Estudo da ética |
Quando estudou ética
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Dos participantes, 54 (85,8%) relataram o estudo em todos os níveis de formação: graduação, especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado; três (4,7%) mencionaram que não estudaram; seis (9,5%) acham que não, não têm certeza ou não lembram. |
Estudo da ética na especialização em nefrologia
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Apenas seis (11,4%) relataram ter estudado ética durante a especialização em nefrologia. Um (1,8%) mencionou que terá o conteúdo, mas ainda não teve o módulo. Todos os demais (46/86,8%) negaram o estudo. |
Importância de conteúdo sobre ética na formação
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Foi uma fala bastante presente. Dos entrevistados, 47 (74%) citaram a temática. Os adjetivos usados para expressar essa importância: extrema, muito, relevante, primordial, necessário, interessante e fundamental. |
O quanto o estudo da ética foi importante para o profissional
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Há descrição de que foi essencial para a melhoria no cuidado. Uma fala resumiu o que foi expresso pelos demais: “Então, é importante a gente saber lidar, isso, até com respeito à autonomia do paciente, o que é o que a gente oferece, se vai ter algum benefício na vida dele, realmente?” (E60). |
Desconhece o que seria importante estudar em ética
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Foi relatado que o desconhecimento está relacionado à falta de estudo da temática e de saber específico. Também emergiu a dificuldade de formular dúvidas sobre a temática. |
Irrelevância do conteúdo ministrado
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Emergiram falas de que o aprendizado foi mínimo, muitas vezes em disciplinas no início do curso, e, por esse motivo, o profissional sequer se lembra dos conteúdos específicos ou do que se trata. |
Relaciona a formação há muitos anos com não estudar ética
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Três (4,8%) negaram o estudo da ética e relacionaram à formação de longa data: “Na época em que eu fiz nefrologia não se usava isso [risos]” (E10 - formado em 1987); “Eu sou uma pessoa formada há 30 e poucos anos e tenho uma formação muito rígida da parte médica” (E17 - formada em 1988); “Como foi no início da década de 90, isso não era comum” (E50 - formado em 1996). |
Ética na formação atual
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Dois (3,2%) relaram que o conteúdo esteve em sua formação, pois passaram por “currículos mais atuais”. |
Possibilidade de atrelar ensino, pesquisa e extensão
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Como são centros de formação profissional, dois (3,2%) relataram que há a possibilidade de trabalhar o ensino da bioética em conjunto com o desenvolvimento de pesquisas no serviço e nas atividades de extensão. |
Falta de tempo para estudar ética
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Apesar do interesse pela temática, houve relatos de três (4,8%) entrevistados sobre a dificuldade de conciliar o estudo com a rotina de trabalho: “Eu só não tive tempo diante da realidade daqui diante de iniciar um trabalho, né?” [...] Acho interessante, mas ainda não tive tempo” (E34); “Acho que se eu pudesse eu teria mais contato, né/, com esse assunto sim” (E54); “Eu, eu tento, eu tento pensar isso, mas eu não, eu nunca me aprofundei sobre isso” (E63). |
Como e o que os profissionais aprendem sobre ética |
O que estudou sobre ética
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Dos entrevistados, 48 (76,2%) relataram ter estudado os conceitos de ética ou bioética principalmente na graduação. |
Outras formas de aprender ética relatadas
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Foi citada a aprendizagem de conteúdos como: ética em pesquisa; ética profissional; participação em conselho profissional; inserção em comissão de ética. |
Estudou ética em nefrologia em outros locais
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Os profissionais relataram contato com a ética em congresso, palestras, livros, textos, estudo independente ou discussão de casos em equipe. |
Estudou ética por atuar em outros setores
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Houve relatos de atuação em equipe de cuidados paliativos não oncológicos (2/3,2%). Uma fala interessante foi: “Eu saí de um ano de maternidade pra ir pra nefrologia, e existem características completamente distintas, inclusive do nosso posicionamento ético pra atuar com cada paciente” (E35). |
Como a ética foi ensinada
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Houve um descaso ao retratar como o conteúdo foi ensinado: “Mas eu acho que é muito mal passado também. É muito... mal abordado, pouco didático” (E13); “Discussão assim mais de sala de aula, não tanto no trato com o paciente” (E32). |
Deficiência no conteúdo ministrado
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Termos e frases utilizados pelos participantes : “lacuna”, “pouco”, “nem lembro”, “pouco acesso”, “conhece pouco”, “fica muito solta”, “uma deficiência”, “o curso era bem completo, mas essa parte não teve”, “ela não é o eixo, e ele não norteia”, “faz falta” e “falta isso nos cursos de Medicina: “Eu acho que isso é uma coisa que a gente não tem uma determinação e não tem formação adequada de fato pra fazer isso [risos]” (E28). |
Relevância do estudo da ética na formação profissional |
Por que os profissionais procuram estudar ética
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Para: fazer pesquisa; fazer o correto; tentar errar o menos possível; poder se proteger também; relação médico paciente; para conseguir tratar melhor. Na nefrologia especificamente, foi citado: “Eu parei para pensar nisso exatamente quando é... recentemente enfim, criou-se essa questão da ponderação do transplante intervivos” (E58). |
Ética como base da atuação profissional
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As falas retratam que a ética é a base da atuação profissional, não só na nefrologia, mas em todas as áreas, e que não há como atuar sem esse conhecimento; é preciso estar ciente de que o foco do cuidado é o paciente e atentar-se para fazer o melhor para este. É necessário ética com: a equipe, o usuário e sua família. |
