícitos ou implícitos. Por meio dela, são tratados os dados que compõem o corpus, a fim de interpretar e inferir relações de significados e aludir a condições contextuais de produção/recepção de seu conteúdo, ação que pode ser tipificada em variadas modalidades: categorial, de avaliação, de enunciação, proposicional do discurso, de expressão e relacional, conforme detalhado em Ferreira e Loguercio (2014) [4[4] M. Ferreira e R.Q. Loguercio, Revista de Educação, Linguagem e Literatura 6, 33 (2014).].

De maneira sintética e operacional, essa tipificação pode ser assim compreendida: 1. categorial (temática), que opera por desmembramento e sucessivas reagrupações textuais por similaridade; 2. de avaliação (por indicadores sintáticos de atitudes), que associa asserções ou posições do emissor com os objetos da comunicação; 3. de enunciação, que que compreende o discurso como um código linguístico de perspectiva processual, com condições objetivas de produção, emissão e recepção, de acordo com aspectos não formais do conteúdo, como destaques, omissões, alinhamentos, desvios e dinâmicas; 4. proposicional do discurso, que objetiva a análise temática por bases linguísticas instituídas em núcleos referenciais, isto é, com vistas a inferências acerca da estrutura argumentativa; 5. de expressão (baseada em significantes), que apura indicadores formais de organização do texto, em detrimento àqueles de natureza semântica, que valorizam a relação entre a forma do discurso e suas características de produção, emissão e recepção; e 6. das relações, a partir de unidades de registro e de contexto, na análise das relações entre os elementos textuais complementarmente às frequências, com o objetivo de interpretação e inferência textual, a partir de correlações entre componentes semânticos e hipóteses de significação. Por escopo e pela natureza do objetivo analítico enunciado, será aqui aplicada uma combinação entre as tipificações categorial e das relações [4[4] M. Ferreira e R.Q. Loguercio, Revista de Educação, Linguagem e Literatura 6, 33 (2014).].

As técnicas de análise lexicométrica [4[4] M. Ferreira e R.Q. Loguercio, Revista de Educação, Linguagem e Literatura 6, 33 (2014).12[12] M.C. Fraga, A.L.S. Silva, D.M.G. Ferreira, J. Mota, D. Costa, R. Silveira Júnior, M. Ferreira, P. Bermejo e R. Porto, Revista Economia & Gestão 23, 142 (2024).], particularmente, permitem classificar, hierarquizar e relacionar elementos textuais de um corpus5 5 Denomina-se corpus um conjunto textual, correspondente à totalidade semântica ou a coletâneas ou excertos apropriadamente recortados, especificamente organizado, a propósito de uma analítica. ao que significam, ocultam, enfatizam ou secundarizam. Procedimentos como a Classificação Hierárquica Descendente (CHD), a Análise Fatorial de Correspondência (AFC), a Análise de Similitude (AS) e a Nuvem de Palavras (NP) viabilizam e potencializam condições interpretativas, quando aplicadas a volumes significativos de textos, segmentados em unidades cujo tamanho pré-definido possibilita visualizar e analisar a distribuição, o relacionamento e os imbricamentos semânticos, analisando-os “[…] de maneiras descritiva e inferencial, quantitativa e qualitativamente, facilita o uso de técnicas de análise estatísticas multivariadas, para a análise de fidedignidade dos resultados obtidos” [4[4] M. Ferreira e R.Q. Loguercio, Revista de Educação, Linguagem e Literatura 6, 33 (2014).].

A operação central da análise de conteúdo é a classificação (ou homogeneização) textual, a partir de operadores de proximidade semântica. Para obtê-la, são hierarquizadas as classes por etapas sucessivas de agrupamento lexical. A técnica da CHD visa à segregação do conteúdo do texto em classes e é realizada a partir de sucessivos cruzamentos entre unidades de conteúdo e suas formas reduzidas; ela estrutura a proximidade léxica, em determinado campo semântico, estabelecida pela singularidade de bases lógicas. A AFC expressa a relação frequencial entre formas e classes, que colabora na visualização agregada do fenômeno semântico em análise. A AS, por seu turno, apresenta, graficamente, a associação entre formas de maior significância calculada em uma classe e determinado subconjunto de outras formas também significativas, do que se depreende a força de aproximação e, por interpretação, o nível de coesão [5[5] M. Ferreira e R.Q. Loguercio, Rev. Bras. Pesq. Educ. Ciênc. 16, 389 (2016).]. Por fim, a Nuvem de Palavras (NP) é uma representação gráfica que apõe e registra formas e associações com recurso ao tamanho da grafia, a proximidade e as cores para indicar, respectivamente, a significância, a relação léxica e a vinculação a determinada classe de significado [9[9] M. Ferreira, H. Sacerdote, N. Studart e O.L. Silva Filho, Rev. Bras. Ens. Fís. 43, e20210322 (2021)., 10[10] M. Ferreira, A Física na Escola 21, 230508-1 (2023).].

