Open-access Sintomas de ansiedade e depressão entre estudantes de medicina: estudo de prevalência e fatores associados

Resumo:

Introdução:   Os transtornos mentais comuns (TMC) implicam sofrimento psíquico e interferem nas atividades diárias, nos relacionamentos interpessoais e na qualidade de vida. Estima-se que os TMC atinjam de 9% a 12% da população mundial e de 12% a 15% da brasileira em todas as faixas etárias. Dentre os diferentes grupos sociais, os estudantes universitários possuem maior vulnerabilidade para desenvolver transtornos de ansiedade e depressão.

Objetivo:   Diante disso, este estudo se propôs a estimar a prevalência e os fatores associados a sintomas de ansiedade e depressão em estudantes de Medicina de uma capital do Nordeste brasileiro.

Métodos:  Trata-se de um estudo de prevalência, com uma amostra probabilística dos 1.339 alunos que frequentavam regularmente os 12 semestres do curso de Medicina em janeiro de 2018. Os dados foram coletados por meio da aplicação de questionário socioeconômico, comportamental e demográfico e dos Inventários de Ansiedade e de Depressão de Beck. Utilizou-se o teste de qui-quadrado para verificação de diferenças entre sintomas de ansiedade e depressão e variáveis socioeconômicas e comportamentais e as prevalências (total e por nível de gravidade) e a razão de prevalência (RP) bruta e ajustada como medida de associação. A análise de tendência linear foi empregada para verificar a existência de relação entre sintomas de ansiedade e depressão e semestres do curso. As variáveis que apresentaram RP bruta com p < 0,20 foram incorporadas na análise multivaridada, no modelo de regressão de Poisson robusto, para determinação da RP ajustada.

Resultados:  Quanto à prevalência de sintomas, constatou-se o seguinte: 30,8% para ansiedade e 36,0% para depressão. A RP bruta e ajustada para sintomas de ansiedade teve associação estatisticamente significante para sexo, idade e orientação sexual. A RP bruta e ajustada para sintomas de depressão teve associação estatisticamente significante para sexo, raça/cor da pele e orientação sexual. As análises de correlação entre os semestres do curso e a presença de sintomas de ansiedade e depressão indicaram fraco coeficiente de determinação, caráter descendente e sem significância estatística.

Conclusões:   Por se tratar de um estudo de prevalência, esta investigação não possibilita conclusões sobre causalidade. Estudos de acompanhamento adicionais são necessários para elucidar o curso da ansiedade e depressão ao longo dos semestres letivos.

Palavras-chave: Ansiedade; Depressão; Estudantes de Medicina; Ensino Médico

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