Ética na rotina do profissional
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Foi uma das categorias mais presentes. Há relatos de que é praticada diariamente, sem perceber; ela “move” o profissional e seu comprometimento. Nessa perspectiva, há aprimoramento de condutas à medida que a experiência aumenta, favorecendo a assistência prestada e a autoproteção. Questões da rotina que podem gerar conflitos: diferentes necessidades dos usuários e a presença da indústria. |
Quando o profissional pratica a ética
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Foi citada a prática da ética na nefrologia: “Quando a gente permite que o paciente, né?, faça a sua escolha de terapia... quando a gente orienta ele em relação ao tratamento” (E1); “Pra que eu possa ter respeito ao paciente, pra que eu possa ter um bom, um bom desenvolvimento do meu trabalho, é... pra que eu possa também respeitar o trabalho do outro profissional” (E12); “Pra lidar com o paciente, e com o sofrimento dos outros” (E17). Em contrapartida, foi ressaltado o seguinte: “O ambiente, a instituição que você vive e a especialidade... ela vai te limitar ou não na, no exercício da sua ética” (E24). |
Habitus profissional/exemplo de outro profissional
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A forma como se aprendeu a usar a ética: “Mas, na verdade, você acaba pegando muito como exemplo né? [...] o dia a dia, observar os outros profissionais, a forma como eles agiam” (E3); “Porque acaba que a gente vê muita coisa assim conversando com os staffs, na evolução dos casos” (E32); “É um pouco da vivência mesmo, né? Assim eu vou colocando ali o meu, o meu discurso com o paciente é sempre muito parecido, né? É assim, digamos assim de tanto falar, né? É, a gente já tem mais ou menos um, uma coisa na cabeça assim de como é que a gente aborda, como é que a gente fala, tentando, na medida do possível, né?, particularizar assim pra cada paciente né?” (E49). |
Estudar abre os horizontes
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Houve relatos sobre a importância da formação e o quanto ela tem contribuído para o crescimento do profissional: “E isso tem, eu tenho aprendido muito, tenho abri, aberto muito meus horizontes, né?” (E25); “É, com certeza, né?, a gente sempre quer aprender mais né? aaa... isso as coisas vão mudando também” (E50). |
Importância da divulgação da ética
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Os profissionais retrataram que a divulgação da ética pode ser o diferencial para a atuação: “Eu acho que a ética hoje ela deveria ser mais divulgada. [...] Mas, assim, essa ética voltada para a bioética voltada aos pacientes, eu acho que ela deveria ser mais propagada, não estudada nenhum tema específico” (E1); “Não com a nefrologia em si, mas com a formação médica geral. [...] Mas isso é importante pro cuidado, né? Mas isso não é relacionado à nefro, é cuidado geral com o paciente, entendeu?” (E63). |
Importância da ética para vida
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Houve um consenso da importância da ética não apenas para a formação profissional, mas também para a vida e para toda a sociedade: “Tudo sempre tem a bioética e a ética” (E22); “No tratamento, mais obviamente melhor, né?, de qualquer ser humano ele é fundamental” (E50); “É, principalmente relacionada à decisão pessoal e às vezes cultural... assim religiosa” (E41). E que após o estudo da ética, o profissional pôde compreender o quanto algumas atitudes e ações humanas são erradas. Porém: “Eu acho que a sociedade infelizmente ela não entende o que é ética, e, quando a gente transporta o problema da sociedade para o problema focal dentro da medicina, isso é um outro conflito. [...] O que na minha visão hoje a estrutura da sociedade está muito ruim. Porque as pessoas não sabem o que é ética, né? Elas, aqui e acolá, a gente se depara com situações bastante complicadas, né?” (E25). |
Estudo da ética em nefrologia |
Formação em nefrologia é completa, mas não houve estudo de ética
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Durante a formação: “Na residência, a carga horária, ela é pequena, ela é mais prática né? Então não havia nada nesse sentido” (E50); “Você tinha o período de rodízio e aí é não mais. [...] E deveria fazer, né?” (E32); “Porque esse curso lá já é um curso completo, então ética e bioética especificamente, não” (E25). |
Tem interesse em estudar ética na Nefrologia
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O interesse em estudar conteúdos de ética em nefrologia foi relatado por quase metade dos participantes: dez (15,9%) têm interesse, mas não mencionaram uma temática específica; dois (3,2%) pensam em vários temas; 34 (4,7%) nunca pensaram sobre o assunto; 17 (26,9%) não têm interesse ou não pensaram em nada específico; cinco (7,9%) citaram temas específicos, conforme os temas apresentados seguir. |
O que gostaria de estudar sobre ética e nefrologia
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Quando questionados sobre os assuntos que gostariam de aprender: critérios expandidos em transplante renal, cuidados de fim de vida para pacientes renais, sigilo, mídias sociais, nefrologia paliativa, abordagem do paciente que recusa a diálise, postura do profissional, acolhimento, quando interromper a diálise em idosos ou paciente com câncer, indicação de diálise a idosos com doenças degenerativas. Porém, alguns profissionais não souberam responder: “Só de nefro mesmo... Achei bioética bem chato” (E13); “Hum... Nada muito específico da nefrologia que venha” (E41); “Especificadamente, nada que me vem à mente agora” (E55). |
Deveria ter um espaço na residência/ formação para discutir ética
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Sugestões dos entrevistados: “Assim, eu não sei, mas as questões bioéticas deveriam ser, a gente devia ter um espaço na residência pra discutir isso sabe” (E32); “Então, sim. Mas não sei o que exatamente” (E61); “Esteja conseguindo se especializar em coisas pontuais, de cada um desses, dessas áreas de serviços é, porque é muito diverso, né?” (E35). |