Resumo:
Introdução:
As equipes médicas atuam constantemente diante de pacientes em estado crítico e ambientes complexos. Nesses ambientes, entende-se que processos cognitivos, metacognitivos e afetivos coexistem, de modo a propiciar ou impedir um desempenho adequado11. Brydges R, Butler D. A reflective analysis of medical education research on self-regulation in learning and practice. Med Educ. 2012;46:71-9.),(22. Zimmerman BJ, Schunk DH, organizadores. Handbook of self-regulation of learning and performance. New York: Routledge; 2011. 484 p.. Nesta pesquisa, analisa-se um caso de erro diagnóstico sob a perspectiva metacognitiva.
Objetivos:
Este estudo teve como objetivos descrever os processos de pensamento que levaram ao erro e investigar possíveis contribuições dos processos metacognitivos para o ensino médico.
Métodos:
Fez-se uma entrevista em grupo33. Flick U. Entrevistas. In: Caregnato SE, organizador. Uma introdução à pesquisa qualitativa. 3a ed Porto Alegre: Bookman; 2009. p. 143-79. com a equipe vencedora de uma olimpíada de simulação de atendimento a pacientes críticos realizada em um congresso nacional de educação médica. Adotou-se a análise de conteúdo44. Bardin L. Análise de conteúdo. 3a reimp. São Paulo: Edições 70; 2011. v. 1, 280 p., codificada por Atlas-ti©, segundo Efklides55. Efklides A. Metacognition-defining its facets and levels of functioning in relation to self-regulation and co-regulation. Eur Psychol. 2008;13(4):277-87., seguida da extração das categorias empíricas no editor de mapas mentais SimpleMind©. O estudo foi registrado com CAAE nº 96007018.5.0000.5286 e aprovado (Parecer nº 2.938.945) pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Estudos e Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Resultados:
A equipe, antes da olimpíada, previu cenários possíveis. Durante a competição, o cenário simulado apresentado era semelhante a um dos esperados. Observou-se então que a equipe, sem se dar conta, enviesou todo o seu raciocínio visando confirmar o diagnóstico previsto a priori. São descritos os vários mecanismos metacognitivos envolvidos nesse processo. A equipe possuía conhecimento suficiente para estabelecer o diagnóstico correto, mas não o fez por distorção dos processos de pensamento. Esse caso ilustra o fato de que, para praticar medicina, conhecimento não é suficiente; aprender a pensar também é necessário. Ademais, estabelece-se uma proposta de quadro teórico, em que a simulação se apresenta como metodologia problematizadora, fornecendo um contexto no qual a metacognição e o Arco de Maguerez66. Tsuji H, da Silva H. A. Aprender e ensinar na escola vestida de branco: do modelo biomédico ao humanístico. São Paulo: Phorte; 2010. 240 p. integram-se harmonicamente com a Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel77. Ausubel DP. Educational psychology: a cognitive view. New York. Holt, Rinehart and Winston; 1968. 685 p.),(88. Moreira MA. Aprendizagem significativa: a teoria e textos complementares. São Paulo: Livraria da Física; 2011. 179 p. para o desenvolvimento da competência profissional66. Tsuji H, da Silva H. A. Aprender e ensinar na escola vestida de branco: do modelo biomédico ao humanístico. São Paulo: Phorte; 2010. 240 p..
Conclusão:
A metacognição permite elucidar eventos como os aqui descritos, sugerindo também que seu ensino e sua prática poderiam contribuir para a redução do erro médico.
Palavras-chave:
Metacognição; Aprendizagem; Estudantes; Treinamento por Simulação; Erros de Diagnóstico; Tomada de Decisão Clínica