3. Materiais e Métodos

Considerando a estrutura da análise de dados textuais, as fases aplicáveis são: 1. pré-análise; 2. análise do material; 3. tratamento dos resultados; e 4. inferência e interpretação [3[3] L. Bardin, Análise de Conteúdo (Edições 70, São Paulo, 2011), v. 1.].

A fase 1 (pré-análise) envolve a definição da estratégia de busca, isto é, as bases utilizadas e os parâmetros de seleção do material textual e a execução da coleta, com as restrições aplicadas, a fim de formar o corpus da pesquisa. A fase 2 (análise do material), envolve o tratamento dos dados coletados, a revisão do material, a definição do corpus, a codificação dos dados, a execução do material tratado pelo software de análise e a geração dos gráficos e grafos. A fase 3 (tratamento dos resultados) envolve a análise dos resultados; a seleção e adequação dos gráficos e grafos e a seleção e o tratamento dos resultados qualitativos. Por fim, a fase 4 (inferência e interpretação) envolve a criação do relatório que contém a interpretação dos dados resultantes da aplicação da metodologia, em comparação com a base teórica, que leva à inferência dos resultados, com base nos objetivos da pesquisa. A seguir, são descritas como as fases da presente pesquisa foram executadas.

3.1. Pré-análise

Para a pré-análise, durante o mês de abril de 2024, foram utilizadas as estratégias de busca de todas as publicações da RBEF, de acordo com os volumes/números compreendidos entre os anos de 1979 e 2024, disponíveis na base contida no seu site https://www.sbfisica.org.br/rbef/. Mesmo aqueles veiculados de maneira impressa, como era usual em seus primórdios, foram objeto da busca, já que estes, atualmente, constam da página da revista na internet, em formato de arquivo em extensão .pdf. Foram selecionadas todas as publicações, portanto, sem restrição tipológica, temporal, seleção de descritores ou definição de idioma.

O total de publicações da revista, em sua história, inclusive artigos científicos, resenhas, cartas ao editor, notas de discussão, erratas e textos diversificados (como um poema, a título de ilustração) foi de 2.888. Para a análise, foram preliminarmente excluídas as erratas, visto que elas não constituem textos significativos à tipologia de análise visada, do que resultaram 2.873 publicações6 6 Esse número de publicações não representa a totalidade de artigos veiculados na RBEF, já que alguns editoriais e algumas cartas e notas não foram digitalizados. Também é importante registrar, para investigações futuras, que, em período anterior à implantação da RBEF, artigos gerais ou da área de ensino apareciam na antiga Revista Brasileira de Física. , que efetivamente compuseram o corpus, integrantes das 46 edições/volumes e respectivos 146 números. A maior parte dos volumes contiveram quatro números, eventualmente, com um suplementar. Entre 1979 e 2000, houve edições anuais com apenas um ou dois números e, a partir de 2020, a revista adotou o fluxo contínuo de publicações, isto é, apenas um número anual que aglutina todos os artigos do respectivo ano.

3.2. Análise do material

Após a aplicação das estratégias seletivas, ficou definido o corpus da pesquisa como resultante da consideração de 2.873 estudos considerados relevantes. Aqueles que estavam em inglês ou espanhol foram traduzidos para a língua portuguesa, a fim de padronizar o idioma para a adequada procedimentalização do software – o qual é descrito a seguir – que opera, por ciclo analítico, com um dicionário para um idioma específico.

Os dados dos textos selecionados para a composição do corpus desta pesquisa foram: título, ano de publicação, resumo e palavras-chave (estes dois últimos foram considerados somente em parte dos artigos, já que aqueles anteriores a 2001 e algumas tipologias – como cartas ao editor, notas de discussão e resenhas – não dispunham desses elementos textuais). O material selecionado foi revisado, do ponto de vista adequação de digitação e de conformação, quando necessário, à norma culta da língua portuguesa. As variáveis consideradas foram apenas ano e texto, isto é, o título, as palavras-chave e o resumo, para conformação operacional, foram transformados na variável texto. Isso ocorreu devido ao fato de que algumas produções, mormente as mais antigas, devido ao padrão editorial à época, não continham palavras-chave e alguns títulos chegaram a conter uma única palavra. Cabe destacar que esse procedimento não provocou implicações deletérias ao procedimento analítico, mas uma conformação técnica para otimização operacional.

Em seguida, as variáveis foram separadas por codificação (*****) e, para que o software pudesse processá-las, receberam tratamentos de remoção de pontuação (aspas, apóstrofo, hífen, cifrão, percentagem, reticências, asterisco e hífen). Como as palavras ou as expressões foram lematizadas, isto é, foram consideradas conforme sua raiz morfológica, em alguns casos, considera-se sua forma reduzida, isto é, seu radical, seguido do sinal de +, como: opt+, para as variações: óptica, ópticas, óptico etc.

Neste estudo, utilizou-se o software Alceste7 7 Acrônimo, em francês, para Analyse Lexicale par Contexte d’un Ensemble de Segment de Texte, em livre tradução: Análise Lexical Contextual de um Conjunto de Segmentos de Texto. (versão Education 2018) para o processamento dos dados da pesquisa. Ele procede operações estatísticas sofisticadas, em etapas sucessivas de sistematização, segmentação, classificação hierárquica e análise de correspondência vocabular. A sua operação associa domínios linguísticos (léxicos) a um contexto típico, também compreendido como representação coletiva, isto é, a percepção contextual de emissores e tradutores de determinado conteúdo. Os dados brutos do corpus foram salvos em formato .txt Unicode (UTF-8). Após os procedimentos descritos, o arquivo foi submetido à solução computacional.

3.3. Tratamento dos resultados

Nesta fase, foram realizados os ajustes e adequação dos gráficos e grafos, bem como a seleção e o tratamento dos resultados qualitativos, conforme descrito na seção Resultados e discussões. Essencialmente, foram estabelecidas as estatísticas textuais (totais de formas, frequências, classes e correlações), a rede de presença simultânea e a nuvem de palavras.

Tais procedimentos são essenciais para proporcionar a visualização adequada, a qualidade ilustrativa das correlações e a adequação dos parâmetros inferenciais. Associadamente à clarividência da natureza e dos efeitos dos recursos providos pelos algoritmos da solução computacional, a adequada apresentação e formatação dos resultados colabora para o discernimento, em relação à coerência, correção e clareza dos achados.

3.4. Inferência e interpretação

Nesta fase, foram realizadas a interpretação dos dados resultantes da aplicação da metodologia, em comparação com a base teórica, e a inferência dos resultados, com base nos objetivos da pesquisa, conforme descrito na seção Resultados e discussões. Em tal estágio, evidenciaram-se, com singularidade e clareza, os achados sistemáticos, a partir do que foram depreendidas inferências e compreensões acerca do perfil das publicações da RBEF, desde sua origem até o presente.

Esse empreendimento foi possibilitado pela extração dos resultados na analítica do software aplicado, combinada com uma hermenêutica reconstrutiva que considerou leituras sistemáticas de artigos que compõem a base editorial da RBEF, bem como conhecimentos, experiências, pesquisas pregressas e acompanhamento longitudinal do campo de pesquisa, em níveis nacional e internacional, de parte do autor deste artigo.

4. Resultados e Discussões

4.1. Estatísticas textuais

O corpus foi separado em unidades (textuais) de contexto elementar (UCE) e subdivididos de acordo com as especificidades de cada qual. O corpus geral foi constituído por 2.668 unidades de contexto inicial (UCI), separadas em 7.899 UCE, com aproveitamento de 5.792 delas (89%), o que é considerado com nível de relevância muito elevado (isto é, superior a 70%, como indicado em literatura especializada), e dividido em seis classes. Emergiram 386.216 ocorrências (palavras, formas ou vocábulos), com 2.873 UCI, em que 1.385 formas foram analisadas e 216 não analisadas. Esses dados estão ilustrados na Tabela 1.

Tabela 1
Dados estatísticos do corpus desta pesquisa. Fonte: Elaboração própria (2024) com base nos resultados da análise realizada no software Alceste.

A especificação das estatísticas textuais por classe é de grande relevância para a posterior análise e compreensão da centralidade e das dispersões, das correlações frequenciais e semânticas e para a análise dos vínculos entre tais estratificações.

4.2. Classificação Hierárquica Descendente(CHD)

A CHD é o método mais relevante da análise de dados textuais, pois se baseia na proximidade semântica e na ideia de que palavras usadas em contexto similar estão associadas ao mesmo léxico. O corpus total em análise está ilustrado no dendrograma da Figura 1.

Figura 1
CHD relativa ao corpus da presente pesquisa. Fonte: Elaboração própria (2024) com base nos resultados da analítica transcorrida no software Alceste.

Conforme já indicado, o conteúdo analisado foi categorizado em seis classes. O grafo, a seguir, foi classificado por presenças significativas, partições e proximidade das correlações. As partições foram nomeadas de acordo com a análise dos resultados encontrados, da seguinte maneira: A (Conceitos e Métodos de Física) – Classe 1, Classe 3 e Classe 4; A1 (Dimensão Experimental) – Classe 1; A2 (Teorias, Métodos e Conceitos) – Classe 3 e Classe 4; A2.1 (Teorias Físicas e Métodos Matemáticos) – Classe 3; A2.2 (Conceitos Físicos) – Classe 4; B (Ensino de Física) – Classe 2, Classe 5 e Classe 6; B1 (Currículo e Didática) – Classe 5 e Classe 6; B1.1 (Didática e Cognição) – Classe 5; B1.2 (Currículo e Ambientes de Ensino) – Classe 6; e B2 (Epistemologia e História) – Classe 2.

Conforme citado, as seis classes foram agrupadas em duas partições, assim nomeadas: A (Conteúdos de Física) e B (Ensino de Física), com suas subdivisões, detalhadas a seguir. A partição A (Conteúdos de Física), é formada pelas seguintes classes: Classe 1 (23,71%); Classe 3 (15,79%); Classe 4 (16,82%). Já a partição B, pelas seguintes: Classe 5 (18,76%); Classe 6 (7,87%) e Classe 2 (17,05%). Assim, a partição A possui 56,32% do corpus total, enquanto a partição B possui 43,68%. Embora relativamente equilibradas, a preponderância da partição A é já um primeiro indicativo do caráter eminentemente conteudista da RBEF, o que é bem compreendido e motivo de orgulho pela maior parte da comunidade de pesquisa em Ensino de Física que a acompanha, lê, avalia, a ela submete e nela publica artigos, pelo que se depreende das diretrizes editoriais, da natureza dos conteúdos e das tipologias/metodologias dos artigos publicados e dos fóruns relacionados à revista. Há uma evidente mensagem de que as dimensões teórica, metodológica e epistemológica do ensino de uma disciplina pressupõem forte compromisso e indissociabilidade com as respectivas bases conceituais, tal como evidenciado nas diretrizes e no escopo da RBEF. As relações e partições da CHD expressam uma síntese da AFC para o corpus em questão, a partir de sua grafologia típica.

Primeiramente, ao tratar acerca da partição A, que é aquela que sugere tratar dos conceitos/conteúdos específicos da área de Física, a partição A1 (Dimensão Experimental), formada pela Classe 1 possui maior relevância e homogeneidade, o que indica que é mais específica, em relação ao tema. Os maiores valores de khi2 (qui-quadrado) – coeficiente de associação cujo módulo expressa a intensidade da ligação entre uma forma e a classe a que pertence – indicam o uso de experimentos de baixo custo, seguidos de uso de dispositivos e do software Arduíno. Também emergem as palavras: ar, feixe [de luz], água, som e óptico, que sugerem os mediadores ou os dispositivos de explicitação dos textos identificados na partição A1. A partição A2 (Teorias, Métodos e Conceitos) é, por sua vez, bipartida, composta pelas A2.1 – (Teorias Físicas e Métodos Matemáticos) – Classe 3, e A2.2 (Conceitos Físicos) – Classe 4. Embora ambas tenham um equilíbrio, a partição A2.2 é ligeiramente mais relevante, em que os maiores khi2 indicam conteúdos específicos de Física como: massa, força, carga/carga elétrica, movimento, energia, corpo e velocidade. Já a A2.1 (Teorias Físicas e Métodos Matemáticos) – Classe 3 traz os termos: “quântico(a)”, “funções”, “equação de Schrödinger”, “oscilador” e “mecânico”. Essa ramificação evidencia, contundentemente, a associação dos conhecimentos (ou conceitos) físicos com as formulações teóricas e matemáticas que sustentam suas relações e dão operatividade à possibilidade aplicativa em ensino. Reforçam, ademais, o foco da revista para o Ensino Superior, visto que surgem como essenciais recursos lógicos-formais próprios desse nível.

A partição B, que é aquela que sugere tratar do Ensino de Física, tem a partição B2 (Epistemologia e História) – Classe 2 mais coesa, porém com menor peso. De acordo com os maiores khi2, esta possui ênfase na história das ciências, da Física e da Filosofia, com destaque para Newton e Einstein. A partição B1 tem maior peso, mas é bipartida. A partição B1.1 (Didática e Cognição) – Classe 5 possui significativa relevância, quando comparada à B1.2 (Currículo e Ambientes de Ensino) – Classe 6. A partição B1.1 (Didática e Cognição) – Classe 5 trata da aprendizagem significativa, de metodologias, aulas, estratégias, didáticas e conteúdos. A partição B1.2 (Currículo e Ambientes de Ensino) – Classe 6 trata da formação do professor, dos cursos de licenciatura, que inclui disciplinas e currículo (que envolvem assuntos como projetos, propostas, matrizes, componentes, parâmetros, integração, reformulação e estágio) e de universidades.

A tendência que emergiu no CHD pode ser observada nos trechos transcritos, para facilitar o entendimento das ideias contidas. Assim, selecionaram-se os textos mais significativos por classe. Cabe lembrar que, quando tais trechos são selecionados e classificados, o software desconsidera as letras maiúsculas, a pontuação e acentuação e faz grifos das palavras de maior relevância em relação ao corpus, em cores relacionadas à classe.

4.3. Rede de presença simultânea (Análise de Similitude)

O grafo gerado pela análise de rede de presença simultânea ilustra a relação entre as palavras das UCE do corpus, o que possibilita inferir a estrutura de construção do texto e os temas relevantes à pesquisa. Isso significa que essa representação contém palavras que ocorreram próximas umas das outras no corpus com muita frequência.

Do ponto de vista geral, infere-se que o corpus se constrói sob a ideia central Ensino de Física voltado para o Ensino Médio, já que as palavras “ensino” e “médio” aparecem com frequência em todas as classes. Esse dado, inclusive, chama a atenção, pois o escopo da RBEF é o Ensino de Física no Ensino Superior, que busca coerência com essa diretriz nas avaliações e no direcionamento de artigos. Esse aspecto pode ser revisitado a partir de incursões de iniciativas como a do Programa de Mestrado Nacional em Ensino de Física (MNPEF) e, de maneira mais ampla, da expansão dos cursos de pós-graduação e da produção científica na área de Física voltada à Educação Básica. As palavras “ciência”, “aprendiz” e “professor” são as mais próximas da ideia central. A primeira está ligada à partição B1.1 (Didática e Cognição) – Classe 5, conforme Figura 2.

Figura 2
Rede global de presença simultânea. Fonte: Elaboração própria (2024) com base nos resultados da analítica transcorrida no software Alceste.

Do ponto de vista da Classe 1, que é a mais relevante, em relação ao corpus, a ideia central é a de uso ou explicação de experimentos como atividades pedagógicas, como ilustra a Figura 3. As palavras “dados”, “simples” e “baixo” [custo] estão mais próximas ao centro da rede. Essa evidência corrobora uma tradição da produção acadêmica na área de experimentação no Ensino de Física que, ao reconhecer as dificuldades infraestruturais de laboratórios didáticos especializados, em níveis médio e superior, privilegiam soluções com materiais de fácil acesso (ou baixo custo), contemporaneamente associados ao uso de tecnologias digitais da informação e comunicação. Vale ressaltar que, na rede global, a expressão que emergiu foi “Ensino Médio”.

Figura 3
Rede de presença simultânea (Classe 1). Fonte: Elaboração própria (2024) com base nos resultados da analítica transcorrida no software Alceste.

Do ponto de vista da Classe 2, em relação ao corpus, a ideia central é voltada para os estudos de História, ciências e Filosofia, que endossa a dimensão epistemológica desta classe. A RBEF possui, entre seus editores associados, pesquisadores especializados nessa faceta, sendo reconhecida por veicular produções que vinculam temas históricos e de fronteira da Física ao seu caráter epistemológico e histórico. Teorias, descobertas, experimentos e biografias sempre fizeram parte do escopo de discussões presentes na revista. A palavra “Brasil” está também próxima ao centro, o que sugere que tais estudos ocorrem eminentemente no contexto brasileiro, ou vinculado às discussões e experiências de ensino nesse âmbito, conforme Figura 4, a seguir.

Figura 4
Rede de presença simultânea (Classe 2). Fonte: Elaboração própria (2024) com base nos resultados da analítica transcorrida no software Alceste.

Do ponto de vista da Classe 3, em relação ao corpus, a ideia central parece ser bem específica, isto é, a “mecânica quântica”, conforme Figura 5, a seguir. Esse aspecto revela o protagonismo dessa área, particularmente, no contexto das discussões de Física moderna e contemporânea, que sempre foram privilegiadas na RBEF. Além de ser um campo da Física, com descobertas de caráter atual e significativa relevância científica, trata-se de uma área de interesse amplo, com interfaces e relações intrínsecas a vários campos do conhecimento e que passou a ter importância nos currículos de graduação e pós-graduação na área nas últimas duas décadas.

Figura 5
Rede de presença simultânea (Classe 3). Fonte: Elaboração própria (2024) com base nos resultados da analítica transcorrida no software Alceste.

Do ponto de vista da Classe 4, em relação ao corpus, a ideia central está relacionada com “massa”, “molas”, “inércia”, “velocidade”, “energia” e “movimento”, conforme Figura 6, a seguir. Trata-se de temas de Física clássica, que ainda são recorrentes em estudos e publicações no campo do Ensino de Física. A análise aprofundada, entretanto, alerta para o fato de que a predominância desses temas já é antiga no contexto da RBEF, com picos entre os anos de 1999 e 2016, quando os temas de Física moderna e contemporânea passam a vigorar com relevância léxica mais contundente, o que dá indicativos de migração de tendência.

Figura 6
Rede de presença simultânea (Classe 4). Fonte: Elaboração própria (2024) com base nos resultados da analítica transcorrida no software Alceste.

Do ponto de vista da Classe 5, em relação ao corpus, a ideia central está relacionada à didática e à cognição, isto é, ao ensino e à aprendizagem de estudantes do Ensino Médio, conforme ilustra a Figura 7, a seguir. Há uma evidente e equilibrada distribuição da relação semântica com aspectos como “metodologia”, “atividades”, “laboratórios” e “tecnologias”, o que evidencia o caráter aplicado intrínseco ao padrão de ensino comumente veiculado na RBEF. Como fundamentação teórica (cognitiva), há destaque à relação da área com o referencial da aprendizagem significativa (pelas influências de Ausubel e Moreira, sobretudo) que corresponde à fundamentação mais difundida e reconhecida na área de Ensino de Física, desde a sua estruturação como tal no Brasil.

Figura 7
Rede de presença simultânea (Classe 5). Fonte: Elaboração própria (2024) com base nos resultados da analítica transcorrida no software Alceste.

Do ponto de vista da Classe 6, em relação ao corpus, a ideia central está relacionada à formação de professores, aos cursos de licenciatura, currículos e disciplinas, conforme Figura 8, a seguir. Nessa classe, aparece, de maneira mais explícita, a vinculação com o Ensino Superior e incursões interdisciplinares (como nas expressões “química” e “biologia”), além de temas que passam a figurar com ênfase e relevância a partir de reformas curriculares da década de 1990, como é o caso da Astronomia. É muito simbólica a relação com a formação, especificamente, na licenciatura, área em que a articulação de temáticas de Física moderna e contemporânea e de fronteira do conhecimento científico são ainda escassas e que reivindicam atenção da produção acadêmica na direção de uma confluência qualificada e condizente com as exigências da profissionalidade docente.

Figura 8
Rede de presença simultânea (Classe 6). Fonte: Elaboração própria (2024) com base nos resultados da analítica transcorrida no software Alceste.

4.4. Nuvem de palavras

A nuvem de palavras (NP) é uma representação simplificada das ideias contidas no corpus, cujas proporção e aproximação ao centro do grafo são determinadas pelo khi2 em relação a cada classe identificada na CHD, isto é, o tamanho e a tendência central expressam (ou traduzem) a respectiva relevância léxica. A NP aporta visualização gráfica geral dos termos mais frequentes e associados por meio de uma disposição de palavras (ou radicais) em formato dispersivo (por isso, a designação “nuvem”).

Conforme se observa na Figura 9, a NP apresenta as expressões com colorações diferentes às seis classes da análise. Aquelas na cor vermelha transmitem, em síntese, a ideia de experimentos de baixo custo e de uso de softwares como o Arduíno; na cor azul, as correlações entre História, Filosofia e Ciências; na cor marrom, temas/conceitos de Física, como carga, massa e campo; na cor verde, concepções e relações físico-matemáticos representados pelos termos “schroedinger”, “func”, “oscilador” etc.; na cor rosa, o ensino e a aprendizagem, destacada por menções ao “aprendiz”/“aluno”, a “aula” e a “compreens(ão)”; por fim, na cor esverdeada (em tom esmeralda), o vínculo a terminologias como “currículo”, “universidade”, “institui(ções)”, “licenciatura” e “bacharelado”, isto é, o locus do nível formativo enfatizado.

Figura 9
Nuvem de palavras. Fonte: Elaboração própria (2024) com base nos resultados da analítica transcorrida no software Alceste.

É curioso, porque não imediatamente presumível da tradição da pesquisa em Física e seu enino no Brasil, notar a centralidade dada à dimensão experimental e espistemológica-histórica dos termos mais frequentes e associados no corpus. Também chama a atenção o destaque a elementos de Física Moderna e Contemporânea, que são escassos na tradição curricular brasileira. Essas boas surpresas pressupõem adequação do direcionamento editorial, além, por óbvio, de investimentos dos autores na elaboração e na destinação à RBEF de artigos derivados de pesquisas de tais naturezas. A ênfase na dimensão formativa, entretanto, coaduna com aquela esperada pela vinculação da revista ao campo do ensino.

5. Considerações Finais

Considerando o objetivo desta pesquisa, que foi compreender o perfil das publicações da Revista Brasileira de Ensino de Física (RBEF), desde suas primeiras publicações, entende-se que foi possível alcançar inferências compatíveis com a leitura flutuante do texto e com a hermenêutica reconstrutiva baseada nas experiências advindas da tradição de pesquisa na área, no conhecimento do autor deste artigo como autor, leitor e referee da revista, bem como no cruzamento de dimensões inter e intrassubjetivas da comunidade de leitores, em contraponto às diretrizes editoriais.

Quanto à CHD, com base nos principais trechos que o software pontuou como mais significativos e das classes que emergiram, pode-se inferir que o corpus foi dividido em dois temas: de um lado, os conteúdos (conhecimentos e conceitos) de Física; do outro, o Ensino de Física, no sentido de processo de ensino e aprendizagem e formação de professores. O tema da ramificação A foi o mais relevante e homogêneo, quando comparado ao B, o que se infere que as ideias do corpus focalizaram mais os conteúdos específicos a serem ensinados na disciplina de Física.

Conforme mencionado, as dimensões teórica, metodológica e epistemológica do Ensino de Física foram evidenciadas nas diretrizes e no escopo da RBEF. Por outro lado, a revista traz a questão da formação docente, em nível de Ensino Superior, para a habilitação do Ensino de Física, na Educação Básica, principalmente no Ensino Médio. Há ênfase na abordagem da aprendizagem significativa, por meio de soluções de experimentação com materiais de baixo custo, aliadas às tecnologias, como forma de superar as deficiências estruturais de laboratórios didáticos para o Ensino de Física moderna e contemporânea no contexto brasileiro e a valorização da interdisciplinaridade histórica e filosófica.

Como novos horizontes (ou tendências), parece importante elencar alguns aspectos que suscitariam reflexão do comitê gestor, em nível de políticas editoriais, de enfoque e de indexação a seguir explicitadas.

5.1. Políticas editoriais

  1. Revisão de diretrizes, normas técnicas, fluxos e páginas da revista na internet.

  2. Atualização do Conselho Científico, instituindo um fluxo ativo de colaboração e um encontro bianual de avaliação e planejamento.

  3. Ampliação do corpo de revisores, a partir de chamamentos públicos, com consequente alargamento das representações das (sub)áreas de conhecimento da Física e do seu ensino.

  4. Revisão do instrumento de avaliação (emissão de parecer), passando a contemplar quesitos de homogeneização da natureza da análise, resguardada a relevância do parecer qualitativo já tradicionalizado.

  5. Segmentação clarificada e dosimetria entre artigos de caráter teórico, experimental/de simulação computacional e epistemológico.

  6. Concentração de esforços na vinculação a dimensões explícitas da tradição da área em Ensino de Física, como o referenciamento teórico-metodológico e, quando aplicável, a testagem e a análise de resultados em contextos educacionais reais (caráter translacional).

  7. Avaliação da possível adoção plena do sistema double-blind peer review.

  8. Reforçar a divulgação da revista, por meio de recursos de jornalismo científico profissionalizado, implementando um sistema de “impressão por demanda”, ademais dedicando-se a processos de visibilidade em eventos acadêmicos da área e de criação de mídias sociais específicas da RBEF, com alimentação contínua e veiculação das principais publicações e dos destaques editoriais.

  9. Revisão de custos e fomentos, prospectando linhas de apoio financeiro por agências estaduais como a FAPESP e federais como o CNPq.

  10. Instituição do prêmio anual de melhor artigo da RBEF e divulgação de destaques no boletim semanal da SBF.

  11. Realização de processo anual de autoavaliação e apresentação de relatórios sistemáticos ao Conselho da Sociedade Brasileira de Física SBF.

5.2. Indução de enfoques

  1. Melhoria da proporção de estudos quantitativos e longitudinais acerca das estratégias curriculares e didáticas, bem como dos respectivos efeitos cognitivos.

  2. Adoção de números temáticos suplementares ou dossiês mais recorrentes, que visitem assuntos emergentes, efemérides ou de fronteira do conhecimento, bem como condignes comemorações a datas notáveis.

  3. Reforço das editorias associadas desdobradas em: Física Teórica, Computacional e Temas de Fronteira; Física experimental; Pesquisa em Ensino de Física; Epistemologia e História da Física e Astronomia; além de notas, cartas ao editor e resenhas.

  4. Instituição de “editorias honorárias”, com a participação de editores anteriores e pesquisadores sêniores, com reconhecimento nacional e internacional, visando à curadoria, à manutenção da identidade, à garantia de transições equilibradas e a desenvolvimentos sustentáveis da RBEF.

  5. Criação da seção “resource letters”, analogamente ao que existe em revistas de importância e reconhecimento internacional, voltada à publicação de cartas de recomendação de pesquisadores de grande reputação em suas áreas de conhecimentos, acerca de diferentes tópicos de Física e seu ensino, voltadas a orientar universitários e pesquisadores acerca de bibliografia, conceitos, métodos e técnicas relevantes às suas formações. Sem pretensão de serem exaustivas, esse tipo de publicação teria potencial de agilizar a divulgação de tendências e a difusão de tópicos de fronteira, bem como de fortalecimento de áreas, grupos, teorias e métodos de investigação.

5.3. Indexação

  1. Reforço nas publicações/traduções em inglês, à guisa de ampliação da visibilidade internacionalização e das citações dos artigos da RBEF, com consequente influência no seu FI e h5.

  2. Melhoria do sistema de busca e de busca avançada na página da revista na internet.

  3. Revisão das bases e dos repositórios de indexação, com ênfase no investimento à vinculação ao Web of Science Core Collection.

  4. Fortalecimento dos índices acadêmicos e padrões de publicação (classificação, periodicidade, política de direitos autorais e delineamento de metadados), do escopo da publicação, das políticas e do corpo editorial, do nível de profissionalização da publicação.

  5. Revisão da política de arquivamento e disponibilização na internet, envolvendo padrões e interoperabilidade com rastreadores web e depósitos de metadados e conteúdos.

  6. Aproximação estratégica a periódicos análogos e associações e eventos nacionais e internacionais de editores.

A RBEF é um patrimônio e um legado da SBF cujas diretrizes devem ser permanentemente observadas, preservadas e aperfeiçoadas em atenção às estratégias da Sociedade, à visão coletiva de seu comitê científico e buscando atualização aos padrões editoriais contemporâneos com qualidade, excelência, distinção, alcance, ética acadêmica e impacto. Deve, ainda, manter-se vigorosa às contemporâneas tecnologias, maneiras e mídias comunicacionais, às inteligências artificiais e às lógicas e interações de produção e difusão do conhecimento científico em contexto nacional e global, resguardando a necessidade de contínua revisão e da busca incansável por seu aprimoramento. A grife e o potencial da RBEF devem ser zelados, qualificados e submetidos ao desenvolvimento da ciência e à retroalimentação da pesquisa na área deconhecimento a que se dedica.

Esse conjunto de ações coordenadas, envolvendo políticas editoriais, indução de enfoques e indexação, a serem apropriadas e decididas de maneira democrática e estratégica, deve consolidar ações voltadas ao desenvolvimento e ao aperfeiçoamento da RBEF, buscando preservá-la como espaço de formação e divulgação de informações acerca da Física e a melhoria de seu ensino em todos os níveis, com ênfase na qualidade, na atualidade e no avanço dos conhecimentos nela veiculados. Espera-se serem estes, rigorosamente, a missão e o norte de sua editoria.

Agradecimentos

O autor expressa gratidão aos orientandos de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado, Andrei Simão de Mello; Antonio Marques dos Santos; Daylane Soares Diniz; Hugo Victor Santos Fernandes de Oliveira; Maria Carolina Ernst Mallmann; Palton Lima Alves; Roberto Vinícios Lessa do Couto; e, sobretudo, à prof.ª Dr.ª Helena C. S. Sacerdote, pelas contribuições na estruturação do corpus de análise desta pesquisa. Agradece, ainda, ao Editor-Chefe da RBEF, prof. Dr. Sílvio Salinas, e ao prof. Dr. Nelson Studart, pelas trocas de ideias e sugestões na composição desta discussão. Por fim, registra o financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ao qual se vincula como bolsista de produtividade em pesquisa.

Referências

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  • [10]
    M. Ferreira, A Física na Escola 21, 230508-1 (2023).
  • [11]
    M. Ferreira, R.V.L. Couto, O.L. Silva Filho, M.C. Batista e F.G. Maciel, Revista de Enseñanza de la Física 35, 117 (2023).
  • [12]
    M.C. Fraga, A.L.S. Silva, D.M.G. Ferreira, J. Mota, D. Costa, R. Silveira Júnior, M. Ferreira, P. Bermejo e R. Porto, Revista Economia & Gestão 23, 142 (2024).
  • 1
    Além da RBEF, a SBF edita o Brazilian Journal of Physics (BJF) e a Revista A Física na Escola (FnE). Apoia, ainda, a edição da Revista do Professor de Fisica (RPF), sob a responsabilidade da Universidade de Brasília (UnB), afiliada ao Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física (MNPEF)/PROFIS.
  • 2
    Apesar de integrar a coleção da WoS, a RBEF não é indexada à sua core collection, que é o principal banco global de dados de citações, integrando, desde o ano de 1900, registros de artigos científicos provenientes de periódicos (de acesso aberto ou não) de maior impacto do mundo. A cobertura da WoS core collection possui dez classificações e se relaciona ao nível de assinatura de parte da instituição de vínculo da revista
  • 3
    Há defesas, sobretudo daqueles que se interessam pelo reforço da RBEF como periódico de alcance e relevância internacional, para que os artigos sejam cada vez mais (quiçá em sua totalidade) publicados em inglês. Esse movimento, ainda que reflita potentes vantagens de indexação e alcance internacional, poderia surtir efeito deletério à vocação original ao interesse nacional aos que não possuem fluência naquele idioma, ainda que os dispositivos de tradução estejam em franca expansão e qualificação. Uma alternativa para essa dicotomia poderia ser a indução à publicação em ambos os idiomas, a partir de políticas de incentivo aos autores ou mesmo de investimentos, por parte da SBF, na contratação de serviços de tal natureza – o que requereria avaliação de impactos nos custos editoriais e nos prazos médios de publicação.
  • 4
    Já compuseram a editoria-chefe da RBEF nomes como os dos professores João Zanetic, Marco Antonio Moreira, Vanderlei Bagnato, Nelson Studart e Silvio Dahmen.
  • 5
    Denomina-se corpus um conjunto textual, correspondente à totalidade semântica ou a coletâneas ou excertos apropriadamente recortados, especificamente organizado, a propósito de uma analítica.
  • 6
    Esse número de publicações não representa a totalidade de artigos veiculados na RBEF, já que alguns editoriais e algumas cartas e notas não foram digitalizados. Também é importante registrar, para investigações futuras, que, em período anterior à implantação da RBEF, artigos gerais ou da área de ensino apareciam na antiga Revista Brasileira de Física.
  • 7
    Acrônimo, em francês, para Analyse Lexicale par Contexte d’un Ensemble de Segment de Texte, em livre tradução: Análise Lexical Contextual de um Conjunto de Segmentos de Texto.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Ago 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    21 Maio 2024
  • Revisado
    23 Jun 2024
  • Aceito
    22 Jul 2024
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